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Biópsia: Definição e Indicações

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1 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
BIÓPSIA 
DEFINIÇÃO 
Biópsia, termo derivado do grego bios (vida) e opsis (aparência, visão), é a retirada 
e exame de células, fluidos ou tecido do organismo vivo. 
INDICAÇÕES 
Está indicada nos processos inflamatórios, degenerativos e imunológicos, nas 
doenças infecciosas e parasitárias e quando há suspeita de alterações morfológicas 
nos tecidos (hiperplasias, displasias e neoplasias). 
 Diagnóstico de doenças que provocam alterações morfológicas específicas, 
tais como hiperplasias, displasias, neoplasias, granulomas etc; 
 Diagnóstico diferencial de doenças; 
 Quantificação do grau de displasia e diferenciação de um tumor; 
 Avaliação da extensão de lesão neoplásica; 
 Verificação da totalidade da ressecção de uma lesão; 
 Avaliação do resultado de um tratamento (pacientes tratados com 
quimioterapia ou radioterapia); 
 Identificação de estruturas normais que são difíceis para o cirurgião dar o 
diagnóstico de certeza macroscopicamente; 
 Avaliação do funcionamento normal de certos tecidos ou órgãos: 
endométrio, células do epitélio vaginal, testículo etc. 
 Avaliação da etiologia, comportamento e resposta terapêutica de doenças 
de evolução progressiva (tireoidites, doenças autoimunes, hepatites, 
cirrose hepática, glomerulonefrites, etc.); 
 Avaliação da presença e intensidade de rejeição em órgãos transplantados. 
 
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
1. Realizar avaliação clínica minuciosa do paciente 
- Pesquisar alergia a produtos que serão utilizados (antissépticos, iodo, 
anestésicos locais, látex, talco de luvas, esparadrapos) 
- Avaliar se há necessidade da realização de procedimentos 
complementares no mesmo tempo cirúrgico e programar 
antecipadamente a operação. 
- Avaliação da coagulação sanguínea sempre deve ser feita (história de 
hemorragia e pesquisa de equimoses ou hematomas). 
- Solicitar contagem de plaquetas, tempo de tromboplastina parcial 
ativado, atividade de protrombina e RNI para pacientes que apresentam 
alterações ao exame clínico e também antes de biópsias percutâneas de 
órgãos internos (pulmão, fígado, baço, pâncreas, rim) e de biópsias 
excisionais que requeiram grande descolamento de tecidos. 
- Hipertensos e diabéticos devem estar bem controlados. 
 
2. Usar cuidados inerentes às operações de pequeno porte 
- Ambiente cirúrgico e instrumental compatíveis com a magnitude do 
procedimento. 
- Antissepsia da região e os campos cirúrgicos estéreis devem cobrir uma 
área ampla ao redor da lesão. 
 
3. Retirar amostra significativa 
- Nas punções aspirativas, deve-se colher material de diversos pontos da 
lesão. 
- Nas punções-biópsias, deve-se retirar mais de um fragmento. 
- Nas lesões pequenas, deve-se realizar exérese total (biópsia excisional), 
com margem de segurança de tecido sadio, que varia de acordo com a 
suspeita clínica. 
- Nas lesões grandes submetidas a exérese parcial (biópsia incisional), a 
amostra deve abranger os tecidos doente e sadio. 
- Nas afecções dermatológicas, é importante conhecer o nível em que se 
encontra a lesão, se na epiderme, derme ou tecido subcutâneo, bem como 
as características da região a ser biopsiada. 
- Os linfonodos ou pequenos tumores do tecido sub-cutâneo devem ser 
retirados por inteiro, junto com a cápsula. 
 
2 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
4. Evitar áreas de esmagamento, queimadura, fibrose, cicatrizes ou 
infectadas 
 
5. Nas doenças inflamatórias, incluir porção significativa da erupção 
- Evitar lesões em fase inicial, bem como lesões em fase tardia, já em 
regressão. O ideal é em áreas bem desenvolvidas. Exceção: vesículas, 
bolhas ou pústulas que deve-se preferir uma lesão recente e intacta. 
 
