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1 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Bronquiolite e asma na infância BRONQUIOLITE VIRAL AGUDA Doença infecciosa que resulta na obstrução inflamatória de pequenas vias aéreas inferiores, mais especificamente, nos bronquíolos. Ocasiona quadros de intensidade variável, com sintomatologia de obstrução das vias aéreas. ANATOMIA DAS VIAS AÉREAS DOS LACTENTES E PREDISPOSIÇÃO À BRONQUIOLITE Mais vulneráveis à obstrução bronquiolar. (1) Menor diâmetro das VA → Maior resistência ao fluxo do ar – Fisiologicamente, já têm uma passagem de ar mais estreita, que piora ainda mais em casos de inflamação da mucosa (2) Alta complacência da parede torácica (3) Grande número de linfócitos, neutrófilos, mastócitos e eosinófilos → Respostas mais agressivas EPIDEMIOLOGIA Mais comum em crianças menores de 2 anos, principalmente durante o outono e inverno. Quadros mais graves – Primeiros três meses de vida − Infecção do trato respiratório inferior é a principal causa de hospitalização nessa faixa etária ETIOLOGIA A maior parte dos estudos relaciona o VÍRUS SINCICIAL RESPIRATÓRIO (VSH) como PRINCIPAL AGENTE ETIOLÓGICO. Mas, outros agentes também foram identificados. Vírus Frequência (%) Sazonalidade VSH 50-80 Maio-Agosto Rinovírus 5-25 Primavera- Outono Parainfluenza 5-25 Primavera- Verão Metapneumovírus 5-10 Inverno- Primavera Coronavírus 5-10 Inverno- Primavera Adenovírus 5-10 Todo o ano Influenza vírus 1-5 Novembro-Abril Enterovírus 1-5 Junho-Outubro ATENÇÃO! Bactéria NÃO CAUSA bronquiolite. Entretanto, algumas vezes, podem ser identificadas infecções CONCOMITANTES com coqueluche. → Bronquiolite associada a rinovírus geralmente precisa menor tempo de hospitalização em comparação com a do VSH → Coinfecção viral – 6 a 30% dos casos → Transmissão do VSR → Contato direto com secreções nasais de indivíduos contaminados (muito mais frequente do que por disseminação aérea) − Inoculação via mucosa nasal − Disseminação para vias aéreas inferiores por aspiração das secreções da nasofaringe − Período de incubação de 3 a 5 dias PATOGÊNESE Principais alterações fisiopatológicas → ALTERAÇÕES INFLAMATÓRIAS DOS BRONQUÍOLOS Inoculação do vírus Período de incubação de 4 a 6 dias ⇩ Replicação viral – Congestão nasal, rinorreia, anorexia etc. ⇩ Aspiração das secreções da nasofaringe e chegada do vírus do trato respiratório inferior ⇩ 2 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Infecção das células epiteliais da mucosa dos bronquíolos e pneumócitos nos alvéolos ⇩ Reações inflamatórias locais → Resposta imunológica Ativação de linfócitos TCD4+/TCD8+ ⇩ Edema, aumento da produção de muco e redução do batimento ciliar ⇩ Acúmulo local de fibrina e deposição de restos celulares ⇩ Obstrução inflamatória dos bronquíolos ⇩ Redução da passagem de ar ⇩ Alterações na relação ventilação/perfusão (V/Q) ⇩ Hipoxemia ⇩ Vasoconstrição e aumento do desequilíbrio V/Q ⇩ Retenção de CO2 e acidose respiratória A regeneração do epitélio bronquiolar começa em 3-4 dias. FENÔMENOS OBSTRUTIVOS DAS PEQUENAS VIAS AÉREAS: edema, produção de muco, acúmulo local de fibrina e deposição de restos celulares. PRINCIPAIS ALTERAÇÕES ANATOMOPATOLÓGICAS: necrose celular bronquiolar, ruptura ciliar, infiltrado peribronquiolar com acúmulo de linfócitos e edema da submucosa, que podem começar após 18 a 24 horas após a infecção. Também poder haver infiltrados de polimorfonucleares e formação de tampões mucosos. A criança também pode sofrer comprometimento do parênquima pulmonar, com evolução para pneumonia viral ou infecção bacteriana secundária. FATORES DE RISCO Idade < 6 meses Idade < 3 meses → MAIOR GRAVIDADE Prematuridade (idade gestacional inferior a 36 semanas) Baixo peso ao nascer Desnutrição; imunodeficiências (maior possibilidade de complicações bacterianas) Aglomeração (maior facilidade de contaminação) Cardiopatias e doenças pulmonares crônicas (maior risco de morbimortalidade) Doenças neurológicas Defeito anatômico pulmonar → MAIOR GRAVIDADE População de baixa renda Ausência de amamentação (proteção das imunoglobulinas maternas) Tabagismo passivo QUADRO CLÍNICO INÍCIO: Sintomas leves de vias aéreas superiores. Rinorreia + Espirros + Coriza Pode apresentar febre (38,5 a 39°C) Tosse seca ou produtiva APÓS INSTALAÇÃO DO QUADRO: Tosse paroxística Dispneia Taquipneia Irritabilidade A APNEIA pode ser um sintoma mais comum que a sibilância em LACTENTES MENORES DE DOIS MESES e ocorre como consequência da insuficiência respiratória e da imaturidade do centro respiratório, que responde de forma ineficiente à hipóxia e hipercapnia. AO EXAME FÍSICO: Sibilos inspiratórios ou bifásicos – a depender do grau da obstrução Prolongamento do tempo expiratório SINAIS DE