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Artes Visuais Interdisciplinar

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Autoras: Profa. Tércia de Tasso Moreira Pitta
 Profa. Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva 
Colaboradoras: Profa. Roberta Borges Hoff Matarazzo
 Profa. Tânia Sandroni
Artes Visuais 
Interdisciplinar
Professoras conteudistas: Tércia de Tasso Moreira Pitta / Lisienne de Morais 
Navarro Gonçalves Silva
Tércia de Tasso Moreira Pitta
Possui graduação em Pedagogia (licenciatura plena) e especialização em Psicopedagogia – Universidade São Marcos 
(1995). Também concluiu especialização em Psicopedagogia Clínica pela Epsiba – Escola Psicopedagógica de Buenos 
Aires (2000). Possui mestrado em Educação, Arte e História da Cultura – Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005). 
Atuou com educação musical infantil de 1989 a 2005 e como orientadora educacional de 2000 a 2009. É professora 
de Ensino Superior desde 2000. Foi psicopedagoga na Casa do Adolescente, apoiada pela Secretaria da Promoção 
Social de Itaquaquecetuba, de 2006 a 2009. Professora do curso de Pós-Graduação em Psicopedagogia desde 2008 na 
Universidade Mogi das Cruzes e desde de 2010 na Universidade Paulista – UNIP. Autora do livro infantojuvenil Loyola 
– A Cantora Semibreve e de artigos em revistas eletrônicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, da Universidade 
Guarulhos e da Revista da Epsiba. Concluiu vários cursos de extensão na Unesp, PUC, USP, entre outras.
Lisienne de Morais Navarro Gonçalves Silva
Doutora pela Unicamp, na área de Psicologia Educacional, mestre em Educação pela Universidade Cidade de 
São Paulo, psicopedagoga, atuando na área de Formação de professores, e pedagoga por formação. Realiza cursos e 
palestras na área da Educação, tendo como temas: Formação de Professores, Inclusão Escolar e Orientação Vocacional. 
Professora-titular da Universidade Paulista – UNIP, ministra aula nos cursos presenciais e na educação a distância, 
atuando como líder de disciplina. Escreveu livros-textos para EaD e é coautora do livro A Escola e o Aluno: Relações 
entre o Sujeito-Aluno e o Sujeito-Professor. Desenvolve projetos para atender à comunidade da região do município 
de Santana de Parnaíba. Coordena os projetos: Oficinas Pedagógicas de Arte e Expressão – que trabalha com crianças 
com dificuldade de aprendizagem da região; e Menos Um – projeto de alfabetização de jovens e adultos da região. 
Participa dos grupos de pesquisa registrados na CNPq: “Multiletramento na Formação Contínua de Educadores” e 
“Diversidade e Inclusão nas Práticas Sociais”; e lidera o grupo de pesquisa “Linguagens Pedagógicas de Educação a 
Distância: Diversidade em Ação”, da Universidade Paulista – UNIP.
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou 
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem 
permissão escrita da Universidade Paulista.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P688a Pitta, Tércia de Tasso Moreira.
Artes visuais interdisciplinar. / Tércia de Tasso Moreira Pitta, Lisienne 
de Morais Navarro Gonçalves Silva. – São Paulo: Editora Sol, 2020.
136 p., il.
Nota: este volume está publicado nos Cadernos de Estudos e 
Pesquisas da UNIP, Série Didática, ISSN 1517-9230.
1. Artes visuais. 2. Interdisciplinaridade. 3. Arte-educação. I. 
Silva, Lisienne de Morais Navarro. II. Título.
CDU 7.01
U507.06 – 20
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Prof. Fábio Romeu de Carvalho
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças
Profa. Melânia Dalla Torre
Vice-Reitora de Unidades Universitárias
Prof. Dr. Yugo Okida
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez
Vice-Reitora de Graduação
Unip Interativa – EaD
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcello Vannini
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar
Prof. Ivan Daliberto Frugoli
 Material Didático – EaD
 Comissão editorial: 
 Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
 Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
 Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
 Apoio:
 Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
 Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
 Projeto gráfico:
 Prof. Alexandre Ponzetto
 Revisão:
 Virgínia Bilatto
 Juliana Mendes
Sumário
Artes Visuais Interdisciplinar
APRESENTAÇÃO ......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................................................7
Unidade I
1 INTERDISCIPLINARIDADE NA ARTE .............................................................................................................9
1.1 Interdisciplinaridade ..............................................................................................................................9
1.1.1 Pensemos na interdisciplinaridade. Qual seu significado?........................................................9
2 ARTE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA ........................................................................................ 21
2.1 A interdisciplinaridade no mundo artístico ............................................................................... 28
2.2 A dança na interdisciplinaridade ................................................................................................... 29
2.3 A música na interdisciplinaridade ................................................................................................. 32
2.4 O teatro na interdisciplinaridade ................................................................................................... 34
2.5 Artes plásticas na interdisciplinaridade ...................................................................................... 37
3 OS CAMINHOS DA ARTE NO BRASIL ....................................................................................................... 38
3.1 O que é arte? .......................................................................................................................................... 40
3.2 Onde utilizamos? .................................................................................................................................. 42
3.3 Arte e cultura ......................................................................................................................................... 43
3.4 História da arte ..................................................................................................................................... 44
3.5 Arte rupestre .......................................................................................................................................... 45
3.6 Arte na Mesopotâmia ......................................................................................................................... 46
3.7 Arte no Egito .......................................................................................................................................... 47
3.8 Arte na Grécia ........................................................................................................................................ 48
3.9 Arte em Roma ........................................................................................................................................ 50
3.10 Arte na Idade Média ......................................................................................................................... 51
3.11 Renascimento ...................................................................................................................................... 52
3.12 Barroco ................................................................................................................................................... 54
3.13 Classicismo ........................................................................................................................................... 55
3.14 Romantismo.........................................................................................................................................56
3.15 Modernismo ......................................................................................................................................... 57
3.16 Impressionismo ................................................................................................................................... 58
3.17 Expressionismo ................................................................................................................................... 60
3.18 Fauvismo ............................................................................................................................................... 61
3.19 Futurismo .............................................................................................................................................. 62
3.20 Dadaísmo .............................................................................................................................................. 63
3.21 Cubismo ................................................................................................................................................. 65
3.22 Pop art .................................................................................................................................................... 66
3.23 Op art ...................................................................................................................................................... 67
3.24 Land art .................................................................................................................................................. 67
3.25 Body art ................................................................................................................................................. 68
3.26 Abstracionismo ................................................................................................................................... 68
3.27 Surrealismo .......................................................................................................................................... 69
3.28 Hiper-realismo .................................................................................................................................... 69
4 MODALIDADES DE ARTE ............................................................................................................................... 70
4.1 Dança ........................................................................................................................................................ 70
4.2 Música ....................................................................................................................................................... 71
4.3 Artes visuais ............................................................................................................................................ 72
4.4 Artes plásticas ........................................................................................................................................ 72
Unidade II
5 ARTE-EDUCAÇÃO ............................................................................................................................................ 77
5.1 Quem foram nossos professores? .................................................................................................. 78
5.2 Capacidades e habilidades para ensinar artes .......................................................................... 81
5.3 Leitura de imagens .............................................................................................................................. 82
6 A MÚSICA COMO RECURSO DIDÁTICO NO DECORRER DA HISTÓRIA ....................................... 83
6.1 Música: conceito e relações com estilos literários ................................................................. 86
6.2 A influência da música no comportamento socioafetivo 
de crianças e de adolescentes ................................................................................................................ 91
6.3 A música em sala de aula ................................................................................................................. 92
6.4 Metodologias pedagógicas para inserção da música no contexto escolar .................. 93
7 DANÇA E MOVIMENTO .................................................................................................................................. 95
7.1 Histórico da dança ............................................................................................................................... 95
7.2 Histórico da dança no Brasil ............................................................................................................ 99
7.3 Tipos de dança .....................................................................................................................................100
7.3.1 Dança étnica ...........................................................................................................................................100
7.3.2 Dança folclórica .....................................................................................................................................101
7.3.3 Dança teatral ..........................................................................................................................................102
7.4 Atividades rítmicas e expressivas através da dança .............................................................102
7.5 A linguagem corporal através da dança ...................................................................................103
7.6 A dança na escola e a “inteligência do movimento” ...........................................................105
7.7 Uso pedagógico e principais representantes ..........................................................................106
8 O TEATRO NA EDUCAÇÃO: UMA PRÁTICA INFLUENCIADORA
 DO AUTOCONHECIMENTO ............................................................................................................................107
8.1 Teatro em um contexto histórico ................................................................................................108
8.2 O teatro na formação oral e no desenvolvimento 
psicomotor e gestual da criança .........................................................................................................112
8.3 Questões metodológicas da aplicação do teatro no ambiente escolar .......................114
7
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
Esta disciplina tem como objetivo trazer a você a possibilidade de trabalhar a arte de maneira interdisciplinar, 
desenvolvendo um olhar sensível e integrador, lidando com as diferentes áreas de conhecimento junto à arte, 
numa parceria fundamental para o desenvolvimento pleno do profissional dessa área.
Sabe-se que uma das características humanas é o criar, recriar, refletir e interpretar o mundo 
expressando-se e colocando-se como participante dele. A curiosidade é inerente ao ser humano, 
tornando-o capaz de transformar o meio para uma vida melhor.