6. Nas lesões difusas, biopsiar a área mais representativa 
- Nas erupções generalizadas, o tronco, braços e coxas (regiões proximais 
das extremidades) são os locais preferidos, visto que as regiões distais, 
particularmente dos membros inferiores, apresentam processos 
inflamatórios mais leves. 
- A palma das mãos e a planta dos pés devem ser evitadas, sempre que 
possível, pela dificuldade tanto de aproximação dos tecidos quanto de 
cicatrização. Os joelhos e cotovelos também devem ser evitados, por 
serem áreas de tensão. 
 
7. Nas lesões pigmentares, suspeitas clinicamente de malignidade, realizar, 
sempre que possível, biópsia excisional 
 
8. Respeitar as margens de segurança quando a biópsia for, ao mesmo 
tempo, diagnóstica e curativa 
 
9. Manipular adequadamente o material 
- Nas punções aspirativas, não espalhar o material com força na lâmina 
nem esmagá-lo entre duas lâminas. 
- Evitar fragmentar o material 
- Quando for necessária a realização de vários tipos de exames (citológico, 
anatomopatológico, microbiológico, bioquímico, sorológico, microscopia 
eletrônica, imuno-histoquímica), o material deve ser dividido e 
acondicionado em frascos contendo solução de conservação apropriada 
para o tipo de exame solicitado. 
- O material deve ser acondicionado rapidamente, evitando-se exposição 
prolongada ao ar. 
- A requisição deve conter, além da identificação do paciente e informes 
clínicos (indispensáveis), a data e o horário da coleta do material, para 
melhor controle da fixação. 
- Os frascos devem ser identificados com o nome do paciente, registro, 
data e tipo de solução utilizada. 
 
10. Usar fixador adequado 
- Formol a 10% – considerado o fixador universal para tecidos. 
- A proporção ideal de formol com relação ao volume da amostra deve ser 
de 20:1, e a proporção mínima aceitável é de 5:1 
- Como a fixação ocorre sempre de fora para dentro, as lesões maiores 
devem ser seccionadas ao meio para permitir que ela aconteça mais 
rapidamente. 
- As peças maiores devem ser abertas e presas com alfinete em papelão 
para evitar que retraiam. 
- Álcool a 95% (álcool absoluto) – indicado para realização de exame 
citológico, esfregaços de secreções, punções aspirativas e outros materiais 
para citodiagnóstico. 
- A fixação deve ser feita imediatamente antes da secagem do esfregaço ao 
ar, podendo-se proceder à coloração em 15 a 20 min. 
 
- Quando forem necessárias colorações não se deve fixar o material – 
acondicionar em solução salina 0,9%. 
 
11. Proporcionar o maior número possível de informações ao 
anatomopatologista 
- Informações clinicas e cirúrgicas detalhadas 
- Tempo de evolução da doença 
- Achados clínicos 
- Aspecto macroscópico da lesão 
- Hipóteses diagnósticas 
 
 
 
3 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
TIPOS DE BIÓPSIA 
 BIÓPSIAS POR PUNÇÃO 
Existem dois tipos: 
 Punção com agulha fina: retira-se material para exame citológico. 
 Análise de líquidos de cavidades corporais (tórax, abdome, 
articulações) ou de lesões císticas, de lesões superficiais (mama, 
tireoide, massas cervicais) e, em menor frequência, de lesões em 
órgãos intracavitários (pulmão, baço, pâncreas). 
 
 Punção com agulha calibrosa (agulhas especiais): retira-se material para 
exame histológico. 
 Retirar material para estudo de órgãos intracavitários (fígado, rim, 
próstata, pâncreas, pulmão), podendo também ser utilizadas em 
lesões superficiais (mama, tireoide). 
 Essas agulhas podem ser manuais (Menghini, Vim Silverman, Cope, 
Abrams) ou automáticas (tru-cut®, biopty gun®). 
 
