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Darah Azini 2021 Semiologia Exame Físico do Coração • Inspeção • Palpação • Ausculta → Para facilitar o reconhecimento de abaulamento, a observação da região precordial deve ser feita em duas incidências: • Tangencial, com o examinador de pé do lado direito do paci- ente. • Frontal, o examinador fica junto aos pés do paciente, que permanece deitado. → Abaulamento desta região pode indicar a ocor- rência de aneurisma da aorta, cardiomegalia, der- rame pericárdico e alterações da própria caixa to- rácica. → O ictus cordis, ou choque da ponta, é analisado pela inspeção e palpa- ção, investigando-se localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo da impulsão, ritmo e frequência. → Localização • A localização do ictus cordis varia de acordo com o biotipo do paciente: • Nos mediolíneos, situa-se no cruzamento da li- nha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço in- tercostal; • nos brevilíneos, desloca-se aproximadamente 2 cm para fora e para cima, situando-se no 4º es- paço intercostal; • nos longilíneos, costuma estar no 6º espaço, 1 ou 2 cm para dentro da linha hemiclavicular. • O deslocamento do ictus cordis indica dilatação e/ou hipertrofia do ventrículo esquerdo. → Extensão • Avalia-se a extensão do ictus cordis determi- nando quantas polpas digitais são necessárias para cobri-lo. • Em condições normais, corresponde a 1 ou duas polpas digitais. Nos casos de hipertrofia ventricular, são necessárias três polpas ou mais. → Mobilidade • Determina-se a mobilidade do ictus cordis da se- guinte maneira: • Primeiramente, marca-se o local do choque com o paciente em decúbito dorsal. • A seguir, o paciente adota os decúbitos laterais (direito e esquerdo), e o examinador marca o local do ictus nessas posições. Em condições normais, o choque da ponta desloca-se 1 a 2 cm com as mudanças de posição. • Se houver sínfise pericárdica, isto é, se os folhe- tos do pericárdio estiverem aderidos entre si e com as estruturas vizinhas, o ictus não se desloca. Darah Azini 2021 Semiologia → Intensidade • Avaliada mais pela palpação do que pela inspe- ção. Para fazê-la corre- tamente, repousa-se a palma da mão sobre a região dos batimentos. • A intensidade varia dentro de certos limites, sendo mais forte em pessoas magras ou após exercício, emoções e em todas as situações que provocam o aumento da atividade cardíaca (hipertireoidismo, exercício e eretismo cardíaco). • No entanto, hipertrofias ventriculares impulsio- nam as polpas digitais com maior vigor que as dila- tações. • Ictus cordis difuso ⇢ quando sua área corres- ponde a três ou mais polpas digitais. • Ictus cordis propulsivo ⇢ quando a mão que o palpa é levantada a cada contração, a primeira in- dicando dilatação e a segunda, hipertrofia. → Além do ictus cordis, podem ser encontrados no precórdio e áreas vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis, ou seja: • Levantamento em massa do precórdio (impulso sistólico que movimenta uma área grande da pa- rede torácica próximas ao esterno.) ⇢ hipertrofia de VD. • Choques valvares (choque de curta duração) ⇢ hiperfonese de bulhas. • Pulsação epigástrica (transmissão à parede ab- dominal das pulsações da aorta) ⇢ pulsação da aorta, hipertrofia de VD. • Pulsação supraesternal ou da fúrcula esternal ⇢ condição normal, aneurisma de aorta, hipertireoi- dismo. → Sensação tátil determinada por vibrações pro- duzidas no coração ou nos vasos. → Comparado ao que se sente quando se palpa o pescoço de um gato que ronrona. → Os frêmitos correspondem aos sopros. → Ao encontrar um frêmito deve-se investigar: • Localização ⇢ usando como referência as áreas de ausculta. • Situação do ciclo cardíaco ⇢ avaliar coincidência ou não com ictus cordis ou pulso carotídeo, os frêmitos sistólicos, diastólicos e sistodiastólicos. • Intensidade ⇢ avaliada em cruzes (+ a ++++). → Focos de ausculta • Foco mitral ⇢ 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cor- dis. • Foco Pulmonar ⇢ 2º espaço intercostal es- querdo na linha paraesternal. • Foco aórtico ⇢ 2º espaço intercostal direito na linha paraesternal. Muitas vezes, o melhor local para perceber os fenômenos acústicos de origem aórtica é a área compreendida entre o 3º e o 4º espaço intercostal esquerdo na linha paraesternal, o foco aórtico acessório. • Foco tricúspide ⇢ Base do apêndice xifoide, um pouco para esquerda. Darah Azini 2021 Semiologia → Para fazer uma boa ausculta do coração, o examinador deve levar em conta os seguintes as- pectos: estetoscópio, ambiente em que se faz ausculta, posição do paciente e do examinador, orientação do paciente. • Posição do paciente ⇢ posições deitada, sentada e em decúbito lateral esquerdo. Às vezes, usa-se a posição na qual o paciente se põe de pé, de- bruçando-se sobre a mesa de exame ou sobre o próprio leito (hipofonese de bulhas e intenção de exacerbar os sons originados na base do coração). • Posição padrão ⇢ decúbito dorsal, com a ca- beça apoiada em um travesseiro, com o tórax completamente descoberto. → Primeira Bulha (B1) • Fisiológica. Fechamento das valvas atrioventricu- lares (Mitral e Tricúspide – mitral fecha primeiro). Início da Sístole. • Coincide com o ictus cordis e o pulso carotídeo. Maiores timbre e duração. • Para representá-la, usamos a expressão onoma- topaica “TUM”. • Maior intensidade no foco mitral. • Desdobramento fisiológico de B1 ⇢ Não associ- ado a movimentos respiratórios. Pode ser auscul- tado em 50% das pessoas. “TLUM” → Segunda Bulha (B2) • Fisiológica. Fechamento das valvas aórticas e pul- monar no final da sístole. • Mais intensa nos focos aórtico e pulmonar. • Surge após a sístole (pequeno silêncio), timbre mais agudo, soa de maneira mais seca, de tal modo que é marcada pela expressão “TA”. • Desdobramento fisiológico de B2 ⇢ Dissociação dos componentes aórtico e pulmonar quando o paciente inspira profundamente ⇢ Retardo do componente pulmonar. “TLA” → Terceira Bulha (B3) • Fisiológico ou patológico. • Ruído protodiastólico. Vibrações da parede ven- tricular promovidas pelo enchimento rápido ventri- cular. • Ausculta-se uma 3ª bulha cardíaca normal com mais frequência nas crianças e nos adultos jovens. • É mais audível na área mitral, com o paciente em decúbito lateral esquerdo, por ter baixa fre- quência. • Relacionada a sobrecarga de volume, IVE, insufi- ciência mitral. → Quarta Bulha (B4) • Fisiológico ou patológico. • Ruído débil., de baixa frequência, que ocorre no fim da diástole ou pré-sístole e pode ser ouvida mais raramente em condições normais nas crian- ças e nos adultos jovens. Darah Azini 2021 Semiologia • Ocorre devido a contração atrial, um pouco an- tes de iniciar a sístole ⇢ precede imediatamente B1. • Relacionado com sobrecarga de pressão: coro- nariopatia, miocardiopatia, HAS e estenose aórtica → Fonética ⇢ nível tensional bulhas • Normofonética ou hiperfonética • Hiperfonese: O aumento da PA Sistêmica e da Pulmonar faz com que as válvulas se fechem com mais força e consequentemente ocorre um au- mento da intensidade sonora. → Ritmo • Rítmica ou arrítmica → Tempo • 2 tempos ou tríplice → Localizar sons que não são bulhas, tomando como base a 1ª e 2ª bulha. • Protossístole = terço inicial da sístole • Mesossístole = terço médio da sístole • Telessístole = terço final da sístole • Protodiástole = terço inicial da diástole • Mesodiástole = terço médio da diástole • Telediástole = terço final da diástole. • Holossístole = período todo da sístole • Holodiástole = período todo da diástole → Havendo apenas 2 bulhas, trata-se de ritmo de 2 tempos ou binário. → Quando se torna audível um 3o ruído, passa a ser um ritmo de 3 tempos ou ritmo tríplice.