Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Faculdade Estácio de Medicina de Juazeiro Bahia Docentes: Jorge Messias e Conceição Aquino Discente: Maria das Mercês da Silva Carvalho (202103422101) Zoonoses 02 de Outubro de 2021, Juazeiro-BA. Salmonelose (Gastrenterite por salmonella) As bactérias Salmonella são bastonetes gram-negativos, anaeróbios facultativos, não formadores de endósporos. Seu hábitat normal é o trato intestinal dos seres humanos e de muitos animais. Todas as salmonelas são consideradas patogênicas em algum grau, causando salmonelose, ou gastrenterite por Salmonella. Patogenicamente, as salmonelas são divididas em salmonela tifoide e salmonela não tifoide, que causa uma salmonelose branda. A nomenclatura dos micróbios Salmonella difere da nomenclatura normal. Em vez de espécies reconhecidas, existem mais de 2 mil sorotipos (ou sorovares), dos quais apenas cerca de 50 são isolados com alguma frequência nos Estados Unidos. Muitos taxonomistas as consideram pertencentes a somente duas espécies, principalmente Salmonella enterica. Dessa forma, você pode encontrar a nomenclatura como S. enterica sorotipo typhimurium, em vez do nome convencional S. typhimurium As salmonelas inicialmente invadem a mucosa intestinal e se multiplicam nesse local. Ocasionalmente, elas conseguem atravessar a mucosa intestinal através das células M para penetrar nos sistemas linfático e circulatório, e de lá elas podem se disseminar e, por fim, afetar muitos órgãos. Elas se replicam rapidamente dentro dos macrófagos. A salmonelose tem um período de incubação de cerca de 12 a 36 horas. Em geral, há uma febre moderada, acompanhada de náuseas, dor abdominal, cólicas e diarreia. Até 1 bilhão de salmonelas por grama pode ser encontrado nas fezes de uma pessoa infectada durante a fase aguda da doença. A taxa de mortalidade, em geral, é muito baixa, provavelmente inferior a 1%. Contudo, é maior em lactentes e indivíduos idosos; a morte geralmente é decorrência de choque séptico. A gravidade e o período de incubação podem depender do número de Salmonella ingerido. Normalmente, a recuperação é completa em alguns dias, porém muitos pacientes continuam a disseminar o organismo em suas fezes por até 6 meses. A terapia antibiótica não é útil no tratamento da salmonelose ou, de fato, de muitas doenças diarreicas; o tratamento consiste em terapia de reidratação oral. A salmonelose provavelmente é pouco relatada. Há uma estimativa de 1,4 milhão de casos e 400 óbitos a cada ano. Os produtos à base de carne são particularmente suscetíveis à contaminação por Salmonella. As fontes das bactérias são o trato intestinal de muitos animais . Répteis de estimação, como tartarugas e iguanas, também são uma fonte; o estado de portador nesses animais atinge 90%, S. enteritidis e S. typhimurium são especialmente bem adaptadas a aves de produção comercial. Galinhas são altamente suscetíveis à infecção, e as bactérias contaminam os ovos. As bactérias desenvolveram a capacidade de sobreviver na albumina, que contém conservantes naturais, como a lisozima e a lactoferrina (que liga o ferro que as bactérias necessitam). Estima-se que 1 em cada 20 mil ovos nos Estados Unidos esteja contaminado com Salmonella. Autoridades da saúde advertem o público para ingerir somente ovos bem cozidos. Um fator frequentemente insuspeito é a presença de ovos crus ou inadequadamente cozidos em alimentos, como molho holandês, coberturas de biscoitos e salada Caeser. As frutas têm sido fontes frequentes de doenças transmissíveis por alimentos devido à ingestão de Salmonella. A prevenção também depende de boas práticas de manipulação para deter a contaminação e de uma refrigeração correta para impedir o aumento no número de bactérias. Os micróbios, em geral, são destruídos pelo cozimento normal. A galinha, por exemplo, deve ser cozida sob temperaturas de 76 a 82°C, e a carne moída a 71°C. Contudo, o alimento contaminado pode contaminar uma superfície, como uma tábua de cortar carne. Assim, outro alimento preparado subsequentemente nessa tábua pode não ser cozido. O diagnóstico geralmente depende do isolamento do patógeno a partir de fezes do paciente ou de restos de alimento. O isolamento requer meio especializado seletivo e diferencial; esses métodos são relativamente lentos. Além disso, o pequeno número de Salmonella geralmente encontrado nos alimentos representa um problema especial na detecção. A dose infecciosa pode ser tão pequena quanto 1.000 bactérias. Atualmente, testes baseados na PCR são os mais promissores para a detecção de pequenas quantias de Salmonella em alimentos. Esses testes requerem cerca de cinco horas e identificam os sorotipos clínicos mais comuns. Peste Bulbônica (Yersinia pestis) Poucas doenças afetaram de forma tão drástica a história humana quanto