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Políticas Sociais do Século XXI: Brasil e América Latina Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Profa. Esp. Regina Inês da Silva Bonança Revisão Textual: Profa. Esp. Márcia Ota O Brasil do século XXI: desafios e perspectivas da Seguridade Social • Introdução • Surgimento da Seguridade Social – América Latina • Políticas governamentais e o Neoliberalismo • A Seguridade Social x Relações de Trabalho • Conclusão · Nesta unidade, compreenderemos o surgimento da seguridade social na América Latina e no Brasil, como o Estado elabora e programa as políticas sociais. Além disso, estudaremos as Políticas governamentais no contexto do Neoliberalismo, a Seguridade Social x Relações de Trabalho e as características da seguridade social no Brasil. OBJETIVO DE APRENDIZADO Olá, aluno(a)! Para obter um bom desempenho, você deve percorrer todos os espaços, materiais e atividades disponibilizadas na unidade. Inicie seus estudos pela leitura do Material Didático, composto pelo conteúdo teórico, apresentação narrada e videoaula que sintetiza e amplia conceitos importantes sobre o tema da unidade. Só depois realize as atividades propostas, são elas: Atividade de Sistematização (AS): são exercícios de múltipla escolha, de autocorreção que possuem uma pontuação. Fórum de Discussão: você deverá, então, participar de uma discussão coletiva a partir de uma questão colocada no fórum. Importante para ampliação de seus conhecimentos. Mediante qualquer dúvida, conte com o apoio do seu tutor online. Bons estudos! ORIENTAÇÕES O Brasil do século XXI: desafi os e perspectivas da Seguridade Social UNIDADE O Brasil do século XXI: desafios e perspectivas da Seguridade Social Contextualização Nesta unidade, vamos abordar a gestão da seguridade social no Brasil contemporâneo: desafios e perspectivas. Este é um direito assegurado pela constituição. Nosso país estruturou a lógica do seguro e estabeleceu critérios de acesso tanto da previdência como da área da saúde. Para tanto, vamos iniciar os nossos estudos refletindo sobre a charge abaixo a respeito da importância de sabermos nossos direitos e deveres e que também remete à ideia de que as circunstâncias em que as pessoas passam necessidades pode assolar a todos. Charge disponível em: http://goo.gl/XqDalR Ex pl or 6 7 Introdução O termo de seguridade social, cujo uso se tornou corrente a partir de 1940, no mundo desenvolvido e em especial na Europa, tem como conceito de seguro social que é o respeito à garantia de segurança das pessoas em situações adversas. Seria como uma solidariedade social ao indivíduo quando o mesmo passa por situações que o mercado o coloca em dificuldades e com isso não conseguir prover o seu próprio recurso financeiro para o seu sustento. O que torna um problema individual uma responsabilidade social e pública. Surgimento da Seguridade Social – América Latina No início do século XX, entre 1920 e 1930, todos os países da América Latina instituíram, de alguma forma, sistemas de seguridade social, sendo que vários estudos demonstraram que esses sistemas são diferentes entre si e que o termo de seguridade social nem sempre é utilizado para se referir ao mesmo conjunto de políticas sociais. O Estado e as políticas sociais O Estado tem como função o desenvolvimento econômico por meio da ampliação das políticas sociais. O pensamento Keynesiano foi a base determinante para o desenvolvimento e expansão das políticas públicas e da seguridade social. John Keynes impactou o mundo na década de 30, por defender a intervenção do Estado nas relações econômicas, através de uma políti- ca de gastos públicos. Em seus princípios, o modelo Keynesiano prega o incremento dos salários como um mecanismo necessário para gerar uma demanda, no qual devem ser inseridos também os salários sociais. Esses salários sociais assegurados pelo Welfare State minimizam as desigualdades sociais. 7 UNIDADE O Brasil do século XXI: desafi os e perspectivas da Seguridade Social O termo Welfare State. – Estado do Bem-estar serve basicamente para designar o Estado assistencial que garante padrões mínimos de educação, saúde, habitação, renda e seguridade social a todos os cidadãos. Com essa perspectiva, o Estado investe, mas esse gasto público não é negativo e gerador de déficit e sim como parte de uma política de desenvolvimento. Baseando- se na tese de que o investimento social tem a função de gerar novos empregos, aumentando a demanda por bens e serviços de consumo. Essa perspectiva também possibilita a regulação dos mercados financeiros pelo Estado, captando recursos para o investimento no setor produtivo e dessa maneira reduzir a circulação especulativa do capital. Sustentado pelas forças políticas da socialdemocracia, tal abordagem (keynesianismo) permitiu a expansão de