Pensemos nas especificidades do profissional da arte e façamos um trabalho para que ele seja 
reconhecido como um dos elementos importantes na formação do sujeito ativo e transformador, que 
não separa o fazer arte do conhecer o mundo, o interpretar a arte do interpretar o mundo, o entender 
o processo artístico do entender o processo de ser no mundo.
Desta forma, ao repensarmos o nosso agir, estaremos repensando a nossa posição na escola e na 
educação do ser humano em geral. Falar e trabalhar a arte e falar e trabalhar a educação, inserindo o 
aluno na sociedade.
É necessário acompanhar as transformações que ocorrem na educação, atribuindo à arte um papel 
integrador dos conhecimentos e das áreas disciplinares.
Através das características de cada pessoa, a arte auxilia no crescimento e amadurecimento, 
trabalhando a inteligência e formando o conhecimento do sujeito de si e do mundo.
Ao trabalhar com arte, oaluno desenvolve componentes importantes para a interação no mundo. 
Ele desenvolve a observação, a percepção, o raciocínio, a emoção e a organização.
Ter contato com a realidade de maneira integrada, dialogando com as disciplinas e articulando a 
prática pedagógica com a arte, trará a possibilidade de formar um cidadão mais consciente do seu papel 
social, resgatando o pensar e agir politicamente. 
Neste diálogo que teremos, queremos resgatar seu olhar para o todo, fazendo que a arte se comunique 
com todas as áreas do conhecimento.
Aproveite o estudo e busque as indicações de leitura e filme para enriquecer seus conhecimentos.
INTRODUÇÃO
Nosso século pede que a reflexão, o conhecimento, a criação e a transformação façam parte do agir 
e do ser cidadão. Os desafios estão presentes em toda parte, e na educação ainda mais, pois é neste 
espaço que se possibilita a transformação e a reflexão do ser e do fazer.
8
Nossa cultura ainda não está preparada para a inclusão efetiva de um olhar que tenha uma 
perspectiva da diversidade, das diferentes maneiras de enxergar o todo e de compreender suas partes.
A Unesco vem apresentando documentos interessantes que mostram a educação vigente como 
ainda atrasada, pedindo para que o educador se recicle e prepare o seu olhar para a complexidade que 
se apresenta no mundo de hoje.
O olhar sensível e cuidadoso se faz necessário para que o homem interaja com o mundo dinâmico 
e globalizado que encontramos hoje. A redução do olhar para si, ignorando o outro, produz uma 
sociedade individualista e egocêntrica, não garantindo a integração nas relações que são estabelecidas 
e necessárias para viver e experimentar a globalização que se mostra, como aponta Fazenda (1994).
Para a arte não separar dos diferentes olhares que compõem o mundo, é preciso que o educador se 
coloque disposto a estar atento às mudanças e a pensar a arte como uma ferramenta fundamental da 
transformação humana.
O tempo e o espaço fazem parte da arte, e a sintonia com o ontem, o hoje e o amanhã deve ser 
privilegiada nas escolas, no planejamento e no fazer cotidiano.
Quando se fragmenta o olhar ignorando o todo, fica quase impossível compreender a dinâmica do 
construir-se junto, na complexidade do mundo. Portanto, o desafio que se apresenta ao profissional da 
arte é integrar a subjetividade que permeia a arte no sentir, no perceber e no fruir com os componentes 
teóricos que se apresentam como importantes na formação do ser humano, os conteúdos a serem 
trabalhados nas escolas. Morin (2001) aponta uma inteligência humana acostumada a fragmentar, 
dificultando a compreensão do complexo e a elaboração de solução para situações-problemas que 
requerem um olhar mais complexo e amplo da situação.
Ao fragmentarmos, perdemos a dimensão do problema ou do espaço ocupado, tornando-nos 
incapazes de analisar as partes, levando em consideração o contexto em que elas se apresentam.
A arte, de maneira prazerosa e significativa, aproxima o ser humano do mundo.
O trabalho será dividido em duas unidades, nas quais teremos a professora Lisienne apresentando a 
interdisciplinaridade na arte, buscando ampliar a sua visão, futuro arte-educador, aproximando a escola 
e todos os seus agentes educadores da arte e trabalhando os diferentes movimentos da arte junto com 
as disciplinas que compõem a educação básica.
Na segunda parte, a professora Tercia discutirá a arte no seu contexto histórico e a importância dela 
na formação do indivíduo inserido na sociedade.
Bom trabalho!
9
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Unidade I
1 INTERDISCIPLINARIDADE NA ARTE
A interdisciplinaridade possibilita conhecer o mundo e as coisas de maneira ativa, em movimento, 
trazendo a transformação como algo natural do ser humano que o conhece.
Um agir interdisciplinar requer atitudes dinâmicas, um olhar diferenciado, uma postura de paciência, 
uma interação de sujeito e o objeto, na qual não existe o excluído, e sim o percebido, um aprender com 
os erros, com os acertos e com as experiências.
Neste caminho de um eterno descobrir a si e ao mundo, a arte toma um lugar importante, o de 
provocar, o de possibilitar e o de aceitar.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1997) – ressaltam que é por intermédio de um ensino 
que integre o racional e o imaginário que o aluno conseguirá efetivamente se desenvolver, fazendo que 
ele sinta, divirta-se, experimente o novo.
Comecemos entendendo a interdisciplinaridade.
1.1 Interdisciplinaridade
Caro aluno! Estamos em uma fase da história em que a palavra inter está forte na educação, na 
sociedade, nos comportamentos e, por que não, na arte. Temos a inter-relação – relacionamento 
entre duas pessoas ou entre pessoa e objeto; a internet – conexão entre as redes, os computadores; 
a interatividade – atividades entre pessoas; as interculturas – relação entre as diferentes culturas; a 
interdisciplinaridade – conexão entre as diferentes disciplinas; e muitos outros inter que poderíamos 
exemplificar.
1.1.1 Pensemos na interdisciplinaridade. Qual seu significado?
A interdisciplinaridade atravessou os continentes, é uma palavra com vários sentidos e significados, 
por onde ela passa um sentido lhe é dado, pois sofre influência do meio, da cultura a qual a acolhe.
Neste momento nos deteremos em três países nos quais a interdisciplinaridade é entendida como 
desenvolvimento integral do ser humano: França, Estados Unidos e Brasil. Para esses países, é relevante 
a busca de uma pessoa autônoma responsável, inserida na sociedade, capaz de tomada de decisão, 
criticidade e reflexão. Vejamos em que eles se diferenciam.
A diferença está no paradigma. Por onde se pensa o educar do ser humano.
10
Unidade I
Para a França, educar é conhecer, saber, o aprofundamento das ideias e do objeto de conhecimento. 
Apenas desta maneira o ser humano será verdadeiramente livre e autônomo para a tomada de decisão 
consciente, formando primeiro a razão do indivíduo.
Nos Estados Unidos, o ponto principal da formação do ser humano é saber fazer, o agir dentro da 
sociedade. Para eles, a liberdade está intrinsecamente ligada ao agir dentro da sociedade. Sem isso, eles 
acreditam que o indivíduo não seja livre.
Lenoir (2005) ressalta que os EUA focam em instrumentalizar o indivíduo para que ele aja no e sobre 
o mundo que o cerca; portanto, deve ser instrumentalizado para que isso aconteça.
No Brasil a perspectiva está no levar o ser humano a “ser” dentro da sociedade. Nesta visão 
interdisciplinar brasileira, a educação deve desenvolver no ser humano, integralmente, um olhar para 
a subjetividade.
Fazenda (2002), representante principal desta teoria no Brasil, se preocupa em desenvolver as pessoas, 
o autoconhecimento, descobrir-se por inteiro, agir consciente, reflexivo. Para a autora, o conhecimento 
está pautado pelo sujeito, por conhecer-se, conhecer sua capacidade de agir através de interação com 
objetos e reflexão. Somente desta forma ele será capaz de absorver e captar o conhecimento do mundo 
e agir no e sobre ele.
Vejamos um quadro descritivo da interdisciplinaridade nos três países discutidos aqui.
Visão epistemológica Visão instrumental Visão Fenomenológica
Conceitual - acadêmica Operacional Ação
Saber científico - reflexão Projetos saber - útil Sujeito por inteiro
Pesquisa do sentido Funcionalidade Experiência humana
França Estados Unidos Brasil
Figura 1 
O gráfico mostra diferentes visões interdisciplinares: a acadêmica (conhecer com embasamento, 
epistemologicamente); a instrumental (a qual prepara o ser humano para o agir no mundo, atender à 
sociedade); e o agir integral (o autoconhecimento para agir consciente e reflexivo na sociedade).
11
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Portanto, a interdisciplinaridade é uma proposta importante para a sociedade atual e contemporânea, 
pois ela possibilita uma visão do todo a ser visto, estudado e incorporado no jeito de ser e de pensar, um 
intercâmbio de informações, de reflexões com profundidade.
A interdisciplinaridade traz aconexão do saber com diferentes áreas do conhecimento.
