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INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ CURSO DE LICENCIATURA EM QUÍMICA- CAMPUS PALMAS André Luiz Cologni Daniele Pontes Leite Erica Aparecida de Souza Tomazetto Gabriele Verginaci Células Voltaicas ou galvânicas (pilhas) Química geral experimental III Palmas-PR, março de 2019 1. Introdução: A primeira pilha descrita na literatura foi inventada por Alessandro Volta em 1800. Consistia em pares de discos de Zn e Ag “empilhados”, separados por discos de papel umedecidos com água salgada. Com essa “pilha” de discos, era possível detectar um leve choque elétrico ao se tocar, simultaneamente, as duas extremidades da pilha. ¹ Uma pilha que se tornou popular durante o século XIX foi a “Pilha de Daniell”, constituída, em 1836, pelo químico inglês John Frederick Daniell. Utilizando o princípio da pilha de Volta, ele empregou tiras de zinco (Zn) e de cobre (Cu) (eletrodos), em que cada metal era imerso em uma solução do íon do próprio metal (ZnSO4 e CuSO4, por exemplo) e as soluções eram mantidas separadas por uma barreira porosa de cerâmica. Cada metal e a sua solução foram chamados de “meia-célula” e as meias-células eletricamente conectadas foram chamadas de “célula voltaica”. Esse tipo de arranjo é empregado até hoje, com o objetivo de explorar reações químicas espontâneas para gerar energia elétrica. ² Nas células galvânicas, os elétrons que se movem, através de um condutor metálico, do ânodo (eletrodo onde ocorre a oxidação) em direção ao cátodo (eletrodo em que ocorre a redução) constituem a corrente elétrica. Por receber os elétrons, atribui-se ao cátodo um sinal positivo. Já o ânodo, é marcado com um sinal negativo. ³ O vocábulo “pilha” é proveniente do instrumento criado pelo conde Alessandro Volta, em 1800. Tal instrumento tratava-se de um empilhamento (série vertical) de lâminas metálicas de zinco e de cobre ordenadas intercaladamente e separadas umas das outras por um tecido impregnado com ácido. Volta associou, ainda, várias pilhas em série, criando assim baterias. A expressão “bateria”, por sua vez, é oriunda da associação aos condensadores primitivos (denominados garrafas de Leyden), e não de células eletroquímicas, como a pilha. Mas, apesar de apresentarem significados científicos diferentes, são utilizados indiscriminadamente como sinônimos, em português, para descrever os sistemas eletroquímicos que armazenam energia. 3,4 Em princípio, o termo pilha deveria ser empregado para se referir a um dispositivo constituído unicamente de dois eletrodos e um eletrólito, arranjados de maneira a produzir energia elétrica. E, o termo bateria deveria ser usado para se referir a um conjunto de pilhas agrupadas em série ou paralelo, dependendo da exigência por maior potencial ou corrente (Bocchi, 2000). A IUPAC eliminou o termo potencial de oxidação. Sendo agora usada a expressão potencial de redução. Dessa forma, a medida do potencial padrão de redução de um dado eletrodo padrão é feita medindo-se a ddp de uma pilha padrão na qual uma das semipilhas é um eletrodo padrão de hidrogênio e a outra é o eletrodo padrão cujo E0 red se quer medir. Além disso, quanto maior for o E0 red, mais fácil será a redução e mais forte será o oxidante ou mais difícil será a oxidação e mais fraco será o redutor. Inversamente, quanto menor for o E0 red, mais difícil será a redução e mais fraco será o oxidante ou mais fácil será a oxidação e mais forte será o redutor.5 2. Objetivos: Compreender a transformação de energia química em energia elétrica, suas formas de armazenagem, aplicações dos conhecimentos de eletroquímica: espontaneidade de reações, reações de oxirredução, potenciais padrões de redução/oxidação e cálculos de potencial de pilhas 3. Parte experimental: a) Materiais e reagentes: Materiais e vidrarias Reagentes 2 becker de 50mL Eletrodo de zinco Tubo em U Eletrodo de cobre Termômetro Solução de sulfato de cobre (0,1M) Multímetro Solução de sulfato de zinco (0,1M) Algodão Solução de KCl (0,1M) Bombril (palha de alumínio) Proveta 50mL 2 pontas de jacaré b) Procedimento experimental: 4.2 Procedimento Experimental As duas placas de metais (zinco e cobre) são limpas com o auxílio de uma palha de aço, sendo elas lustradas e reservadas. Logo após foi preparado a solução de sulfato de cobre, usando a fórmula: m=m/Mm.V, sendo assim, usados 74,39g de CuSO4(s), para 250mL de água destilada. Após os béqueres serem identificados, foram colocados em um becker 50mL de solução de sulfato de zinco, e no outro 50mL de solução de sulfato de cobre. Logo após foi preenchido um tubo ‘U’ com a solução de KCl, em uma de suas extremidades foi vedada com uma pequena bolinha de algodão e depois de bem preenchida com a solução foi fechada a outra extremidade, se certificando que de dentro do “u” não esteja nenhum espaço com bolhar de ar. As