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ABDOME AGUDO

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ABDOME AGUDO 
INTRODUÇÃO 
Refere-se a uma afecção/síndrome, não traumá-
tica, que ocorre de modo súbito nas vísceras ab-
dominais, perdurando por mais de 6 horas e sendo 
necessária decisão urgente (relacionada a neces-
sidade ou não de operação). 
Os passos para diagnóstico de um quadro de 
abdome agudo envolvem: 1) reconhecer a sín-
drome de abdome agudo; 2) identificar se é um 
quadro operatório ou não.
LAPAROSCOPIA 
Na laparoscopia realiza-se uma exploração da 
cavidade abdominal de forma sistemática (ou 
seja, faz em todos os pacientes) e sistematizada 
(seguindo um roteiro). O roteiro é o seguinte: re-
gião hepática → cúpulas diafragmáticas → região 
esplênica → flanco esquerdo → pelve → flanco 
direito → íleo terminal.  
 - RECOMENDAÇÕES PARA REALIZAÇÃO: Pacien-
tes estáveis hemodinamicamente; Pacientes com 
ausência de distensão abdominal; Ausência de 
distúrbios de coagulação;Cirurgias abdominais 
prévias (a não ser que o paciente tenha uma 
grande aderencia que prejudique a visualização 
na laparoscopia) não contraindica laparoscopia. 
Nota: O compromisso é com o paciente e não 
com o método (se via laparoscópica não for segu-
ra converter para via aberta).  
 - CONTRAINDICAÇÕES: Pacientes instáveis he-
modinamicamente – mas também contraindica 
laparotomia;  Distensão abdominal significativa – 
(prejudica o campo de trabalho e risco de perfu-
ração de víscera oca) é a maior dificuldade para 
tratar paciente com abdome agudo por laparos-
copia, pois nesse caso não há espaço para traba-
lhar, devendo-se realizar laparotomia. 
 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
DOR VISCERAL X DOR PARIETAL 
• Dor Visceral: essa é uma dor mal localizada, na 
linha mediana do abdome. É determinada pelo 
sistema nervoso autônomo, especialmente o 
simpático, e é causada por distensão, infama-
ção e isquemia. A dor visceral possui um início 
gradual, de longa duração, tipo cólica, perium-
bilical.  
• Dor Parietal: nesses tipo de dor é possível locali-
zar o ponto doloroso e isso é possível pois, nesse 
momento, o processo infamatório atingiu o pe-
ritônio da víscera e, ao fazê-lo, a dor se localiza 
no local correspondente ao processo infamató-
rio. Assim, essa dor ocorre quando o peritônio da 
víscera é machucado, seja por isquemia, infa-
mação ou perfuração. A dor parietal é conduzi-
da pelos últimos seis nervos somáticos e se mani-
festa por estímulo das raízes nervosas de T6 a L1, 
se localizando nos quadrantes do abdome. De-
corre de edema e congestão vascular e essa 
dor é acompanhada dos sinais de irritação peri-
toneal → quando passa por um quebra-molas a 
dor piora!!! “Sinal do Buraco ou Sinal do que-
bramola” 
SINAIS DE IRRITAÇÃO PERITONEAL: DOR, DEFESA, 
CONTRATURA E DESCOMPRESSÃO BRUSCA DOLO-
ROSA POSITIVA. Esses são os “sinais comemorativos 
de abdome agudo cirúrgico” e, portanto, autori-
zam o médico a intervir cirurgicamente no pacien-
te na impossibilidade de maiores investigações, 
pois esses sinais indicam acometimento peritoneal. 
No ponto de McBurney (fossa ilíaca direita) é 
chamado de Blumberg; no ponto cístico (hipo-
condrio direito) chama-se Murphy.
É importante saber que a peritonite localizada: 
pega apenas um quadrante enquanto a peritoni-
te difusa pega todo o abdome. 
OBS: Peritonismo: Um paciente com abdome 
agudo clínico, não operatório, também pode 
apresentar os sinais de irritação peritoneal (dor, 
defesa, contratura e descompressão brusca e do-
lorosa). Contudo, nesses casos não se tem peritoni-
te e sim peritonismo. Ou seja, não há, de fato, uma 
inflamação no peritônio.
