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MICOLOGIA E VIROLOGIA

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AT 1
2 32
S
U
M
Á
R
IO
3 UNIDADE 1 - Introdução
4 UNIDADE 2 - Fungos
5 2.1 Características gerais
6 2.2 Aspectos microbiológicos
7 2.3 Citologia dos fungos
8 2.4 Fisiologia e metabolismo
8 2.5 Patogenia por fungos
9	 2.6	Classificação	das	micoses	humanas
10 2.7 O gênero Candida
10 2.7.1 Aspectos imunológicos do gênero Candida
11 2.7.2 Diagnóstico laboratorial do gênero Candida
16 2.8 Procedimento para coleta de amostras
18 2.9 Processamento de amostras
19	 2.10	Exame	microscópico	de	amostra	e	interpretação	dos	aspectos	morfológicos
22 UNIDADE 3 - Vírus
23 3.1 Características gerais
25	 3.2	Replicação	de	vírus
27 3.3 Vírus bacterianos - bacteriófagos
28	 3.4	Vírus	de	doenças	humanas
28 3.4.1 Vírus DNA
28 3.4.2 Vírus RNA
32 UNIDADE 4 - Infecções e Hepatites Virais
37 UNIDADE 5 - Síndrome da Imonodeficiência Adquirida – AIDS, Viroides e Príons
37 5.1 AIDS
40 5.2 Viroides
42 5.3 Príons
42 5.4 Vírus oncogênicos
44 UNIDADE 6 - Diagnóstico Laboratorial para Vírus
44 6.1 Coleta de material
45	 6.2	Isolamento	de	vírus
46	 6.3	Identificação	direta	e	indireta	dos	vírus
48 6.4 Ensaios Moleculares
50 GLOSSÁRIO
51 REFERÊNCIAS
2 33
UNIDADE 1 - Introdução
É verdade que por um tempo os micror-
ganismos foram considerados somente ob-
jetos de especulação, mas a contribuição, 
a persistência, o comprometimento e os 
esforços de inúmeros pesquisadores soma-
ram-se para percebermos a sua importância 
(positiva e negativa) na vida dos seres huma-
nos, animais e plantas de maneira geral.
Calcula-se que em cada indivíduo existem 
100 trilhões de microrganismos, que os fun-
gos estão dispersos no meio ambiente, em 
vegetais, ar atmosférico, solo e água, algo 
em torno de 200 mil espécies de fungos (me-
nos de 150 descritas pelo homem); bactérias 
estimam-se 10 mil espécies e atualmente já 
foram identificados pelo menos 3600 tipos 
de vírus.
É verdade também que as micoses duran-
te anos não foram consideradas pela área 
médica com a atenção necessária, possivel-
mente pela falta de diagnóstico adequado, 
no entanto, o aumento do número de pa-
cientes suscetíveis aos mais variados tipos 
de infecções tem aumentado, igualmente as 
infecções fúngicas.
Pois bem, veremos neste módulo as carac-
terísticas gerais de fungos e vírus, aspectos 
microbiológicos, morfologia, citologia, classi-
ficação, com foco nas técnicas de identifica-
ção e diagnóstico laboratorial para algumas 
espécies ou gêneros de maior interesse.
Ressaltamos em primeiro lugar que embo-
ra a escrita acadêmica tenha como premissa 
ser científica, baseada em normas e padrões 
da academia, fugiremos um pouco às regras 
para nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira 
clara e objetiva, mas não menos científicos. 
Em segundo lugar, deixamos claro que este 
módulo é uma compilação das ideias de vá-
rios autores, incluindo aqueles que conside-
ramos clássicos, não se tratando, portanto, 
de uma redação original e tendo em vista o 
caráter didático da obra, não serão expres-
sas opiniões pessoais.
Ao final do módulo, além da lista de refe-
rências básicas, encontram-se outras que 
foram ora utilizadas, ora somente consulta-
das, mas que, de todo modo, podem servir 
para sanar lacunas que por ventura venham 
a surgir ao longo dos estudos. 
4 54
UNIDADE 2 - Fungos
Os fungos constituem um grupo de 
organismos com cerca de 200.000 es-
pécies, das quais, aproximadamente 100 
são patogênicas e estão agrupadas no 
Reino Fungi. O termo fungo provém do 
latim fungus e significa cogumelo.
Segundo Koga-Ito e Jorge (2010), con-
sistem numa forma antiga de vida com 
cerca de 400 milhões de anos. Juntamen-
te com as bactérias, são considerados os 
principais responsáveis pela manutenção 
da estabilidade geoquímica da biosfera. 
Os fungos são distribuídos amplamente 
na natureza, seja em ambientes aquá-
ticos como em terrestres. Crescem em 
ambientes com temperaturas elevadas, 
assim como em regiões com temperatu-
ras muito baixas. A maioria das espécies 
cresce por extensão contínua e ramifica-
ções de estruturas filiformes denomina-
das hifas.
Alguns fungos possuem grande valor 
comercial graças ao seu importante pa-
pel na fermentação de bebidas, alimen-
tos e produção industrial de antibióticos. 
Por outro lado, estão também relaciona-
dos com muitas patologias em plantas, 
animais e em seres humanos.
O Reino Fungi engloba organis-
mos com morfologias distintas, uni 
ou multicelulares, e podem ser clas-
sificados em:
a) Leveduras: fungos unicelulares mi-
croscópicos, que podem ser patogênicos.
b) Bolores: também denominados 
fungos filamentosos, são multicelulares, 
constituídos de células microscópicas ci-
líndricas ligadas nas extremidades, for-
mando um filamento denominado hifa. 
Quando grande quantidade de hifas es-
tão agrupadas, estas são visíveis a olho 
nu e são denominadas de micélio. Podem 
ser patogênicos.
c) Cogumelos: organismos macroscó-
picos, não patogênicos.
