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Cirúrgicas- Biópsia de Pele

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Ana Monize R. Fonseca
Conceito 
✤É a retirada de células ou fragmentos de tecido do organismo vivo para o exame da natureza 
das alterações neles existentes. Etapa fundamental para o diagnóstico e tratamento de diversas 
doenças. 
Indicações 
• Indicada quando há suspeita de doenças que produzem alterações morfológicas nos tecidos 
afetados; 
• Indicada em processos inflamatórios, degenerativos, imunológicos e nas doenças infecciosas e 
parasitárias; 
- Diagnóstico bastante utilizado em oncologia: estabelecimento do grau de diferenciação 
tumoral e avaliação de extensão de uma lesão neoplásica; 
- Diagnóstico de doenças que causam alterações morfológicas características; 
- Diagnóstico diferencial por exclusão de doenças; 
- Verificação da totalidade da ressecção de uma lesão; 
- Avaliação do resultado de um tratamento; 
- Avaliação do funcionamento normal de certos tecidos ou órgãos; 
- Avaliação da etiologia, comportamento e resposta terapêutica de doenças de evolução 
progressiva; 
- Avaliação de rejeição em órgãos transplantados. 
 
Princípios Básicos 
1. Avaliação Clínica 
• Alergias: aos produtos que serão utilizados; anestesia; já fez alguma cirurgia anteriormente? 
já precisou arrancar algum dente no dentista? teve alergia ou alguma complicação? (pois a 
lidocaína que é usada na biópsia é igual a no dentista); 
• Coagulação sanguínea: na maioria dos casos uma anamnese e exame físico cuidadosos são 
o suficientes; histórico de hemorragia espontânea ou após cirurgias prévia; pesquisar 
equimoses ou hematomas; exame laboratorial – coagulograma –pedir também antes da 
biópsia excisional; 
• Comorbidades: hipertensos (não utilizar anestésico com vasoconstritor) e DM (maior risco 
de infecção pela demora para cicatrização); 
• Necessidade de procedimentos complementares: algumas biópsias excisionais de grandes 
lesões pode ser necessário enxerto, retalho. 
2. Cuidados inerentes a cirurgia 
• Local e instrumentos adequados; 
• Agulha e/ ou lâminas novas; 
• Antissepsia rigorosa e ampla; 
• Campos cirúrgicos estéreis cobrindo 
ampla área ao redor da lesão; 
• Anestesia: varia de acordo com a biópsia. Nas aspirativas pode ser que não precise, nas 
punções biópsias pode ser a infiltração local ou bloqueio de campo e na excisional de 
grandes lesões pode ser preciso bloqueio troncular, até mesmo sedação ou anestesia geral. 
BIÓPSIA DE PELE
Ana Monize R. Fonseca
3. Retirar amostra significativa: 
• Punções aspirativas: diversos pontos da lesão; 
• Punções biópsias: mais de um fragmento; 
• Éxerese total em lesões pequenas (com margem de segurança de tecido sadio) —> 
excisional; 
• Éxerese parcial em lesões grande (abranger tecido doente + sadio) —> incisional. 
4. Evitar algumas áreas: 
• Esmagamento, queimaduras, fibrose, cicatrizes e infecções secundárias. 
5. De acordo com tipo de lesão: 
• Doenças inflamatórias: 
❖Erupção com lesões de mesmo tipo —> selecionar uma bem desenvolvida, é bom evitar 
lesões em fase inicial ou de regressão. 
❖Vesículas/bolhas/pústulas –-> selecionar uma lesão recente e mais intacta (de preferência 
entre 24- 48 h); 
❖Erupção com lesões diversas —> biopsiar os diferentes tipos de lesão; 
❖Áreas de escoriação —> evitar. 
• Lesões difusas: 
❖Biopsiar a área mais representativa; 
❖Não pegar um local com alteração regional específica; 
❖Preferir: tronco, braços e coxa; 
❖Evitar: mão, planta dos pés, joelhos e cotovelo pela dificuldade de aproximação e 
cicatrização assim como a tensão. 
• Lesões pigmentares: 
❖Biópsia excisional; 
❖Não fazer incisional pelo risco de infiltração dessas células possivelmente neoplásicas. 
6. Respeitar as margens de segurança: 
• Para que não reste nenhum tecido sadio 
7. Manipular corretamente o material: 
• Punções aspirativas: não esmagar entre as lâminas; 
• Punções biópsias: retirada delicada da agulha; 
• Biópsias incisionais e excisionais: pinças adequada para não esmagar (dente de rato em vez 
de anatômicas); 
• Adequação quando necessário vários exames; 
• Cuidados com peças maiores para que não se retraiam; 
• Fixar rapidamente o material evitando exposição ao ar. 
8. Usar o fixador adequado: 
• Formol a 10%: fixador universal. Sua ação é de fora para dentro por isso em lesões maiores 
pode fazer uma secção ao meio para melhor distribuição e mais rápida do fixador. 
• Álcool absoluto a 95%: citodiagnóstico; 
• Glutaraldeído a 3%: microscopia eletrônica; 
• Colorações para enzimas ou imunu-histoquímica: nitrogênio líquido ou em solução de 
Michel 
9. Maior número de informação ao anatopatologista 
• Identificação, idade, tempo de evolução, achados clínicos, aspectos macroscópicos e 
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hipóteses .diagnósticas. 
Tipos de Biópsia 
✓ Incisional: 
• Retira-se uma parte da lesão/órgão. 
• Usada para estabelecer diagnóstico, muitas vezes para 
uma cirurgia definitiva. 
• Indicações: músculos, ossos, tecido subcutâneo e 
processos infecciosos ou inflamatórios na pele ou em 
outros órgãos. 
• Deve ser realizado sempre que possível a retirada de um 
fragmento que englobe junto tecido doente e sadio para 
comparação. 
• Complicações: infecção de ferida, hemorragia, distúrbios 
de cicatrização e disseminação local de células tumorais. 
✓ Excisional: 
• Retira-se totalmente a lesão. 
• Recurso diagnóstico e curativo. 
• Lesões supostamente malignas devem ser submetidas 
a excisão cirúrgica completa com margem de 
segurança de 2,5 e 5 mm exceto em casos que as 
dimensões não permitam o fechamento da pele. 
Quando não for possível deve se realizar a incisional, 
aguarda diagnóstico e programar uma cirurgia mais 
extensa. 
• Complicações: infecção da ferida, hemorragia per ou 
pós-operatório, distúrbios de cicatrização e 
possibilidade de disseminação de células tumorais. 
• Técnica Cirúrgica: respeitar as linhas de forças da pele. 
• Etapas: 
I. Antissepsia rigorosa e ampla da região; 
II. Colocação do campo cirúrgico amplo; 
III. Utilização do material delicado e adequado; 
IV.Linhas de incisão: planejar antes da anestesia; 
❖Paralelas às linhas de força. 
❖Em forma de elipse ou cunha ao redor da 
lesão. 
❖Maior eixo em torno de 3x o menor eixo. 
❖Só franzir a pele. 
V. Anestésico no local da biópsia; 
VI. Incisão até o subcutâneo: lâmina 11 ou 15; 
VII. Elevar extremidade da elipse com ajuda da pinça de dente rato; 
VIII. Liberação da base da lesão com tesoura ou bisturi em direção a outra extremidade; 
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IX. Hemostasia; 
X. Suturar: 
❖Ponto simples, Donatti ou intradérmico. 
❖Aproximar bordas sem tensão. 
❖Bordas muito separadas: sutura subdérmica com fio absorvível. 
❖ Se não possível a sutura existe possibilidade de enxertos, retalhos ou cicatrização por 
2º intenção. 
XI. Curativo oclusivo com gaze seca; 
XII. Colocar peça em um recipiente adequado, identificar e encaminhar para análise. Só 
pode dizer para o paciente se curado com resultado da biópsia. 
EXCISIONAL X INCISIONAL 
 
