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Semiologia do intestino

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31/08/2021. Dunia Torres. Professor:Mozart 
SEMIOLOGIA INTESTINAL 
ANAMNESE: QUEIXAS COMUNS 
• Diarreia: É a manifestação mais comum das doenças do 
intestino delgado. É o aumento do conteúdo líquido nas 
fezes, frequentemente associado ao aumento do número 
de evacuações e do volume fecal, podendo não estar 
associado ao aumento de evacuações no dia, p.ex na 
enterite alcoólica, à evacuação é uma vez só com grande 
volume, mas se caracteriza como diarreia pela presença 
de conteúdo líquido nas fezes. 
Classificação da diarreia: 
2 
• Aguda x Crônica 
- Aguda: pode permanecer até por 14 dias. Principal 
causa: infecção intestinal, quadros infecciosos, a principal 
causa é vírus, pensar em rotavírus. 
- Crônica: diarreia com mais > de 4 semanas. Causas: 
doença celíaca, doença inflamatória intestinal, e etc... 
Obs: nesse meio tempo entre a aguda ou crônica, classifica à 
diarreia como subaguda. 
 
• Invasiva ou não invasiva: 
- Invasiva: lesão direta da mucosa intestinal. Causas: inflamação 
/infecção, principalmente infecção. Pensar em infecção 
intestinal, com muco, pus, sangue (podendo ter os 3) 
- Disenteria: É uma diarreia aguda, infecciosa, 
invasiva, com os sinais da diarreia invasiva (muco, pus, 
sangue) associado a febre. 
- Não invasiva: por exemplo, na enterite alcoólica, paciente que bebe 
muito e quando acorda têm diarreia. 
• Classificação quanto ao local do intestino: Alta X Baixa 
-Alta: lesão em intestino delgado. Fisiologia do intestino delgado: O 
delgado faz a maior absorção de água e nutrientes, sobretudo 
nutrientes , é muito mais eficaz e intenso. Sendo assim, lesão no 
delgado leva a problemas de absorção de nutrientes. Lesão de 
delgado, p.exemplo, na doença celíaca, intolerância ao glúten, 
diarreia de alto volume e baixas evacuações. Tende a aparecer nas 
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fezes resto de alimentos, nutrientes. Na esteatorreia, lesão de 
delgado, excreção de gordura nas fezes. 
. Principal característica da diarreia alta, lesão de delgado, é volume 
maior com baixas evacuações (3-5 ao dia), e restos alimentares nas 
fezes. 
 
-Baixa: lesão de cólon. Diarreia de volume menor com o número de 
evacuações maior. Nas lesões colónicas mais baixas, no reto, é 
comum o paciente relatar urgência, desejo imperioso de defecar, e 
tenesmo, sensação de esvaziamento incompleto do cólon, pode estar 
associado a cólica. Urgência e tenesmo são mais comuns em lesões 
de colón mais baixa. 
 
Esteatorreia: gordura nas fezes. Fezes oleosas, brilhantes, que grudam 
no vaso. Traduz lesão no delgado, nesse caso, pensar em uma 
síndrome de má absorção , existem exceções em que o paciente pode 
ter uma absorção seletiva de gordura (lesão bíliar, pâncreas). No caso, 
da síndrome de má absorção, na imensa maioria das vezes, não é só 
gordura que é eliminada nas fezes, tem carboidratos, vitaminas, , 
sais minerais, por isso se caracteriza como síndrome de desabsorção. 
O que a pessoa vê é a gordura, mas pode estar presente naquelas 
fezes os nutrientes também. Isso explica, o porque do paciente na 
Síndrome desabsortiva ter anemia, uma vez que os nutrientes são 
excretados. 
Síndrome de má absorção: quadro clínico: diarreia alta (lesão de 
delgado), esteatorreia, emagrecimento e quadro de desnutrição. 
Causas: parasitoses intestinais, Gíardiase (faz um tapete no intestino 
delgado), pancreatite crônica, doença inflamatória intestinal, como 
a Doença de Crohn (pega a boca ao ânus, portanto pega intestino 
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delgado). Outro sintoma: dor a extensão, pois não absorve os 
carboidratos e ele fermenta no intestino, e este se distende e começa 
a dor. 
Obs: outra doença inflamatória intestinal é a Reto colite ulcerativa, ela 
não pega delgado, portanto, não provoca síndrome de má absorção 
(a absorção ocorre no delgado!) 
 