Esta visão do aprender da França, dos Estados Unidos e do Brasil está pautada pela ideia de 
uma educação melhor para o século XXI, discutida pela Comissão Internacional da Educação, 
presidida por Jacques Delors. Depois de uma discussão aprofundada sobre o tema “Pessoa e 
Mundo”, chegou-se a um consenso, na década de 1990, sobre os pressupostos que irão dar base 
à educação, que efetivamente insira o indivíduo na sociedade, dando-lhe subsídio para que ele 
possa enfrentar as adversidades e transformar a si próprio e ao meio em que vive. A Unesco 
não pretende que a educação seja a única solução para as diferenças existentes na sociedade, 
mas espera que a contribuição da educação seja a ferramenta facilitadora da compreensão do 
mundo, das coisas que acontecem, desenvolvendo no ser humano a capacidade de reflexão, 
criticidade e transformação.
Ao compreender a si mesmo e ao outro, o sujeito entra em conexão como o meio a que pertence, 
desenvolvendo um laço que possibilitará o diálogo e a ação solidária. Essa é a verdadeira essência da 
educação, um diálogo com as diferenças e com as semelhanças existentes.
Ao pensar a educação desta forma, a diversidade, que pode ser trabalhada de várias maneiras, passa 
a fazer parte da formação e da visão do ser humano, enquanto relação natural e essencial em uma 
sociedade que visa crescer com as potencialidades e diferenças, abrindo espaço para as expressões 
culturais que compõem os múltiplos grupos sociais.
Neste caminho, a educação deve ser encarada como espaço de transformação, de troca e discussão.
A comissão presidida por Jacques Delors elaborou um relatório que discute os pilares para a educação, 
fechando em quatro aprendizagens que devem ser levadas em consideração em todos os níveis da 
educação, pois o aprender não se encerra em uma determinada época, idade ou fase.
Essas quatro aprendizagens serão os pilares que sustentarão a educação, desafiando a todos a 
desvendá-los. São eles:
a) Aprender a aprender (conhecer).
b) Aprender a fazer.
c) Aprender a conviver.
d) Aprender a ser.
12
Unidade I
a) Aprender a aprender (conhecer)
Refere-se ao desenvolvimento da competência cognitiva, dar condições e propiciar situações para 
que o aluno desenvolva habilidades para buscar respostas para situações-problemas; desenvolver 
e incentivar a criatividade, a curiosidade, utilizando-as no seu cotidiano. Desta forma, o aluno 
desenvolverá a autonomia e, com isso, construirá o seu próprio saber, procurando, selecionando e 
sabendo utilizá-lo adequadamente.
Esse tipo de aprendizagem tem como objetivo dominar as ferramentas que lhe possibilitam conhecer 
o mundo e interagir com os objetos que estão em constante mudança.
A função do professor neste processo é mediar essa relação e ampliar o olhar, o sentir e o perceber 
de aspectos que circundam a cultura.
O professor deve promover espaços e condições para que o aluno aprenda a aprender, para que 
possa se beneficiar das oportunidades que a sociedade educativa venha a oferecer.
Para que isso seja concretizado, é necessário que o aluno tenha acesso aos diferentes tipos de 
metodologias científicas, deixando-as perto da ciência. No Ensino Médio e no Superior, a escola deve 
oferecer condições para que os alunos se instrumentem para entender a sociedade e o mundo.
Figura 2
A charge nos apresenta a necessidade de repensar a escola e como ela se apresenta à sociedade, 
de levantar alguns questionamentos para que ela se apresente de maneira atrativa para os alunos, por 
exemplo: qual significado e que sentidos são atribuídos aos conteúdos trabalhados? Como é apresentado 
o conhecimento aos alunos?
13
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Pensemos! Como podemos instrumentar o indivíduo ou o aluno para resolver situações-problemas 
e pensar criticamente sobre o que o rodeia? Se o conhecimento não é estático, como preparar o aluno 
para as constantes mudanças?
Saber apreender, buscar instrumentos que levem do conhecimento para a efetiva ação, requer um 
professor capaz de pensar o aluno como um ser pensante e único nessa tarefa, possibilitando situações 
e materiais para que ele se conheça e saiba interagir com o mundo do conhecimento.
b) Aprender a fazer (agir)
O ser humano só faz algo que conhece. Ao aprender a fazer o que se aprendeu, o ser humano 
se coloca na posição de partícipe, atuante social, habilitando-se a superar obstáculos e resolver 
situações-problemas que aparecerão.
Fazer é caminhar para a autorrealização, produzindo e transformando o meio em que está inserido.
Para se fazer direito, há de se conhecer o objeto da ação suficientemente para que se aja 
adequadamente, com competência.
Para Rios (1997), o indivíduo deve saber fazer bem para que seja considerado competente. A autora 
ainda separa essa frase em três etapas importantes:
Quadro 1
1ª etapa 2ª etapa 3ª etapa
Saber Saber fazer Saber fazer bem
Esse quadro mostra as etapas do desenvolvimento da competência real, que é o conseguir saber 
sobre um determinado assunto e agir adequadamente no meio, transformando-o, correspondendo 
ao que se denomina saber fazer bem algo. Para alcançar a terceira etapa, é preciso conhecer bem 
o objeto. É preciso saber colocar em prática o conhecimento adquirido, adaptando-o a diferentes 
situações que aparecerão.
Quando percebemos que estamos no caminho certo, já experimentamos a sensação da ação realizada. 
Para ilustrar, pense em um adolescente que deseja ser um médico e que ainda está cursando o segundo 
grau. Por cada ano escolar que ele passar, estará realizando seu projeto e se aproximando dele. Cada 
dia em que ele passa na condição de estudante o aproxima da condição de profissional que ele almeja.
Um grande estadista espanhol afirmou certa vez que ”a medida do homem é o passo”. Essa frase 
aponta para a ideia de que as grandes realizações humanas são construídas passo a passo. Por isso, cada 
passo consciente é uma fonte de realização para nossa vida.
Tanto aprender a conhecer quanto aprender a fazer não se separam, pois, ao conhecer, a ação se 
transforma. Ao saber buscar o conhecimento e ao utilizar suas ferramentas para tal, passa-se a fazer, a 
agir. A transformação acontece, pois se passa a pensar: “Sei e consigo fazer algo”.
14
Unidade I
Mas nos deparamos como uma questão prática, que é ensinar o aluno a pôr em prática os seus 
conhecimentos e prepará-lo para o trabalho. O que se deve fazer para que a escola se adapte a algo que 
ainda não se sabe? A arte pode auxiliar nessa transformação?
O futuro da escola depende da capacidade de desenvolver, em seus alunos, a competência de 
transformar o conhecimento em inovações geradoras de empregos. O aprender a fazer não se limita 
a ensinar alguém a fazer ou fabricar algo. Ele ultrapassa esse espaço e entra no espaço do criar, do 
gerenciar, do administrar, do trabalhar em equipe, do pesquisar e envolver.
Cabe ao arte-educador trazer a arte para a sala de aula de maneira interdisciplinar. Dialogar com os 
conhecimentos que a habitam é o grande desafio deste século.
Para que estes objetivos relativos à educação sejam alcançados, há a necessidade de qualificação e 
competência.
O que fazer para que o conhecer seja mais prazeroso?
É preciso trazer o cotidiano para a sala de aula, possibilitando que o aluno, através dos diferentes 
movimentos artísticos, possa inserir-se no mundo letrado da sociedade. Ler é, antes de tudo, ler o 
mundo, as imagens, os gestos e as músicas. Escrever é comunicar-se, é colocar seu sentimento.
Para Delors (2004), aprender a fazer não deve prender-se ao ato de fabricar algo, deve transcender 
a prática, é o poder de pensar além, do transformar, do utilizar o material para outras finalidades que 
não apenas para aquele objetivo momentâneo. Em um mundo em que as informações são transitórias, 
o aprender a fazer acontece na interação, na experiência, no desejo, na significação das coisas.
c) Aprender a conviver
Está ligada ao fazer. Quando fazemos,entramos em contato com nós mesmos e com o outro. 
Esta interação diz respeito ao autoconhecimento e ao autocontrole do sujeito. Esta competência é 
trabalhada com muita facilidade na arte, ao deparar-se com seu fazer e o fazer do outro, aprendendo 
a refletir e fazer crítica sobre seu trabalho e o do outro de maneira que se coloque no lugar que não 
lhe pertence e aprendendo a lidar com a diversidade de problemas que possa surgir. O ser humano 
é social e só sobrevive na relação interpessoal, fazendo que o aprender a conviver com a frustração, 
com a raiva, com o amor e a satisfação seja imprescindível nesse caminho de vir a ser um sujeito 
totalmente inserido na sociedade.
Essa aprendizagem é o grande desafio do professor dos tempos contemporâneos, pois educar o aluno 
para conviver com o outro e com as suas limitações requer levar o aluno para o autoconhecimento.
A história humana é feita de conflitos, e as mudanças, na velocidade em que acontecem, permitem 
uma certa intensificação no elemento autodestrutivo. A arte pode trabalhar para evitar os conflitos e 
desenvolver a consciência moral do educando, capacitando-o a interagir com respeito e solidariedade, 
bem como a reconhecer no outro o direito de participar socialmente do grupo.
15
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Se a arte possibilita que os alunos tenham acesso a valores, crenças e conhecimentos, ela deve abrir 
novas possibilidades de realizações e transformações. É um espaço de formação e de transformação, de 
maneira prazerosa e significativa.