ESTRESSE RESPIRATÓRIO → Taquipneia → Dispneia 3 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA NORMAL DE ACORDO COM A IDADE Idade FR 0-2 meses < 60 ipm 2-11 meses < 50 ipm 12 meses-5 anos < 40 ipm 6-8 anos < 30 ipm >8 anos < 20 ipm COMPLICAÇÕES Geralmente acontecem no período mais crítico → PRIMEIRAS 48 A 72 HORAS PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES: Acidose metabólica Hipoxemia Falência respiratória COMPLICAÇÕES DA FASE AGUDA: Insuficiência respiratória Pneumotórax Atelectasias Infecção bacteriana secundária GRUPOS DE RISCO Para evolução com bronquiolite grave. Prematuros (< 32 semanas) Broncodisplásicos Cardiopatas Lactentes < 3 meses Saturação de O2 < 95% em repouso Frequência respiratória < 70 ipm SINAIS DE GRAVIDADE Taquipneia (FR > 60 ipm) Desconforto respiratório − Aleteo nasal*** − Retração intercostal, subcostal ou supraesternal Hipoxemia (SatO2 < 94%) Cianose Apneia Desidratação Aceitação parcial da dieta Toxemia, piora do estado geral, rebaixamento do nível de consciência DIAGNÓSTICO CLÍNICO Entretanto, quadros de maior gravidade podem requerer investigação laboratorial e de imagem. NÃO se deve solicitar exames complementares de rotina. EXAMES LABORATORIAIS HEMOGRAMA Linfocitose *Infecção por adenovírus – Pode haver leucocitose intensa com reação leucemoide GASOMETRIA ARTERIAL Diagnóstico e acompanhamento da INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA. A criança pode apresentar: Hipoxemia (queda de PaO2) Diminuição, normalidade ou elevação da PaCO2 – CO2 é um gás altamente difusível; em quadros iniciais, pode causar alcalose respiratória compensatória, evoluindo posteriormente para acidose respiratória EXAMES PARA IDENTIFICAÇÃO VIRAL Uma nova recomendação NÃO requer pesquisa de vírus específico porque múltiplos vírus podem causar a bronquiolite. Além disso, o conhecimento exato do patógeno não afeta a resolução da doença, necessidade de internamento ou tempo de permanência no hospital. ÚNICA INDICAÇÃO: pacientes que realizam PROFILAXIA COM PALIVIZUMAB devem pesquisar infecção pelo VSR porque, caso comprovada, deve-se avaliar a suspensão do fármaco porque as taxas de reinfecção no mesmo ano são baixas. Métodos utilizados: Imunofluorescência das secreções (sensibilidade e especificidade > 90%) – Mais usado Fixação de complemento Comprovação em cultura de tecidos EXAMES DE IMAGEM RX DE TÓRAX NÃO DEVEM SER SOLICITADOS DE ROTINA PARA AVALIAÇÃO DE LACTENTES E CRIANÇAS COM BRONQUIOLITE 4 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Alterações radiológicas variáveis e não específicas. Muito útil para DIAGNÓSTICO DE COMPLICAÇÕES (atelectasias, pneumonias e pneumotórax). Pode estar presente: Hiperinflação e espessamento peribrônquico Atelectasia irregular – pode ser resultadodo estreitamento das vias aéreas e presença de muco (obstrução de bronquíolo – atelectasia daquela região) TC DE TÓRAX Apenas para casos muito graves, sem melhora clínica e sugestivos de BRONQUIOLITE OBLITERANTE. Principais achados: Espessamento da parede de brônquios e bronquíolos terminais Perfusão diminuída Retenção de ar “Perfusão em mosaico” – variação da perfusão entre as áreas envolvidas e não envolvidas BRONQUIOLITE OBLITERANTE PÓS-INFECCIOSA: ASPECTOS CLÍNICOS E EXAMES COMPLEMENTARES DE 48 CRIANÇAS* OXIMETRIA DE PULSO Medida transcutânea da saturação de oxigênio. Diagnóstico de HIPOXEMIA. Melhor método preditivo de gravidade para o paciente. Muito importante para monitorização dos casos graves/muito graves. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS PRINCIPAL → ASMA. Alguns autores relacionam infecção de repetição pelo VSR na infância com a predisposição à asma no futuro, pois infecção pelo VSR é a principal causa de sibilância durante os três primeiros anos de vida e pode contribuir para o desenvolvimento da hiper responsividade das vias aéreas Principais doenças Características Coqueluche B. pertussis Curso e duração prolongados. Divididos em três fases clínicas: - Catarral (tosse seca e irritativa) - Paroxística - Convalescença Fibrose cística Sibilância persistente e refratária ao tratamento broncodilatador + anormalidades hidroeletrolíticas Refluxo gastroesofágico Pode provocar broncoespasmo recorrente, levando à broncoaspiração e irritação pelo conteúdo ácido estomacal Cardiopatias congênitas *Que cursam com hiperfluxo pulmonar Leva a obstrução dos bronquíolos por compressão, manifestando-se como broncoespasmo Pneumonia bacteriana Febre elevada e presença de consolidação do parênquima pulmonar no RX de tórax Outras causas de broncoespasmo na infância: aspiração de corpo estranho*, malformação vascular, trauma, queimaduras, deficiência de α-1-antitripsina, TB e tumores. TRATAMENTO SUPORTE + SINTOMÁTICOS Garantia