ANATOMIA TOPOGRÁFICA 
Exemplos: 
• Paciente com 4 filhos, 40 anos, obesa. Dor 
e sinais de irritação peritoneal no hipocôn-
drio direito. Murphy positivo → colicistite 
aguda (como tem irritação peritoneal signi-
fica que o processo infamatório atingiu a 
Amanda Viol
parede da vesícula). Deve-se, portanto, pe-
dir USG.  
• Paciente com quadro sugestivo de obstru-
ção intestinal. Ao exame clínico apresenta 
uma hérnia inguinal. Diagnóstico: quadro 
obstrutivo por hérnia inguinal.  
• Menino, 15 anos, dor periumbilical que evo-
luiu com caráter migratório para a fossa ilía-
ca direita, onde se estabeleceram os sinais 
de irritação peritoneal (dor, defesa, contra-
tura, descompressão brusca dolorosa 
(Blumberg) → apendicite.  
Nota: Pode-se pensar em apendicite também 
quando a dor está no quadrante superior direito, 
pois pode ser que o paciente tenha um ceco de 
inserção alta.
• Mulher, 15 anos, com sinais de irritação pe-
ritoneal no quadrante inferior. Deve-se então 
pensar em diversas possibilidades: cisto de 
ovário roto, ovulação dolorosa, infecção 
pélvica. Ou seja, é necessário a realização 
de exames complementares nessa mulher – 
pelo menos um USG e B-HCG quantitativo.  
• Senhor, 70 anos, iniciou com dor abdominal 
atípica e 12 horas depois com migração da 
dor para fossa ilíaca esquerda, onde se es-
tabeleceram os sinais de irritação peritoneal 
→ diverticulite. 
DIAGNÓSTICO 
HISTÓRIA + EXAMES LABORATORIAIS 
Laboratório: PCR, leucogarama, EAS, glicemia, 
ureia, amilase, lipase (essa última se altera na 
pancreatite, sendo o diagnóstico feito por altera-
ções nessa enzima). 
Se estiver tudo normal com os exames, deve-se 
fazer um tratamento específico de acordo com a 
clínica apresentada → ex: garoto de 15 anos com 
sinais de irritação peritoneal em FID + Blumberg 
positivo + exames laboratoriais normais → realizar 
apendicectomia. 
NA DÚVIDA: realizar um USG abdominal e, a partir 
dele, decidir se há necessidade de optar por 
exames mais complexos – como a TC e RNM (RNM 
não possui vantagem em relação a TC, só sendo 
indicada em gestante devido não possuir radia-
ção). Contudo, se a dúvida ainda persistir, deve-se 
fazer laparoscopia.  
Nota: Mulher grávida não faz TC e sim RNM. 
ABDOME AGUDO 
PERFURATIVO
Ë caracterizada por uma peritonite difusa 
(“queimadura peritônio”), pois alguma víscera 
abdominal se rompeu e liberou seu conteúdo, ge-
rando um sofrimento agudo e difuso no abdome. 
EXEMPLOS: 
a) úlcera duodenal perfurada, pois o suco gás-
trico de pH extremamente ácido (2) é liberado 
para a cavidade abdominal difusamente, 
queimando o peritônio e gerando dor difusa e 
aguda, defesa, contratura e descompressão 
brusca dolorosa positivo nos quatro quadrantes 
→ clássico abdome em tábua; 
b) outros: apendicite perfurada, alça intestinal 
perfurada, etc. É importante ter em mente: a) 
abdome agudo perfurativo em criança → pro-
vavelmente apendicite perfurada; b) em idoso 
→ provavelmente um tumor de cólon perfura-
do. 
Associado a esses sinais de irritação peritoneal 
tem-se ainda: 
– Distensão abdominal → causa o íleo adinâmico 
(acúmulo de líquido na cavidade intestinal), pois 
quando o intestino está machucado ele reduz sua 
motilidade e isso leva a um acúmulo do conteúdo 
entérico dentro da alça, distendendo-a e disten-
dendo ainda mais o abdome.
– Pneumoperitôneo: pois há um escape de gás 
que causa um pneumoperitoneo, originando dois 
sinais: a) radiológico; b) clínico – denominado Sinal 
de Joubert, em que some a macicez hepática, 
pois fica um ar entre o fígado e a parede do ab-
dome).
– Sinais sistêmicos, devido a queimadura do pe-
ritônio: a) dificuldade para realizar movimentos 
(andar, respiração superficial, dificuldade para 
deitar → pois tudo provoca dor); b) sofrimento 
agudo e difuso. 