Desta forma, cabe ao professor de artes conhecer seus alunos, a faixa etária, as necessidades 
relacionadas ao seu desenvolvimento cognitivo, o desenvolvimento da consciência moral da criança 
e da formação da identidade, dando suporte para trabalhar a internalização de normas e regras de 
convívio social, bem como preparar atividades que convidem o aluno a se expressar.
É importante preparar atividades que estejam apoiadas na realidade sociocultural do aluno, 
entendendo a relação do homem e do meio como fator importante da aprendizagem.
O desenvolvimento do eu acontece na busca do equilíbrio entre satisfazer a suas necessidades 
e atender a expectativas da sociedade e do outro. A escola deve auxiliar o aluno a desenvolver a 
consciência da sua própria existência, fazendo que ele reconheça os papéis que ele exerce na sociedade, 
haja vista que as pessoas exercem vários papéis sociais (filho, irmão, amigo, aluno, namorado). 
Reconhecer e entender esses papéis fazem parte da formação da identidade do autoconhecimento e 
da autoaceitação.
Portanto a arte, sendo dialógica, deve interagir com a sociedade, com a realidade e com as histórias passadas.
Se por um lado a arte ajuda os indivíduos a tomar consciência de que todo ser humano faz parte do 
universo, por outro lado esclarece que isso não o torna uma classe homogênea, pois cada pessoa possui 
características únicas de ver e entender a realidade e de ver e interpretar o mundo. Essa descoberta é 
contínua e necessária para a construção do ser humano.
Desenvolver atitudes de empatia na escola, e particularmente na arte, é uma função difícil por 
requerer do professor uma postura de diálogo e de observador de seus alunos.
Assim, de acordo com Delors (2004, p. 98), o ensino das histórias das religiões ou dos costumes 
pode servir de referência útil para futuros comportamentos, pois desenvolve uma visão ampla sobre os 
acontecimentos do mundo.
Uma forma descontraída de trabalhar com os alunos é utilizar projetos com temas discutidos em sala e 
aprovados pelos alunos. Trabalhar em equipe ajuda a reduzir as diferenças e até os conflitos interindividuais. 
Delors (2004, p. 98) completa afirmando que “uma nova forma de identificação nasce destes projetos que 
fazem com que ultrapassem as rotinas individuais, que valorizam aquilo que é comum e não as diferenças”. 
Para o professor de arte, cabe desenvolver uma metodologia que leve os alunos a interagirem e pesquisarem, 
transformando o resultado em uma peça, música, dança, uma escultura ou pintura.
d) Aprender a ser
A identidade é o que singulariza uma pessoa. É o que a torna única no mundo, diferente de todas 
as outras.
16
Unidade I
“Conhece-te a ti mesmo”, estava escrito no Templo de Apolo, em Delphos, na Grécia Antiga, porque 
este conhecimento é a base de todos os que virão.
Conhecer a si mesmo implica saber quem você é, suas qualidades, pontos que precisam ser 
melhorados, seus sonhos, suas frustrações e o significado que dá a tudo isso.
Nossas relações interpessoais também se beneficiam da definição de nossa identidade. Aprendemos 
a nos colocar no lugar do outro, sentindo o que ele pode estar pensando.
Fazemos isso com base em nossas emoções e em nossa racionalidade.
 Observação
Pense nesta frase e leve para a arte:
Eu não me envergonho de corrigir meus erros e mudar 
as opiniões, porque não me envergonho de raciocinar e 
aprender (HERCULANO apud RODRIGUES, 2011, p. 6).
Quando raciocinamos e mudamos nossas opiniões, muitas vezes, mudamos nossas estruturas mentais 
para um nível melhor, deixando de lado as nossas “velhas opiniões formadas sobre tudo” (SEIXAS, 1973).
Conhecer-se e aceitar-se facilita o gostar de si. Afinal, quando conhecemos e aceitamos algo, é mais 
fácil gostarmos disso.
Estudiosos da atualidade mostram que a educação deve contribuir para o desenvolvimento global da 
pessoa, deve favorecer crescimento do espírito e do corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, 
responsabilidade pessoal, desenvolver autonomia no ser humano, torná-lo capaz de resolver uma 
situação, decidir sobre um problema e criticar uma ideia ou um posicionamento. Enfim, ser capaz de 
formar seu próprio juízo de valor e atuar conscientemente na sociedade.
Segundo Delors (2004), mais importante que preparar as crianças para uma sociedade é prepará-las 
intelectualmente para compreender a sociedade e o mundo, bem como dar referências para pensar o 
mundo e comportar-se de maneira responsável nele.
Desta maneira, pensemos a arte como cumpridora de um papel importante na transformação 
do ser humano na sociedade: ela atribui a liberdade de pensamento, de sentimento e imaginação, 
criando oportunidade a todos de desenvolverem seus talentos e permanecerem, na medida do 
possível, donos do seu próprio destino.
Para que se possa superar os desafios da atual sociedade, faz-se necessário espírito de iniciativa, de 
criatividade, de inovação.
17
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Assim, atentemo-nos ao que dita o relatório “Aprender a Ser”:
O desenvolvimento tem por objeto a realização completa do homem, em 
volta a sua riqueza e na complexidade das suas expressões e dos seus 
compromissos: indivíduo, membro de uma família e de uma coletividade, 
cidadão e produtor, inventor de técnicas e criador de sonhos (DELORS, 2004, 
p. 105).
Esse desenvolvimento começa no nascimento e percorre toda a vida do ser humano, num processo 
dialético de conhecimento de si e do outro, em movimentos constantes de descobertas.
Portanto, arte é uma viagem ao interior do ser, com experiências frustrantes e satisfatórias que leva 
resultados de construção do eu e do outro.
Observe a imagem a seguir.
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Educação: um tesouro a descobrir
Figura 3 
É necessário entender que a educação auxilia o indivíduo a se organizar para o aprender e agir 
durante sua vida social e produtiva. Contudo, tem-se de pensar em como desenvolver essa capacidade 
de saber conhecer, aplicar o que se conhece em diferentes situações e conviver com as diversidades 
pessoais e sociais que aparecerão.
Essas experiências devem ter seu início na mais tenra idade, quando a criança começa a buscar 
formas de se expressar.
A figura a seguir apresenta as influências que a criança sofre durante toda a sua formação.
18
Unidade I
Política
Tecnologia
Cultura
Família
Escola
Economia
Psicológico
Sociedade
Figura 4 
A figura mostra que para interagir na sociedade de maneiraplena é necessário um conhecimento 
mais complexo, ou seja, agir e ser de maneira interdisciplinar, permitindo-se ultrapassar as paredes da 
disciplinaridade e da fragmentação.
Desta forma, a troca de informações e de saberes essenciais para a formação do cidadão do século 
XXI acontece naturalmente.
Delors (2004), no relatório, apresenta um desafio de trabalho educacional; e Fazenda (2002) nos 
possibilita um olhar diferenciado para o trabalho da arte e para o desenvolvimento do trabalho do 
professor de arte.
Piaget discute a importância da interdisciplinaridade na integração de disciplinas que contribuirão 
para o crescimento de todos os envolvidos no processo, ressaltando que pelo envolvimento interdisciplinar 
nascerá uma nova visão sobre o objeto, pois a junção de duas ou mais ideias sobre o mesmo objeto dará 
uma compreensão maior e mais clara sobre o que está sendo discutido ou realizado.
Fazenda (2002), ao discutir interdisciplinaridade enquanto postura, salienta a importância de a 
pessoa estar aberta a escutar, a olhar, a tocar, a perceber e a esperar. Na nossa discussão tentaremos 
mostrar a importância de, enquanto artistas, entender a arte como instrumento de apreender o mundo, 
interpretá-lo e transformá-lo.
19
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Portanto, estudar a interdisciplinaridade e estudar as diferentes maneiras de se compreender a vida e 
o saber que a cerca é desenvolver sensibilidade, percepção e compreensão do todo, tendo em mente que o 
conhecimento ultrapassa os muros do aqui e agora, ultrapassa os muros do que é visto e lido, mas entra na 
sensibilidade, no olhar, na leitura criteriosa e nas relações possíveis de se fazer entre os conceitos e os fatos.
Quando se consegue desenvolver esse olhar, os envolvidos na pesquisa e no estudo conseguem 
superar a visão fragmentada e organizar seu conhecimento de forma significativa e ampla. Dessa forma, 
o sujeito é inserido no meio social enquanto homem participativo capaz de interagir e dialogar com a 
realidade, tornando-se ativo nas decisões.
Ferreira apud Fazenda (1994) nos traz uma definição para a interdisciplinaridade:
O prefixo “inter”, dentre as diversas conotações que podemos lhe atribuir, 
tem o significado de “troca”, “reciprocidade” e “disciplina”, de “ensino”, 
“instrução”, “ciência”. Logo, a interdisciplinaridade pode ser compreendida 
como sendo a troca, de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências, ou 
melhor, áreas do conhecimento (FERREIRA apud FAZENDA, 1994, p. 21-22).
A interdisciplinaridade pretende garantir a construção de conhecimentos que rompam as fronteiras 
entre as disciplinas. Ela busca envolvimento das ações, compromisso diante dos conhecimentos, ou seja, 
atitudes e condutas interdisciplinares, sabendo utilizar o conhecimento obtido em diferentes situações 
e problemas.