Métodos para localização das lesões 
 As punções podem ser guiadas por: palpação, ultrassom (US), estereotaxia, 
tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM). 
 PALPAÇÃO: 
 Utilizada em lesões localizadas nos tecidos subcutâneo e muscular, e 
em órgãos superficiais (mama, tireoide, linfonodos) ou acessíveis ao 
toque (próstata). 
 Desvantagem: depender do tato em detrimento da visão. Não é 
possível diferenciar áreas de fibrose, necrose, hemorragia ou reação 
desmoplásica. 
 Geralmente, a lesão é imobilizada entre os dedos da mão não 
dominante, enquanto a mão dominante realiza a biópsia daárea 
central. 
 ULTRASSOM: 
 Útil na localização de praticamente qualquer lesão, seja superficial ou 
profunda. 
 Utilizado para guiar punções do fígado, próstata, mama, tireoide, etc. 
Entretanto, não é adequado para guiar punção de lesões do pulmão. 
 A punção pode ser feita pela mesma pessoa que opera o US, ou por 
outro profissional. Mesma pessoa → técnica da mão livre 
 ESTEREOTÁXICA: 
 Utilizam-se imagens obtidas por aparelhos de radiografia, TC ou RM 
em diferentes planos, e calcula-se o ângulo, o trajeto e a distância a 
ser percorrida pela agulha para atingir o centro da lesão. 
 Utilizada em lesões que não são bem identificadas ao US, lesões 
profundas de mamas grandes, lesões cerebrais, dentre outras. 
 Limitações: necessidade de o paciente permanecer imóvel durante 
todo o procedimento e o grande período de tempo necessário para a 
sua realização. 
 
Tipos de punção 
 PUNÇÃO ASPIRATIVA COM AGULHA FINA: 
 Vantagens: baixo custo, feita em regime ambulatorial. 
 Bem tolerada pelo paciente, leve desconforto. 
 Sem anestesia 
 Baixa incidência de complicações 
 Complicações: hematoma (mais frequente), pneumotórax na biópsia 
pulmonar ou lesão de outros órgãos, como, por exemplo, lesão de 
vísceras ocas durante biópsia de órgãos sólidos intra-abdominais. 
 Limitação: diagnóstico citológico em vez de histológicos. Desse 
modo, o resultado é, em geral, de afecção benigna, maligna ou 
infecciosa. Excepcionalmente, o citopatologista consegue dar 
diagnóstico do tipo e do grau de diferenciação tumoral. 
 Principal indicação: diferenciação entre tumores benignos e 
malignos. 
 Útil na avaliação de massas cervicais → preserva os planos teciduais. 
Nessa região, as biópsias incisionais e excisionais devem ser evitadas, 
pois uma incisão em local impróprio compromete a cirurgia definitiva 
e pode afetar negativamente o prognóstico do paciente. Exceções 
incluem as lesões cervicais primárias da pele e/ou mucosas, que são 
 
4 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
mais bem diagnosticadas por biópsias tipo shave, punch, incisional ou 
excisional. 
 Técnica cirúrgica 
 Agulhas utilizadas são de calibre entre 20G e 25G. 
 Áreas vascularizadas (linfonodos, nódulos tireoidianos) → 
agulhas de calibre 25G ou mais fino, para minimizar a diluição da 
amostra com sangue. 
 As seringas utilizadas são as de 10 mL ou 20 mL. 
 
1. Inicialmente, a lesão é localizada por um dos métodos 
descritos anteriormente. 
2. Preparar a pele da região a ser puncionada com solução 
antisséptica, geralmente álcool a 70%. Quando são utilizadas 
soluções contendo polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I), este deve ser 
retirado para não impregnar o material aspirado e interferir na 
coloração. 
3. Aspirar pequena quantidade de ar (entre 1 mL a 2 mL), que é 
mantida no interior da seringa. 
4. Introduzir a agulha (conectada na seringa) até o centro da 
lesão. 
5. Retrair o êmbolo da seringa para produção de vácuo e realizar 
movimentos de vaivém pelo interior da lesão. De preferência, a 
agulha deve ir e vir pelo mesmo trajeto, porque desse modo os 
fragmentos celulares são mais facilmente retirados das paredes 
laterais do túnel formado pela passagem da agulha. 
6. Com a agulha ainda posicionada no interior na lesão, liberar o 
êmbolo da seringa, para que o vácuo seja desfeito. Desse modo, 
mantém-se o material aspirado dentro da agulha. Caso a agulha 
seja retirada com o êmbolo da seringa ainda retraído, ocorrem 
aspiração de ar e dispersão do material para o interior da seringa. 
7. Retirar a agulha. 
8. Empurrar o êmbolo para expulsar o ar previamente 
armazenado no interior da seringa, e, com isto, expelir o material 
coletado que se encontra no interior da agulha. A saída desse 
material é direcionada para uma lâmina. 
9. Realizar esfregaço com o auxílio de outra lâmina, espalhando 
delicadamente o material. 
10. Colocar rapidamente a lâmina em frasco com álcool a 95% 
(álcool absoluto) para fixação. 
11. Rotular devidamente o frasco e encaminhá-lo ao laboratório 
de anatomia patológica, junto com a solicitação contendo as 
informações descritas anteriormente. 
 