Os fungos apresentam semelhanças 
com organismos do Reino Animal, tais 
como presença de quitina em sua parede 
celular e o armazenamento de glicogê-
nio. Do mesmo modo, compartilham com 
as bactérias a função de manutenção da 
estabilidade geoquímica da biosfera e 
também a capacidade de causar doenças 
infecciosas, além de terem métodos se-
melhantes de isolamento e culturas. Por 
outro lado, estes apresentam caracte-
rísticas próprias e diferenças em relação 
aos outros Reinos, o que permitiu seu 
agrupamento em um Reino distinto – o 
Reino Fungi, conforme esquema abaixo:
 
4 55
A dicariose é uma característica pecu-
liar dos fungos nos quais a fase dicarió-
tica é prolongada, com presença de dois 
núcleos haplóides sexualmente opostos, 
em citoplasma comum.
2.1 Características gerais
Além da importância ecológica dos 
fungos como limpadores do solo e manu-
tenção da estabilidade química da bios-
fera, estes também apresentam grande 
importância econômica.
Os fungos causam imensas perdas 
econômicas, pois são responsáveis pela 
deterioração de alimentos e materiais, 
tais como matéria têxtil e madeira.
Além disso, causam doenças em plan-
tas que implicam em grandes perdas na 
agricultura. Muitas doenças no homem 
e em animais também são causadas por 
fungos.
Outro efeito maléfico dos fungos é a 
produção de micotoxinas, dentre elas, 
a aflatoxina produzida pelo Aspergillus 
flavus pode estar presente no amen-
doim e feijão e causa danos ao homem 
por toxicidade direta e efeitos carcino-
gênicos. Muitos países, inclusive o Brasil, 
enfrentam dificuldades para exportação 
de produtos, como grãos e sementes, por 
Fonte: KOGA-ITO; JORGE (2010, p. 204).
6 7
estarem contaminados pela aflatoxina, 
causando grandes perdas econômicas.
Por outro lado, os efeitos benéficos 
dos fungos também apresentam impor-
tância econômica. Estes são utilizados 
como alimento e no processamento de 
alimentos, bebidas e drogas. Os fungos 
utilizados como alimentos são os co-
gumelos que apresentam alto teor de 
proteínas e sais minerais, como ferro e 
fósforo, e vitaminas como a niacina, ribo-
flavina e tiamina. Os fungos são mundial-
mente utilizados na fabricação de pães, 
queijos, cervejas e vinhos. Estão também 
envolvidos na produção industrial de an-
tibióticos, vitaminas e enzimas, principal-
mente com o desenvolvimento cada vez 
maior da área de biotecnologia (KOGA-I-
TO; JORGE; 2010; COSTA; PEREIRA; JOR-
GE, 2012).
2.2 Aspectos microbiológi-
cos
Morfologicamente, os fungos podem 
ser classificados em unicelulares (leve-
duras), multicelulares (bolores) e dimór-
ficos.
As leveduras são células isoladas, es-
féricas ou ovais, medindo de 2 a 5 µm de 
diâmetro, por 5 a 30 µm de comprimento. 
Podem formar cadeias pela união de cé-
lulas individuais. A este agrupamento de 
leveduras denomina-se pseudomicélio. 
Dividem-se por brotamento ou cissipari-
dade e desenvolvem colônias circulares, 
cremosas, opacas ou brilhantes em ágar 
Sabouraud.
Os bolores são fungos filamentosos ou 
miceliais que têm como principalforma 
vegetativa as hifas (grego: hyphe = teia). 
As hifas são tubos ramificados medindo 
de 2 a 10 mm de diâmetro, cujo cresci-
mento se dá pela produção de ramifica-
ções laterais ou por prolongamento. À 
medida que as hifas crescem, formam 
uma rede entrelaçada que recebe o nome 
de micélio ou talo, cujo crescimento per-
mite a formação de colônias. As estrutu-
ras do fungo, morfologia dos esporos e 
aparência da colônia em meio de cultura, 
além da atividade bioquímica, são dados 
importantes para a identificação dos 
fungos filamentosos.
O micélio pode ser classificado em: a) 
micélio vegetativo: hifas que penetram 
no meio de cultura; b) micélio aéreo: hi-
fas que se desenvolvem acima do meio 
de cultura; c) micélio reprodutivo: micélio 
aéreo que dá origem a células reproduti-
vas; d) haustórios: ramos especiais de hi-
fas que penetram no hospedeiro a fim de 
conseguir alimento.
A hifa pode apresentar parede trans-
versal, denominada septo, e é chamada 
de hifa septada. Hifas que não apresen-
tam septos são chamadas de cenocíticas.
6 7
Estruturas microscópicas básicas 
de fungos: a, b, c - filamentosos, d - 
leveduras
 Os fungos dimórficos apresentam-se 
sob duas formas diferentes em condi-
ções ambientais diversas. Geralmente, 
apresentam-se sob a forma de leveduras 
nos tecidos vivos e quando cultivados em 
profundidade em meios líquidos de cul-
tura a 35-37°C. A temperatura ambien-
te (25-30°C) e na superfície de meios de 
cultura sólidos aparecem geralmente na 
forma micelial, ou seja, apresentando mi-
célio.
Esta característica de alguns fungos 
parece exercer importante papel para 
a sua virulência. A fase hifal apresen-
ta aderência maior às células e outras 
estruturas (plástico) em relação à fase 
leveduriforme (Olsen, 1990 apud KOGA-
-ITO; JORGE; 2010). A aderência à superfí-
cies é um importante fator de virulência, 
em particular para microrganismos que 
causam patologias na cavidade bucal, já 
que esta é frequentemente banhada por 
fluxo salivar.
Estudos conduzidos por Pugh e Caw-
son (1977 apud KOGA-ITO; JORGE; 2010) 
demonstraram que a produção de fos-
folipase é particularmente concentrada 
nas pontas das hifas, o que pode indicar 
que a transformação da forma leveduri-
forme para a forma hifal facilite a pene-
tração do fungo através da mucosa.
Tanto a forma leveduriforme quanto 
a forma hifal são capazes de produzir in-
fecção (Ghannoum e Abu-Elteen, 1986 
apud KOGA-ITO; JORGE; 2010), porém, as 
hifas parecem conseguir escapar mais 
facilmente da ação do sistema imunoló-
gico do hospedeiro.