No entanto, para que o trabalho interdisciplinar possa ser desenvolvido pelos professores, eles 
devem apropriar-se de uma metodologia que saia da fragmentação, tão criticada, atualmente, para a 
integração dos conhecimentos, superando a dicotomia entre teoria e prática, as especificações de cada 
conteúdo, trabalhando-os conjuntamente de forma reflexiva.
Quando nos referimos à fragmentação, estamos trazendo à tona as críticas existentes em relação 
à especificidade de cada disciplina, ao fato de cada uma delas trabalhar, unicamente, por sua lente de 
visão, seu ponto de vista, e não pelo todo, pela complexidade com que ela é composta. O conteúdo, 
dentro dessa abordagem fragmentada, é transmitido como se fosse único e isolado.
Para Fazenda (1994), a metodologia interdisciplinar requer:
[...] uma atitude especial ante o conhecimento, que se evidencia no 
reconhecimento das competências, incompetências, possibilidades e limites 
da própria disciplina e de seus agentes, no conhecimento e na valorização 
suficientes das demais disciplinas e dos que a sustentam. Nesse sentido, 
torna-se fundamental haver indivíduos capacitados para a escolha da 
melhor forma e sentido da participação e, sobretudo no reconhecimento 
da provisoriedade das posições assumidas, no procedimento de questionar. 
Tal atitude conduzirá, evidentemente, a criação das expectativas de 
prosseguimento e abertura a novos enfoques ou aportes. E, para finalizar, 
20
Unidade I
a metodologia interdisciplinar parte de uma liberdade científica, alicerça-se 
no diálogo e na colaboração, funda-se no desejo de inovar, de criar, de ir 
além e suscita-se na arte de pesquisar, não objetivando apenas a valorização 
técnico-produtiva ou material, mas, sobretudo, possibilitando um acesso 
humano, no qual desenvolve a capacidade criativa de transformar a concreta 
realidade mundana e histórica numa aquisição maior de educação em seu 
sentido lato, humanizante e libertador do próprio sentido de ser no mundo 
(FAZENDA, 1994, p. 69-70).
Dessa forma, podemos encontrar nela um meio de levar o aluno ao conhecimento amplo dos fatos 
sob diferentes prismas. Compreendendo a extensão do fenômeno e da complexidade que envolve a 
realidade, necessita-se ter a noção da dimensão da diversidade que circunda o fato a ser estudado, 
aprendido ou pesquisado.
O pensamento mais abrangente possibilita ao aluno, professor e/ou pesquisador ter a noção 
de que um fato, um problema ou uma situação não se encerra em uma única dimensão, pois ele é 
multidimensional, ou seja, engloba vários campos de conhecimento e vários olhares.
Comecemos a ver e entender a interdisciplinaridade na arte, sua postura e visão diante do mundo 
contemporâneo. A interdisciplinaridade passou a ser pesquisada a partir do século passado, por volta 
de 1960, quando seu discurso e movimento envolveram todo o espaço social, tanto dentro dos muros 
acadêmicos quanto fora.
Junto com esse movimento, começou-se a elaborar outras visões sobre a interdisciplinaridade 
na busca de um aprofundamento e uma abrangência maior. O entendimento latino-americano da 
interdisciplinaridade é o desenvolvimento por completo do homem, na busca de torná-lo inserido em 
um espaço maior que o do conhecer; em um espaço do ser. Portanto, para que isso seja possível, é 
necessário que ele se veja em eterna construção, em um eterno vir a ser.
Na arte, a interdisciplinaridade entra ao derrubar as fronteiras territoriais entre os saberes, o sentir, 
o fruir e o fazer: a interligação das áreas.
A reconstrução do conceito de conhecer, fazendo que ele seja articulado com as diferentes áreas 
e saberes. Neste contexto, espera-se do artista ou do professor de artes uma disponibilidade para 
atualizar-se e formar-se, entendendo que a arte é a descoberta e o aprofundamento de diferentes 
abordagens do ensino e do aprender nas dimensões aprender, fazer, conviver e ser.
Essa nova maneira de pensar e absorver as coisas precisa ser desenvolvida na escola e no espaço das artes.
 Lembrete
Pensemos na importância da arte para o desenvolvimento da criança!
21
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Ao interagir com o outro e permitir que a imaginação se apresente, a criança cria, transforma o 
objeto e coloca-se em outro lugar, imaginando situações. Criança que brinca, imagina, cria e representa 
tem uma possibilidade maior de se tornar um adulto criativo e inovador.
O movimentar-se, além de levar a criança ao autoconhecimento, permite que entre em contato com 
o diferente e entenda a necessidade dele para um fazer e agir no mundo.
2 ARTE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
A arte sempre esteve presente na história da humanidade nas diferentes formas de manifestações 
do homem. Viajemos para a Pré-História, época das cavernas, na qual os desenhos estavam presentes 
como forma de expressão e comunicação. Sem os desenhos não seria possível adentrarmos a vida 
cotidiana desta cultura.
Ao nascer, o homem, por natureza, é criativo, tem características psicológicas, sociais e culturais que 
favorecem a sua interação com o mundo que o rodeia, e, nesse movimento de vir a ser e conhecer, a arte 
aparece como componente natural.
A criança, ao nascer, busca secomunicar com o meio de diversas maneiras. Essas tentativas de 
estabelecer comunicação é o “representar o mundo” que ela vê e sente.
Nessa fase, a expressão, os movimentos, fazem-se presentes na interação. Por volta dos dois anos, 
ela passa a fazer seus primeiros traços e representar o mundo através do desenho.
Para Luquet (1979), a criança começa seus desenhos de maneira fortuita por volta dos dois anos, ela 
não tem intenção de fazer alguma coisa, mas percebe que alguns traços se parecem com algo que tinha 
em mente. Com isso, ela passa a melhorar seus traços e observar o que está fazendo. O autor nomeia essa 
fase como realismo fortuito, e com o tempo os grafismos passam a ter uma forma e significado social.
O autor traz uma segunda fase, entre três e quatro anos, denominada de realismo falhado, na qual há 
a intenção, mas a execução falha. A coordenação não acompanha o cérebro. Os traços não são simétricos, 
muitas vezes a casa é menor que as pessoas e os pés ou mãos são maiores que o restante do corpo.
A terceira fase, que vai até mais ou menos nove anos, é a do realismo intelectual; o exagero de 
elementos no desenho é a marca desta fase. O desenho é feito no terceiro plano, ou seja, como se as 
pessoas o vissem por cima. Uma visão do espaço interno também compõe esta fase. Na casa, veem-se 
as camas, a mesa, a pessoa assistindo à televisão.
A quarta e última fase, até mais ou menos os treze anos, citada por Luquet (1979), é a do realismo 
visual, em que a transparência do desenho dá lugar ao que se vê. Como exemplo dessa fase, uma pessoa 
de perfil, com o olho lateral, antes considerado impossível ser feito. A busca da representação da realidade.
O autor ressalta a importância de o professor entender as fases de desenvolvimento do desenho da 
criança. Conforme a criança vai crescendo, se desenvolvendo cognitivamente e psicologicamente, seus 
22
Unidade I
desenhos se transformam, acompanhando-a, por isso é fundamental o preparo do professor para que 
incentive e propicie esse crescimento.
Incentivar a criança a desenhar, deixando-a explorar materiais diferentes, o espaço e o corpo, faz a 
criança se aperfeiçoar, melhorando a qualidade de seu desenho.
Conhecer as características de cada faixa etária é entender que o desenhar, o expressar, é desenvolvido 
e aprimorado conforme o meio em que a criança está inserida.
As fases não são iguais nas crianças, pois dependem do meio social, psíquico e histórico para que 
essa evolução aconteça.
Conforme a criança vai crescendo, seu senso crítico vai se aprimorando, e muitas vezes ela passa a se 
afastar dos desenhos e diferentes formas de expressão, por acreditar que sua arte não esteja de acordo 
com a expectativa social.
O professor de artes, neste momento, deverá incentivar e trazer de volta o desejo de livre expressão 
da criança, afastando a ideia de que seus desenhos não estão adequados.
Por muito tempo o desenho da criança não foi valorizado, por acreditarem que fosse malfeito; nessa 
época a criança era considerada um adulto em miniatura, portanto seus desenhos ou arte-expressão 
deveriam ser perfeitos. Foi com Rousseau, no século XVIII, que essa ideia foi mudada, pois ele trouxe uma 
nova visão da criança. Com isso, o mundo passa a ver essa criança, citada por Rousseau, de outra maneira.
Hoje, sabe-se que, ao entender o desenho infantil, muito se conhece da criança e, portanto, ao conhecer 
os desenhos e formas de desenhar de todas as fases, um contato maior se tem com o ser humano.
Entender a importância de trabalhar com a arte é desenvolver um elo entre dois mundos; o real e o 
imaginário, o lúdico e a realidade, fazendo com que o aluno queira aprender e adentrar este novo mundo.
Para Piaget (1976), para que o aprendizado se efetive, o sujeito deve interagir com o objeto a ser 
aprendido, para que possa retirar deste as suas características e aplicá-la em situações-problemas.