Figura 14.1 Punção aspirativa com agulha fina de lesão de mama. A, Aspiração de uma pequena 
quantidade de ar. B, Introdução da agulha até o centro da lesão. C, Realização de vácuo e movimentos 
de vaivém através da lesão. D, Liberação do êmbolo da seringa para que o vácuo seja desfeito antes 
da retirada da agulha. E, Coleta do material em uma lâmina. 
 
5 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 PUNÇÃO-BIÓPSIA COM AGULHAS ESPECIAIS 
 Calibre maior (entre 14G e 20G) 
 Fornece material para estudo histológico. 
 Baixo custo 
 Regime ambulatorial 
 Como o calibre das agulhas é maior, o desconforto para o paciente 
é maior, sendo necessária realização de botão anestésico no local 
da punção. 
 Incidência de complicações é pequena 
 Complicações: sangramento (principal), hematoma, punções 
inadvertidas de órgãos ou estruturas interpostas entre a pele e a 
lesão durante biópsia de órgãos intra-abdominais (alças intestinais, 
vesícula biliar), pneumotórax durante biópsia de nódulo pulmonar 
etc. 
 Existem dois tipos distintos de agulhas: 
 Manuais: necessária a realização de movimentos coordenados 
para retirar o fragmento de tecido após a agulha ter atingido o 
alvo. 
Agulhas de Cope ou Abrams: biopsia pleural 
 Automáticas: são armadas antes da punção e disparadas ao se 
atingir o alvo. Esse disparo produz movimento automático da 
agulha, que secciona e captura o material. São mais fáceis de 
manusear e podem ser disparadas somente com uma mão. 
Biopsia de fígado, próstata, pâncreas, rim ou de outros órgãos. 
 Biópsias percutâneas de órgãos intracavitários → paciente 
permanecer algumas horas em repouso, em decúbito lateral do 
mesmo lado da punção para compressão do local, e ser avaliados 
quanto à presença de sangramento. 
 Contraindicações: pacientes com ascite (biópsias percutâneas de 
órgãos intra-abdominais), distúrbios da coagulação. 
 Técnica cirúrgica 
 Os métodos para a localização da lesão são os mesmos 
utilizados para punção aspirativa com agulha fina. A 
antissepsia da região é feita com solução contendo PVP-I ou 
clorexidina. 
 Quando se utiliza agulha automática, após atingir o centro da 
lesão dispara-se a agulha e esta é retirada com fragmento de 
tecido em seu interior. 
 Quando se utiliza agulha manual, a maneira de colher o 
fragmento de tecido varia de acordo com o tipo de agulha. As 
agulhas manuais mais utilizadas no nosso meio são as de Vim 
Silverman, Menghini e Cope. 
 
 Biópsia hepática percutânea. A biópsia hepática pode ser realizada para o 
diagnóstico de doença focal (nódulo, tumor, metástase), para avaliação de 
doença parenquimatosa difusa do fígado (esteatose, inflamação, hepatite, 
fibrose, cirrose), na colestase sem causa evidente, na presença de testes 
de função hepática que se mantêm persistentemente alterados e nas 
doenças sistêmicas ou infiltrativas (amiloidose, hemocromatose, 
sarcoidose, tuberculose miliar, febre de origem indeterminada). 
A biópsia do fígado pode ser realizada por via percutânea transjugular, 
laparoscópica ou laparotômica. A biópsia hepática percutânea de doença 
 