 Diagnóstica e Terapêutica Diagnóstica 
✓ Com Punch: 
• Geralmente empregada por dermatologista. 
• Pode ser usada com segurança na mucosa oral. 
• Utiliza-se instrumento com ponta circular cortante variando de 1,5 a 10 mm de diametro 
com média de 3-4mm. 
• PUNC: agulha com lâmina circular cortante. 
• Inadequada para diagnósticos em tecidos adiposos devido a baixa quantidade de material 
coletado. 
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• Não dever ser realizada em lesões muito espessas (pele hipertrófica, líquen plano ou 
hipertrófico). 
• Não realizar em calosidades. 
• Contraindicado em áreas sobre as artérias como sobrancelhas, nasolabial. 
• Complicação: a principal é sangramento. 
• Etapas: 
I. Antissepsia, demarcação da lesão e anestesia local por infiltração da pele. 
II. Esticar a pele perpendicular às duas dobras e aplicar o punch; 
III. Realizar movimentos de rotação que vão promover corte até o subcutâneo.IV. Com ajuda de agulha ou pequeno gancho, retirar punch cuidadosamente e seccionar 
base com uma pequena tesoura; 
V. Hemostasia com compressão local ou agentes químicos (como solução de Monsel); 
VI. Suturar ou colocar Gelfoam (cicatrização por 2º intenção): na maioria das vezes sutura 
com 1-2 pontos. 
✓ De Congelação: PADRÃO-OURO 
• O patologista examina o material durante o ato cirúrgico, ou seja, com o paciente na mesa 
de cirurgia. 
• O cirurgião retira um pequeno fragmento de tecido que deverá ser analisado pelo 
patologista em poucos minutos a partir do congelamento com nitrogênio. 
• Alto custo. 
• Indicações: determinar a natureza de uma lesão, definir se a margem cirúrgica está livre de 
lesão e indicar se o material retirado é representativo da lesão. 
MÚLTIPLAS LESÕES 
• Cuidados!!!! 
- Identificar paciente; 
- Identificar peça por peça passar para circulante para identificar local; 
- Não pode macerar a peça para não alterar a arquitetura. Pode-se usar a pinça Kelly para 
auxiliar e deixar de forma mais íntegra.

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