Entendendo o desenvolvimento infantil em fase, Piaget (1976) vai caracterizar a fase da garatuja, 
dos primeiros traços da criança, o primeiro movimento de descoberta de expressão, como fase 
sensório-motora, na qual ela estará descobrindo a si e o mundo pelos sentidos, portanto pegando e 
explorando todo e qualquer objeto que a rodeia. Nessa fase a criança experimenta o mundo.
Na primeira etapa, a criança tem contato com o espaço, com limites e com ela mesma, fazendo a 
ligação entre as diversas aprendizagens.
Neste caminho, tem-se como o mais importante a realização para entender o caminho que a criança 
percorreu, por isso que se deve deixar a criança com liberdade de expressar, sem haver um juízo sobre a 
realização posta.
23
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
A arte deve sempre ser valorizada pelo professor e apresentada de maneira lúdica para que o momento 
seja prazeroso e significativo, desenvolvendo a poesia, a sensibilidade, a criatividade, a emoção, a percepção do 
mundo. Desta maneira, a criança terá mais condições de resolver os problemas que aparecerão pela frente dela.
Ao entender a escrita como um desenho que tem significados inteligíveis no grupo de acesso da 
criança, ao propiciar espaço de desenhar, a criança terá acesso aos materiais que poderão auxiliá-la a 
desenvolver os caracteres necessários para a escrita e, com isso, para a leitura também. Esse processo de 
descobrimento da escrita pelo desenho leva a criança a um índice menor de dificuldade de aprendizagem 
da escrita, pois seu cérebro tem mais esquemas formados sobre a escrita.
Brincar livremente com materiais lúdicos, como massinha, argila, tinta, lápis de diferentes cores 
e espessuras, auxilia no desenvolvimento das ideias de espaço, tempo e profundidade, bem como da 
criticidade, estando muito perto da criança ao longo de seu desenvolver-se.
Para que esse desenvolver-se aconteça de maneira sadia, o professor deve preparar o ambiente com 
diversos materiais e será aquele a orientar a criança, no que se refere a permitir que ela explore e use 
todo e qualquer material que achar necessário para expressar-se. Desenhar com lápis, mas também com 
palitos, canudos, barbantes.
Para Vygotsky (1989), o desenho possibilita observar a criança em seu processo de ciar e expor-se para o 
mundo. Para o autor, o desenho possibilita conhecer a criança, a realidade na qual ela vive e seus sentimentos, 
trazendo a importância do desenho na possibilidade de aproximação da criança que o produziu.
Desta forma, trazendo a interdisciplinaridade e os quatro pilares para essa discussão, pode-se afirmar 
que a arte possibilita o conhecer, o fazer, o conviver e o ser da criança, um sujeito ativo do processo de 
crescer e colocar-se na sociedade.
Pensar em desenvolvimento é entender que a potencialidade do ser humano está aguardando ser 
trabalhada e estimulada para ser posta para fora, cabendo ao arte-educador elaborar, planejar espaços 
constituídos de oportunidades de aprendizagem.
Desenvolver é dar oportunidade para que a criança aprenda, faça e conviva. Para Barbosa (1999), 
é necessário estimular atividades de pesquisa, como visitas, observações, bibliotecas, entrevistas, 
encontros culturais para fortalecer a aprendizagem, estimulando a intercomunicação das áreas e espaço 
no desenvolver do ser humano.
A sensibilidade deve ser o ponto de partida do trabalho artístico, trazer as diferenças para serem percebidas 
como elementos essenciais no crescer do ser humano. Brincar com a realidade, observar papéis diferentes e 
vivenciá-los é colocar-se no lugar do outro e construir valores de respeito, solidariedade e aceitação do diferente.
Buscar na arte o auxílio para o educar é trazê-la para dentro do espaço escolar de forma significativa, 
integrando disciplinas e professores neste caminho do aprender a ser; é desafiar o aluno a buscar 
respostas em outros espaços e outras pessoas, fazendo que ele aprenda a pesquisar e a movimentar-se, 
sair do espaço de conforto, deparando-se com situações e obstáculos a serem superados.
24
Unidade I
A função do professor de arte é ajudaro aluno a ver significado e sentido nas coisas vivenciadas, e 
para que isso se efetive o aluno deve ter experiências com teatro, música, dança, poesia, jogos, histórias 
e expressões corporais soltas. Com isso, a formação da consciência do seu corpo, do espaço e do mundo 
estará sendo facilitada.
Desta forma, com a assimilação do cotidiano, adaptando-se às complexidades existentes é que o 
aluno vai construindo sua maneira de perceber o mundo e resolver os problemas. Partir do conhecimento 
prévio do aluno é dar condições para que ele participe do processo e desenvolva a autonomia necessária 
para agir plenamente no mundo.
É importante que o aluno entenda que a arte como manifestação deve ser encarada como momento 
de descoberta, uma forma de perceber-se, expressar seu sentir e ver o mundo, experimentando situações 
e sentimentos diferentes. Pensar no ontem, hoje e no amanhã, como um processo contínuo de vir a ser, 
trabalhando e valorizando a memória na constituição do ser humano.
Os registros rompem a barreira do tempo e do espaço. A arte, com suas possibilidades, traz essas 
vivências passadas e guardam as presentes para que no futuro possam ser refletidas, repensadas, 
transformadas ou apenas conhecidas. Fazer que não morram, dar vida e força para as vivências.
Desenhos rupestres
Figura 5 
As figuras trazem a história de um povo que viveu há 3.500 anos a.C., que registrava sua vida 
cotidiana nas paredes das cavernas. Por não saberem escrever, a maneira de eles se expressarem e se 
organizarem era pelos desenhos nas paredes. Os desenhos rupestres, nome dado a esse tipo de pintura, 
possibilitou entender e não perder no tempo uma época do desenvolvimento da civilização.
O professor pode levar os alunos a pensarem no seu passado e registrarem no papel. O aluno pode 
representar, através de desenho ou de outras maneiras, a casa em que mora, um acontecimento que 
tenha marcado, para que ele possa entender a importância da memória registrada.
Outra maneira de trabalhar é através de valorização do material existente no meio ambiente.
25
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Observe a imagem a seguir.
Figura 6 – Atividade artística em equipe
Ela mostra o movimento das crianças ao trabalharem com material reciclável. Pensar no que ele era 
e na possibilidade de ser outra coisa é um movimento de criação e reflexão.
Pensar no objeto, em transformá-lo, é trazer as diversas possibilidades de sua (re)construção, de sua 
nova forma de existir. Essas atividades trazem elementos para construção de uma identidade individual 
e social para o aluno. Um trabalho de constante questionamento e reconhecimento de si e do outro.
Voltando a Delors (1998), a preocupação da escola e do professor deve estar em desenvolver o 
indivíduo por completo, para que ele saiba buscar seu conhecimento e aplicá-lo adequadamente na 
sociedade em que está inserido. Saber correr riscos sem medo de enfrentá-los. Esse aprendizado, quando 
realizado de maneira consistente, desenvolve em seus alunos competências e habilidades diversas, pois 
ele é apenas a base do ser um cidadão participativo e consciente.
O grande objetivo do trabalho com arte é fazer com que os educandos possam intervir na sociedade 
de maneira a transformá-la para melhor. Uma contribuição de pesquisa, de experiências, de criação, de 
recriação e de escolhas.
Pensando no desenvolvimento do educando, a arte guarda em si a possibilidade do relacionar-se 
com o mundo e com a sociedade na qual está inserido. Para Ausubel, Novak e Hanesian (1980), a 
aprendizagem deve trazer elementos que, juntando com os conhecimentos já adquiridos, façam um 
sentido no seu aprender pelo aluno. Desta forma, a transformação é consolidada tanto no conteúdo 
trazido quanto naquilo que já era sabido pelo aluno.
Esta relação de transformação, de acordo com essa teoria, é favorecida quando o que é 
apresentado não se faz desconhecido por inteiro. O novo conteúdo guarda algo que pode ser 
resgatado da memória ou dos esquemas anteriores. O conteúdo apresentado vai se incorporando 
aos esquemas sem grandes dificuldades.
26
Unidade I
Quando o conhecido apresentado não faz as relações com esquemas mentais existentes, tem-se 
uma rejeição ou uma dificuldade em capturar as informações a serem adquiridas. Quando o significado 
não está acoplado ao conteúdo, a aprendizagem se dá de forma fragmentada, em um compartimento 
isolado com o qual o aluno não saberá fazer as ligações necessárias para utilizá-lo.
Assim, podemos perceber o quanto é importante o professor buscar trabalhar de maneiras diferentes 
para atribuir significado aos conteúdos a serem trabalhados, pois o aluno, desta maneira, conseguirá 
fazer diferentes relações e conexão com o que ele aprendeu, trazendo essa aprendizagem para novas 
experiências.
Tem-se então um aprendizado no qual o aluno pesquisará com mais vontade, memorizará uma 
tabuada dando mais sentido e entendendo o processo.
Pode-se pensar que, por intermédio da aprendizagem significativa, o aluno não esquece, pois 
consegue relacionar o antigo com o novo (conhecimentos prévios com o conhecimento novo), 
com isso, o aprender novos conteúdos fica mais fácil, inclusive se necessitar revisitar o que foi 
aprendido anteriormente.
Assim, fecha-se o círculo do aprender, do conhecimento novo interagindo com o velho e sendo 
transformado em outros novos “conheceres”.