a peste, conhecida na Idade Média como a Morte Negra. Esse termo vem de uma de suas características: as áreas de coloração azul- escura da pele causadas por hemorragias. A doença é causada por uma bactéria gram- negativa, em forma de bacilo, Yersinia pestis. Normalmente uma doença de ratos, a peste é transmissível de um rato para outro através da pulga, Xenopsylla cheopis. No extremo oeste e no sudoeste dos Estados Unidos, a doença é endêmica em roedores selvagens, principalmente esquilos e cães da pradaria. Se o hospedeiro morrer, a pulga procura um hospedeiro substituto, que pode ser outro roedor ou um ser humano. Ela pode saltar cerca de 9 cm. Uma pulga infectada pela peste é faminta por uma refeição, uma vez que o crescimento das bactérias forma um biofilme que bloqueia o seu trato digestório, e o sangue que ela ingere é rapidamente regurgitado. Um vetor artrópode nem sempre é necessário para a transmissão da peste. O contato com a pelagem de animais infectados, arranhaduras, mordeduras e lambidas de gatos domésticos e incidentes similares foram registrados como causa de infecção. Nos Estados Unidos, a exposição à peste está aumentando à medida que as áreas residenciais invadem as áreas que possuem animais infectados. Em regiões do mundo onde a proximidade com ratos é comum, a infecção por essa fonte ainda prevalece. Durante a Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), aviões lançaram caixas contendo pulgas carreando Yersinia pestis sobre a China Após a picada da pulga, as bactérias entram na corrente sanguínea humana e proliferam na linfa e no sangue. Um fator de virulência da bactéria da peste é a sua capacidade de sobreviver e proliferar dentro das células fagocíticas, em vez de ser destruída por elas. Um número elevado de organismos altamente virulentos acaba emergindo, resultando em uma infecção devastadora. Os linfonodos da virilha e das axilas tornam-se aumentados, e a febre se desenvolve à medida que as defesas do corpo reagem à infecção. Esses edemas, chamados de bubões, refletem a origem do nome peste bubônica. Essa é a forma mais comum, compreendendo 80 a 95% dos casos atuais. A taxa de mortalidade da peste bubônica não tratada é de 50 a 75%. A morte, caso ocorra, geralmente transcorre em menos de uma semana após o aparecimento dos sintomas. Uma condição particularmente perigosa, chamada de peste septicêmica, surge quando as bactérias entram no sangue e proliferam, causando choque séptico. Finalmente, o sangue transporta as bactérias para os pulmões, resultando em uma forma da doença chamada de peste pneumônica. A taxa de mortalidade por esse tipo de peste é de quase 100%. Até mesmo nos dias de hoje, essa doença raramente pode ser controlada se não for reconhecida dentro de 12 a 15 horas após o início da febre. A peste pneumônica é facilmente disseminada por gotículas trazidas pelo ar de seres humanos ou animais. Deve-se ter muito cuidado para impedir infecções transmissíveispelo ar de pessoas em contato com pacientes. A Europa foi devastada por repetidas pandemias da peste; dos anos 542 a 767, surtos ocorriam repetidamente em ciclos de alguns anos. Após um intervalo de séculos, a doença reapareceu de forma devastadora nos séculos XIV e XV. Estima-se que ela tenha matado mais de 25% da população, resultando em efeitos duradouros na estrutura social e econômica da Europa. Uma pandemia no século XIX afetou principalmente os países asiáticos; estima- se que 12 milhões de pessoas tenham morrido na Índia. O último grande surto urbano associado aos ratos nos Estados Unidos ocorreu em Los Angeles, em 1924 e 1925. Após esse episódio, a doença tornou- se uma raridade, até seu reaparecimento, em 1965, na reserva de Navajo, no sudoeste norte-americano. A peste, uma vez estabelecida nas comunidades de esquilos e cães da pradaria dessa região, disseminou- se gradualmente em grande parte dos Estados do oeste. Um pico de incidência de 40 casos ocorreu em 1983. Alguns casos também se originaram de gatos, um novo reservatório animal, e um de esquilos urbanos. A peste é mais comumente diagnosticada pelo isolamento da bactéria, que é, então, enviada para um laboratório para identificação. Um teste de diagnóstico rápido, entretanto, pode detectar de forma confiável a presença do antígeno capsular de Y. pestis no sangue e em outros fluidos dos pacientes dentro de 15 minutos, até mesmo sob condições de campo precárias. As pessoas expostas à infecção podem receber proteção antibiótica profilática. Vários antibióticos, incluindo a estreptomicina e a tetraciclina, são eficazes. A recuperação da doença confere imunidade confiável. Uma vacina está disponível para pessoas que possam entrar em contato com pulgas infectadas durante trabalhos de campo ou para profissionais de laboratório expostos ao patógeno.
Compartilhar