um modelo de seguridade social que é profundamente vinculado e dependente do estabelecimento do “pleno emprego” e de contratos estáveis e permanentes de trabalho. (Boschetti, 2009, p.175). Políticas governamentais e o Neoliberalismo Segundo Anderson (1995), a adoção de políticas governamentais fundadas no neoliberalismo atingiu o coração do modelo fordista-keynesiano que permitiu a expansão do Estado Social e da Seguridade Social nos países capitalistas do centro- norte europeu no período do pós-Segunda Guerra até os anos de 1970. Para Navarro (1998), o Neoliberalismo, ao orientar os programas de governo na Europa a partir de 1970 e também na América Latina e Brasil, após os anos de 1980, atacou frontalmente a abordagem keynesiana e fez parecer verdade absoluta alguns argumentos como: · o déficit estatal é intrinsecamente negativo para a economia, pois absorve a poupança nacional e diminui as taxas de investimento; · a intervenção estatal na regulação do mercado de trabalho é negativa, pois impede o crescimento econômico e a geração de empregos; e · a proteção social garantida pelo Welfare State, por meio de políticas redistributivas, é perniciosa para o desenvolvimento econômico, pois aumenta o consumo e diminui a poupança da população. 8 9 Desde 1970 do século XX, a proposta neoliberal do livre mercado assolou os países capitalistas e, dessa forma, provocou um grande distanciamento com o contrato democrata social, base de grande importância para o desenvolvimento e expansão da seguridade social. Modelo Keynesiano A economia capitalista fez surgir diferentes teorias sobre as melhores formas de administração dos recursos e da produtividade. No século XIX, duas ideias se opuseram entre os ideólogos, a teoria liberalista e a teoria marxista. A teoria marxista defendia a ampla participação do Estado na regulação da economia, enquanto a teoria liberalista argumentava que a economia deveria se regular por conta própria, reduzindo fortemente o papel do Estado. No decorrer do mesmo século e no início do século XX, o liberalismo foi predominante nos países do Ocidente. O modelo fez muito sucesso e sustentou o desenvolvimento do capitalismo no mundo. Sua aplicação trouxe progresso, mas foi acompanhada por rígidas rotinas de trabalho com a fi nalidade de aumentar a produção e o lucro. Em meio a esse período de depressão, o economista inglês John Maynard Keynes fez proposições que contrariavam o liberalismo. Ele propunha uma nova organização político- econômica que defendia o Estado como agente indispensável na economia. Assim, Keynes colocava em cheque as ideias do livre mercado, argumentando que a economia não é autorregulada. Não dizia, no entanto, que o Estado deveria controlar plena e amplamente a economia, aproximando-se de uma formulação marxista, mas que o Estado tinha o dever de conceder benefícios sociais para que a população tivesse um padrão mínimo de vida. Ex pl or Fonte: http://goo.gl/xJGDE5 Welfare State As discussões enérgicas que vemos em todos os meios de comunicação sobre o tema de desenvolvimento econômico e os inúmeros problemas sociais atrelados a esse pontoexistem há séculos. O termo “Estado de bem-estar social”, ou ainda “Welfare State”, faz alusão a esse debate, mais especifi camente ao poder de intervenção do Estado no sistema econômico de uma nação em nome do estabelecimento de programas assistencialistas, como leis que asseguram o direito ao acesso à saúde e seguro contra doença, invalidez ou a velhice. O período em que ocorreram os grandes avanços tecnológicos trazidos pela Revolução Industrial testemunhou também o nascimento de uma série de graves problemas sociais atrelados ao movimento urbanizador que se intensifi cou em meados do século XIX, na Europa. A pobreza crescente, a grande mortalidade e a enorme desigualdade social e econômica tornaram-se combustível de grandes inquietações populares. Essas mesmas instabilidades sociais deram origem a movimentos políticos reformistas que viam nos problemas sociais gerados pela condição de maior pobreza que os trabalhadores enfrentavam, tendo estes sido relegados aos novos aglomerados urbanos, um ponto potencial de fi ssão que desestabilizaria toda a organização social estabelecida. Ex pl or Fonte: http://goo.gl/CMsYH7 9 UNIDADE O Brasil do século XXI: desafios e perspectivas da Seguridade Social A Seguridade Social x Relações de Trabalho A seguridade social se instituiu em diversos países com diferentes configurações, desenvolvendo-se no marco do capitalismo e estruturando-se com base na organização social do trabalho. Compreendemos que o modo de produção capitalista gera a incapacidade de assegurar trabalho para todos; por isso, a seguridade social assume a função de garantir os direitos derivados das leis trabalhistas às pessoas que perderam de forma momentânea ou