de boa hidratação, controle da febre e frequência respiratória, fracionamento da dieta com volumes reduzidos (taquipneia e risco de broncoaspiração). https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/ydhMJ8bJK3PGRczKWPjyxtd/?format=pdf&lang=pt https://www.scielo.br/j/jbpneu/a/ydhMJ8bJK3PGRczKWPjyxtd/?format=pdf&lang=pt 5 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Quadros leves e moderados Quadros graves - Ausência de sinais de gravidade ou fatores de risco Boa aceitação VO + Sat O2 > 95% em ar ambiente - Presença de sinais de gravidade e fatores de risco Tratamento ambulatorial Internação hospitalar TERAPIA DE SUPORTE Hidratação adequada + oxigenoterapia se necessário + monitoramento da progressão da doença Hidratação e alimentação − Crianças com bronquiolite podem ter dificuldades em manter a hidratação adequada por causa do aumento das necessidades (febre e taquipneia), associada a uma diminuição da ingesta hídrica (taquipneia e desconforto respiratório) − Sempre preferir VO − Se não for possível, realizar por sonda nasogástrica ou venosa; e sonda nasoenteral Lavagem nasal Oxigenoterapia − Suplementação para manter saturação de O2 > 92% Medidas de isolamento − Pacientes hospitalizados podem liberar vírus por longos períodos – Média de 6,7 dias, variando de 1 a 21 dias Fisioterapia respiratória − NÃO É RECOMENDADA − Não melhora os parâmetros respiratórios ou reduzem necessidade de oxigenoterapia suplementar, além de aumentar o estresse a irritabilidade dos lactentes TERAPÊUTICA ESPECÍFICA BRONCODILATADORES INALATÓRIOS INDICADO PARA ALGUNS CASOS NÃO USAR ROTINEIRAMENTE Se doença grave ou falência respiratório, devem ser indicados. Droga de escolha → SALBUTAMOL Α-ADRENÉRGICOS INDICADO A estimulação dos receptores α-adrenérgicos pela epinefrina reduz o extravasamento microvascular capilar e pós-capilar, reduzindo o edema sobre a mucosa brônquica. ATENÇÃO! Β 2 de curta duração NÃO está indicado – A sibilância é por causa da OBSTRUÇÃO, não pelo broncoespasmo. ANTICOLINÉRGICOS INDICADO Principal ação nas vias aéreas de maior calibre. Ação mediada por bloqueio de receptores colinérgicos na musculatura lisa brônquica, modificando o tônus muscular broncomotor. Droga de escolha → BROMETO DE IPRATRÓPIO COSTICOSTEROIDES NÃO TEM INDICAÇÃO Entretanto, pode-se considerar o uso em crianças com sibilância recorrente e história familiar de asma. Corticoides inalatórios também não estão indicados. ANTIVIRAIS INDICADO PARA: Bronquiolite grave por VSH Pacientes graves Droga de escolha → RIBAVIRINA ANTIBIÓTICOS NÃO ESTÁ INDICADO; DOENÇA VIRAL Só pode ser indicado se existir suspeita de coinfecção bacteriana: Febre persistente Toxemia Ausculta pulmonar compatível com pneumonia (*principalmente se assimétrica) Leucograma infeccioso com desvio para a esquerda Aumento do PCR 6 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 PREVENÇÃO Lavagem de mãos Evitar exposição passiva ao cigarro Imunização → Influenza − Anual − Lactentes > 6 meses e contactantes das crianças 0-59 meses Imunoglobulina IMUNOGLOBULINA Objetivo: prevenir a infecção pelo VSH em < 24 meses portadores de doenças crônicas ou prematuros (< 35 semanas) IMUNOGLOBULINA HIPERIMUNE CONTRA O VSH e ANTICORPO MONOCLONAL HUMANIZADO (PALIVIZUMAB) Apenas o Palivizumab é disponível, $$$. Imunoglobulina → Altos títulos de anticorpos para VSH (6x mais do que a imunoglobulina humana normal). As principais indicações incluem: Prematuridade − Até 28 semanas e 6 dias de idade gestacional, menor que 12 meses de idade no início da sazonalidade do VSR Doenças pulmonares − Crianças menores de 12 meses com DPCP (Doença pulmonar crônica da prematuridade) como menores que 32 semanas de IG, necessidade de FiO2 maior que 21 % por pelo menos 28 dias Entre 12 e 24 meses de idade e que continuam necessitando de medicações (oxigênio, diuréticos, broncodilatador ou corticoide) durante os 6 meses que antecedem a segunda sazonalidade do VSR Cardiopatia congênita − Se repercussão hemodinâmica, < 12 meses com cardiopatia acianótica ou < 24 meses em plano de transplante cardíaco Imunocomprometidos − Em < 24 meses Fibrose cística − Em < 12 meses ASMA Doença causada pela inflamação crônica do músculo liso dos brônquios, vias aéreas hiper-reativas e episódios de broncoespasmos que limitam o fluxo de ar. É uma doença de vias aéreas inferiores e com sintomatologia de obstrução de VA. É reversível espontaneamente ou com tratamento. Manifesta-se por episódios de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse, principalmente à noite e pela manhã ao despertar. Apresenta três principais características: 1. Inflamação crônica das vias aéreas Com; 2. Pelo menos uma parcial reversibilidade da obstrução das vias aéreas E; 3. Hiper responsividade brônquica a uma variedade de estímulos EPIDEMIOLOGIA Brasil → Prevalência em torno de 10%. 