6 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
parenquimatosa pode ser orientada pela percussão ou por métodos de 
imagem. A biópsia de lesão focal, por sua vez, sempre deve ser feita com o 
auxílio de métodos de imagem (US, TC, RM). A biópsia guiada por US é o 
método preferido atualmente, mesmo nas doenças difusas, pois o US 
proporciona maior segurança, com menor risco de lesão de estruturas 
intraparenquimatosas (ramo arterial ou portal, via biliar) e de órgãos 
vizinhos (pulmão, cólon, vesícula biliar). 
Contraindicações: pacientes não cooperativos, alteração da coagulação 
sanguínea, colangite séptica, suspeita de lesão vascular, ascite, obstruçãobiliar e infecção do espaço pleural direito (as três últimas são 
contraindicações relativas). 
Complicações: dor local ou no ombro ipsilateral, hemorragia (hemotórax, 
hemoperitônio, hematoma intraparenquimatoso ou subcapsular, 
hemobilia), hipotensão arterial, fístula arterio-venosa intra-hepática, 
sepse, coleperitônio, pneumotórax, lesão de órgãos adjacentes (pulmão, 
vesícula biliar, cólon) e óbito. 
 
Figura 14.6 Técnica de biópsia hepática percutânea. A, Introdução da agulha até o peritônio parietal. 
B, Injeção de 1 mL a 2 mL de solução salina a 0,9% para limpar a agulha. C, Criação de vácuo. D, 
Introdução da agulha no parênquima hepático (4 cm a 5 cm). E, Retirada da agulha. 
 Biópsia da pleura. A biópsia da pleura parietal é indicada para avaliar 
pacientes com derrame pleural sem causa evidente. É utilizada 
principalmente para diferenciar tuberculose de neoplasia maligna. As 
agulhas utilizadas são as de Cope ou Abrams, e é necessária a 
realização de radiografias de tórax antes e depois do procedimento. 
Às vezes, pode também ser feita em casos de espessamento pleural na 
ausência de derrame, não devendo, entretanto, ser utilizada 
rotineiramente como método de avaliação de derrames muito pequenos 
e/ou loculados. 
É contraindicada nos pacientes não cooperativos, com distúrbios de 
coagulação ou com infecção cutânea na região da punção. 
 
 
Figura 14.8 Técnica de biópsia pleural. A, Cânula interna posicionada no interior da cânula externa, 
com ranhura direcionada para baixo. B, Pleura parietal aprisionada pela ranhura. C, Avanço da cânula 
externa com secção do fragmento. 
 
7 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
 BIÓPSIA INCISIONAL E EXCISIONAL 
 
 BIÓPSIA INCISIONAL 
 Retira-se somente parte da lesão ou de órgão. 
 As punções com agulhas finas e especiais, as biópsias com pinça saca-
bocado e várias biópsias com punch de diâmetro pequeno são alguns 
exemplos de biópsias incisionais. 
 Indicado: biópsia de músculos, ossos, tecido subcutâneo e processos 
inflamatórios ou infecciosos disseminados da pele ou de outros órgãos. 
Também para estabelecer diagnóstico pré-operatório em operações 
extensas ou mutilantes, como amputações. 
 Deve ser feita nas bordas, retirando-se fragmento que englobe tecido 
doente junto com tecido sadio. 
 Complicações: infecção de ferida, hemorragia per-ou pós-operatória, 
distúrbios da cicatrização, além da possibilidade de disseminação local 
de células tumorais. 
 
Figura 14.9 Biópsia incisional de lesão de pele. Deve-se retirar um fragmento da borda 
da lesão englobando tecido doente e sadio. 
 
