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1 Ian Dondoni | Relação Médico-Paciente | Medicina Ufes A ENTREVISTA MÉDICA (ANAMNESE) • A entrevista é subdividida em 3 fases: o Fase de recepção o Fase de exploração da entrevista o Fase da resolução da entrevista FASE DE RECEPÇÃO • Momento que pode determinar o curso da entrevista • Informações veiculadas consciente e inconscientemente tanto pelo paciente quanto pelo médico • Estabelecimento do clima do encontro CARACTERÍSTICAS DO PACIENTE, DO MÉDICO E DO LOCAL • Roupas do médico • Ambiente • Características corporais do paciente e do médico: peso, altura, cor da pele, cheiro... • Sexo • Condição social cultural e religião CONTATO INICIAL • Não criar comportamentos estereotipados • Compreender o porquê de determinadas atitudes e comportamentos SUGESTÕES PARA UM BOM CONTATO INICIAL COM O PACIENTE • Consultar a ficha ou prontuário • Chamar o paciente pelo nome • Cumprimentar e apresentar-se • Esclarecer seu papel e sua função • Informar sobre o tempo que será necessário para a entrevista • Manter contato visual com o paciente → aproximadamente 3 segundos, depois desvia... • Demonstrar interesse e respeito • Conforto físico e emocional do paciente FASE DE EXPLORAÇÃO DA ENTREVISTA FORMAS DE CONDUZIR A ENTREVISTA (principalmente na anamnese e no exame físico) • Dirigida ou estruturada – os conteúdos a serem explorados são totalmente predeterminados pelo profissional; • Semidirigida ou semiestruturada – os conteúdos são parcialmente determinados pelo profissional, com espaço para a livre narrativa do paciente • Aberta – oferecemos ao paciente a liberdade total de escolher os seus conteúdos PROCEDIMENTOS QUE PODEM SER ÚTEIS NA FASE EXPLORATÓRIA • Deliminar o motivo da consulta – identificar os problemas ou as questões que o paciente deseja tratar com uma pergunta aberta do tipo: o O que o traz aqui? o Como posso ajudá-lo? o Pois não? o Mais alguma coisa? – certifique-se de que todas as demandas foram expressas 2 Ian Dondoni | Relação Médico-Paciente | Medicina Ufes ESTABELECER A NATUREZA DO PROBLEMA, AS CRENÇAS E AS EXPECTATIVAS DO PACIENTE • Explorar as demandas do paciente, permitindo e estimulando que ele formule em suas próprias palavras a história de seus problemas desde quando começaram até o presente • Formular questões pertinentes a fim de complementar as informações necessárias para a obtenção de um quadro geral do paciente, transitando de perguntas abertas a fechadas • Escutar atentamente permitindo que o paciente complete suas declarações sem interrupção e deixando espaço para ele fazer pausas, bem como para pensar antes de responder • Esclarecer as declarações do paciente que não são claras ou que necessitem de amplificação • Estabelecer as datas e as sequenciais de eventos • Explorar que ideias tem o paciente quanto à natureza da enfermidade o O que você acha que está provocando esses sintomas? • Explorar os sentimentos provocados (especialmente os medos) o Em relação a esse problema, tem alguma coisa que lhe preocupa? • Explorar o contexto familiar, social e laboral O QUE PERGUNTAR? • As perguntas são consequências do objetivo da entrevista o Foco voltado para a doença ▪ Devemos ter um roteiro e conhecimentos que possibilitem relacionar sintomas aparentemente não relacionados o Foco voltado para a pessoa ▪ Roteiro que ajude a enfatizar característica da personalidade e do paciente ▪ Direcionar perguntas para saber o quanto esse indivíduo está fragilizado devido a doença COMO PERGUNTAR? • Evitar perguntas fechadas, pois as respostas são pouco significativas o Você está informado sobre sua doença? o Que informações você já tem sobre a sua doença? • Evitar perguntas pessoais que possam provocar angústia (p. ex. associar a doença que mãe do paciente morreu com a dele) POR QUE É IMPORTANTE PERGUNTAR SOBRE A VIDA PESSOAL? • O conhecimento da pessoa é FUNDAMENTAL, pois o processo de adoecer sempre tem a participação de fatores: físicos, psicoemocionais e sociais • Evitar formalismos na entrevista é essencial, é necessário trazer uma proximidade com o paciente TÉCNICAS PARA APOIAR A NARRATIVA DO PACIENTE • Baixa reatividade – deixar um lapso de tempo de 1-2 segundos entre a fala do paciente e a sua; • Silêncio funcional – abrir a possibilidade de aceitar/criar momentos nas quais cessa a comunicação verbal o Proporcionar um tempo de meditação ao paciente. Ajuda na concentração. • Aceitação – aceitar a legitimidade dos sentimentos e dos pontos de vista do paciente. Evitar críticas • Facilitação - condutas verbais e não verbais que facilitam ao paciente prosseguir ou iniciar seu relato, sem indicar ou sugerir conteúdos o Pegar na mão do paciente, colocar a mão do ombro e concordar com a cabeça para que ele continue falando (ou falar que está escutando e que ele pode continuar a falar) • Empatia – conduta verbal ou não verbal que expresse solidariedade emocional sem pré-julgar ética ou ideologicamente 3 Ian Dondoni | Relação Médico-Paciente | Medicina Ufes • Frases por repetição – repetir frase ou palavra do paciente a fim de orientar a atenção para um aspecto • Sumarização – sintetizar periodicamente as informações fornecidas pelo paciente para verificar sua compreensão e permitir que ele as corrija ou complemente • Assinalamento – tornar mais explícitas as emoções do paciente. Observando o estado de ânimo do paciente. o “Estou observando que você foi ficando triste” • Legitimação – complementarmente ao assinalamento que norteia o estado de ânimo do paciente, é importante legitimar o que ele está sentindo o “É natural sentir-se irritado com essa dor incomodando o dia todo” FASE DE RESOLUÇÃO DA ENTREVISTA As comunicações com os pacientes e familiares fazem parte da fase resolutiva da entrevista. • Devo sempre informar o paciente? E os familiares? • E se ele não quiser saber? • Como saber se o paciente compreendeu o que lhe informei? • E se o paciente não seguir minhas orientações? • O paciente deve participar das decisões sobre o seu tratamento? A fase resolutiva é dividida em duas etapas: etapa informativa e etapa negociadora. ETAPA INFORMATIVA Atender as necessidades quanto: • Responder as expectativas do paciente que deseja ser informado sobre sua saúde • Melhoras a adesão ao tratamento Evitar os seguintes erros: • Muitos conceitos por unidade de tempo • Uso de linguagem excessivamente técnica • Misturar diferentes problemas sem dar uma explicação concreta para cada um • Interromper o paciente quando este vai perguntar ou falar Fatores que favorecem a boa compreensão e assimilação: • Investigar primeiramente o conhecimento que o paciente já tem sobre sua condição e seu desejo por mais informações • Fornecer informações compreensíveis e que despertem interesse • Sempre que possível associar métodos visuais de fornecimento de informações • Fornecer informações completas sobre a ação ou o tratamento proposto: o Modalidade o Passos envolvidos o Benefícios e vantagens o Possíveis efeitos colaterais • Ao detectar resistências, entender as preocupações e dar mais informações ao paciente • Sempre buscar entender o que o paciente compreendeu, comprovando a assimilação • Sempre perguntar que outras informações poderiam ser úteis para esse paciente. 4 Ian Dondoni | Relação Médico-Paciente | Medicina Ufes ETAPA NEGOCIADORA • Envolve a pactuação das condutas e orientações entre o profissional e o paciente • Temos que ter clareza quanto ao direito do paciente de participar e opinar sobre seu processo propedêutico e terapêutico • Quando as orientações indicadas pelo profissional são colocadas em dúvida pelo paciente, estamos diante de uma negociação propriamente dita. Passos decisivos para a negociação: • Procurar envolver o paciente, formulando mais sugestões do que diretrizes • Incentivar opaciente a se envolver e assumir a responsabilidade na execução dos planos. • Considerar as reações e preocupações do paciente quanto a planos e tratamentos, incluindo aceitabilidade • Explorar as crenças do paciente, mesmo que suas opiniões tenham sido expressas de forma agressiva ou receosa • Discutir as crenças, mostrando incoerências, indicando suas contradições ou contrapondo informação o “Mudar de hábitos não é o problema, o que é o problema é não ter a pressão controlada. A pressão alta exige do coração mais força para bombear o sangue” • Tentar desenvolver técnicas de negociação e persuasão, inclusive em situações nas quais as opiniões do paciente pareçam pouco justificadas • Apresentar alternativas, discutindo opções, benefícios e riscos de cada uma • Negociar um plano mutuamente aceito • Quando o plano for aceito, verificar se todas as preocupações foram abordadas • Indagar sobre os sistemas de apoio e discutir outros apoios disponíveis • Respeitar as últimas decisões do paciente.
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