Conhecimentos 
prévios
Novos esquemas 
mentais
Conhecimentos 
novos
Figura 7 – Esquema mental da aprendizagem significativa
A imagem anterior mostra a interação das estruturas mentais na construção do conhecimento, 
quando há um significado no que está sendo aprendido. Assim, quanto mais significado houver no que 
for aprendido, maior a chance de se realizar novas aprendizagens, e, assim, teremos maiores esquemas 
formados para compreensão de mais conhecimentos.
Encontramos o significado dado ao material, o significado recebido pelo aluno e a atitude de busca do 
conhecimento do aluno. Neste percurso, cabe ao professor selecionar conteúdos que serão trabalhados 
27
ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
e garantir que os materiais que auxiliarão no entendimento estejam próximos da realidade do aluno. Ter 
a preocupação de motivá-los a buscar elementos que resolvam a inquietação do aprender.
Quando a motivação estiver presente, o aluno não se recusará a despender tempo para o estudo, 
pois a preocupação maior será a de querer compreender o objeto a ser aprendido.
Tenhamos como exemplo o tempo que uma criança gasta interagindo com um jogo eletrônico para 
descobrir como passar de fase. Esse tempo que a criança passa, muitas vezes, parada em uma cadeira 
apenas movimentando as mãos, não é sentido, porque a criança atribui um sentido a esta ação, que por 
vezes tem um significado para ela.
Esse é o ponto em que devemos nos deter, na reflexão sobre uma aprendizagem significativa, 
na qual a arte é o instrumento de trabalho do professor para que o aluno se aproxime do conhecer 
de maneira prazerosa.
O ponto de partida é o respeito e a valorização do conhecimento que o aluno traz neste processo, 
pois aquele novo saber que se aproxima toma forma de conquista, de algo que instiga o aluno a 
querer entender, e a mediação será feita pelo professor. Os conceitos que passam a integrar-se 
à estrutura vão se combinando e ampliando a cadeia estrutural e esquemática para os próximos 
conhecimentos que chegarão.
Figura 8 – Estruturas mentais ampliadas
Desta forma, a utilização dos esquemas preexistentes pode expandir-se para vários caminhos e 
conceitos, pois poderão servir de base para novas compreensões de áreas variadas.
28
Unidade I
Esquemas 
existentes
Matemática
Física
História
Geometria
Português
Figura 9 – Esquemas existentes auxiliando na aquisição de novos esquemas
Todas as figuras apresentadas para exemplificar os esquemas ilustram a importância de um trabalho 
consciente e comprometido do professor. Conhecendo a realidade de seus alunos, ele pode desenvolver atividades 
que tenhamsignificado e que motivem o aluno a pesquisar, explorar e investigar um tema ou assunto.
Toda forma de assimilar um tema é válida, cabendo ao professor buscar mecanismos para que isso 
se concretize.
Chegamos ao ponto mais importante, que é a utilização da arte no processo do desenvolvimento do 
aluno, na inserção social efetiva, participativa, consciente e transformadora.
Passemos a entender a interdisciplinaridade dos diferentes movimentos artísticos do mundo das artes.
2.1 A interdisciplinaridade no mundo artístico
A interdisciplinaridade começa seu movimento na área educacional. Seguindo uma visão globalizada 
do mundo, discutia o conhecimento como ferramenta de inserção do indivíduo na sociedade. Aos 
poucos, esse jeito de ver e aprender o mundo vai se expandindo e tomando conta de todas as áreas.
Agora, pensa-se o mundo de maneira mais integrada, intercomunicativa e inter-relacionada, e a arte 
toma um espaço especial no caminho de ver, sentir e aprender o universo.
Entendendo melhor essa nova postura, atentemos ao movimento do conhecimento. O conhecer, na 
contemporaneidade, é dinâmico e interligado, solicitando uma postura das pessoas, de busca, escuta 
e pesquisa. Interagir na sociedade de maneira efetiva requer conhecer suas próprias condições de 
caminhar. Um processo de conhecer-se por inteiro para poder conhecer o outro.
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ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Pode-se afirmar que a interdisciplinaridade faz parte da arte, pois essa área está sempre na busca da 
interação e da troca, agregando sentido e valores no seu fazer e agir.
Portanto, ao trabalhar a arte, de maneira indireta, a interdisciplinaridade estará presente no seu 
pensar e no seu produzir. Assim, o impacto da arte nas demais áreas de conhecimento é muito grande, 
se pensarmos que ela retrata uma história, um sentir, um agir de uma determinada época.
Logo, acreditar que a interdisciplinaridade se assente apenas na educação é um grande engano, haja 
vista que, para pensar nela, é preciso um olhar mais amplo, mais abrangente do mundo que a cerca.
A interdisciplinaridade possibilita a provisoriedade, o questionamento, o retorno e a reconstrução de 
uma ideia e uma postura, o que torna essa teoria mais próxima da visão artística.
Em um ambiente artístico, incerteza e dúvida são consideradas atitudes normais e pertinentes, pois 
é um espaço de busca constante do fazer e do ser. A dúvida neste espaço é considerada positiva, e 
o questionar e a incerteza habitam o ambiente de forma que sejam encarados como componentes 
agregadores, refletindo o mundo contemporâneo.
O esquema a seguir apresenta uma ação interdisciplinar, interligando o ser humano no universo da 
razão e da emoção, trazendo a cientificidade, a pesquisa, para o seu mundo.
Interdisciplinar
Pensar
Pesquisar Sentir
ARTES
Agir
Fazer
Figura 10 – Interligação interdisciplinar
2.2 A dança na interdisciplinaridade
A comunicação do ser humano no mundo começa pelo corpo, nos movimentos. A criança, ao 
nascer, começa a comunicação com o mundo exterior, mexendo o corpo e chorando. Fixemo-nos, neste 
momento, no movimento do corpo.
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Unidade I
Será pelo movimento do corpo que as pessoas começarão a buscar entender o que ela precisa e o 
que ela sente.
A sociedade, com suas regras de conduta, estipula, muitas vezes, que o correto em uma postura social 
é a não expressão corporal, tornando as pessoas frias, rígidas e distantes. Desta forma, a representação 
de um intelectual é a de uma pessoa que se mantém dura, reprimida, localizando a expressão na parte 
superior do corpo.
Com essa visão social, as crianças desde pequenas são reprimidas em casa, sendo reforçadas na 
escola, mesmo sabendo que o corpo é a primeira porta da expressão do indivíduo; cabe à escola, nesta 
situação, deixar um pequeno espaço para ele, a aula de educação física e o momento entre uma aula e 
outra, por exemplo, nos intervalos.
Ao entrarem para a sala de aula, já no corredor, o corpo se torna estático, sem expressão, um membro 
auxiliar da cabeça, a peça considerada a mais importante para a aprendizagem. O silêncio toma conta 
da aprendizagem e tudo se cala.
A disciplina é a ordem da vez, e a educação é sinônimo de pouca expressão. Vê-se a formação de 
filas ordenadas e as carteiras arrumadas de maneira cartesiana. Por mais que a discussão de hoje seja 
contrária a essas posturas e que as escolas das grandes cidades tendam a agir de forma diferente, ainda 
a educação e o desenvolvimento humano não valorizam como deveriam o corpo.
A indisciplina, por vezes considerada a causa do não aprender, é repreendida, reprimida com o “não 
ir para o recreio brincar”, não se movimentar, ficando na sala de aula de castigo.
A Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96 torna obrigatório o ensino de Artes nas escolas, colocando-a 
como componente curricular da educação básica. Desta forma, abre-se um grande espaço no trabalho 
com o redescobrir do corpo e da alma do ser pensante e ao utilizá-lo como ferramenta do aprender e 
inserir-se no mundo social.
Logo, a dança pode ser um momento de desenvolver o aluno de maneira completa, integral. Ir além 
do motor e trazer o conhecer-se, o conhecer o outro e o conhecer o mundo.
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ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Ensino
do professor
Expressar-se 
Aparecer para o 
mundo
Corpo do ser 
humano
Figura 11 – O expressar-se
A figura anterior nos mostra a importância do ensino para o desenvolvimento do indivíduo por 
completo. Façamos uma comparação, uma analogia, de maneira simples, entre a flor e o processo 
ensino-aprendizagem.
Vejamos o caule, eixo principal da planta, que dá sustentação ao ser, como sendo o ser humano 
a ser desenvolvido; a folha, responsável pela respiração da flor e do aluno, como sendo o professor, o 
ensino; e a flor, como o resultado final de um trabalho realizado anteriormente, como a expressão final 
do ser humano. Nessa imagem não colocamos a raiz, que alimentará a flor, ou seja, o ser humano, que 
poderíamos representar como a família e a sociedade com suas regras e valores.
Pensemos na importância da escola e do professor no desenvolver do indivíduo, valorizando a expressão 
e o modo de pensar e agir no meio social. Voltemos para a dança. De que forma trazê-la para escola de 
maneira que contribua para a formação do ser humano? Como ela poderia influenciar o desenvolvimento?
Poderíamos pensar nas diferentes danças e na história de cada uma. Como surgiram e se 
desenvolveram? Já nesse processo, teríamos um trabalho interdisciplinar: história da dança, para melhor 
compreendê-la e interpretá-la. Ou seja, fazer um trabalho de entender a dança que irá ser desenvolvida 
ou trabalhada com as crianças e trazer o significado e o sentido.
