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Neurologia Ana Catarina Dutra Rebelo - MEDICINA Página 1 de 3 Doenças neuromusculares E da placa neural Alterações puramente motoras. ➢ Miopatias: distrofias musculares, miopatias inflamatórias, miopatias congênitas, miopatias metabólicas, canalopatias, miopatias mitocondriais etc. → Queixas relacionadas à motricidade → Fraqueza muscular, hipotonia, hiporreflexia, ausência de fasciculações e de fadigabilidade, sensibilidade (geral e sentidos especiais), coordenação motora e funções autonômicas normais → Investigação complementar: • Enzimas musculares (CPK – pode indicar rabdomiólise, miopatias inflamatórias, distrofias musculares – causam aumento), aldolase, AST • ENMG: eletromiografia • DNA: doenças congênitas e genéticas • Biópsia muscular – miopatias inflamatórias, por exemplo • RMN de músculo – sequência STIR (atrofia, inflamação na musculatura, substituição de gordura) Distrofia muscular de Duchene - Caracteriza-se pela diminuição da força muscular e atrofia muscular progressivas. - Etiologia: caráter recessivo ligado ao sexo. - Sexo masculino com manifestações clínicas nos primeiros 5 anos de vida. - Proteína distrofina sofre mutação genética (ausência). - Distrofia muscular de Becker: mesma fisiopatogenia e sintomas, mas geralmente começa tardiamente e de evolução mais lenta. Distrofina parcialmente funcionante. ▪ Ausência da proteína distrofina, localizada na membrana que reveste a superfície dos sarcômeros. ▪ Deficiência de enzimas glicogenolíticas nas fibras musculares do tipo II, que são fibras indispensáveis para a produção de força pelos músculos. ▪ Diminuição do número de fibras musculares, aumento e atrofia das fibras, necrose, sinais de fagocitose, infiltração gordurosa e aumento do tecido conjuntivo – músculos são substituídos por tecido adiposo e conjuntivo. ▪ Quedas frequentes. ▪ Dificuldade para correr e para subir escadas – 3 anos de idade. ▪ Pseudo-hipertrofia das panturrilhas. ▪ Alterações da coluna vertebral. ▪ Mancha sobre o hálux. ▪ Sinal de Gowers (não é patognomônico de Duchene): sinal médico que indica fraqueza dos músculos proximais, especificamente aqueles do membro inferior. ▪ Leve deterioração intelectual. ▪ Miopatia cardíaca. ▪ Contraturas articulares graves. ▪ Complicações respiratórias. ❖ Tratamento: - Medicamentoso: corticoides VO – prednisona, deflacort – aumento de sobrevida. - Suporte: evitar sobrecarga muscular, prevenção de deformidades, tratamento respiratório, adaptações para atividades, suporte cardiológico, prevenção de osteoporose. - O diagnóstico é feito clinicamente + CPK e finalizando com exame genético. - A maioria das crianças tem o desenvolvimento normal e assim vai decaindo. - Avaliar glicose, PA, densidade corporal, espirometria, todos os anos. Distrofia fascioescapuloumeral - Afeta face, musculatura proximal de MMSS e distal e MMII. - Poupa músculo deltoide. - Mialgia. - Fraqueza pode ser assimétrica. - Surdez. - Poucas complicações cardíacas e respiratórias. - Fenômeno de antecipação. Distrofias miotônicas 1) Tipo 1 - Fraqueza muscular proximal e distal e miotonia (contração sustentada com dificuldade para relaxamento). - Arritmias Neurologia Ana Catarina Dutra Rebelo - MEDICINA Página 2 de 3 - Comprometimento respiratório - Catarata - Calvície - Alterações cognitivas - Endocrinopatias - Distúrbios do sono - Constipação intestinal 2) Tipo 2 - Fraqueza muscular proximal - Mialgia Miopatias inflamatórias Quadros agudos e subagudos. ❖ Polimiosite - Fraqueza proximal, simétrica - Mais comum em mulheres, a partir da segunda década de vida - Associação com doença intersticial pulmonar ❖ Dermatomiosite - Quadro de fraqueza muscular semelhante à polimiosite - Alterações cutâneas (sinal de Gottron, heliotropo, eritema em áreas expostas ao sol) - Ocorre tanto em adultos quanto em crianças, mais comum em mulheres - Associação com malignidade e doença intersticial pulmonar ➢ Diagnóstico: - Biópsia muscular (para diagnóstico específico), CPK - HIV, HTLV, anti-Jo, PPD ➢ Tratamento: - Fase aguda: pulsoterapia com corticoide ou imunoglobulina - Corticoide - Metotrexate - Azatioprina (geralmente começa com esse) - Tacrolimus, ciclosfosfamida, ciclosporina, micofenolato ❖ Miosite por corpúsculos de inclusão - Não tem tratamento - Atinge mais comumente pacientes acima de 50 anos - Fraqueza muscular e atrofia da musculatura flexora dos punhos e dedos das mãos e quadríceps - Disfagia - Se comporta como um quadro distrófico Canalopatias Alterações em diferentes genes de canais iônicos. • Miotonias não distróficas - Miotonia congênita - Paramiotonia congênita • Paralisias periódicas - Hipercalêmica - Hipocalêmica ❖ Miotonia congênita - Doença de Thomsen (dominante) - Doença de Becker (recessiva) - Fenômeno Warm-up - Pode ocorrer fraqueza muscular - Mutação no gene CLCN1, cromossomo 7, canal de cloro ❖ Paramiotonia congênita - Dominante - Não ocorre o fenômeno do warm-up - Sintomas pioram com o exercício e com o frio - Mutação SCN4A, canal de sódio ❖ Paralisia periódica hipercalêmica - Autossômica dominante - Primeira década de vida - Mutação em genes dos canais de sódio - Deflagrada durante repouso após atividade física ❖ Paralisia periódica hipocalêmica - Autossômica dominante - Início mais tardio que a paralisia hipercalêmica - Mutação em genes de canais de cálcio - Alimentação rica em carboidratos, álcool, atividade física OBS: Para baixar o potássio: glicose e insulina Miopatias induzidas por drogas Neurologia Ana Catarina Dutra Rebelo - MEDICINA Página 3 de 3 ❖ Estatinas - Aumento de CPK - Mialgia e cãimbras - Rabdomiólise - Miosite aguda - Principalmente sinvastatina ❖ Corticoides - Doses acima de 40mg/dia cronicamente - Afeta a musculatura proximal - Geralmente não há aumento de CPK Doenças da placa mioneural • Miastenia gravis • Eaton-Lambert ❖ Miastenia gravis - Epidemiologia: 20/100000 - Mulher/ homem = 3:1 (antes dos 40 anos) - Índice em homens após 50 anos - Acetilcolina Quadro clínico: fraqueza flutuante e simétrica dos membros, músculos oculares e faciais são os mais envolvidos, fraqueza de musculatura orofaríngea, pode ocorrer insuficiência respiratória. ➢ Diplopia e ptose palpebral pode ocorrer frequentemente. ➢ Diagnóstico: ENMG com teste de estimulação repetitiva; eletromiografia de fibra única; dosagem de anticorpos (anti r-Ach e Anti- MuSK). ➢ Tratamento: piridostigmina, corticoesteroides, imunossupressores, timectomia. • Crise miastênica - Quadro agudo grave - Desencadeada por infecções, uso de medicamentos. - Plasmaférese - Imunoglobulina EV ❖ Eaton-Lambert - Anticorpo anti canal de cálcio na membrana pré- sináptica - 50% com câncer e, desses, 80% é câncer pulmonar de pequenas células - Pode ser considerada uma síndrome paraneoplásica Quadro clínico: fraqueza em cintura pélvica e escapular, reflexos tendíneos abolidos ou ausentes. Força muscular melhora após exercício. Musculatura ocular tende a ser poupada. ➢ Diagnóstico: Eletroneuromiografia (teste de estimulação repetitica); voltage-gated calcium channel (VGCC) antibodies. ➢ Tratamento: tratar o câncer subjacente, imunoglobulina EV, piridostigmina (não muito efetiva).
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