• EXAME DE IMAGEM: radiografa simples de ab-
dome, em busca do pneumoperitoneo, que é 
definido como a presença de um menisco aé-
reo infradiafragmático. 
Nota: Mulher em período menstrual, pelo orifício 
do colo uterino pode entrar ar e determinar a 
presença de um pneumoperitonio na imagem. 
Ou seja, se houver um menisco aéreo infradia-
fragmático em paciente normal, sem clínica, 
pensar em Pneumoperitoneo Catamenial. 
• TRATAMENTO: o paciente está completamente 
desidratado, pois perdeu líquido para dentro da 
cavidade abdominal e para dentro das alças 
intestinais (em decorrência do líquido adinâmi-
co), causando desidratação intensa. Por isso, 
deve-se:a) adotar medidas clínicas de ressusci-
tação (pelo menos 3 litros em 8 horas); b) elimi-
Amanda Viol
nar a causa da contaminação; c) reduzir inóculo 
bacteriano, impedindo sepse persistente.
 
ABDOME AGUDO 
INFLAMATÓRIO
Essa é restrita a apenas um quadrante abdomi-
nal, ou seja, é uma peritonite localizada e não di-
fusa. 
EXEMPLOS: 
a) apendicite aguda: dor visceral que migra 
para FID após 6-8 horas. Esse caráter migratório é 
chamado de “refexo peritoneal de Morley”, fa-
zendo com que a dor se localize na FID e iniciem 
os sintomas de irritação peritoneal (dor, defesa, 
contratura e descompressão brusca e dolorosa no 
ponto de McBurney → Blumberg). É uma dor restri-
ta apenas em um quadrante, os demais estão li-
vres!!!); b) outros colecistite aguda, diverticulite, 
pancreatite, infarto do omento; c)  pancreatite 
aguda: a principal causa são os microcálculos bi-
liares, que migram para o colédoco e impactam 
transitoriamente a papila duodenal, ativando pró-
enzimas em enzimas autolíticas, que são autodes-
trutivas do pâncreas, gerando uma síndrome in-
famatória no mesogástrio; d) Apendagite: proces-
so infamatório do apêndice epiploico. 
Nesse caso, além dos sinais de peritonite locali-
zados, o paciente apresenta um sofrimento menos 
intenso do que na perfurativa, pois é um processo 
localizado. Contudo, há: 
 – Uma piora acentuada da dor aos movimentos 
bruscos “Sinal do Quebra-molas”. 
– Um íleo adinâmico local (que é denominado 
de “alça sentinela”, ocorrendo adinamia apenas 
nas alças intestinais ao redor do processo inflama-
tório → radiografia de abdome evidencia níveis 
hidroaéreos no quadrante acometido). Pode evo-
luir para síndrome perfurativa. 
Nota: Necrose de intestino delgado sem peritoni-
te difusa: obstrução intestinal que evoluiu com ne-
crose e estabeleceu sinais de peritonite (dor, defe-
sa, contratura e descompressão brusca e doloro-
sa) na região médica abdominal. Ou seja, o paci-
ente teve síndrome infamatória por uma obstru-
ção intestinal em que a alça evoluiu para necrose 
→ síndrome obstrutiva que evoluiu para infamató-
ria.
Nota: Tumor inflamatório: omento migra para a 
região inflamada acometida, a fim de “encapar” 
a região para evitar extravasamento de conteúdo 
em casos de perfuração.
Nota: as suspeitas de acordo com o tipo de ab-
dome agudo inflamatório varia de acordo com a 
idade. Ex: idoso com DBD em FIE deve-se pensar 
em diverticulite (e não apendicite).
• EXAME DE IMAGEM: USG. Contudo, caso haja 
dúvida, o próximo exame é a tomografia. 
No entanto, em casos de suspeita de colecistite 
o radiografia é mais indicado devido a maior 
parte dos cálculos serem radiopacos. 
- Pancreatite aguda: é uma síndrome inflamató-
ria que tem como principal etiologia a presença 
de microcálculos existentes na vesícula que mi-
gram para o colédoco, impactam transitoriamen-
te a papila duodenal, aumentando as expressões 
ductais no ducto de Wirsung ou ducto pancreáti-
co e ativam pró-enzimas e enzimas citolíticas e 
auto destrutivas do pâncreas, gerando uma sín-
drome inflamatória no mesogástrio. 
- Apendangite: processo inflamatório do apêndi-
ce epiploico, uma necrose asséptica dos apêndi-
ces epiploides (orelhinhas de gordura do ceco).