2008: asma foi a 3ª causa de internação hospitalar pelo SUS, com cerca de 300 mil hospitalizações ao ano. Apesar de serem apenas 5%-10% dos casos de asma, pacientes com asma grave apresentam maior morbimortalidade relativa e são responsáveis por um consumo desproporcionalmente alto dos recursos de saúde em relação aos grupos de menor gravidade. Portadores de asma grave não controlada procuram 15 vezes mais as unidades de emergência médica e são hospitalizados 20 vezes mais que os asmáticos moderados. Por isso, é fundamental a identificação dos fatores de risco e da doença em seu estágio inicial, assim como o encaminhamento ágil e adequado do paciente para a obtenção de um melhor resultado terapêutico e prognóstico.Muito relacionado com ATOPIA. A coexistência das demais manifestações atópicas em pacientes asmáticos, como rinite alérgica e dermatite, chega a mais de 80%. *ATOPIA: tendência do sistema imunológico à formação preferencial de anticorpos da classe IgE contra antígenos comuns no meio ambiente. 7 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 FATORES DE RISCO Influência de fatores de predisposição genética. Principal fator de risco → ATOPIA Exposição a alérgenos nos primeiros anos de vida – pode determinar inflamação crônica alérgica nas vias aéreas de indivíduos geneticamente suscetíveis Infecções virais na infância Ausência de aleitamento materno Exposição ambiental domiciliar à fumaça do tabaco de pais fumantes Poluição atmosférica* (sem evidências convincentes) Dietas com baixos teores de antioxidantes ou ácidos graxos poli-insaturados FISIOPATOLOGIA FASE IMEDIATA Exposição inicial a um alérgeno ⇩ Aumento da resposta de linfócitos T do tipo Th2 (maior do que o tipo Th1) ⇩ Linfócitos T, principalmente Th2, apresentam o alérgeno ao sistema imune ⇩ Linfócitos T produzem citocinas (IL-4, IL-5 e IL-13), responsáveis por iniciar o processo inflamatório ⇩ Citocinas interagem com os linfócitos B ⇩ Linfócitos B produzem IgE alérgeno-específicos ⇩ IgE se ligam aos mastócitos presentes nos pulmões ⇩ Degranulação e liberação de mediadores Mediadores: histamina, prostaglandina D2 e cisteinil leucotrienos (LTC4, D4 e E4) ⇩ Contração direta do músculo liso das vias aéreas e estímulo das vias neurais reflexas FASE TARDIA Recrutamento de células inflamatórias e imunológicas, particularmente células T de memória, eosinófilos, basófilos, neutrófilos e auxiliares, para locais de exposição a alérgenos. O excesso de muco vai estimular a musculatura dos brônquios a se contrair na tentativa de expelir esse conteúdo em excesso, levando, assim, à broncoconstrição que resulta em dificuldade expiratórios, provocando: Hiperinsuflação – pois o ar está preso, causando uma sensação de aperto no peito Sibilância – ocorre quando temos passagem do fluxo do ar turbulento por uma via aérea estreita como no caso da broncoconstrição (são chiados no peito) Uso de musculatura acessória durante a respiração Tosse Dispneia Diminuição da saturação de O2 Com o passar do tempo, essa contração da musculatura do brônquio acaba levando a um remodelamento das paredes (aumento da camada muscular lisa) desse brônquio, alterando, assim, definitivamente a função brônquica. CITOCINAS: produzidas pelos linfócitos Th2; desempenham papel fundamental na asma e nas respostas alérgicas. Destacam-se: → IL-3 – Fator de sobrevivência para eosinófilos e basófilos → IL-5 – Principal citocina hematopoiética que regula a sobrevivência dos eosinófilos → IL-13 – Contribui para a eosinofilia das VA, hiperplasia das glândulas mucosas, fibrose das VA e remodelação das VA. EOSINÓFILOS: células mais características do processo; se acumulam na asma e na inflamação alérgica. Sua presença está frequentemente relacionada à gravidade da doença. Os eosinófilos ativos produzem: Mediadores lipídicos, como leucotrienos e fator de ativação plaquetária – mediam a contração do músculo liso; Produtos de granulados tóxicos – podem danificar o epitélio e nervos das VA; Citocinas, como fator estimulador de colônicas de granulócitos e macrófagos (GM-CSF), fatores de 8 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 crescimento transformador (TGF) α e β, e interleucinas – podem estar envolvidas no remodelamento das VA e fibrose. QUADRO CLÍNICO Manifestações mais importantes: (1) Sibilos − Sintoma chave − Expiratórios e difusos − Se obstrução brônquica mais intensa – Sibilos expiratórios e inspiratórios ATENÇÃO! A ausência de sibilos é um paciente asmático, chamado tórax silencioso, sinaliza MUITA GRAVIDADE, porque indica que os fluxos aéreos são tão baixos que não geram oscilações de parede brônquica. Nesse caso, há