Segundo a Agência Nacional de Vigi-
lância Sanitária (2005), esses conceitos 
fundamentais representam a base para a 
identificação de um fungo, pois a classifi-
cação de filamentosos é feita, em regra, 
pelas características morfológicas, tanto 
macroscópicas (cor, aspecto, textura da 
colônia, etc.), quanto microscópicas (for-
ma e cor da hifa, presença ou não de sep-
tos, tipo e arranjo de esporos, etc.), além 
da velocidade de crescimento (lenta, 
moderada ou rápida). A identificação de 
leveduras, ao contrário, é feita, principal-
mente, por características fisiológicas, 
desde que, a morfologia destes fungos 
não é muito variada e não permite dis-
tinção entre espécies e, em regra, entre 
gêneros.
2.3 Citologia dos fungos
Os fungos assemelham-se às células 
de plantas superiores e de animais na sua 
complexidade anatômica, pois são euca-
rióticas e possuem vários cromossomos 
diferentes. Os principais constituintes 
destas células, além dos constituintes 
essenciais de uma célula eucariótica, são:
 parede celular – constituída de 
duas ou várias camadas de material fibri-
lar com organização característica – 90% 
é constituído de hexoses e hexosaminas, 
e 10% de proteínas, carboidratos e lipí-
deos. Em muitos fungos, a molécula es-
trutural é a quitina, constituída de resí-
duos de N-acetil-glicosamina;
 lomassomos – são agregados de 
membrana citoplasmática localizados 
entre a parede celular e a membrana;
 núcleo – de forma irregular e tama-
8 9
nho reduzido. Durante a divisão, ocorre a 
presença do fuso mitótico ou meiótico no 
interior do núcleo, sem desorganização 
da carioteca;
 capa nuclear – estrutura conspícua 
envolvendo parcialmente o núcleo. Cons-
titui um intenso aglomerado de ribosso-
mos revestidos por um duplo sistema de 
membranas;
 organelas – apresentam mitocôn-
drias, complexo de Golgi, retículos (gra-
nular e liso), etc. Os fungos patogênicos 
geralmente não apresentam flagelos ou 
outros órgãos de locomoção.
2.4 Fisiologia e metabolis-
mo
Os fungos são imóveis em sua maioria. 
Não possuem clorofila ou qualquer outro 
pigmento fotossintético. Deste modo, 
dependem de produtos orgânicos de ou-
tros organismos, sejam estes vivos ou 
mortos, como fonte de energia. São, por-
tanto, heterotróficos.
A maioria é aeróbio, alguns são 
anaeróbios facultativos, porém nenhum 
é anaeróbio. Os processos empregados 
na obtenção de energia são respiração 
e fermentação, sendo o último mais ca-
racterístico das leveduras. Apresentam 
existência saprofítica ou parasitária. To-
dos são Gram-positivos, corando-se in-
tensamente também pelo Ácido Periódi-
co de Schift (PAS).
A maioria dos fungos têm como neces-
sidades nutricionais, os elementos C, O, 
H, N, P, K, Mg, S, B, Mn, Cu, Mo, Fe e Zn. 
Muitas espécies não necessitam de luz 
para seu desenvolvimento, já outras ne-
cessitam para formar suas estruturas de 
reprodução, podendo ser consideradas 
fototróficas (que buscam a luz) (MORA-
ES; PAES; HOLANDA, 2009).
Os fungos crescem bem em tempera-
tura ambiente (25-30ºC). Os patogênicos 
ao homem se desenvolvem à temperatu-
ra de 37°C. Existem fungos que crescem 
à temperatura de 50ºC e outros ao redor 
de 42°C (KOGA-ITO; JORGE; 2010).
2.5 Patogenia por fungos
Os fungos apresentam vários meca-
nismos de patogenia, podendo causar 
diferentes efeitos sobre os seres huma-
nos, dentre eles as micotoxicoses e hi-
persensibilidade.
As micotoxicoses são causadas pelos 
metabólitos tóxicos produzidos pelos 
fungos. Decorrem da ingestão, por vezes 
acidental, de fungos produtores de toxi-
nas. Uma das micotoxicoses mais conhe-
cidas e economicamente importantes é 
aquela relacionada à contaminação de 
grãos e sementes por Aspergillus flavus 
e a produção de aflatoxina por estes mi-
crorganismos. Essa toxina foi relaciona-
da em animais à degeneração das células 
hepáticas, além disso, discute-se tam-
bém seu poder carcinogênico, embora 
ainda não tenha sido comprovado cienti-
ficamente o seu papel específico na car-
cinogênese humana.
Os fungos, naturalmente presentes 
no ar, também podem constituir um estí-
mulo antigênico e levar a estados de hi-
persensibilidade em seres humanos. As 
doenças fúngicas mais comumente en-
contradas no homem são as micoses, que 
são classificadas de acordo com os teci-
dos do hospedeiro que estão comprome-
tidos pela infecção.
8 9
Geralmente as micoses que acometem 
o indivíduo saudável são leves e autoli-
mitadas, porém a incidência de infecções 
fúngicas graves e oportunistas tem au-
mentado dramaticamente nas últimas 
décadas devido ao aumento no número 
de pacientes imunodeprimidos, em par-
ticular, aqueles infectados pelo vírus da 
imunodeficiência humana, pacientes 
com câncer sob tratamento quimioterá-
pico e transplantados (COLEMAN et aI., 
1998 apud KOGA-ITO; JORGE; 2010).
Além disso, estudos multicêntricos, 
em vários países do mundo, têm de-
monstrado a crescente preocupação com 
o aumento significativo na prevalência 
de infecções hospitalares causadas por 
fungos (Raymond e Aujard, 2000 apud 
KOGA-ITO; JORGE; 2010). Um estudo rea-
lizado em 8 países europeus, analisando 
as infecções hospitalares em 20 institui-
ções pediátricas, encontraram 9% des-
tas causadas por leveduras do gênero 
Candida. Na Argentina, as espécies mais 
frequentemente relacionadas com infec-
ções hospitalares fúngicas ocorridas em 
12 instituições hospitalares foram Can-
dida albicans, C. tropicalis, C. parapsilo-
sis, C. kruseie C. glabrata (RODERO et aI., 
1999 apud KOGA-ITO; JORGE; 2010).