A dança surge de um movimento mágico, do sentir o mundo pelo som e do expressar-se pelo 
movimento. Sentir o mundo faz parte de uma história da humanidade manifestada pela dança cultural. 
Vemos ao longo da história a dança sendo mostrada com um valor social. Seja de modo ritual, religioso, 
místico, ou jogos de luta, ela sempre esteve presente na comunicação do povo.
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Unidade I
Pensemos nas danças e em seus movimentos. Da onde vêm essas formas de movimentar-se? O 
dançar, a princípio, era uma maneira de comunicar-se com a natureza, seus movimentos imitavam 
movimentos das árvores, dos ventos e da chuva; assim, nesta integração, o homem acreditava estar se 
conectando com o mundo natural e pegando um pouco de sua força. A força da natureza é expressada 
no movimento, da evolução da dança, da beleza da natureza, passando para o preparo do corpo, para a 
guerra e indo para a beleza do corpo no movimento sincronizado.
Com o advento da interdisciplinaridade, temos a dança como possibilidade do desenvolvimento 
da criatividade, da autonomia e da liberdade do aluno em expressar-se e, desse modo, desenvolver a 
sensibilidade, importante fator na relação entre os indivíduos.
Através da dança, o aluno aprimora sua criticidade e consciência sobre si e sobre o mundo 
a que pertence, tendoconhecimento da cultura na qual está inserido, valorizando o corpo e 
suas peculiaridades.
O falar pelo corpo traz diferentes formas de expressar o que se sente e o que se vê, 
desenvolvendo a autoconfiança e o autoconhecimento. Trata a dança como manifestação 
multicultural, respeitando as diferenças, as dificuldades de cada um, trazendo a questão do 
gênero, da solidariedade e da tolerância.
A interdisciplinaridade se manifesta no trabalho com o indivíduo por completo. Contando com todas 
as áreas e todos os profissionais nesse desenvolver, o educando aprende conhecendo-se, colocando-se 
no mundo, convivendo com as diferenças e sendo um indivíduo melhor e inserido no contexto social.
Figura 12 – A dança como meio de integração em um trabalho multidisciplinar
A imagem anterior desperta o olhar da integração, do trabalho em equipe que possibilita desenvolver 
a solidariedade de maneira suave e verdadeira. O arte-educador vê o corpo como um meio de levar o 
aluno a conscientizar-se da interligação que nos permeia na vida.
2.3 A música na interdisciplinaridade
Na história, a música ocupou um papel fundamental no processo de aprendizagem e inserção social 
do homem. Ela trouxe valores éticos e morais que merecem consideração por nós, arte-educadores.
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ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
Com origem grega, mousikê, a música tinha sua representação na arte das musas, a qual era dedicada 
aos deuses, objetivando alcançar a perfeição; portanto, fazia parte do aprendizado das crianças. O 
músico, nesta época, era considerado o guardião de um saber.
Com isso, surge a música como instrumento de aprendizagem. Mas, como ensinar através da música?
Bem, entendemos que, na Grécia, devido ao fato de Pitágoras ter utilizado a música para seus 
estudos, ela passou a ser vista como base do saber, indispensável na educação do homem livre. Para 
Pitágoras, música e matemática estavam intrinsecamente ligadas.
Desta forma, o que se devia fazer era educar o homem de maneira integral, utilizando-se da música 
para um conhecer-se profundamente, aproximando-o do belo e afastando-o do que é feio.
Assim, a música, para os filósofos gregos, cumpria um papel de formação, logo não dependia apenas 
do Estado, e sim de um professor de música mestre que se responsabilizaria por essa disciplina, que 
trataria o ensino de maneira que tornasse as demais disciplinas mais amenas e atrativas.
A música toma espaço na guerra, na religião, na luta e no cotidiano das pessoas. Neste caminho 
percorrido pela arte musical, deparamo-nos com o trabalho dos jesuítas na formação cristã da população 
europeia que acabava por deixar as festas mais animadas com as apresentações de membros da sociedade.
Viajando no tempo e caminhando com a música e o seu desenvolver, encontramos, com a vinda dos 
jesuítas para o Brasil, na conquista dos índios aqui existentes, a música como instrumento catequizador, 
que foi a maneira que os jesuítas encontraram de se aproximarem dos nativos.
Ao chegarem ao Brasil, os jesuítas se movimentaram para abrir escolas com o objetivo de educar e 
formar os nativos, considerados sem regras, sem limites, necessitados de amparo e instruções fortes para 
a vida em comunidade.
A música, neste contexto, teve uma força tão grande que foi integrada no currículo escolar, auxiliando 
no processo de escolarização. Mais adiante, em 1759, a música entra fortemente no ensino, com auxílio 
até de uma cartilha musical utilizada nas aulas.
Com a chegada da Corte portuguesa ao Brasil, a música ganha importância, e orquestras eruditas 
passam a fazer parte da Igreja Real.
Portanto, percebemos a música como parte do ser humano, no seu fazer, pensar e sentir o mundo. Na 
forma de protesto e de enaltecimento, a música é uma linguagem que traduz sentimentos, comunicando 
e expondo opiniões a respeito de uma determinada situação.
Presente nas diferentes culturas, ela é a maneira de um povo comunicar-se com o outro e aprender sobre 
si e sobre o outro que o rodeia. A intercomunicação e a livre expressão presentes na música fazem a educação 
e a inserção do homem na sociedade acontecerem de maneira natural. Pela música, compreendem-se a 
história e o mundo, pela música adentram-se as diferentes culturas que compõem as sociedades.
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Unidade I
Música, dentro de uma concepção interdisciplinar, trabalha a letra, a expressão e a interpretação, 
o entendimento do mundo e do ser humano sobre este mundo. Fazenda (1994) ressalta que qualquer 
disciplina pode se relacionar com outra e fazer um diálogo disciplinar, possibilitando um aprender 
mútuo, um “vivenciar o momento” e experimentar um aprendizado diferente.
Ao levar em consideração a transformação que o diálogo provoca, tem-se na música o papel de 
interligar, de dialogar com os conhecimentos paralelos, mantendo como eixo principal o respeito ao ser 
humano e às suas características de manifestação.
A Lei de Diretrizes e Bases, nº 9.394/96, afirma ser a música um conteúdo obrigatório e não exclusivo, 
estando inserida no contexto artes, cabendo à escola e ao professor saber desenvolvê-la de maneira que 
propicie o desenvolvimento do aluno.
Trazendo a história da música para esta discussão e percebendo o quanto ela foi instrumento 
transformador do ser humano, espera-se do arte-educador que, ao trabalhar com a música, tenha em 
mente o seu poder de formar um cidadão mais consciente de seu papel e construir uma sociedade mais 
participativa e expressiva. 
Figura 13
2.4 O teatro na interdisciplinaridade
A arte é sem dúvida um elemento importante de expressão cultural de um povo. O teatro é utilizado 
pelo ser humano como forma de manifestar o seu mundo e o seu sentimento sobre ele.
O teatro é o lugar de se ver, de sentir e observar o que se apresenta. Desta forma, tanto para quem vê 
quanto para quem apresenta, há uma troca de informação e de conceitos naquele espaço de interação.
A interdisciplinaridade se faz presente no contexto da troca que se internaliza pela vivência do 
sentir, do ver, do perceber, do ouvir e do movimentar-se. Um aglomerado de informações que possibilita 
a aproximação da realidade por meio da arte.
Cabe ao arte-educador desenvolver no aluno a sensibilidade do olhar, sentir e perceber o que a peça 
quer transmitir, havendo uma interpretação subliminar, nas entrelinhas, não tão clara para aquele que vê.
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ARTES VISUAIS INTERDISCIPLINAR
O teatro como espaço de manifestação da cultura trabalha o imaginário, de maneira que traga o símbolo 
para sua prática; as pessoas não são quem se vê, e sim personagens que ocupam outro lugar e com outro 
sentido. A complexidade dos comportamentos que são compartilhados pelos membros de uma dada cultura 
caracteriza um agir interdisciplinar, na busca de interligar realidade, sentimentos, cultura e fantasia.
Essa arte milenar prepara o homem para as mudanças sociais e comportamentais de uma sociedade.
De acordo com Fazenda e Severino (2002), só conseguimos nos conhecer no agir no mundo. Uma 
ação requer um outro ser, para que aconteça o reconhecimento do que cada um é capaz, bem como 
suas lacunas a serem preenchidas. Essa é a mágica do teatro, o encontro, a comunicação, a possibilidade 
de mudança social.
Observemos as manifestações artísticas no cotidiano!
Figura 14
Figura 15
Temos teatro de rua, novelas, seriados, filmes, programas de auditório, manifestação nas ruas e 
muitas outras formas de expressão que requerem que a pessoa vista a camisa de outra personagem que 
não a dela mesma.
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Unidade I
É uma relação de troca e de conhecimento do mundo, da sociedade, das culturas, trabalhando 
o conhecimento de maneira significativa. Logo, encontramos no teatro uma relação forte com a 
educação, auxiliando na expressão e na comunicação do aluno, incentivando-o a pesquisar e estudar 
o que pretende apresentar, buscando respostas e trazendo discussões sobre temas importantes para 
a comunidade, empenhando-se nos problemas levantados e examinando as possibilidades existentes, 
desenvolvendo, desta forma, a inteligência

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