permanente sua capacidade laborativa. Já que há períodos da própria condição humana de não inserção ao mercado de trabalho que podem ser decorrentes do: envelhecimento, invalidez, desemprego ou doença e tornam vulneráveis os trabalhadores. Além disso, colocam em risco a reprodução dessa força de trabalho que é qualidade específica e necessária para a produção e reprodução de bens e serviços para o capital. Nossa história mostra que o acesso ao trabalho sempre foi condição para assegurar o acesso à seguridade social e, portanto, na ausência do trabalho, muitos não têm acesso aos direitos assegurados. A seguridade social se estrutura em sua organização com base na lógica do seguro social. Essa lógica é característica que sustenta os direitos da previdência social em quase todos os países capitalistas da Europa. Na França, Inglaterra e Alemanha a lógica do seguro sustenta também a política de saúde. A Seguridade Social no Brasil Entendemos por seguridade social uma visão sistêmica da política social que foi inscrito na Constituição da República Federativa do Brasil em 1988. Na carta magna, confere-se o entendimento de política social como conjunto integrado de ações, como dever do Estado e como direito do cidadão. Desde a década de 1920 até a última revisão da Constituição Federal de 1988, o Brasil estruturou a lógica do seguro e estabeleceu critérios de acesso tanto da previdência como da área da saúde. Essa lógica detém como princípio manter a garantia de proteção às vezes de forma prioritária ou exclusiva ao trabalhador e sua família. Ela se torna limitada porque prevê direitos aos trabalhadores que estão inseridos ao mercado formal de trabalho ou aquele trabalhador que contribui mensalmente para a seguridade social. 10 11 Como isso, a lógica da seguridade social apresenta acesso aos direitos aos segurados e seus dependentes. Os direitos de aposentadorias, pensões, auxílio- doença, salário-maternidade, auxílio-desemprego são entendidos como direitos decorrentes do direito do trabalho e, portanto, para àqueles inseridos em relações formais e estáveis de trabalho ou que contribuam como segurados especiais. Podemos observar os direitos dessa lógica em duas características centrais: · São condicionadas a uma contribuição prévia. · O valor dos benefícios é proporcional à contribuição efetuada. No Brasil, essas são as características da previdência social, que mantêm pensões, aposentadorias, salário-família, auxílio-doença e outros benefícios só para aqueles que contribuem como autônomos ou como segurados especiais e também porque está inserido em uma relação de trabalho estável o que representa contrato ou carteira de trabalho registrada. Observamos nos países avançados que a Seguridade Social fica sob a responsabilidade do Estado. No Brasil, em nossa constituição, foi integrada com o tripé formado pelas áreas de Previdência, Saúde e Assistência Social sob o título da seguridade social. Para que, dessa maneira, pudesse ocorrer uma melhor expansão nas ações e o alcance das mesmas. Na consolidação de mecanismos de financiamentos para estabelecer um modelo de gestão capaz de dar conta das especificidades por área, mantendo, dessa forma, a universalização de proteção democrática, distributiva e não estigmatizada. Em virtude de inúmeras razões, não ocorreu uma gestão totalmente unificada, um Ministério da Seguridade, conforme referido na Carta (título VIII, cap.II, art.195), “elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência e assistência social”. Quando o governo anuncia reforma da previdência, não está contemplada a reforma da seguridade social como teria de ser previsto pelo nosso texto constitucional e dessa maneira ocorre o desmonte da seguridade. Em 1990, quando foi efetivada a transição da ditatura militar para um regime democrático, a previdência, a saúde e a assistência social acabaram por ser regulamentadas por leis distintas e institucionalizadas em ministérios diferentes. A seguridade social se mantém inscrita na Constituição Federal e o seu artigo 194 permanece inalterado, segundo o qual “a seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa de Poderes Públicos e da sociedade, destinado a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social”. Não ocorreu até o presente momento nenhuma Proposta de Emenda Constitucional - PEC enviada ao Congresso; nenhuma Medida Provisória - MP foi editada e por isso a Carta Magna se mantém de forma simbólica nesse artigo e a seguridade social em desmonte no Brasil. 