Outro estudo sobre a epidemiologia 
das micoses nos Estados Unidos conclu-
íram que as espécies do gênero Candida 
são importantes patógenos relacionados 
com infecções hospitalares na unidade 
de terapia intensiva neonatal (Saiman et 
aI., 2000 apud KOGA-ITO; JORGE; 2010). 
No Brasil, estudos realizados em hospi-
tais de São Paulo e Rio de Janeiro mostra-
ram que as infecções hospitalares fúngi-
cas eram causadas predominantemente 
por outras espécies de Candida que não 
C. albicans (Colombo et aI., 1999 apud 
KOGA-ITO; JORGE; 2010). Os principais 
fungos atualmente relacionados com in-
fecções hospitalares são: Candida ssp., 
Aspergillus ssp., Pneumocystis carinii, 
Cryptococcus neoformans, Paracoccidioi-
des brasiliensis, Histoplasma capsulatum, 
Fusarium ssp. E Penicillium ssp.
2.6 Classificação das mico-
ses humanas
As micoses são classificadas de acordo 
com os tecidos do hospedeiro que estão 
sendo acometidos pela infecção. Didati-
camente temos:
 micoses superficiais – limitadas às 
camadas mais externas da pele e pelos 
(Pitiríase versicolor; Piedra branca; Pie-
dra negra);
 micoses cutâneas – estendem-se 
pela epiderme, incluem doenças invasi-
vas dos pelos e unhas (Dermatofitoses; 
Candidíase);
 micoses subcutâneas – afetam 
a derme, tecido subcutâneo, músculo e 
fáscias (Cromomicose; Esporotricose; Mi-
cetoma – eumicetoma e actinomicetoma 
–; Zigomicose; Rinosporidiose; Doença 
de Jorge Lobo; Feo-hifomicose; Hialo-hi-
fomicose);
 micoses sistêmicas – podem disse-
minar-se por muitos sistemas do organis-
mo (Paracoccidioidomicose; Histoplas-
mose);
 micoses oportunistas – infecções 
fúngicas causadas por fungo de virulên-
cia intrínseca baixa ou originalmente co-
mensais e que pode produzir infecções 
10 11
subcutâneas e disseminadas em indiví-
duos debilitados (Criptococose; Asper-
gilose) (ALMEIDA, 2000; MORAES; PAES; 
HOLANDA, 2009; KOGA-ITO; JORGE; 
2010).
2.7 O gênero Candida
O gênero Candida compreende apro-
ximadamente duzentas espécies de le-
veduras não produtoras de endosporos. 
Devido à inabilidade do gênero em apre-
sentar formas sexuadas, são classifica-
dos como fungos imperfeitos da classe 
Deuteromycetes. A espécie de maior im-
portância médica é C. albicans seguida 
por C. tropicalis e C. glabrata, que perfa-
zem cerca de 80% do isolamento em can-
didoses. C. parapsilosis, C. stellatoidea, 
C. guilliermondii, C. krusei e C. kefyr são 
também isoladas de diferentes patolo-
gias médicas. C. stellatoidea é diferencia-
da da C. albicans por não assimilar saca-
rose. Devido à identidade entre as bases 
de DNA dessas duas espécies, C. stella-
toidea tem sido considerada atualmente 
como uma variante sacarose negativa 
de C. albicans. C. dubliniensis apresenta 
muitas semelhanças fenotípicas com C. 
albicans. Técnicas de biologia molecular 
permitiram a diferenciação genética e a 
descrição dessa nova espécie.
As espécies de Candida são distingui-
das entre os demais Deuteromycetes 
pela habilidade em formar pseudo-hifas, 
sendo C. glabrata a única exceção.
As demais espécies do gênero podem 
ser identificadas através de morfologia 
colonial e pela capacidade de assimilação 
e fermentação de carboidratos.
As leveduras do gênero Candida en-
contram-se amplamente espalhadas na 
Natureza, sendo que algumas espécies 
vivem como saprófitas ou parasitas no 
homem e em outras espécies animais. C. 
albicans, associada obrigatoriamente a 
seres humanos ou outros animais homo-
termos, vive normalmente na orofaringe, 
na boca, nas dobras da pele, na secreção 
brônquica, na vagina, urina e fezes de 
humanos. Sua ocorrência na água e no 
solo é relativamente rara e está ligada à 
contaminação desses elementos da Na-
tureza pelos seres humanos e animais.
2.7.1 Aspectos imunológi-
cos do gênero Candida
A imunidade das infecções por Candi-
da spp. em humano é bastante complexa 
devido aos diferentes tipos de candidose 
e à inter-relação entre os sistemas imu-
nes sistêmico e secretório.
Considerando-se que leveduras do gê-
nero Candida estão presentes como co-
mensais na cavidade bucal em aproxima-
damente 40% dos indivíduos saudáveis, 
pode-se inferir que em pacientes sadios 
imunocompetentes, os mecanismos lo-
cais de defesa do hospedeiro são sufi-
cientes para prevenir infecções por Can-
dida. Por outro lado, quando as defesas 
locais ou sistêmicas estão diminuídas, 
Candida tem a capacidade de invadir os 
tecidos e causar doença, sendo, portan-
to, sua virulência determinada mais pelo 
hospedeiro do que pelo fungo.
Infecção por C. albicans caracteriza-
-se no principal achado em pacientes 
com imunodeficiência celular severa, não 
sendo, entretanto, de importância em 
pacientes que apresentam deficiências 
apenas de linfócitos B. Pacientes com 
10 11
AIDS apresentam acentuada ocorrência 
de candidose (KOGA-ITO; MARTINS; JOR-
GE, 2010).
2.7.2 Diagnóstico labora-
torial do gênero Candida
Segundo Koga-Ito; Martins e Jorge 
(2010), as amostras podem ser colhidas 
da saliva, de lavabos bucais e da mucosa:
 saliva – coletar aproximadamente 2 
mL de saliva, sem estimulação, em cole-
tor universal descartável. Fazer diluições 
em solução fisiológica (NaCl 0,85%) es-
terilizada (1:10 e 1:100);
 lavados bucais – colocar 10 mL de 
solução fisiológica tamponada (PBS, 0,1 
M, pH 7,4) esterilizada na cavidade bu-
cal, bochechar por sessenta segundos e 
verter o conteúdo em coletor universal 
descartável. Diluir 1:10 e 1:100 em solu-
ção fisiológica (NaCl 0,85%) esterilizada 
e semear em placas contendo meio de 
cultura apropriado;
 mucosa – coletar com swab este-
rilizado, esfregando o mesmo sobre a 
mucosa, ou no caso de lesões, sobre as 
mesmas. Colocar o swab em tubo de en-
saio contendo salina (10 ml), agitar, fazer 
diluições (1:10) e semear em placas con-
tendo meio de cultura apropriado.