 
Quadros clínicos: 
 
• Apendicite aguda: obstruí a luz do apêndice, segmento intestinal 
obstruído é igual a proliferação bacteriana e distensão. 
A proliferação leva a distensão. A obstrução do apêndice, começa 
inflamar e distende, a inflamação fecha a boca do apêndice, distende 
e tem proliferação. Causas: obstrução ou hiperplasia dos folículos 
linfóides. Quadro clínico da apendicite: anorexia (falta de apetite), 
dor em fossa ilíaca “D”, febre, náuseas e vômitos (barriga podre), 
massa palpável ou plastrão, o organismo responde à inflamação do 
apêndice com a migração do omento para revestir o apêndice, 
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formando o plastrão, para quando aquilo romper aquele 
revestimento conter aquele pus. 
Obs: em grávidas, o apêndice tende a subir na localização 
 
Sinal de Blumberg: Sinal para peritonite. Faz a descompressão súbita 
e solta a mão em seguida, inicialmente Blumberg descreveu para a 
apendicite, paciente com apêndice inflamado acaba inflamando o 
peritônio, e durante à descompressão o folheto abdominal vibra, e 
este em condição de inflamação doí, escreveu para apendicite, pois a 
dor é no ponto de McBurney, mas serve para peritonite. 
 
Ponto de McBurney: : À palpação abdominal encontra-se dor na 
fossa ilíaca direita. Traça a cicatriz umbilical até a espinha ilíaca 
ântero-superior “D”, divide em 3 pedaços, o encontro do terço 
médio com o distal, é o ponto. 
Sinal de Rowsing: palpação profunda e ascendente do hemicólon 
esquerdo. Compressão retrógrada dos colóns, levando ar, para o 
apêndice inflamado, promovendo dor no apêndice. Comprime a fossa 
ilíaca esquerda, quando chega mo terço médio, o paciente com 
apendicite, já refere dor. Podendo realizar, só compressão sem ser 
retrógrada, trazendo o ar. 
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Sinal de Lapinsky : paciente deitado, o examinador coloca a mão na 
fossa ilíaca direita, e eleva o membro inferior do paciente. . Se for 
positivo, o paciente refere dor. 
Sinal do obturador: paciente deitado com a perna em 90°, o joelho 
é voltado para dentro e a perna para fora. . Nesse movimento de 
rotação interna da coxa com ela flexionada, o paciente com 
apendicite refere dor. 
 
Sinal de psoas: paciente em decúbito lateral esquerdo, extensão e 
abdução da coxa D, deitado sobre o lado E. Nesse movimento, você tem 
uma compressão no apêndice, e este inflamado, o paciente refere dor. 
 
7 
 
 
Obs: A temperatura retal, normalmente é maior do que a axilar, 
geralmente varia entre 0,5 a 0, 7°. Se está acima de 1° da 
temperatura axilar, tem uma inflamação. 
 
- Antes de pedir exame, pergunte se a resposta é a mesma. 
 
Exemplo de caso clínico: Uma pessoa jovem, hígido, chega com um caso 
de apendicite, o que você deve fazer, espera o exame ou leva direto 
para o centro cirúrgico? Nesse caso, é um paciente jovem, hígido, pode 
levar a pessoa direto no centro cirúrgico. Existe uma ultrassom dentro 
do centro cirúrgico para apêndice (Pocos*) 
 
 
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-Apêndice rompido: abdômen em tábua, peritonite difusa. Paciente 
em terapia intensiva, paciente alcoolizado (lança mão de exame de 
imagem) 
 
 
Apêndice a esquerda: É possível que seja uma questão anatômica do 
paciente, este pode ter uma rotação interna, mas é pouco provável. 
Normalmente, o quadro de apêndice a esquerda muito parecido com a 
apendicite clássica, é a inflamação de um “saquinho” no colón 
descendente do sigmoide, quadro de diverticulite. Divertículo: é um 
saquinho, que normalmente inflama no lado esquerdo. . Se o paciente 
chega com um caso de apendicite do lado esquerdo, você deve pensar 
em diverticulite. O divertículo, esse “saquinho” que se forma errado no 
colón das pessoas, se forma no lado esquerdo e direito das pessoas. Uma 
pessoa que tem doença diverticular do colón tem saquinho espalhado 
pelo colón inteiro, só que quando complica no lado E, complica com 
inflamação igual na apendicite. E quando, essa complicação é no lado 
D tem sangramento, se manifesta como hemorragia e no lado E como 
inflamação. Ex: paciente que tem hemorragia digestivabaixa, uma 
das causas é a doença diverticular. 
 