placas de metais arriadas são presas separadamente em uma ponta de jacaré, como mostra a imagem 1, e então, a placa de Zinco é colocada dentro da solução de ZnSO4 enquanto a placa de Cobre é colocada dentro da solução de CuSO4 (imagem 2). O aparelho multímetro é instalado, ligado e regulado para identificar até 2V (imagem 3). Imagem 1- Metais presos as pontas de jacaré Imagem 2 - Placas de metais em suas soluções. Imagem 3 – Multímetro instalado e regulado 4. Resultados e discussões: Após o experimento ser montado e o multímetro ligado, observa-se que o mesmo marca uma voltagem de 1,076 a 1,08V (mostrado na imagem 4). Deste modo, é possível compreender que existe uma energia elétrica, ao longo da reação, os íons Cu2+ se depositam na superfície da placa de Cu (eletrodeposição) de acordo com a reação de redução do cobre e átomos de Zn saem da placa de Zn (corrosão) para a solução na forma de íons Zn2+. Desta forma, a solução de zinco se torna cada vez mais concentrada em íons Zn2+ e a solução de Cu se torna mais diluída de íons Cu2+ (e mais concentrada de íons So2-4). Imagem 4 – Resultado do experimento no multímetro. Assim, para manter a eletro-neutralidade do sistema, íons So2-4 e Na+ difundem-se pela ponte salina para as soluções com cargas opostas às suas. Adicionalmente, os elétrons saem do ânodo em direção ao cátodo. Para se obter a equação global é preciso montar as semi reações: Semi reação de redução do Cobre: Cu2+(aq) + 2e- → Cu(s) Eº= +0,34V Semi reação de oxidação do Zinco: Zn(s) → Zn2+(aq) + 2e- Eº= -0,76V ______________________________________ Reação Global: Cu2+(aq) + Zn(s) → Cu(s) + Zn2+(aq) ∆Eº= +1,10 V O ∆Eº pode ser lido como força eletromotriz da pilha, obtida através da diferença de potenciais padrão de redução das semi reações. Através do potencial padrão da reação global podemos afirmar que se trata de uma reação espontânea, pelo ∆E° ser positivo. Para fazer a representação correta da pilha, segundo a IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada), a pilha deve ser representada assim: Zn(s)/Zn2+(aq)//Cu2+(aq)/Cu(s) Onde // representa a ponte salina que divide os eletrodos, / indica diferença de fase entre reagente e produto da semi reação. Na esquerda, representa-se o ânodo (oxidação) e, na direita, o cátodo (redução). 5. Conclusão: O experimento clássico com a Pilha de Daniell realizado com tamanha exatidão permitiu a perfeita compreensão do mecanismo que gera eletricidade neste tipo de pilha e suas formas de armazenamento de energia. Neste experimento também foi possível rever e aprimorar conceitos de eletroquímica, tais como os cálculos de potenciais padrão. A prática chegou no resultado esperado sendo 1,7V a 1,8V. 6. Questões: 1. Explicar comoocorre a transmissão de eletricidade em fios e em soluções, apostando as diferenças; Podemos dizer que a reação química total como, elétrons sendo empurrados para um eletrodo e sendo puxado para o outro, no caso ele parte do anodo onde está acontecendo a oxidação que libera elétrons e vai por meio de um fio metálico em direção ao cátodo que está reduzindo. 2. Explique por que é importante medir a temperatura das soluções; Para que se determine o potencial eletroquímico de um eletrodo em uma pilha, utiliza- se como eletrodo padrão o hidrogênio. Este eletrodo tem por convenção o valor zero, tanto para potencial de oxidação quanto para o de redução. Cientistas determinaram como padrão ou estado de referência às seguintes condições: • A temperatura deve estar em 25°C • A concentração da solução em que o metal está mergulhado deve ser de 1,0 mol/L • A pressão em 1,0 atm. 3. Compare o valor obtido com o esperado. Comente possíveis erros; Era esperado que a pilha fornecesse 1,10V e o resultado do experimento foi equivalente a 1,08V. A diferença da teoria para a pratica pode ser por alguns fatores, como pela temperatura em que a solução se encontrava, pelo experimento não ter sido realizado em 1Atm . 4. Calcule os potenciais das pilhas formadas pelos pares abaixo. Indique qual é o cátodo e qual é o ânodo Ag / Fe III Ni / Cd Li / Pb Ag/Fe III Ni/Cd Li/Pb a) E°=0,07V Ânodo =Fe III cátodo=Ag c) E°=0,15V Ânodo=Cd cátodo=Ni d) E°=2,92V Ânodo=Li cátodo=Pb 7. Referências: 1-GERMANO, M., G., LIMA, I.,P.,SILVA, A.,P. Pilhas voltaicas entre rãs, acasos e necessidades. Departamento de Física – UEPB Campina Grande – PB 2- PATERNO, L.,G. Laboratório de Química Geral Experimental, ROTEIRO DE EXPERIMENTOS. Instituto de Química (UnB) Revisão para o 1º/2015: Luciana Diniz Borges 3-KOTZ, J. C.; TREICHEL JR, P. Química Geral e Reações Químicas. Trad. Flávio Maron Vichi. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. 4- BOCCHI, N.; FERRACIN, L. C.; BIAGGIO, S. R. Pilhas e baterias: funcionamento e impacto ambiental. Química Nova na Escola, n 11, p 3-9, maio de 2000.
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