 Biópsia muscular. A biópsia muscular é uma biópsia incisional, pois 
retira-se somente um pedaço de músculo para exame. É indicada na 
avaliação de doenças musculares primárias (miopatias, distrofias) e 
secundárias (neurogênicas, endócrinas, induzidas por medicamentos) 
ou de doenças sistêmicas (vasculites). Geralmente são necessários 
estudos especiais como histoquímica enzimática, imuno-histoquímica, 
microscopia eletrônica e/ou testes bioquímicos e moleculares. 
 BIÓPSIA EXCISIONAL 
 Retira-se totalmente a lesão a ser estudada. 
 Além de diagnóstica, ela é, também, na maioria das vezes, terapêutica. 
 A maioria das lesões suspeitas de malignidade deve ser submetida, 
quando possível, a excisão cirúrgica completa (biópsia excisional), com 
margem de segurança entre 2,5 mm e 5 mm, a não ser que sejam de 
dimensões tais que tornem impossível o fechamento da pele, ou que 
impeçam a obtenção de resultados cosméticos aceitáveis. Nesses 
casos, deve-se optar pela biópsia incisional, com punch ou shave, e 
aguardar o diagnóstico anatomopatológico para programar operação 
mais extensa. 
 Complicações: as mesmas da biópsia incisional, já descritas. 
Técnica cirúrgica – Biópsia de pele 
1. A técnica cirúrgica das biópsias excisionais e incisionais obedece aos 
princípios fundamentais das biópsias, como: 
 Antissepsia ampla da região; 
 Colocação de campos cirúrgicos que ofereçam liberdade de 
movimentos para o cirurgião e o auxiliar; 
 Utilização de material delicado. 
2. Programar as linhas de incisão na pele. Estas devem ser paralelas às linhas 
de força. Uma incisão em forma de elipse ou cunha é desenhada ao redor 
da lesão, com seu maior eixo paralelo às dobras ou às linhas de força da 
pele. Para resultado cosmético bom, seu maior eixo deve ser em torno de 
3 vezes o tamanho do eixo menor. Essa programação deve ser feita antes 
da injeção de anestésico no local, pois este produz intumescimento do 
subcutâneo e dificulta a avaliação das linhas de força. 
3. Injetar o anestésico local superficialmente. A injeção deve elevar o local a 
ser biopsiado. Uma injeção muito rápida pode ocasionar aparecimento de 
espaços ovais na derme ou até mesmo na epiderme. 
4. Incisar a pele previamente demarcada e aprofundar a lâmina de bisturi 
perpendicularmente à superfície até que o tecido subcutâneo seja 
atingido. Utilizar lâminas no 11 ou 15. 
5. Elevar uma das extremidades da elipse com ajuda de pinça dente-de-rato 
delicada, ou de pequeno gancho, para não esmagar a pele. 
 
8 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
6. Mantendo essa extremidade elevada, liberar a base da lesão com tesoura 
ou com bisturi em direção à outra extremidade. O plano de clivagem para 
as lesões cutâneas é o subcutâneo, que pode inclusive ser parcialmente 
retirado. 
7. Realizar hemostasia por compressão local, uso de eletrocautério ou 
ligadura com fios. 
8. Suturar a incisão com pontos simples, Donatti ou intradérmicos. 
9. Realizar curativo oclusivo com gaze seca. 
10. Colocar a peça em frasco com fixador adequado e devidamente 
identificado. 
 
 
Biopsia com Punch 
 É um tipo de biópsia comum entre os dermatologistas. Geralmente é 
empregada na pele, podendo também ser realizada com segurança na 
mucosa oral. 
 Utiliza-se instrumento que contém, em sua ponta, uma lâmina circular 
cortante (punch). Seu diâmetro pode variar de 2 mm a 10 mm, mas as 
medidas utilizadas com maior frequência são as de 3 mm e 4 mm. Em 
processos inflamatórios, um punch de 4 mm a 5 mm é preferível. 
 A lesão sempre deve ser retirada junto com área de tecido sadio. 
 Dependendo do tamanho da lesão, a biópsia com punch pode ser incisional 
ou excisional. 
 Uma das desvantagens desse método é o pequeno tamanho do material 
retirado, às vezes dificultando a interpretação histopatológica. 
 Contraindicado: em áreas sobre artérias, como sobrancelhas (artéria 
temporal), e área nasolabial (artéria angular), pelo risco de lesão nesses 
locais. 
 Não fazer em lesões espessas, como pele hipertrófica e em calosidades das 
plantas dos pés. 
 Principal complicação: sangramento. 
 Técnica cirúrgica: 
1. Antissepsia da região, demarcação da lesão e anestesia local por 
infiltração da pele. 
2. Esticar a pele no sentido perpendicular ao das suas dobras, e aplicar o 
punch de maneira firme e perpendicular à superfície. 
3. Realizar movimentos de rotação. Esses movimentos promovem corte 
até o subcutâneo. Evitar realizar movimentos de vaivém e não retirar o 
punch para verificar a progressão do corte, antes de ele atingir o 
subcutâneo (sente-se perda da resistência nessa hora).2 
4. Com a ajuda de uma agulha ou de pequeno gancho, levantar a peça, que 
é retirada cuidadosamente, seccionando-se a base com tesoura delicada 
(Figura 14.13B). 
5. Nas feridas de até 3 mm, pode-se realizar hemostasia com compressão 
local ou com o uso de agentes químicos, como solução de Monsel, cloreto 
de alumínio a 25% ou ácido tricloroacético a 25%, por 5 min a 10 min. 
Às vezes, pode-se utilizar Gelfoam® sobre a área cruenta. Nesses casos, a 
cicatrização ocorre por segunda intenção. Feridas maiores requerem 
sutura. Na maioria das vezes, é necessário fazer somente um ou dois 
pontos. Nesse caso, não se usam agentes hemostáticos. As desvantagens 
 