11 UNIDADE O Brasil do século XXI: desafios e perspectivas da Seguridade Social Impactos do modelo atual de Seguridade Social Fica claro que a lógica apresentada acima impõe um limite na estrutura da seguridade social, independente do país em que ela tenha sido instituída. Já que com esses princípios ela depende e deriva do mercado de trabalho. Nos países em que uma situação de praticamente pleno emprego é mais garantida, o acesso à seguridade social por meio do trabalho pode ser entendido como uma proteção mais abrangente e eficaz. Porém, a seguridade social só poderá ser entendida como parte da universalização dos direitos sociais a partir do momento em que o direito ao trabalho for respeitado. Devido ao fato de que a seguridade é condicionada ao indivíduo estar trabalhando de forma estável, o que significa que ele é também gerador de contribuição para a seguridade social. O debate necessário sobre a seguridade social na América Latina deve ser ampliado, não apenas em suas análises restritas à previdência e pensões porque ela é constituída não só pela lógica do seguro, como também pela lógica da assistência. Segundo o famoso plano Beveridge, tanto o seguro como a assistência devem estar associados. O Plano ou Relatório Beveridge foi encomendado em 1941 pelo Governo da Inglaterra, pois pretendia buscar maneiras para se reerguer pós 2ª guerra mundial. Foi escrito por Willian Beveridge (economista e reformista social), que buscava um sistema de seguro social em que a ideia era de ter benefícios universais para remover a pobreza causada, por exemplo, pelo desemprego ou incapacidade e está segurança social deveria ser prestada do berço aotúmulo Social security from the cradle to the grave. O Plano Beveridge, que apresenta críticas ao modelo Bismarck vigente até então, propõe a instituição do Welfare state (Modelo de Bem-Estar social). Além disso, propôs que as pessoas com condição de trabalhar deveriam pagar um valor semanal ao Estado e este valor seria usado como subsídio para doentes, desempregados, reformados e viúvas. Seria um sistema que daria condições dos cidadãos terem um nível de vida mínimo, no qual os benefícios deveriam ser ajustados para atender a todas as necessidades básicas do indivíduo e da família, os quais não poderiam viver abaixo deste mínimo necessário. O Plano Beveridge previa um modelo de sistema que atendesse toda a população através da mobilização do Estado e da sociedade, o Governo teria que garantir serviços de saúde com qualidade e gratuidade, fornecer formas para reabilitação profissional e promover a manutenção do emprego (a manutenção do emprego seria a chave para o êxito do seguro social). Através do Plano foi possível apontar os principais problemas que o Governo inglês deveria encontrar formas de combater dentro da sociedade, como a escassez, a doença, a ignorância, miséria e a ociosidade. As principais características do Plano Beveridge seriam: unificar os seguros sociais existentes; estabelecer a universalidade de proteção social para todos os cidadãos; igualdade de proteção social; tríplice forma de custeio, com predominância de custeio estatal. Ex pl or 12 13 Ao instituírem seus modelos de seguridade social, os países de América Latina e Caribe, incorporaram estes princípios de uma forma maior ou menor. O que faz com que hoje na Europa ou na América Latina não seja possível afi rmar a existência de um modelo puro, porque as políticas sociais que constituem os sistemas de seguridade social inserem características dos dois modelos com maior ou menor intensidade. Ex pl or Conclusão Observamos que os estudos das principais análises sobre a seguridade social, em geral, referem-se apenas à previdência social ou pensões. O estudo de Mesa-Lago (2003), sobre a reforma estrutural dos benefícios de seguridade social, aborda mudanças nos benefícios contributivos de substituição de renda em casos de riscos derivados da perda da capacidade laborativa. No Brasil, ocorre o predomínio dos princípios do modelo de seguros na previdência social e os princípios do modelo assistencial não contributivo que são norteadores do sistema público de saúde. Com a exceção do seguro saúde no caso do auxílio-doença que segue as regras da previdência e a política de assistência social. Tanto na América Latina como no Caribe e Europa Ocidental, os sistemas de seguridade social existentes têm sua constituição na forma de políticas que incorporam tanto elementos de seguro, quanto de assistência social. Para Castel (1995), nos países capitalistas europeus, a combinação previdência destinada aos trabalhadores contribuintes, assistência assegurada com base em critérios de necessidades e saúde universal, sustentou-se de modo coerente e assegurou proteção social universal enquanto predominou o que se denomina de “sociedade salarial” visto que garantia cobertura a todos os trabalhadores inseridos no sistema produtivo e também aos que estavam fora dele. O ingresso do sistema capitalista em seu desenvolvimento industrial se caracterizou pela forma de trabalho assalariado, o que elimina os vínculos de que forma predominante do regime feudal e mercantiliza as relações de trabalho com a venda da força de trabalho individual ao mercado. Para Bering e Boschetti (2006), a industrialização provoca a divisão cada vez mais intensa das tarefas, a complexificação das situações salariais e torna as condições de trabalho mais penosas e insuportáveis. Em outras palavras, as indústrias nascentes necessitam que os trabalhadores retornem o mais breve possível para os postos de trabalho de maneira a não prejudicar a produtividade e passam a cobrar do Estado a cobertura do custo da ausência dos trabalhadores na produção. Por outro lado, os trabalhadores começam a se organizar e reivindicam melhores condições de trabalho. 