- Infarto do omento: o omento infarta pela artéria 
omental média e necrosa. Também é diagnóstico 
diferencial de apendicite aguda.
- Perfuração com peritonite bloqueada por palito 
(corpo estranho).
ABDOME AGUDO 
OBSTRUTIVO
Os adultos ativos não tem gás no intestino del-
gado, mas tem no intestino grosso, diferentemente 
das crianças e os idosos acamados, que tem gás 
no delgado. Dessa forma, o padrão normal do 
radiografia do abdome é: ausência de gás no 
delgado e presença de gás no intestino grosso (se 
esse padrão inverte→ indicativo de anormalida-
de). 
O exemplo clássico da síndrome oclusiva é a 
obstrução intestinal por aderência, que é a causa 
mais comum de obstrução de delgado → 70% dos 
casos de obstrução ocorrem por aderências. Essa 
síndrome se apresenta com dor visceral em cólica, 
distensão abdominal (pois acumula gás acima da 
obstrução) vômitos e cicatriz abdominal prévia. 
Pode ainda haver:
– Distensão de alças do delgado (níveis hidroaé-
reos, indicando padrões de anormalidade no ra-
diografia); 
– Abdome timpânico; 
– Peristaltismo de luta – alça se contraindo ten-
tando vencer a obstrução e é identificado ao 
exame físico.
O paciente apresenta-se inquieto, em grande 
sofrimento e contorcido (curva tronco e abdome). 
Amanda Viol
RESUMO 
Síndrome Perfurativa = Peritonite Difusa = 
DBD nos 4 quadrantes.
O que diferencia esse paciente das outras síndro-
mes é que nas outras síndromes os pacientes de-
ambulam muito devagar e não se contorcem, 
pois há uma irritação peritoneal e a qualquer mo-
vimento há piora da dor. 
A história é muito típica: paciente que há, geral-
mente, 2 anos, foi submetido a laparotomia. Há a 
formação de uma cicatriz na cavidade abdomi-
nal, que é a aderência. Essas aderências podem 
se formar de qualquer jeito dentro da cavidade e 
acabar determinando uma obstrução intestinal, 
ao ligar duas alças. Isso pode acontecer após se-
manas ou anos de cirurgia. O paciente irá apre-
sentar toque retal com ausência de fezes.
Essa obstrução por aderências é muito rara em 
intestino grosso, pois ele é uma estrutura fixa e não 
móvel como o delgado. Contudo, se a obstrução 
por aderências é a principal causa no delgado, 
no intestino grosso as causas importantes de obs-
trução são: megacólon com torção ou volvo, tu-
mor e hérnia → obstrução colonica pode causar 
constipação!!!! 
Se o paciente tiver dor, defesa, contratura e des-
compressão brusca e dolorosa + leucocitose 
deve-se pensar que a obstrução foi tão grave a 
ponto de causar necrose de alça, evoluindo para 
síndrome perfurativa. A necrose vai acontecer 
quando a obstrução for completa (ou seja, o que 
determina a evolução para necrose é o grau de 
obstrução). Dessa forma, um quadro de síndrome 
obstrutiva pode evoluir para síndrome perfurativa.
• EXAME DE IMAGEM: Radiografa simples de ab-
dome com o paciente em pé e deitado. -> “al-
ças de Kerckring”, parecendo moedas empilha-
das com excesso de gases. Na síndrome oclusiva 
em que se pode observar os empilhamentos de 
moeda no centro do abdome (intestino delga-
do) e na periferia visualiza-se o intestino grosso 
(despovoamento de gases). Ou seja, nesse caso 
há uma total inversão do padrão normal de dis-
tribuição dos gases – muito no delgado e pouco 
no grosso. Isso mostra que existe um ponto de 
obstrução muito intenso na transição “delgado-
grosso” ou próximo a ela, deixando passar pou-
co gás para o grosso. A descrição da imagem é 
então “colar de pérolas”. 