9 Clínica Cirúrgica –Heloísa Paraíso 6ºP 
da cicatrização por segunda intenção é que ela ocorre mais lentamente e 
deixa cicatriz oval, em vez de linear. 
 
 
Biópsia em barbear (Shave) 
 Remove a porção de pele elevada, acima do plano do tecido adjacente 
(lesões de natureza exofítica). É realizada entre a camada papilar profunda 
da derme e a camada mediorreticular. 
 A biópsia em barbear está indicada nas lesões exofíticas como ceratose 
seborreica, ceratose solar, verrugas vulgares e nevos epidérmicos. 
 Está contraindicada na avaliação de doenças inflamatórias da pele, pois 
não permite estudar os plexos profundos, a derme reticular nem o tecido 
subcutâneo. Neoplasias que clinicamente parecem infiltrar a derme e 
lesões pigmentares também são contraindicações. 
 É falha para o diagnóstico diferencial entre ceratose solar, ceratoacantoma 
e carcinomas. 
 Técnica cirúrgica: 
1. Antissepsia da região e colocação de campos cirúrgicos. 
2. Injetar anestésico local abaixo da lesão, para elevá-la acima da pele 
circunjacente. 
3. Posicionar a lâmina de bisturi no plano horizontal, paralelo à superfície 
da pele. 
4. Seccionar a lesão em sua base, por meio de movimentos de vaivém com 
a lâmina de bisturi, semelhantes aos de uma serra. 
5. Comprimir o local por alguns minutos para hemostasia. 
6. Realizar curativo oclusivo com gaze seca. 
7. Colocar a peça em frasco com fixador adequado e devidamente 
identificado. 
 
Figura 14.14 Técnica de biópsia em barbear (shave). A, Vista lateral da lesão. B, Injeção de anestésico 
local para elevação da lesão acima da pele. C, Secção da lesão por meio de movimentos de vaivém 
com a lâmina de bisturi paralela à superfície da pele. 
 
10 Clínica Cirúrgica – Heloísa Paraíso 6ºP 
Curetagem 
 Técnica simples para remover lesões superficiais benignas da pele, como 
verrugas vulgares, molusco contagioso, nevo epidérmico, ceratose actínica 
e ceratose seborreica, usando-se pequenas curetas. 
 Seu uso é viável em lesões de 2 mm a 6 mm de diâmetro que atingem 
unicamente a epiderme. 
 A hemostasia é obtida por compressão, uso de agentes hemostáticos ou 
eletrocoagulação. Essa técnica está contraindicada na suspeita de lesão 
melanocítica ou neoplásica e naquelas de diagnóstico clínico incerto. 
 A curetagem é também utilizada para o estudo de tecidos como 
endométrio. Nesse caso é necessário o acompanhamento de 
anestesiologista para sedação ou bloqueio troncular. 
 
 
Biópsia com Tesoura 
 É reservada para lesões pedunculadas benignas como verrugas filiformes, 
acrocórdon, papiloma fibroepitelial e lesões pigmentadas polipoides ou 
superficiais como a ceratose seborreica. 
 Anestesia local é necessária raramente, visto que a profundidade da ferida 
se limita, habitualmente, à camada papilar da derme. 
 A base da lesão é seccionada com tesoura, e o sangramento é controlado 
com compressão, na maioria das vezes, ou com eletrocoagulação. 
 A peça é colocada em recipiente com fixador adequado, devidamente 
identificado, e enviada ao laboratório. 
 
REFERÊNCIA 
SAVASSI – Cirurgia de Ambulatório

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