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-Na doença diverticular, o “saquinho” que se forma é de boca larga, então 
fica mais fácil para algo entrar e algo sair desse saquinho.. Por isso, às 
vezes não tem necessidade de operar o paciente, trata com antibióticos, 
desinflama e saí. 
Em crianças, o tratamento para Apendicite tem sido com antibióticos, e 
não cirurgia. 
Clínica clássica da diverticulite: 
Diverticulite aguda: Quadro clínico (Apendicite à esquerda) 
Mesmo quadro da apendicite clássica, só que no lado esquerdo 
- febre, dor em fossa ilíaca esquerda, náuseas e vômitos (barriga podre) 
apresenta plastrão/massa palpável em fossa ilíaca esquerda, este se forma 
mais rápido do que na apendicite e obstrução intestinal. 
 
- Paciente com diverticulite, pode evoluir com obstrução intestinal, 
inflamou tanto, que o plastrão “abraça” o intestino inteiro podendo 
provocar um quadro obstrutivo. Nesse caso, a indicação para o tratamento 
passa a ser cirúrgico. 
Obs: o paciente já pode ter esses divertículos formados, paciente que tem 
muita constipação, intestino com fezes. 
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- O paciente pode fazer uma fístula: comunicação anômala entre vísceras. 
De tanto inflamar e desinflamar aquela região, pode fazer comunicação 
com outras estruturas anômalas, p. Ex (colón-vesicais, colon-
vaginales.)Quadro clínico, na bexiga, urina com fezes e “pum”. E na mulher, 
pode ter comunicação com o canal vaginal, elimina fezes pela vagina, faz 
doença intestinal inflamatória, inflamação, podendo fazer quadro de sepse 
e ir a óbito. 
 
 
- Na apendicite, na imensa maioria das vezes, opera. 
- Na diverticulite, chega dois pacientes, um com 20 e outro com 60, 
mesma clínica e mesma doença. Se há obstrução, opera. Se no jovem, 
com menos de 40 anos, tem episódio de diverticulite, deve operar. Para 
não induzir a resistência de antibióticos. Indicação é cirúrgica. Deve tirar 
todo o segmento colónico contendo o divertículo. 
 
 
Caso clínico 1- 
 
 
11 
 
- Quadro clínico típico de Isquemia mesentérica aguda. Clínica: 
náuseas e vômitos, peristalse presente, sangue nas fezes, pensar em 
Fonte emboligênica, dor súbita, temperatura retal e acidose 
metabólica. 
- Fibrilação atrial: o átrio não contraí. 
- No caso clínico, o paciente apresenta uma Temperatura retal < axilar, é 
sinal de que está faltando sangue em determinado segmento, uma 
obstrução. 
- Em um quadro de fibrilação atrial, o átrio não contraí, com isso fica 
fácil de fazer trombo, e eventualmente, deste trombo saí um êmbolo e vai 
para o território mesentérico. Paciente com ICC, fibrilação atrial, tem tudo 
para fazer trombose. A dor abdominal, é devido a isquemia intestinal, tá 
faltando sangue e o intestino contraí com mais força, a dor é súbita, com 
vômitos de coloração negra (vômito fecaloide)- o intestino contraí e o 
sangue passa a ir menos para o local e quando o intestino para, sobra todo 
o conteúdo que não vai descer, então, a pessoa vomita. É uma estase 
gástrica, porque aquele conteúdo é digerido no estômago e fica preto, e o 
paciente vomita. Passa de uma dor difusa a palpação (pensar em 
peritonite), a isquemia pode necrosar a alça e encostar no folheto peritonial 
e fazer peritonite. E quando você leva pouco sangue, a TA retal caí. E 
quando o intestino para de funcionar, é igual a dor, distensão e 
proliferação. Quadro de Isquemia Mesentérica Aguda: barriga podre= 
náuseas e vômitos. Intestino parado (proliferação e distensão). Dor 
abdominal súbita: vascular. Peristalse inicialmente presente (o intestino 
contraí com mais força). Sangue nas fezes, pois começa a necrosar e a 
mucosa fica friável. Paciente com icc, fibrilação atrial, paciente acamado 
por muito tempo em leito, tem porque fazer trombose. A TA retal é baixa, 
pois tem obstrução. O paciente tem acidose metabólica: porque não tem 
sangue chegando, consequentemente não tem oxigênio, se não tem O2 
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troca o metabolismo de aeróbico para anaeróbico, e tem produção de ácido 
lático em excesso, fazendo cetoacidose. Tratamento: tromboectomia, 
tromboembolia: pode ser por cirurgia ou catéter 
 