→ As principais arritmias cardíacas podem ser re- conhecidas ou suspeitadas ao exame clínico, apoi- ando-se nos sintomas relatados pelo paciente e nos elementos obtidos ao exame do pulso radial, do pulso venoso e na ausculta do coração. → É necessário considerar as manifestações sub- jetivas e as objetivas diretamente relacionadas com elas e as manifestações que decorrem de eventuais distúrbios hemodinâmicos por elas cau- sados. → Caracteriza-se por um aumento do número de batimentos cardíacos. A frequência é superior a 100 bpm, podendo chegar a 150 em adultos e a 180 em crianças. → Deve-se à exacerbação do tônus simpático e/ou redução do tônus vagal. → Pode ocorrer em condições fisiológicas (es- forço, emoção) e patológicas (febre, hipertireoi- dismo, anemia, insuficiência cardíaca, insuficiência circulatória periférica), como mecanismo de com- pensação para aumento do débito cardíaco. Darah Azini 2021 Semiologia • Fásica ⇢ oscila com a respiração. • Não fásica ⇢ não oscila com a respiração. → Consiste na redução do número de batimentos cardíacos. • A frequência cardíaca é inferior a 60 bpm, situ- ando-se, geralmente, em torno de 40 a 50. → Deve-se à exacerbação do tônus vagal e/ou redução do tônus simpático. → Pode ocorrer em condições fisiológicas (sono, vagotomia, treinamento físico intenso), patológicas (hipotireoidismo, hipertensão intracraniana) e por ação de medicamentos (digital, reserpina, bloquea- dores beta-adrenérgicos, amiodarona), disfunção do nó sinusal, por exemplo, como ocorre na do- ença de Chagas. • A FC aumenta com exercícios e diminui com as manobras de estimulação vagal. → Caracteriza-se pela variação na frequência car- díaca, geralmente relacionada com a respiração: na fase inspiratória, há aumento do número de batimentos cardíacos e, na expiratória, diminuição. • Deve-se a variações da influência vagal sobre o nó sinusal, que está estreitamente relacionada com a respiração. → É observada em condições fisiológicas (crianças e adolescentes) e patológicas (hipertensão intra- craniana, cardiopatia aterosclerótica). Em geral, de- saparece com o exercício e a apneia. → À ausculta do coração, percebe-se uma irregu- laridade na sequência das bulhas, as quais ocorrem ora mais rapidamente, ora mais lentamente. → Causado por focos ectópicos, fora de seu local anatômico. • FC entre 150 a 250 bpm. • Ventricular e supraventricular. • Início e término súbitos (segundos até horas e dias). → Sintomas de baixo débito – queda de pressão, lipotimia... → São sístoles extras. Resultam de estímulos nas- cidos em focos ectópicos, por mecanismos varia- dos. São prematuras, vale dizer, ocorrem em um momento anterior ao da sístole normal, habitual- mente sendo seguidas de uma pausa, chamada pausa compensadora. → Pode cursar com palpitação, desconforto precordial ou assinto- máticos. → A atividade do nó sinusal é substituída por estí- mulos nascido na musculatura atrial. • Não existem contrações atriais, mas ocorrem movimentos irregulares das fibras musculares, prejudicando o enchimento ventricular. • Ritmo cardíaco irregular, assim como a FC. → Causas: estenomemitral, doença de Chagas, cardiopatia isquêmica e hipertireoidismo.