O meio mais utilizado para a cultura é o 
ágar Sabouraud Dextrose. Para coleta de 
amostras de cavidade bucal, adiciona-se 
cloranfenicol para proporcionar seletivi-
dade ao meio. Incubação por 24/48 horas 
até uma semana a 37°C ou a temperatura 
ambiente.
Semear 0,1 mL das diluições e do ma-
terial puro na superfície do ágar, espa-
lhar com alça de Drigalski. Após período 
de incubação, observar crescimento de 
colônias características: esféricas, bran-
co-foscas, com aparência de porcelana, 
de 4 a 8 mm de diâmetro, bordos lisos e 
odor característico.
Uma alternativa para o isolamento de 
leveduras do gênero Candida é o uso de 
CHROMagar Candida, que é um meio se-
letivo utilizado também para identificar 
culturas mistas. Preparar o meio de cul-
tura de acordo com as instruções do fa-
bricante. Após incubação a 30°C por 48 
horas, as colônias de C. albicans apresen-
tam coloração verde-clara; C. dublinien-
sis, verde-escura; C. tropicalis, azul-acin-
zentada; C. krusei, C. glabrata, C. kefyr, C. 
guilliermondii, rosa e C. parapsilosis e C. 
lipolytica, creme.
A partir das colônias características, 
fazer esfregaço e coloração de Gram para 
confirmação microscópica. As colônias 
que em microscopia apresentarem cé-
lulas ovalares, grandes, Gram-positivas, 
com ou sem brotamentos, semear em tu-
bos contendo ágar Sabouraud, para pos-
terior identificação.
Os mesmos autores sugerem o 
seguinte roteiro para identificação 
das amostras e suas provas:
a) Formação de tubo germinativo
Em tubo de ensaio (13 x 17 mm) con-
tendo 0,5 mL de soro estéril de coelho, 
adicionar uma alçada da cultura de 24 ho-
ras da levedura, colocar em banho-maria 
a 37°C, por até três horas. A formação 
de tubo germinativo é observada em mi-
croscopia de luz, colocando-se uma gota 
12 13
da suspensão entre lâmina e lamínula, no 
período de duas até três horas da incuba-
ção.
b) Produção de pseudo-hifas e cla-
midoconídeos (microcultivo)
Para se verificar a produção de clami-
doconídeos, utiliza-se o meio ágar fubá 
tween 80 ou ágar-corn meal acrescido de 
1% de Tween 80. Cada amostra de leve-
dura a ser testada é semeada em estriaúnica na superfície do meio e coloca-se 
uma lamínula no centro da lâmina. Incu-
bar por 48 a 72 horas em temperatura 
ambiente. Fazer a leitura em microsco-
pia de luz, observando-se a presença de 
pseudo-hifas e clamidoconídeos (clami-
dósporos).
c) Fermentação de açúcares (Zimo-
grama)
Utiliza-se caldo vermelho de fenol dis-
tribuído em tubos de ensaio, com tubos 
de Duhran em seu interior e autoclava-
dos a 120°C por quinze minutos.
Cada açúcar (glicose, maltose, sacaro-
se, galactose e lactose), esterilizado por 
filtração, é adicionado de forma a obter 
concentração de 1%. Os tubos são se-
meados a partir de uma cultura pura de 
24 horas da levedura em ágar Sabouraud 
dextrose. A leitura é feita após 48 horas 
e uma semana de incubação a 37°C, con-
siderando-se a produção de ácido evi-
denciada pela viragem da coloração do 
meio de cultura de vermelho para ama-
relo e a produção de gás no interior dos 
tubos de Durhan.
d) Assimilação de açúcares (Auxo-
nograma)
Para verificação da assimilação de car-
boidratos pelas amostras de Candida, uti-
liza-se meio mínimo, quimicamente defi-
nido, sem fontes de carbono. Para cada 
amostra a ser testada, obtém-se uma 
suspensão da levedura com turvação 
equivalente ao tubo número 10 da esca-
la de MacFarlane, a qual é semeada em 
pour plate. A seguir, colocam-se discos 
de papel de filtro embebidos numa solu-
ção a 1% dos seguintes açúcares: glico-
se, galactose, lactose, maltose e sacaro-
se na superfície do meio. O crescimento 
da amostra nas proximidades do açúcar 
significa que o microrganismo assimila 
aquele açúcar como fonte de carbono.
e) Interpretação das provas bioquí-
micas
As amostras são caracterizadas em 
espécies de acordo com as característi-
cas de produção de tubo germinativo em 
soro estéril de coelho, produção de pseu-
do-hifas e clarnidoconídeos em ágar-fubá 
tween 80, fermentação e assimilação de 
carboidratos, baseando-se em Sandvén 
(1990 apud KOGA-ITO; MARTINS; JORGE, 
2010).
O quadro abaixo apresenta caracte-
rísticas culturais, assimilação e fermen-
tação de carboidratos pelas amostras de 
Candida.
 
12 13
f) Crescimento a temperatura de 
42°C
Para identificação presuntiva das 
amostras de C. dubliniensis, as amostras 
devem ser semeadas em ágar Sabouraud 
dextrose (Difco) e incubadas a 42°C por 
48 horas. Ao contrário de C. albicans, C. 
dubliniensis não se desenvolve ou cresce 
escassamente a essa temperatura.
g) Prova da atividade de beta-glu-
cosidase intracelular
Para identificação da atividade de be-
ta-glucosidase intracelular, a amostra a 
ser testada deve ser ressuspendida em 
acetato de sódio contendo 1mg de me-
tilumbeliferil-b-glucosidase. Após rea-
ção, observar em transiluminador sob luz 
ultravioleta. Amostras de C. dubliniensis 
são positivas para esse teste e apresen-
tam fluorescência.