redução generalizada do murmúrio vesicular associada a importante esforço ventilatório. (2) Dispneia − Taquipneia − Musculatura acessória − Tiragem intercostal (3) Tosse (especialmente em crianças*) − Geralmente não produtiva − Pode ser a única manifestação − Geralmente é pior à noite, pela manhã e após grandes esforços (4) Sensação de opressão torácica − Por causa da estimulação de receptores vagais nas vias aéreas Se o paciente estiver com as VA repletas de muco, pode-se auscultar roncos. AO EXAME FÍSICO: Taquipneia Tiragem intercostal – retração inspiratória dos espaços intercostais, fossa supraesternal, regiões supraclaviculares e subcostais por causa do esforço respiratório Utilização da musculatura acessória, principalmente nas grandes dispneias; músculos inspiratórios auxiliares: esternocleidomastóideos e escalenos Tempo expiratório forçado, prolongando a expiração ao mesmo tempo em que aperta os lábios, deixando uma pequena fenda central na comissura labial (posição de “assovio”) Taquicardia Pulso paradoxal (PP) – diminuição acentuada da amplitude do pulso, podendo ocorrer até mesmo o seu desaparecimento, associado a uma diferença de pressão sistólica entre a inspiração e a expiração DIAGNÓSTICO CLÍNICO + FUNCIONAL HISTÓRIA CLÍNICA Paciente com história de insuficiência respiratória aguda que melhora com uso de broncodilatadores nos guia para o diagnóstico de asma. Outro fator importante é analisar os antecedentes pessoas e familiares de outras manifestações alérgicas, como dermatite atópica, alergias alimentares, rinite, entre outros. FASE PRÉ-ESCOLAR O diagnóstico de asma em pré-escolares e nos mais jovens é difícil, uma vez que sibilância e tosse são comuns em crianças sem asma e os exames complementares são pouco úteis. Para a realização da espirometria, é necessário um pico de fluxo expiratório e, por isso, esse exame só pode ser realizado a partir dos 6/7 anos de idade. Esse é o motivo pelo qual o diagnóstico da asma só acontece na idade escolar. → Antes disso, o quadro é caracterizado como uma SIBILÂNCIA RECORRENTE (> 3 episódios de sibilância por ano). 9 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Características sugestivas para diagnóstico de asma no pré-escolar Três ou mais episódios de sibilância ao ano na ausência de viroses respiratórias Pais e/ou irmãos receberam prescrição e usaram medicação inalatória (broncodilatadores, corticoides) em algum momento no passado Dispneia, sibilância, tosse noturna, desencadeada por exercícios físicos ou gargalhadas, exposição a aeroalérgenos e na ausência de virose respiratória Resposta a broncodilatador inalatório durante as crises de sibilância, acompanhada e comprovada por médico Controle dos sintomas após prova terapêutica com corticosteroide inalatório por 2 a 3 meses, com subsequente piora após a suspensão Não sugestiva e necessidade de investigação complementar Regurgitação, vômitos, disfagia, “engasgo”, sintomas respiratórios presentes desde o período pós-natal, alterações na ausculta cardíaca e déficit pôndero- estatural DIAGNÓSTICO FUNCIONAL Avaliação pulmonar. Confirma diagnóstico e ajuda no seguimento e manejo farmacológico da doença. *Lactentes e pré-escolares – Uso limitado pelas dificuldades técnicas para sua realização. A documentação de obstrução ao fluxo aéreo e de reversibilidade brônquica, duas características importantes da asma, podem contribuir para o diagnóstico da doença, particularmente nas crianças pequenas, que não apresentem manifestações clínicas típicas. ESPIROMETRIA E MEDIDA DA HIPERRESPONSIVIDADE BRÔNQUICA (HRB) ESPIROMETRIA: exame que mede a quantidade de ar que uma pessoa é capaz de inspirar ouexpirar a cada vez que respira, avaliando a capacidade pulmonar e os fluxos respiratórios. A espirometria ANTES E APÓS broncodilatador deve ser realizada de rotina em todas as crianças com suspeita de asma. Elevação de mais de 12% nos valores de volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEFI) após uso de BD indica REVERSIBILIDADE DA OBSTRUÇÃO, confirmando o diagnostico de asma. Entretanto, o fato de o paciente não responder ao BD não exclui o diagnóstico. AVALIAÇÃO IMUNOLÓGICA: avaliação de alergia por testes cutâneos de leitura imediata ou de hipersensibilidade imediada (TCHI) e a dosagem da IgE total e específica são realizados para identificar se um ou mais alérgenos estão envolvidos na fisiopatologia da asma. Teste cutâneo positivo ou com níveis elevados de IgE específica indica sensibilização alérgica. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL DE ASMA NAS CRIANÇAS Doenças das vias aéreas superiores − Rinite alérgica e sinusite Obstrução nas grandes vias aéreas − Corpo estranho na traqueia ou brônquios (aspiração) − Disfunção das cordas vocais − Anéis vasculares − Laringotraqueomalácia, estenose de traqueia ou estenose brônquica Obstrução em pequenas vias aéreas − Bronquiolite viral ou obliterante − Fibrose cística − Displasia broncopulmonar − Doença cardíaca (principalmente congestiva) Outras causas − Tosse recorrente por outras causas que não asma − Aspirações traqueais por assincronia de deglutição ou refluxo gastroesofagiano EXACERBAÇÕES OU CRISES ASMÁTICAS Deterioração aguda dos sintomas clínicos Diagnóstico clínico Exames complementares para afastar diagnósticos diferenciais, identificar comorbidades e avaliar gravidade ou possíveis complicações Importante fator de morbidade na infância – aumento da perda de função pulmonar pela ativação das respostas imunológicas Avaliação inicial objetiva − Gatilhos (fumaça de cigarro, alergias, infecção, exercício) − Sintomas infecciosos − Frequência de medicamentos de resgate − Medicamentos de uso contínuo ou recente, horário das últimas doses dos medicamentos − Últimas taxas de pico de fluxo (se houver) − Internamentos prévios por causa de crise 10 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 − Se há limitação de atividade física ou distúrbios do sono Fatores de risco para crises mais severas Histórico prévio de crise de início súbito Intubação prévia por asma Admissão prévia em UTI Duas ou mais internações por asma no último ano Três ou mais atendimentos em PS por asma no último mês Uso regular de corticosteroide ou suspensão recente de seu uso Presença de comorbidades Baixa condição socioeconômica Menores de 3 anos Fatores de risco para evolução fatal ou quase fatal em crianças < 5 anos Idade < 12 meses Doses repetidas não usuais de β2-agonistas de curta duração nas primeiras horas após a instalação das anormalidades clínicas Recidiva abrupta do quadro clínico apesar de tratamento adequado As alterações típicas durante a fase inicial da crise grave são a hipoxemia e a hipocarbia. O quadro obstrutivo levando à hipercapnia, a insuficiência respiratória será iminente. A ventilação pulmonar mecânica em crianças asmáticas depende da evolução clínica e não da alteração gasométrica. CLASSIFICAÇÃO Existem várias classificações. Auxiliam para direcionar o tratamento adequadamente. CLÍNICA LEVE: fala em frases; pode estar agitada; tem dispneia com atividade (caminhar), frequência ventilatória aumentada; sibilância expiratória final moderada. MODERADA: fala em frases; prefere sentar-se; geralmente agitada; geralmente usa músculos acessórios; taxa ventilatória aumentada; pode-se ouvir chiado durante a expiração. GRAVE: geralmente sem fôlego em repouso; fala com palavras; geralmente fica em posição vertical, podendo ser curvado para frente; geralmente agitada; geralmente usa músculos acessórios; tem aumento da taxa de ventilação; pode-se ouvir chiado durante a inspiração e expiração. GRAVIDADE DA DOENÇA Baseada na análise da frequência e intensidade dos sintomas, avaliação das provas de função pulmonar e necessidade do uso de broncodilatador e anti-inflamatório. Pode ser classificada em: Intermitente Persistente leve Persistente moderada Persistente grave 11 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 CONTROLE DA ASMA Critérios de acordo com a GINA de 2019. Tem como base 4 perguntas referente às últimas 4 semanas: 1) Se o paciente fez uso de broncodilatador 2x ou mais em 1 semana 2) Se o paciente teve manifestações clínicas diurnas mais de 2x por semana 3) Se o paciente teve algum despertar noturno por causa de alguma manifestação da asma 4) Se o paciente apresentou alguma limitação física em alguma atividade por manifestações da asma A partir das respostas do paciente, pode-se classificar a asma como: CONTROLADA: paciente responde NÃO para todas as perguntas. PARCIALMENTE CONTROLADA: responde SIM para uma ou duas perguntas. NÃO CONTROLADA: responde SIM para três ou quatro perguntas. TRATAMENTO Doença multifatorial. Faz-se necessário múltiplas abordagens para o seu controle, todas passando, em primeiro lugar, pela compreensão do paciente acerca de sua doença. O tratamento inapropriado é ume fator importante na morbidade e mortalidade da doença. TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO: educação do paciente – deve integrar todas as fases do atendimento ambulatorial e hospitalar. Adoção do plano de autocuidado baseado na identificação precoce dos sintomas e controle de exposição aos gatilhos. TRATAMENTO MEDICAMENTOSO INICIAL: medicações de controle e terapias adicionais. A conduta inicial do paciente sem tratamento adequado prévio considera a gravidade da doença, definida a partir do perfil de sintomas atual, histórico clínico e avaliação funcional. Na asma intermitente, o tratamento medicamentoso é direcionado para o