OBSTRUÇÃO DO INTESTINO DELGADO: Normal-
mente, a clínica de um paciente com obstrução 
de delgado é: paciente submetido a intervenção 
operatória abdominal há um tempo atrás e apre-
sentando náuseas + vômitos + distensão abdomi-
nal + parada de eliminação de gases e fezes + 
cicatriz abdominal → tudo isso caracteriza uma 
“síndrome oclusiva do intestino delgado” e, medi-
ante a isso, deve-se solicitar radiografa simples de 
abdome em pé e deitado. Pela presença dos ní-
veis hidroaéreos pode-se sugerir que o paciente 
está de pé (esses níveis decorrem do fato dos ga-
ses subirem e os líquidos descerem fornecendo 
esse aspecto na radiografia). Esses níveis ocupam 
o centro do abdome. A presença desses predito-
res na radiografa é sugestivo de diagnóstico de 
obstrução intestinal de delgado e a conduta ime-
diata não é cirurgia, visto que 80% das obstruções 
por aderencias melhoram com tratamento não 
operatório. 
EXEMPLOS: No 3° caso ao lado a história clínica é 
uma paciente jovem, sem cirurgia prévia, que ini-
ciou com quadros recorrentes de dor e distensão 
abdominal. Ao realizar TC foi demonstrada intus-
suscepção, ou seja, que uma alça de delgado 
entrou na outra, causando obstrução intestinal. 
Isso normalmente ocorre por tumores/pólipos que 
levam a uma hiperatividade de uma alça cau-
sandosua entrada na alça subsequente. A con-
duta nesse caso é ressecção oncológica.
No 4° caso à esquerda há uma obstrução intesti-
nal COMPLETA por hérnia inguinal estrangulada. 
Na radiografa o que se ve é uma obstrução com-
pleta, com muitos níveis hidroaéreos nas alças do 
delgado e sem ar no intestino grosso (inversão do 
padrão normal). Lembrar de avaliar região ingui-
nal no exame físico. É um fator de risco para evo-
lução com necrose de alça. Conduta: tratamento 
operatório imediato.  
Quando a obstrução é incompleta há também 
os níveis hidroaéreos no delgado e distensão de 
alças, porém, ainda há ar no intestino grosso, ca-
racterizando uma síndrome semioclusiva. Desse 
modo, pode-se optar pelo tratamento clínico, pois 
se tratar cirurgicamente um paciente com ade-
rências, há maior chance de desenvolver outras 
aderências no futuro, pelo ato cirúrgico. Nesses 
casos, a medida mais efetiva é a passagem de 
um cateter nasogástrico, que irá comprimir o pon-
to de obstrução e estimular o peristaltismo a retor-
nar – em 60% dos casos a obstrução reverte.  
Nota: A radiografa nesses casos de obstrução 
deve pegar a raiz dos membros inferiores, pois a 
hérnia mais comum de estrangular em mulheres é 
a femoral. E, no geral, a inguinal é a mais frequen-
te.
OBSTRUÇÃO DO INTESTINO GROSSO: NA causa 
mais comum de obstrução de intestino grosso é o 
CA, cuja primeira manifestação é a oclusão intes-
tinal (em 20% dos casos). Essas oclusões ocorrem, 
em sua maioria, no sigmoide, pois o diâmetro des-
se cólon sigmoide é menor que o diâmetro cecal. 
Geralmente na clínica o que se tem é uma paci-
ente de 70 anos, com cólica intestinal intensa, 
movimentos peristálticos visíveis na parede abdo-
minal, pouco vomito (pois a obstrução de cólon é 
muito baixa), timpanismo intenso e distensão aé-
rea → tudo isso associado à constipação e, as ve-
zes, sangramento. Mediante a isso deve-se pensar 
em tumor de intestino grosso.
Contudo, além dos tumores, outra causa de obs-
trução intestinal grossa são os fecalomas – que 
ocorrem principalmente em pacientes acamados 
e/ou demenciados, que fazem uso de anticolinér-
gicos. No fecaloma há a formação de um bolo 
fecal grande e tão endurecido que o paciente 
não consegue eliminar. Sua sintomatologia envol-
Amanda Viol
ve: dor abdominal em cólica, peristaltismo de luta 
e timpanismo. O diagnóstico é feito pelo toque 
retal, pelo qual é possível sentir as fezes endureci-
das. O tratamento é cirúrgico.
Nota: Diante de uma obstrução de intestino gros-
so 4 hipóteses diagnósticas devem ser excluídas: 
• Fecaloma (a radiografia tem-se “imagem 
em papel picado”);  
• Tumor de cólon;  
• Síndrome de Ogilvié: distensão aguda do 
colón, principalmente direito → quando o 
ceco atinge 11 cm está prestes a isquemiar. 
É uma síndrome funcional cujo tratamento 
inicial é medicamentoso.  