 
(+) Prova positiva.
(-) Prova negativa.
(A) Produção de ácido.
(G) Produção de gás.
Baseado em Sandvén e Silverman Jr. et al. (1990).
14 15
Fluxograma para identificação das espécies de leveduras do gênero Candida
 Fonte: KOGA-ITO; MARTINS; JORGE (2010, p. 234).
14 15
Esquema simplificado para identificação de alguns gêneros de leveduras
Quanto às toxinas Killer, a sua bioti-
pagem de sensibilidade é realizada de 
acordo com Polonelli et al. (1983 apud 
KOGA-ITO; MARTINS; JORGE, 2010). Cada 
amostra é semeada em pour plate e, a 
seguir, as leveduras produtoras de toxi-
nas killer são inoculadas na superfície do 
meio de cultura. As placas são incubadas 
por 72 horas em temperatura ambiente. 
Para leitura do teste são consideradas 
sensíveis as amostras que produzem 
halo de inibição de crescimento ao redor 
das cepas padrão e resistentes àquelas 
que apresentam crescimento em torno 
das mesmas. Após a leitura do teste para 
verificação do fator killer, os resultados 
são apresentados de acordo com esque-
ma proposto por Polonelli et al. (1993), 
composto por três dígitos.
Os dois quadros abaixo representam 
as cepas padrão utilizadas para a verifi-
cação do fator killer e os modelos de bió-
tipo killer.
Fonte: ANVISA (2005, p. 16).
16 17
Cepas padrão e sua procedência, utilizadas para verificação do fator killer 
Modelo de biótipo killer segundo Polonelli et al. (1983). Cada código é constituí-
do por três dígitos
 Fonte: KOGA-ITO; MARTINS; JORGE (2010, p. 235).
2.8 Procedimento para cole-
ta de amostras
No Manual de ‘Detecção e Identifica-
ção dos Fungos de Importância Médica’, 
elaborado pela ANVISA (2005), estes são 
os procedimentos para coleta de amos-
tras de fungos:
 Escarro – recolher, de preferência, 
a primeira expectoração da manhã, após 
gargarejo com água limpa ou fervida, em 
frasco de boca larga, esterilizado. Não 
deve conter saliva;
 aspirado gástrico – aspirar cerca 
de 5 a 10 ml de suco gástrico, através de 
sonda nasogástrica, pela manhã, em je-
jum;
 aspirado traqueal e secreção ob-
tida por broncoscopia – procedimento 
realizado por médico treinado. O material 
colhido deve ser colocado em recipiente 
estéril;
 sangue e aspirado de medula ós-
sea – fazer assepsia rigorosa no local da 
punção e coletar cerca de 5 a 6 ml de san-
16 17
gue venoso, que deverá ser injetado di-
retamente, em frasco contendo meio de 
cultura. A última gota de material deve 
ser distendida em uma lâmina de micros-
copia, para coloração de Giemsa;
 líquor – fazer assepsia rigorosa no 
local da punção. Coletar 2 ml ou mais, 
para exame microscópico e cultura para 
fungos. Os tubos na rotina hospitalar, 
devem ser usados na seguinte sequên-
cia: 1º exame bioquímico; 2º exame de 
celularidade; 3º microbiológico, reduzin-
do assim a possibilidade de isolamento 
de contaminantes da pele. Entretanto, a 
coleta da amostra em tubos específicos 
para cada um desses exames, aumenta a 
sensibilidade do exame micológico e, por 
isso, deve ser recomendada;
 tecido obtido por biópsia, ne-
cropsia e peças operatórias – colher 
assepticamente, utilizando instrumen-
tos estéreis e colocar o material em reci-
piente estéril, com salina. Não adicionar 
nenhum líquido fixador;
 urina – a amostra biológica mais 
apropriada para o diagnóstico de micose 
do trato urinário é obtida por sondagem 
ou citoscopia. Quando não for possível, e 
para evitar contaminação com microrga-
nismos presentes nas áreas vizinhas, fa-
zer limpeza prévia da região perineal com 
água e sabão, desprezar o primeiro jato 
de urina da manhã, e colher 3 a 5 ml de 
urina em tubo de ensaio estéril. Coleções 
de 24 horas, não têm valor para diagnós-
tico micológico;
 fezes – fazer lavagem prévia da 
região anal com água e sabão, coletar 
porções de fezes em recipiente estéril 
com tampa ou “swab” anal, mergulhar o 
“swab” em salina estéril e enviar o tubo 
ao laboratório;
 secreção ou pele de conduto au-
ditivo externo – colher material por 
curetagem da lesão ou com swab estéril. 
Mergulhar o swab umedecido em salina 
estéril e enviar o tubo ao laboratório;
 material de micose ocular – o me-
lhor método para recuperação de fungos, 
requer raspado de córnea, aspiração de 
líquido intraocular ou biópsia. A coleta 
com auxílio de swab não é indicada em 
local de drenagem;
 lesão de nariz e seios paranasais 
– coletar secreção, material necrótico ou 
tecido obtido por biópsia em recipiente 
estéril;
 mucosa oral e orofaringe – cole-
tar com swab estéril o material de lesão 
de mucosa jugal, papilas linguais ou re-
gião tonsilar. Mergulhar o swab umede-
cido em salina estéril e enviar o tubo ao 
laboratório;
 secreção vaginal – com auxílio de 
espéculo, coletar material da lesão ou do 
fundo de saco vaginal com swab estéril. 
Mergulhar o swab umedecido em salina 
estéril e enviar o tubo ao laboratório;
 líquidos corporais (pleural, ascí-
tico, pericárdico, sinovial) – fazer as-
sepsia rigorosa no local da punção. Cole-
tar cerca de 5 a 10ml de líquido em tubo 
de ensaio estéril;
 pus e material de abscesso – de-
vem ser colhidos de preferência, por aspi-
ração de abscessos fechados, com serin-
ga e agulha estéril. Se a lesãofor aberta, 
limpar o local com gaze esterilizada em-
bebida em salina estéril, para eliminar os 
18 19
exsudatos superficiais que são altamen-
te contaminados com bactérias. A seguir, 
colher o material com swab. Mergulhar o 
swab umedecido em salina estéril e en-
viar o tubo ao laboratório;
 pele e pelos – se possível, descon-
taminar a pele com álcool 70% antes da 
coleta. Raspar com lâmina de bisturi as 
escamas cutâneas da borda das lesões. 