alívio imediato dos eventuais sintomas decorrentes da obstrução. Indicação: broncodilatadores de curta duração (SABA) para uso conforme necessidade. Na asma persistente, o tratamento medicamentoso objetiva a supressão da inflamação. Para isso, utiliza-se medicamentos “controladores”, sendo os corticosteroides inalatórios (CI) os mais indicados, tanto em adultos quanto em crianças – seu uso regular é eficaz para reduzir os sintomas e exacerbações, além de melhorar a função pulmonar. Os SABA são indicados para sintomas agudos, conforme necessidade. Casos não bem controlados podem necessitar de associações de medicamentos. Nas exacerbações moderadas ou graves, recomenda-se β2- agonistas, corticosteroides inalatórios e corticoterapia oral (CO). A indicação de atendimento hospitalar é feita com base na avaliação de gravidade e perfil de risco. Se a criança apresentar sintomas persistentes e/ou exacerbações, mesmo utilizando medicações de controle em doses altas e tratando os fatores de risco modificáveis, pode-se indicar os medicamentos adicionais: → Agonistas de receptores β-2 adrenérgicos de longa duração (SABA), liberados para maiores de 4 anos (LABA) → Antagonistas dos receptores de leucotrienos (ARLT), como o Montelucast e o tiotrópio, antagonista muscarínico de longa ação, liberado para maiores de seis anos (LAMA) → Anti-IgE (omalizumabe), apenas para pacientes com asma grave; recomendada para crianças maiores de seis anos TRATAMENTO DE MANUTENÇÃO: o conceito de controle leva em consideração a evolução clínica do paciente e o tratamento necessário para remissão e estabilização dos sinais e sintomas. na ausência de controle, deve-se considerar má adesão, inadequação da técnica inalatória, presença de fatores agravantes, falta de percepção/atenção aos sintomas e até diagnóstico equivocado. Uma vez obtido o controleda asma por mais de três meses (ou seis meses, em casos graves), procede-se à redução lenta e gradual de doses e medicamentos (reduzir broncodilatadores, por último a dose de corticosteroide inalatório - CI). MANEJO MANEJO AMBULATORIAL DA ASMA : INTERCRISE Objetiva: (1) Tornar os sintomas crônicos mínimos ou inexistentes 12 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 (2) Diminuir a intensidade e o número de exacerbações (3) Manter a função pulmonar o mais próximo possível dos níveis normais (4) Manter níveis normais de atividades diárias, incluindo o exercício (5) Evitar os efeitos adversos de medicamentos antiasmáticos (6) Evitar a evolução para a limitação para a limitação irreversível do fluxo aéreo (7) Prevenir a mortalidade por asma Os principais medicamentos para controle da asma são os corticosteroides inalados (CI). O tratamento consiste em 5 fases nas quais a dose de CI é aumentada progressivamente, e outros controles de tratamento são adicionados, se necessário. O uso de CI pode causar efeitos adversos como candidíase, irritação da garganta e disfonia. O risco desses efeitos adversos diminui com o emprego de inalador pressurizado dosimetrado com espaçador e higiene oral após a inalação de cada dose do CI. O tratamento da asma, na prática, consiste em um ciclo contínuo de avaliar, ajustar o tratamento e reavaliar a resposta do paciente. MANEJO EM CRIANÇAS MENORES DE 6 ANOS ETAPA 1 SABA por demanda ETAPA 2 Dose baixa diária de CI ou LTRA ETAPA 3 Dobrar a baixa dose de CI ou Dose baixa de CI + LTRA ETAPA 4 Manter o tratamento e encaminhar para o especialista MANEJO EM CRIANÇAS DE 6 A 11 ANOS ETAPA 1 Educação ambiental + controle ambiental + SABA em crise (ex: Berotec) ETAPA 2 (*adiciona medicação de controle) - CI em dose baixa - LTRA – Montelucaste - SABA em crise + CI em dose baixa ETAPA 3 - CI em dose baixa + LABA - CI em dose média (*alterar a medicação de controle) - CI em baixa dose + LTRA ETAPA 4 (*alterar ou adicionar medicação e encaminhar para o pneumologista) - CI em dose média + LABA - CI em dose alta + LABA - Medicamento da etapa 3 + LTRA - Medicamento da etapa 3 + tiotrópio ETAPA 5 Terapia anti-IgE ou adicionar baixas doses de CO → SABA – β2-agonisita de curta duração → LTRA – antagonista do receptor de leucotrieno → LABA – β2-agonista de longa duração (para maiores de 5 anos) → CO – corticosteroides orais Obs: A utilização do LTRA na etapa 2 é tida como tratamento preferível para crianças maiores de 2 anos com asma persistente leve desencadeada por exercício físico CRIANÇAS MAIORES DE 12 ANOS ETAPA 1 Educação familiar + controle ambiental + medicação de controle em crise: - CI em dose baia + LABA em crise (ex: formoterol) - CI em dose baixa + SABA em crise ETAPA 2 (*adiciona medicação de controle) - CI em dose baixa - CI em dose baixa + LABA em crise - LTRA – Montelucaste - SABA em crise + CI em dose baixa ETAPA 3 (*alterar a medicação de controle) - CI em baixa dose + LABA - CI em dose média - CI em dose baixa + LTRA ETAPA 4 (*alterar ou adicionar medicação) - CI em dose média + LABA - CI em dose alta - Medicamento da etapa 3 + LTRA - Medicamento da etapa 3 + tiotrópio) ETAPA 5 - Terapia anti-IgE - Tiotrópio - Anti-IL5 13 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 - CO em dose baixa QUANDO REAVALIAR O ADOLESCENTE COM ASMA? 1 a 3 meses após o início do tratamento, depois a cada 3 a 12 meses Durante a gravidez → A cada 4 a 6 semanas Depois de uma exacerbação → Dentro de 1 semana QUANDO INTENSIFICAR O TRATAMENTO DA ASMA? Mal controlada por pelo menos 2 a 3 meses, desde que se afastem falta de adesão, técnica inalatória incorreta e comorbidades QUANDO DIMINUIR O TRATAMENTO? Controle mantido durante 3 meses *Ou 6 meses para casos graves De forma geral, ao começarmos o tratamento é importante reavaliar essa criança em 2 a 3 meses e questionar quanto ao controle de risco da asma e aos fatores de risco futuros. Caso venhamos a nos deparar com uma FALHA DO TRATAMENTO, vamos corrigir a técnica inalatória e adesão ao medicamento antes de subir o paciente de etapa. Sempre é importante realizar o tratamento das comorbidades como rinite e obesidade. LEMBRAR! Uso do corticoide inalatório = medicamento dosimetrado em aerossol. Em crianças, deve ser feito com espaçador (*crianças menores – máscara) + higienização do aparelho. O uso corticoide em dose alta pode reduzir a densidade óssea das crianças, ganho de peso. MANEJO DA CRISE ASMÁTICA De acordo com a gravidade da crise asmática, o tratamento baseia-se em: BRONCODILATADORES (VIA INALATÓRIA) Os broncodilatadores são B2-adrenérgicos, ou seja, eles vão atuar: Relaxamento da musculatura lisa da via aérea Clareamento mucociliar, diminuindo as secreções presentes no brônquio Diminuem a permeabilidade vascular brônquica, diminuindo, assim, a inflamação já que chega menos mediadores inflamatórios na região. Em geral, usamos esse medicamento de forma intermitente. Alguns efeitos colaterais são: taquicardia com palpitações, tremores, hipocalemia, hiperglicemia, aumento da pressão sistêmica. ANTICOLINÉRGICOS (VIA INALATÓRIA) Os anticolinérgicos atuam bloqueando os receptores muscarínicos, que atuam: Broncodilatação por redução do tônus colinérgico das vias áreas Reduz a produção de muco pelas glândulas Alguns efeitos colaterais são: xerostomia, taquicardia, midríase (dilatação pupilar) e glaucoma. CORTICOIDES (VIA ORAL) Os corticoides são anti-inflamatórios, que vão atuar: Estabilização da membrana dos lisossomos Diminuição da permeabilidade capilar, diminuindo, assim, o quadro inflamatório 14 Pediatria – Camila Carneiro Leão Cavalcanti 2021.2 Inibe a liberação da histamina pelos mastócitos Potencializa a ação dos broncodilatadores Em geral, utilizamos a via oral. Porém, em casos em que a criança está muito cansada e temos medo de que ela aspire o medicamento podemos utilizar a via endovenosa que tem eficácia igual a oral. Alguns efeitos colaterais são: hipocalemia, hipertensão, hiperglicemia e psicose (muito irritada, acorda muito a noite). OXIGENOTERAPIA SATURAÇÃO DE O2 ESTEJA ABAIXO DE 93% A 95% OBJETIVO: MANTER SATURAÇÃO EM 92% EM AR AMBIENTE De acordo com a gravidade da crise asmática, temos os seguintes tratamentos: CRISE ASMÁTICA LEVE → SABA (aerolin ou berotec) em 3 ciclos de 20 em 20 minutos em 1h. Após reavaliação: → Boa resposta = alta com SABA por 5 dias → Má resposta = corticoide + novo ciclo SABA em 1h CRISE ASMÁTICA MODERADA → SABA + Anticolinérgico (atrovent) em 3 ciclos de 20 em 20 minutos em 1 hora + Prednisolona VO. Após reavaliação: → Boa resposta = alta com SABA + corticoide por 5 dias Má resposta = internação CRISE ASMÁTICA GRAVE → SABA + Anticolinérgico em 3 ciclos de 20 em 20 minutos durante 1h + Metilprednisolona (IM ou EV, já que a criança está mais cansada) + suporte ventilatório. Após reavaliação: → Boa resposta = internação em enfermaria e continuar o corticoides e continuar os ciclos inalatórios com SABA (não precisa de anticolinérgicos) → Má resposta = internação em UTI Após a primeira hora de crise já pode administrar sulfato de magnésio, visando reduzir a morbimortalidade da criança. Vacina em dia para influenza está bem associada com prevenção da asma. REFERÊNCIAS: Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria. 4 ed. SP 2017. Meissner, H. C. (2016). Viral Bronchiolitis in Children. New England Journal of Medicine, 374(1), 62–72. doi:10.1056/nejmra1413456. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança:crescimento e desenvolvimento/Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. – Brasília : Ministério da Saúde, 2012.
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