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Teoria da História

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE – UERN
FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS SOCIAIS – FAFIC
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA – DHI
DOCENTE: FRANCISCO FABIANO DE FREITAS MENDES
DISCENTE: LÍLIAN MARINETH ALMEIDA BEZERRA
O SINGULAR BAILAR DA HISTÓRIA CULTURAL E SUAS PARTICULARIDADES.
Desde os primórdios da humanidade o homem carrega consigo a necessidade de compreender as suas origens, levando-o a buscar o seu passado. Para que haja tal compreensão é de fundamental importância entender a ciência humana que nos permite isso, que é a história. A história utiliza-se de conhecimentos de quase todas as áreas, permitindo assim uma ampla compreensão social, cultural, política e econômica da sociedade através da utilização de diversos utensílios.
A partir do momento em que a história se desenvolve como ciência ela se torna muito ampla, por isso, vai se ramificando em áreas específicas. Cada área específica contém as suas próprias singularidades e abordagens. Vale ressaltar que a ampliação da ciência não resultou somente nessa ramificação, mas também em um novo olhar e na dilatação de novas fontes de pesquisa, visando analisar e compreender todas as partes integrantes de algo específico para depois entender o todo.
A história cultural constitui-se em uma área do conhecimento que cada vez mais ganha espaço, ocupando grande porcentagem nas produções historiográficas que também são amplamente utilizadas por profissionais de outras áreas. Peter Burke, autor do livro O que é história cultural? (2005). Que é um dos livros amplamente utilizados na compreensão do estudo da área traz o debate acerca da definição do que seria a história cultural propriamente dita. O historiador britânico diz que tentar definir a história cultural é como “tentar prender uma nuvem em uma rede de caçar borboletas”, mostrando que a sua conceptualização é um tanto arriscada e, de certa forma, volátil.
No entanto, existem conceitos que ajudam na compreensão da história cultural que serão trabalhados posteriormente. É importante ressaltar que no seu desdobramento outras áreas também são de suma importância, como a utilização da subjetividade que surge a partir do desenvolvimento da psicanálise de Sigmund Freud, contribuindo fortemente numa análise pertencente ao sujeito pensante e a seu íntimo. Assim como explana David Lowenthal:
“É por isso que a interpretação subjetiva, embora limite o conhecimento, também é essencial a sua comunicação. De fato, quanto melhor uma narrativa exemplifique o ponto de vista do historiador, mais verossímil será seu relato. A história é persuasiva porque é organizada e filtrada através de mentes individuais, e não apesar desse fato; a interpretação subjetiva dá-lhe vida e sentido. ”[footnoteRef:1] [1: Como conhecemos o passado, p. 117] 
 Por outro lado, também é importante salientar que a história cultural ao se desenvolver até tornar-se o que chamamos de nova história cultural deixa de lado diversos conceitos que eram típicos da tradicional história clássica que tinha um viés voltado mais para a erudição, enquanto a nova história cultural traz novos olhares e interpretações carregando consigo novas temáticas a serem trabalhadas. Como afirma Sandra Jatahy Pesavento:
“Por vezes, se utiliza a expressão Nova História Cultural, a lembrar que antes teria havido uma velha, antiga ou tradicional História Cultural. Foram deixadas de lado concepções de viés marxista, que entendiam a cultura como integrante da superestrutura, como mero reflexo da infraestrutura, ou mesmo da cultura como manifestação superior do espírito humano e, portanto, como domínio das elites. Também foram deixadas para trás concepções que 'Opunham a cultura erudita à cultura popular, esta ingenuamente concebida como reduto do autêntico. ”[footnoteRef:2] [2: História & História Cultural, p.14] 
A partir dessa evolução se evidencia cinco conceitos que abrangem a nova história cultural, são eles: representação, imaginário, narrativa, ficção e sensibilidade. Pesavento coloca o conceito de representação da seguinte forma:
“A representação é conceito ambíguo, pois na relação que se estabelece entre ausência e presença, a correspondência não é da ordem do mimético ou da transparência. A representação não é uma cópia do real, sua imagem perfeita, espécie de reflexo, mas uma construção feita a partir dele. ”[footnoteRef:3] [3: História & História Cultural, p. 40] 
A partir disso entende-se que cabe a história cultural tentar compreender as conotações das práticas cotidianas de uma dada época, as maneiras e as interpretações de como as pessoas liam o mundo. O historiador tem acesso a essas representações passadas através do contato com as fontes e documentos, e expressa essas representações através dos seus discursos. Para Roger Chartier, a forma que os discursos são aprendidos podem ser diferenciados, para ele as leituras dos discursos feitas pelos sujeitos e a consequente produção de sentido são determinadas por certas condições e processos. Pesaventos evidencia que as realidades do passado só chegam ao historiador através das representações e põe como representações do acontecido o que o historiador visualiza como fontes e documentos para a sua pesquisa, ressaltando o significado que o historiador dará a esses materiais de acordo com as suas questões levantadas.