13 UNIDADE O Brasil do século XXI: desafios e perspectivas da Seguridade Social O trabalhador é abrigado pela Previdência Social que, mesmo estando fora das relações de trabalho de forma temporária ou permanente, não afeta sua situação de ausência de proteção social. O reconhecimento legal de direitos ligados ou derivados do trabalho, por meio da previdência social (aposentadorias, pensões, seguro saúde, seguro desemprego) impõe-se como uma resposta “apropriada” ao capitalismo, já que não coloca em questão a propriedade dos meios de produção ao mesmo tempo em que assegura a reprodução da força de trabalho. Como direito condicionado ao e pelo trabalho, a previdência derivou do processo de industrialização e do assalariamento. Ligada diretamente ao trabalho, ela estabelece, paradoxalmente, as condições necessárias para o homem se liberar da hegemonia do trabalho assalariado. (Boschetti, 2006). 14 15 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Seguridade social: conceito constitucional e aspectos gerais. Fabio Camacho Dell’Amore Torres A seguridade social é o conjunto de ações e instrumentos por meio do qual se pretende alcançar uma sociedade livre, justa e solidária, erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as desigualdades sociais e promover o bem de todos. Essas são diretrizes fixadas na própria Constituição Federal no artigo 3º, ou seja, o sistema de seguridade social, em seu conjunto, visa a garantir que o cidadão se sinta seguro e protegido ao longo de sua existência, provendo-lhe a assistência e recursos necessários para os momentos de infortúnios. É a segurança social, segurança do indivíduo como parte integrante de uma sociedade. http://goo.gl/0ECWsS Livros HORVATH, M. Previdenciário. São Paulo: Editora Manole, 2001. Indicamos o primeiro capítulo que aborda a origem e evolução histórica da proteção previdenciária, seus principais marcos evolutivos e a previdência social no Brasil – fases da evolução. A economia de John Maynard Keynes: uma pequena introdução. Jorge Miguel Cardoso Ribeiro de Jesus. O objetivo principal deste artigo é analisar a evolução das ideias e proposições teóricas da obra de John Maynard Keynes. A hipótese primordial deste trabalho, numa abordagem pós-Keynesiana, é a defesa da mudança do pensamento econômico de Keynes, de uma visão marshalliana compatível com o capitalismo do laissez–faire, para uma análise teórica inovadora dos problemas do capitalismo pós-grande depressão, nos anos 1930. Leitura A Trajetória do Welfare State no Brasil: Papel Redistributivo das Políticas Sociais dos Anos 1930 aos Anos 1990. Marcelo Medeiros. Este artigo discute a trajetória do Welfare State brasileiro no período compreendido entre meados da década de 1930 e fins da década de 1990. Ao se comparar a literatura sobre o assunto, destaca-se que o caráter redistributivo das políticas sociais foi comprometido por um modelo econômico concentrador, pela ausência de coalizões entre trabalhadores industriais e não industriais e por uma burocracia com baixos níveis de autonomia em relação ao governo. Assim, conclui-se que não há evidências de que o Welfare State brasileiro tenha sofrido, na década de 1990, uma ruptura de trajetória em direção a modelos mais igualitaristas. http://goo.gl/YKBpco 15 UNIDADE O Brasil do século XXI: desafios e perspectivas da Seguridade Social Referências BEHRING, E. Brasil em contra-reforma: desestruturação do Estado e perda de direitos. São Paulo: Cortez, 2003. BOSCHETTI, I. Política Social no Capitalismo: Tendências Contemporâneas. 2ºed.São Paulo:Cortez,2009. ____________. Seguridade Social e Trabalho: paradoxos na construção das Políticas de Previdência e Assistência Social. Brasília, Ed. da UnB/Editora Letras Livres, 2006.ESPING - ANDERSEN, G. O futuro do Welfare State na nova ordem mundial. Lua Nova, São Paulo, Cedec, n.33,1994. MESA-LAGO, Carmelo. A Reforma Estrutural dos Benefícios da Seguridade Social na América Latina: modelos, características, resultados e lições. In: COELHO, Vera (org.). A Reforma da Previdência Social na América Latina. Rio de Janeiro: FGV, 2003 16
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