• Volvo de sigmoide: é a torção do sigmoide 
ao redor do seu ponto de fixação, causan-
do obstrução intestinal. 
CASO 1: Obstrução de grosso: Observar as haus-
trações. Essa imagem evidencia uma obstrução 
em alça fechada, ou seja, obstrução em dois pon-
tos: no tumor e na papila ileal (que quando com-
petente impede o refluxo do conteúdo do grosso 
para o delgado → cirurgia de emergência, pois 
haverá uma pressão ainda maior dentro da alça, 
piorando as chances de necrose). 
Característica provável desse paciente: Idoso, 
constipação, sangramentos junto com as fazes → 
fazer toque retal (50% dos tumores estão ao al-
cance do dedo) → nesse caso é tumor de sigmoi-
de. 
CASO 2: Paciente institucionalizada, residente de 
uma região com alta prevalência de doença de 
Chagas, acamada, fez constipação intestinal e 
distensão abdominal de repetição → foi ao hospi-
tal para fazer quebra mecânica de um fecaloma. 
Contudo, iniciou com intensa dor abdominal, dis-
tensão, timpanismo, sem vomito, sem comprome-
timento do estado geral → radiografa: “imagem 
em grão de café” (imagem clássica de volvo) → 
diagnóstico de volvo de sigmoide → obstrução 
em dois pontos do intestino grosso (obstrução em 
alça fechada)→ fator de predição de necrose, 
não cabendo tratamento clínico, necessitando de 
cirurgia imediata (chamada de operação de 
Hartman). Volvo de sigmoide não é tão raro e cos-
tuma ocorrer nesse perfil de paciente: instituicio-
nalizados, constipados crônicos e com fecaloma 
de repetição.
GROSSO X DELGADO 
– Grosso: Idoso, sangramento retal, emagreci-
mento, constipação, sem cicatriz, mais distensão 
que na de delgado, mas menos vomito, timpa-
nismo.  
– Delgado: jovem, muito vomito, náuseas, cicatriz 
abdominal prévia e principal causa: aderência. 
Radiografa: 2 níveis hidroaéreos, distando 0,5 cm 
um do outro. Conduta: internação, hidratação, 
dieta 0, antiespasmótico e antibiótico → 70% dos 
pacientes irão melhorar sem cirurgia. 
ABDOME AGUDO 
HEMORRÁGICO
A síndrome hemorrágica não faz diagnóstico di-
ferencial com outras síndromes de abdome agu-
do, devido o paciente estar chocado por anemia 
aguda. O exemplo de síndrome hemorrágica mais 
comum é a gravidez tubária rota, mas há ainda 
ruptura espontânea de baço (pensar nisso em 
paciente vindo de área endêmica de malária, 
pacientes com dengue), adenoma hepático 
(sangra para a cavidade), aneurisma de aorta 
roto, cisto de ovário hemorrágico.  
A clínica desses pacientes envolve um sofrimento 
menos intenso e com pouca reação peritoneal, 
ou seja, dor, defesa e DBD menos intensos. Contu-
do, esses pacientes apresentam sinais de hipovo-
lemia, hipotensão postural, anemia aguda (pali-
dez, sincope, taquicardia). Ademais, há queda da 
hemoglobina e distensão abdominal (distensão de 
alças do delgado e grosso, provocando níveis hi-
droaéreos). 
OU SEJA: queda de hemoglobina, sinais de ane-
mia, sinais de hipovolemia e com sinais de irritação 
peritoneal menos intensos.
Nota: Na suspeita clínica de síndrome hemorrá-
gica em mulher sempre pedir USG e B-HCG quanti-
tativo. 
Aneurisma de Aorta Roto: 
Causa uma síndrome hemorrágica em que 50% 
dos pacientes morrem no local e 50% dos que são 
operados, 30-50% morrem no pós-operatório ime-
diato. Por isso um paciente com aneurisma deve 
ser acompanhado – se maior que 5cm: deve ir 
direta para a cirurgia, pois há grande risco de rup-
tura. Assim, em todas as consultas deve-se fazer 
uma palpação detalhada do abdome, de forma 
a identificar um possível aneurisma. 
Fatores de risco para ruptura de aneurisma de 
aorta: 
– Diâmetro maior que 5 cm; 
– Morfologia do aneurisma (aneurisma sacular é 
pior que o longitudinal); 
– Hipertensão arterial; 
– DPOC. 