Pode-se utilizar também, uma lâmina 
de microscopia. Colocar o material entre 
duas lâminas limpas, de preferência es-
terilizadas, vedando-se as bordas das lâ-
minas com fita adesiva para evitar perda 
do material. Os pelos tonsurados devem 
ser retirados com pinça estéril e acondi-
cionados entre lâminas ou em potes, de 
preferência esterilizados;
 unhas – fazer limpeza prévia das 
unhas, escovando com água e sabão. 
Cortar com tesoura e desprezar a parte 
descolada da unha e, com lâmina de bis-
turi, raspar as áreas mais profundas e 
pulverulentas. Colocar este material en-
tre lâminas e vedá-las com fita adesiva.
2.9 Processamento de 
amostras
O sucesso na visualização e isolamen-
to do agente etiológico depende, além da 
coleta e transporte adequados e volume 
suficiente da amostra, de seu processa-
mento correto antes do exame micológi-
co.
As seguintes recomendações de-
vem ser cuidadosamente, seguidas 
para boa resolução diagnóstica:
 pelos, cabelos, escamas de unha 
e pele – devem ser aliquotadas para exa-
me microscópico e cultura, pois, para exa-
me, são clarificadas com solução aquosa 
de KOH a 20% e, para cultura, não podem 
sofrer nenhum tratamento prévio, sendo 
por isso, inoculadas diretamente na su-
perfície do meio de cultura;
 líquor, secreções e fluídos cor-
porais – (líquido pleural, ascítico, sino-
vial, pericárdico, aspirado transtraqueal, 
lavado gástrico e broncoalveolar [BAL]) 
devem ser concentrados por centrifuga-
ção (1500 a 2000 rpm por 10 minutos). 
Os materiais coletados com swabs devem 
ser eluídos em solução salina e também 
devem ser centrifugados. O sedimento 
obtido é o material adequado para o exa-
me microscópico e semeadura em meios 
de cultura;
 para urina – é recomendável que 
uma alíquota (alça calibrada) seja se-
meada, por esgotamento, sobre o meio 
de cultura distribuído em placa de Petri, 
para exame quantitativo, pela conta-
gem de unidades formadoras de colônias 
(UFC). A outra alíquota deve ser centrifu-
gada (1500 a 2000 rpm por 10 minutos) 
e o sedimento será utilizado para exame 
microscópico e nova semeadura em tubo 
(cultura qualitativa);
 escarro – pode ser digerido com 
enzima (v/v) N-acetil-L-cisteina (250 mg 
de enzima dissolvidas em 1 L de solução-
-tampão citrato ou solução fisiológica), 
que fluidifica e facilita a manipulação da 
amostra e formação de sedimento após 
centrifugação. Porém, não foi compro-
vado que esse tratamento melhore a 
recuperação de fungos da amostra sen-
do, portanto, opcional. Pode-se utili-
zar, como alternativa, para digestão da 
amostra, solução de KOH 20%. A porção 
18 19
purulenta da amostra é preferível e por-
ções liquefeitas não são adequadas para 
isolamento do agente. A porção da amos-
tra tratada com KOH, porém, só pode ser 
usada para exame microscópico, pois a 
potassa destrói, após algumas horas, as 
estruturas do fungo, inviabilizando seu 
isolamento em meio de cultura. Neste 
caso, outra porção da amostra deve ser 
centrifugada e o sedimento usado para 
cultura;
 tecidos obtidos por biópsia – re-
querem fragmentação, com o auxílio de 
um bisturi estéril ou maceração (gânglio) 
com pistilo em almofariz; pode ser fei-
to dentro de uma placa de Petri estéril. 
Esse procedimento visa aumentar a área 
de superfície e expor o microrganismo li-
gado ao tecido, ao maior contato com o 
meio de cultura;
 sangue e aspirado de medula ós-
sea – não necessitam preparação, sen-
do que o exame microscópico tem baixa 
sensibilidade e, portanto a cultura é im-
portante para identificação do agente. 
Para cultura, as amostras são semeadas 
imediatamente, após a coleta, em fras-
cos contendo meio de cultura. O meio 
pode ser bifásico (15 ml de ágar inclinado 
sob 50 ml de caldo) composto de infusão 
de cérebro-coração (meio BHI) ou Sabou-
raud. Meios contendo saponina para lise 
e posterior centrifugação da amostra 
são indicados. Na prática, frascos para 
hemocultura bacteriológica (simples ou 
automatizada), proporcionam isolamen-
to adequado de fungos, desde que res-
peitado os períodos necessários ao seu 
desenvolvimento. Para fungos dimórfi-
cos, de crescimento lento (>15 d), muitos 
autores consideram o método de lise-
-centrifugação o mais sensível. O sangue 
e medula óssea não devem ser coletados 
em seringas contendo EDTA, pois esta 
substância se combina com elementos da 
parede dos fungos, diminuindo a sensibi-
lidade do exame. Um dos procedimentos 
recomendados para é a inoculação de 5 a 
6 ml da amostra no frasco com meio bifá-
sico sendo, uma parte para 10 partes do 
meio líquido, que deve ser então, incuba-
do à temperatura de 30°C.
2.10 Exame microscópico 
de amostra e interpretação 
dos aspectos morfológicos
A observação de um fungo na amostra 
biológica tem grande valor diagnóstico, 
pois demonstra a invasão do fungo no 
tecido e permite uma informação ime-
diata ao médico, a qual pode ser crucial 
para determinar a terapia apropriada ao 
paciente. No entanto, se a quantidade da 
amostra biológica for insuficiente para o 
exame microscópico e cultura do mate-
rial, a cultura, na maioria das amostras, 
tem prioridade sobre o exame microscó-
pico, desde que é método mais específico 
e em muitos casos, mais sensível. O exa-
me microscópico da amostra é realizado 
por várias técnicas, dependendo do tipo 
da amostra e suspeita clínica (ANVISA, 
2005).
a) Exame microscópico direto com 
hidróxido de potássio (KOH) a 20%
É usado para exame de pelos, pele, 
unha, tecido obtido por biópsia, exsuda-
tos espessos e outros materiais densos. 