O conceito de representação está diretamente ligado ao conceito de imaginário, pois o imaginário seria uma espécie de um sistema de representações coletivas, como diz Pesaventos: 
‘’A ideia do imaginário como sistema remete à compreensão de que ele constitui um conjunto dotado de relativa coerência e articulação. A referência de que se trata de um sistema de representações coletivas tanto dá a ideia de que se trata da construção de um mundo paralelo e sinais que se constrói sobre a realidade, como aponta para o fato de que essa construção é social e histórica. ’’[footnoteRef:4] [4: Historia & Historia Cultural, p. 43] 
O imaginário, assim como as representações, pode ser expresso através de discursos, mas não só deles. Também pode ser expresso por imagens, práticas, ritos, performances entre outros. O imaginário é capaz de abordar coisas acerca do cotidiano dos homens, mas carregando consigo uma pitada de utopia, evidenciando essa dualidade encontrada no conceito, de sonho e real. É importante ressaltar a importância dos símbolos para o imaginário, sobretudo o imaginário popular que é bastante embasado neles e, também ressaltar a importância do imaginário para a construção do passado e sua atuação no presente.
Sandra Pesavento introduz na sua obra História & História Cultural mais um conceito essencial, o da narrativa, em que ela põe da seguinte maneira:
“Ora, uma narrativa é o relato de uma sequência de ações encadeadas e, na clássica definição de Aristóteles, a História seria a narrativa do que aconteceu, distinta da literatura, que seria a narrativa do que poderia ter acontecido. Nesta medida, a definição aristotélica estabelece para a História um pacto com a verdade, verdade esta que o mesmo Aristóteles define ainda como sendo a correspondência da realidade com o discurso. ”[footnoteRef:5] [5: História & História Cultural, p. 49] 
A narrativa sendo vista dessa forma traz à tona o embate entre a narrativa histórica e a literária. A narrativa é algo que está profundamente entrançada nas raízes do discurso histórico, tendo em vista que o historiador tem como objetivo chegar o mais próximo possível da verdade e ser capaz de transmiti-la com clareza. Na história cultural, um fato narrado pelo historiador está sujeito a diversas interpretações, olhares e, sobretudo, narrações distintas sobre ele, afinal, o historiador não será dono de uma verdade absoluta pois isso é algo inatingível, tendo em vista que os documentos e fontes não podem mostrar como foi o passado em sua totalidade, e isso dirá respeito as singularidades de quem está analisando determinado fato e como o interpretou.
O conceito de ficção também traz à tona um pouco do embate de literatura e história, afinal, ficção é algofantasioso, muito comum na literatura, e a história deveria ser encarregada de transpassar as “verdades” do passado e assumir esse conceito seria retirar toda a cientificidade encontrada na história. Pesaventos diz que a História constrói um discurso imaginário e aproximativo sobre aquilo que teria um dia, o que implica dizer que faz uso da ficção, já a associando diretamente ao conceito de imaginário que se faz presente em todo esse embate. 
A história e a literatura se diferem nesse sentido de ficção a partir do momento em que a história se focaliza na obtenção do real acontecido, ressurgindo toda a relação de memória e passado na construção dos discursos históricos. O último conceito é o de sensibilidade:
“As sensibilidades seriam, pois, as formas pelas quais indivíduos e grupos se dão a perceber, comparecendo como um reduto de tradução da realidade por meio das emoções e dos sentidos. Nessa medida, as sensibilidades não só comparecem no cerne do processo de representação do mundo, corno correspondem, para o historiador da cultura, àquele objeto a capturar no passado, à própria energia da vida. ”[footnoteRef:6] [6: História & História Cultural, p. 57] 
O conceito de sensibilidade está amplamente ligado com a subjetividade, evidenciando como as experiências históricas pessoais do historiador vão refletir nas suas emoções, ideias e desejos e isso é muito importante pois traduz, de certo modo, as formas do historiador de classificar e valorizar o mundo e reagir a inúmeras situações. Também é importante ressaltar que o historiador precisa encontrar uma forma de transpor as suas subjetividades em materialidade.
Por fim, todos esses conceitos estão conectados um ao outro e se complementam. A depender da análise que esteja sendo feita de determinado assunto, alguns irão prevalecer mais do que outros, mas isso não exclui a importância de cada conceito, sobretudo no processo de compreensão da história cultural que se torna cada vez mais rica de interpretações.

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