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Miopatias Definição As miopatias são caracterizadas pelo conjunto de desordens musculares no qual o acometimento é confinado ao músculo sem nenhuma anormalidade estrutural no nervo periférico Etiologias HEREDITÁRIAS: Congênitas ou Distrofias ADQUIRIDAS: Inflamatórias; Sistêmicas; Infecciosas; Metabólicas; Tóxicas. Clínica SINTOMAS FIXOS: Fraqueza muscular proximal simétrica (dificuldade para andar, subir escada, levantar, etc). Pode haver atrofia muscular. Tônus normal. Sensibilidade e reflexos normais. SINTOMAS DINÂMICOS: Mialgia. Intolerância a exercício (começa o exercício mas começa um cansaço físico desproporcional durante a realização dessa atividade). Câimbras/Contraturas. Mioglobinúria Marcha anserina (hiperlordose, balança o quadril). Manobra de Gowers (p/ levantar precisa do apoio das mãos - distrofias). Miotonia (Dist. miotônica de Steinert). Pseudohipertrofia das panturrilhas (Duchenne/Becker). Escápula alada + Atrofia do bíceps (braço do Popeye) - Distrofia Fascio-escapulo-umeral Eliótropo ao redor dos olhos + Pápulas de Groton nas mãos - Dermatomiosite História Instalação dos sintomas - Aguda/Sub-aguda = Inflamatória ou Infecciosa. - Incidiosa = Adquirida ou Hereditária História familiar/cosanguinidade Uso de medicações (estatinas e corticóides) Lesões de pele Diagnóstico CPK: Pode estar normal em algumas miopatias. ELETRONEUROMIOGRAFIA: Inespecífico. USG/RM Muscular: Pode sugerir causa em tipos específicos. BIÓPSIA MUSCULAR: Confirma miopatias; Define inflamatória e algumas genéticas. EXAMES GENÉTICOS: Sequenciamento; Painéis; Exoma (muito caro, não detecta algumas distrofias genéticas). MIOPATIAS INFLAMATÓRIAS IMUNOMEDIADAS 1. Polimiosite 2. Dermatomiosite 3. Miosite de corpos de inclusão 1. POLIMIOSITE E DERMATOMIOSITE Incidência anual: DM: 1:100000 Predomínio feminino Rara em crianças Clínica Curso insidioso, mas pode ser agudo Fraqueza muscular proximal Pode haver dor e edema articular Atrofia muscular em casos crônicos. Fraqueza orofaríngea, esofágica e da musculatura respiratória podem ocorrer. Dor muscular LEVE em um terço dos casos. Pode estar associada a neoplasia oculta (mais a DM) DOENÇA INSTERSTICIAL PULMONAR: Ocorre em 10% dos casos de DM e PM, associada a anticorpo antisintetase (antio-Jo-1) Mecanismo auto-imune CARDIOPATIA: Miocardite é frequente, com anormalidades de condução ao ECG. IC é menos comum. MANIFESTAÇÕES CUTÂNEAS: - Heliótropo: Semelhante ao lúpus - Pápulas de Gottron - Sinal de Gottron - Anormalidades de capilares - Sinal do xale - Sinal do coldre Exames Complementares ELEVAÇÃO DE ENZIMAS MUSCULARES: LDH, aldolase, TGO e TGP. CK: 2000 a 3000. Diagnóstico confirmado por BIÓPSIA Eletroneuromiografia: Alterações miopáticas, guia a biópsia. Pode ser normal. RM e US: Mostram edema e inflamação Tratamento Corticoides e imunossupressores Autoanticorpos Miosite-Específicos Raramente encontrados em outras doenças Anti-Jo1, Anti-PL-7, Anti-PL-12 (anti-sintetase), Anti SRP Anticorpos associados à miosite Encontrados em pacientes com doenças reumáticas sistêmicas que podem estar associadas à miosite. Antii-Ro, Anti-La, Anti-SM, Anti RNP DMTC, LES, AR, Sjogren FAN+ em 80% Síndrome anti-sintetase Febre, artrite, fenômeno de Raynaud e doença pulmonar intersticial. Relacionada ao anticorpo anti-Jo1, presente em 20% dos pacientes com PM. 3. MIOSITE DE CORPOS DE INCLUSÃO Autoimune necrotizante/degenerativa Início após os 50 anos Afeta musculatura proximal e distal de forma assimétrica. Enzimas musculares levemente elevadas. Sem associação bem definida com doenças autoimunes e neoplasias Diagnóstico Biópsia muscular Eletroneuromiografia RM Tratamento Sem tto eficaz. RABDOMIÓLISE Necrose muscular com liberação de constituintes musculares intracelulares na circulação. Clínica Mialgia Fraqueza muscular Urina avermelhada/amarronzada (mioglobinúria) - Mioglobinúria: Presença de hemopigmentos em urina na ausência de hematúria. Elevação de enzimas musculares - CK ≥1500UI/L - Risco de lesão renal se valores ≥ 5000UI/L - Começa a subir 2 a 12hrs após lesão muscular, com pico de elevação em 24 a 72h, e declínio 3 a 5 dias após cessação da lesão - guiar terapêutica e tempo de observação do paciente. Pode haver febre, taquicardia, DHE (hipovolemia, hipercalemia, hiperfosfatemia, hipercalcemia, hiperuricemia), IRA, hepatopatia, CIVD. Síndrome compartimental: Pode ocorrer após edema por infusão volêmica no tratamento. Tratamento Hidratação vigororsa Correção dos DHE. MIOSITE VIRÓTICA Precedida por sinas e sintomas de infecção viral (Influenza, Enterovírus) Clínica Mialgia no dorso e nas pernas + Edema muscular + Fraqueza Elevação de enzimas musculares e rabdomiólise Echovirus e HIV podem causar miosite crônica. HIV: Pode causar miopatia inflamatória, com mialgia. Tratamento semelhante às MI. MIOSITE AGUDA BENIGNA DA INFÂNCIA Dor nas panturrilhas, com dificuldade de deambular. Enzimas musculares bastante aumentadas Rabdomiólise é rara. MIOPATIAS INDUZIDAS POR DROGAS 1. ÁLCOOL MIOPATIA AGUDA Etilismo crônico, após dias de libação intensa. Internar Câimbras, edema e dor muscular mais proximais, podendo ser assimétrica ou focal (panturrilhas). Elevação de CK tardia. MIOPATIA CRÔNICA Fraqueza proximal lentamente progressiva com atrofia muscular Enzimas musculares normais ou levemente aumentadas. Sem dor. Preferência por pacientes desnutridos. 2. ESTATINAS Mialgia e miopatia em 6% Sem elevação de CK necessariamente. Rabdomiólie é rara. Sintomas proximais e simétricos. Risco maior na associação com FIBRATO e no uso prolongado, dose/dependente. Predisposição por insuficiência renal ou hepática e hipotireoidismo. Controle clínico Não há necessidade de monitorar enzimas musculares. Lovastatina, Sinvastatina, Atrovastatina - Risco maior - Metabolizadas pelo Cy P450 3A4 - Maior risco principalmente se usadas junto com inibidores do Cy P450 3A (Claritromicina, Cetoconazol, Diltiazem, Verapamil, Fluconazol). Provastatina rosuvastatina, pitavastatina e fluvastatina - Menor risco - Não são metabolizadas pelo Cy P450 3A. SUSPENDER USO ou REDUZIR A DOSAGEM. 3. CORTICOIDES Risco maior em idosos, desnutridos e portadores de neoplasias. Ocorre no início do tto ou após aumento de dose em uso crônico (raro em se menos que 10mg/prednisona/dia, comum se maiores de 40mg/dia por mais de um mês). Clínica Fraqueza proximal lentamente progressiva Atrofia muscular Não há mialgia Melhora dos sintomas 1 mês após redução da dose. 4. OUTRAS DROGAS COCAÍNA: Rabdomiólise em contexto de overdose. CLOROQUINA, HIDROXICLOROQUINA: Miopatia em casos raros de uso crônico. COLCHICINA, ZIDOVUDINA, CICLOSPORINA, TACROLIMUS, PENICILAMINA AMIODARONA: Neuromiopatia. MIOPATIA DO DOENTE CRÍTICO E POLINEUROPATIA DO DOENTE CRÍTICO Sepse Falência orgânica múltipla SIRS Corticóide (MDC) Paresia flácida proximal simétrica dos membros, com hiporreflexia (PDC). CK elevado (MDC) Hipoestesia (PDC) MIOPATIA NECROTIZANTE Autoimune Pode estar associada a uso de estatinas Paraneoplásica, idiopática ou associada a doenças do tecido conjuntivo. Tratada com CORTICÓIDES e IMUNOSSUPRESSORES. MIOPATIA DO HIPOTIREOIDISMO Pode causar fraqueza proximal Elevação de enzimas musculares. DISTROFIAS MUSCULARES Miopatias hereditárias progressivas. 1. DUCHENNE Mais comum Ligada ao X Início na infância Fraqueza proximal inicial CK elevada Comprometimento cognitivo Cardiomiopatia Pseudrohipertrofia da panturrilha Óbito precoce 2. BECKER Semelhante a Duchenne, mais branda e início mais tardio. 3. DISTROFIA FÁCIO-ESCCÁPULO-UMERAL Início aos 20-30 anos CK levemente elevada Autossômica dominante. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS ENTRE AS DOENÇAS NEUROMUSCULARES DERMATOMIOSITE E POLIMIOSITE DISTROFIAS MUSCULARES CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS MIOPATIAS