 
Caso clínico 2: 
 
 
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-Paciente com clínica compatível de doença aterosclerótica, tem placa, já 
infartou, pulsos diminuídos de MMII, sopro na aórtica, , com quadro típico 
de angina mesentérica. Emagrece por medo de comer, pois, sabe se comer 
muito, aumenta a peristalse e a dor vem mais forte (se tem placa na 
mesentérica, diminui a passagem de sangue e quando a pessoa come, 
aumenta a peristalse, e se tem menos sangue indo para lá doí) . Quadro 
típico de Isquemia mesentérica crônica. Pensar se o paciente tem fator 
para fazer trombose, doença aterosclerótica, isso ajuda a direcionar o 
diagnóstico. Quadro clínico: dor abdominal pós prandial, desaparecimento 
e recidiva, emagrecimento, evidências de aterosclerose. 
 
 
 
 
Caso clínico 3 
14 
 
 
 
 
 
- Sons metálico: com timbre metálico é típico de obstrução intestinal, 
evidencia uma peristalse de luta. 
- Tem fator de risco para fazer obstrução intestinal? Paciente com barriga 
futucada, fez apendicectomia, com isso tem mais fator de risco para fazer 
Aderência pós -cirurgia. Pensar em uma obstrução intestinal. 
-Pensar em obstrução intestinal 
-Se tem obstrução, como esse paciente elimina gases e fezes? Depende do 
local da obstrução. Mesmo em uma obstrução total o paciente pode 
eliminar. A obstrução pode ser em cima. 
 
 
15 
 
- Evolução: dor em cólica para dor abdominal contínua. 
- Piora da distensão abdominal, pois, o som metálico no começo evidencia 
uma peristalse de luta, de tanto lutar contra a obstrução, o intestino para, 
levando a distensão e proliferação bacteriana, e se está muito distendido 
pode evoluir para peritonite. 
- Se o intestino para, você não elimina gases e fezes 
Causas : caso clínico de obstrução intestinal mecânica aguda, nesse caso a 
causa é a Aderência. 
 
- Fase inicial: dor em cólica (peristalse de luta contra a obstrução) 
- Vômitos, náuseas (barriga podre) 
- A peristalse vai aumentar, fica com um timbre metálico, peristalse de 
luta 
- de tanto lutar contra a obstrução, o intestino para, intestino parado é 
igual a distensão e proliferação 
- O paciente desidrata, pois o intestino puxa água, ele entende que pode 
ser fezes dura, e fora o vômito. 
 
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-Trata se, de um caso de obstrução intestinal mecânica por Aderência 
-se a obstrução é no delgado: a causa é a Aderência (o mesentérico puxa 
a alça, belisca a alça e obstruí) 
- se a obstrução é no Cólon: causa câncer de colón (o cocô tá mais duro, 
capacidade de formar massa) 
Paciente com câncer intestinal no lado direito tende a ser mais grave, pois 
no lado direito as fezes são líquidas, e se obstruí denota gravidade. 
 
 
Câncer de cólon : clínica: 
- dor/desconforto abdominal, alternância de hábito intestinal ( alterna 
entre diarreia e constipação) obs: quanto mais baixo a diarreia, maior o 
tenesmo e a urgência. Anemia ferropriva: a pessoa perde sangue nas fezes, 
hematoquezia, tenesmo, perda ponderal e redução do calibre das fezes. 
-Neoplasia é uma proliferação absurda de células, sangramento. 
- O quadro depende da posição da massa 
- Pessoa com mais de 50 anos com este quadro, deve pensar em câncer de 
colón 
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- Melhor rastreio de câncer de colón é por colóndoscopia 
 
 
Causas: obstrução intestinal mecânica aguda 
• câncer de cólo-retal 
• Diverticulite (omento reveste o saquinho que tá inflamado) 
• Volvo sigmoide 
 
Volvo sigmoide: “ rodar” do sigmoide, ele roda em seu próprio eixo. Se é 
uma obstrução, tudo que passa no colón descendente não vai passar. O 
tratamento, no começo faz por colóno por ingesta de ar por trás. Se não 
funcionar é cirurgia. Quem tem sigmoidão, faz volvo sigmoide. No Brasil, 
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tem muitos casos de volvo sigmoide por conta do megacolónda Doença de 
Chagas 
- Outros casos de obstrução colonica baixa é por acessórios presos no reto.

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