Conduta: ausculta de sopro → USG → se presen-
te aneurisma → Angio-TC (se não escrever ANGIO 
esta errado) → encaminhamento para angiologis-
ta.
Nota: Ruptura de baço espontânea: malária, 
dengue e mononucleose → síndrome hemorrági-
ca. Contudo, se o baço sofrer ruptura por trauma, 
não se considerada um abdome agudo!!!!
Nota: Ordem de agressão ao abdome do menor 
para o maior: sangue nas primeiras horas → urina 
→ fezes → suco gástrico (esse causa mais irritação 
peritoneal).
Amanda Viol
ABDOME AGUDO 
VASCULAR
Corresponde as isquemias mesentéricas, não 
ocorrendo sangramento (o que diferencia da sín-
drome hemorrágica que sangra).
Acomete pacientes portadores de aterosclerose 
difusa, cardiopatas (especialmente portadores de 
FA), passado de trombose, submetido a revascula-
rizações, trombofílicos e aqueles com sepse grave.
Exemplo do quadro típico: trombose de artéria 
mesentéria superior → paciente cardiopata em 
uso de anticoagulantes para tentar diluir um coá-
gulo que, em um determinado momento, pode-se 
desprender e obstruir a artéria mesentérica superi-
or, causando isquemia abdominal. Contudo, o in-
testino só tolera 12 horas de isquemia e depois dis-
so fica muito difícil preservar a viabilidade da alça. 
Causa um quadro de gravíssimo de dor abdomi-
nal súbita e um quadro séptico desproporcional 
ao tempo de evolução da doença (imagine os 
produtos tóxicos que um intestino isquêmico der-
rama na circulação).
Existem 4 tiposde síndromes vasculares: 
1) Embolia: exemplo dado acima, em que há um 
coágulo no átrio que se desprende e, normalmen-
te, obstrui artéria mesentérica superior (irriga todo 
o intestino delgado até a metade do cólon). 
2) Placa de aterosclerose na artéria mesentérica 
superior; 
3) Trombose da veia mesentérica superior – tratar 
com anticoagulante; 
4) Síndrome não oclusiva → NOMI (Non-occlusive 
mesenteric ischemia): é o paciente que está sép-
tica e faz tanta vasoconstrição que isquemia o 
território esplênico.
Nesses casos de síndrome vascular há um sofri-
mento intenso e de rápida instalação, com inten-
sa reação peritoneal difusa (dor, defesa, contratu-
ra e DBD nos quatro quadrantes) e íleo adinâmico 
difuso. 
É um quadro com alta necessidade de ação rá-
pida, devendo na suspeita solicitar o exame de 
imagem de eleição nessa síndrome, que é a angi-
otomografa com contaste. Mesmo que seja um 
paciente com problema renal deve-se realizar o 
exame, pois se não tratar esse quadro de síndro-
me vascular as consequências serão piores. Con-
tudo, para tentar evitar a insuficiência renal por 
contraste deve-se fazer uma hidratação vigorosa. 
Após diagnóstico: hemodinâmica para realizar 
revascularização por cateterismo, a fim de tentar 
revascularizar precocemente a artéria mesentéri-
ca superior utilizando a radiologia intervencionista 
(cateterismo com injeção de trombolítico), dei-
xando as ressecções intestinais como resgaste do 
procedimento que não obteve completa revascu-
larização (ou seja, o cateterismo permitiu, invés de 
ressecar todo o intestino, ressecar só o segmento 
necrosado).
Nota: radiologia intervencionista esta permitindo 
vislumbrar uma possibilidade de redução da alta 
mortalidade da isquemia mesentérica.
Nota: artéria mesentérica superior: irriga todo o 
intestino delgado até a metade do cólon. O pri-
meiro ramo da artéria aorta abdominal é o tronco 
celíaco e o segundo é a artéria mesentérica supe-
rior. A mesentérica inferior irriga a metade esquer-
da do cólon até o reto.
Obs: nunca falar Rx, sempre falar radiografia. 
Obs2: na síndrome perfurativa, é indicada a reali-
zação da radiografia em busca de pneumope-
ritôneo. 
Obs3: síndrome obstrutiva - procurar níveis hidro-
aéreos na radiografia. 
Obs4: na suspeita clínica de síndrome hemorrági-
ca, sempre pedir USG e ßHCG quantitativo em 
mulher.
Amanda Viol

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