Colocar uma gota de KOH (aquoso a 20%) 
em uma lâmina de microscopia e sobre 
esta, uma porção da amostra a ser exa-
20 21
minada. Cobrir a preparação com uma la-
mínula e, para intensificar a clarificação, 
aquecer ligeiramente, sobre a chama de 
um bico de Bunsen, sem deixar ferver a 
mistura. Examinar a preparação após 20 
minutos, em microscópio óptico comum, 
inicialmente, com objetiva de 10x, segui-
da de 40x.
b) Exame microscópico direto com 
tinta nanquim (tinta da china)
Utilizada em amostras de líquor, urina, 
secreções ou exsudatos, para visualiza-
ção de leveduras capsuladas do gênero 
Cryptococcus, que se tornam mais evi-
dentes contra o fundo negro proporcio-
nado pela tinta.
Colocar uma gota de tinta nanquim e 
uma gota do sedimento da amostra cen-
trifugada, sobre uma lâmina. Cobrir a pre-
paração com lamínula e observar ao mi-
croscópio óptico (objetivas de 10x e 40 
x).
Nesta técnica, um erro bastante fre-
quente é confundir linfócitos com célu-
las de leveduras. A diferenciação é feita 
pela refringência da parede celular e das 
inclusões no citoplasma das leveduras, 
além da presença de brotamentos.
c) Exame microscópico com colora-
ção pelo método de gram
Todos os fungos são Gram-positivos, 
assim a utilização da coloração não visa 
a diferenciação dos microrganismos, mas 
possibilita discriminar elementos fún-
gicos de artefatos existentes em urina, 
secreções e fezes. A amostra é espalha-
da de modo homogêneo, em movimentos 
circulares, em uma lâmina de microsco-
pia, fixada com calor e submetida à colo-
ração.
d) Exame microscópico com colo-
ração panótica (giemsa, leishman ou 
wright)
Essas colorações são usadas para 
pesquisa de Histoplasma capsulatum 
em diversas amostras biológicas: medu-
la óssea, sangue, aspirados e secreção 
cutânea. Nesses casos, faz-se um esfre-
gaço semelhante ao usado para colora-
ção de Gram. Fixa-se com metanol e cora-
-se segundo o método escolhido. Podem 
ser usadas ainda para corar imprints de 
tecidos obtidos por biópsia.
A seguir estãoesquematizados os 
principais aspectos morfológicos obser-
vados ao exame microscópico e os possí-
veis agentes etiológicos de acordo com a 
amostra biológica.
20 21
Interpretação de aspectos morfológicos encontrados em exames microscópicos 
de amostras biológicas
 (1) Exame microscópico com KOH. / (2) Exame microscópico com tinta nanquim. / (3) Exame microscópico com colo-
ração de Gram. / (4) Exame microscópico com coloração de Giemsa ou panótica. / (5) São fungos saprófitas que podem 
se tornar oportunistas, por ex. Aspergillus, Fusarium, Acremonium, cuja identificação só é possível pela cultura. / (6) No 
sangue, leveduras do gênero Candida não formam pseudohifas e a identificação de gênero e espécie é possível, somen-
te, após isolamento em meio de cultura. Fonte: ANVISA (2005, p. 11).
22 2322
UNIDADE 3 - Vírus
Vírus são parasitas intracelulares obri-
gatórios cujo genoma é constituído por 
um só tipo de ácido nucléico DNA ou RNA 
e que utiliza os sistemas enzimáticos ce-
lulares para síntese de elementos que fa-
zem parte de sua estrutura.
Vírus, do latim virus, significa veneno 
ou fluido venenoso. A palavra vírus foi 
usada desde a antiguidade até o final 
do século passado para designar vários 
tipos de agentes nocivos ou venenosos. 
A partir de 1850, cientistas observaram 
que algumas doenças apresentavam vá-
rias características de doenças infeccio-
sas, porém sem o isolamento de micror-
ganismos, o que os levou a pesquisar a 
existência de agentes nocivos diferentes 
dos já conhecidos.
A partir de 1881, Pasteur colocou a 
raiva entre os parâmetros da teoria mi-
crobiana das doenças, tornando possível 
seu estudo experimental e controle atra-
vés de inoculação em cérebro de cães e 
coelhos (JORGE, 2010).
A primeira descrição parcial de ví-
rus foi feita pelo cientista russo Dmitrii 
Ivanowski, em 1892, que relatou que o 
agente da doença vegetal mosaico do 
tabaco poderia passar livremente por fil-
tros bacteriológicos. Loefler e Frosch, em 
1898, comprovaram a filtrabilidade dos 
vírus com experimentos com o agente 
etiológico da febre aftosa. Esses filtra-
dos, apesar de reproduzirem a doença, 
não cresciam em meios artificiais como 
bactérias e fungos.
Após esses achados, iniciou-se nova 
fase na microbiologia: o estudo de agen-
tes infecciosos invisíveis, mesmo com 
os mais potentes microscópios da épo-
ca. Inicialmente, os pesquisadores de-
monstraram existência de vírus animais 
e vegetais, e, posteriormente, vírus com 
capacidade de infectar as bactérias; os 
bacteriófagos.
Roehe (2008) sintetiza que vírus são 
microrganismos que se replicam sem-
pre dentro de células vivas; utilizam (em 
maior ou menor grau) o sistema de sín-
tese das células e induzem a síntese de 
proteínas capazes de transferir o geno-
ma viral para outras células.
Os vírus, apesar de possuírem a ca-
pacidade de, a partir de uma unidade, 
originarem outras (mesmo que dentro 
de células), diferem dos demais seres 
vivos nas seguintes características: a) 
não apresentam a célula como unidade 
estrutural básica/como os demais seres 
vivos; b) apresentam apenas um tipo de 
ácido nucléico: DNA ou RNA; c) apresen-
tam como constituintes orgânicos bá-
sicos o ácido nucléico e as proteínas; d) 
podem conter uma ou mais enzimas, en-
tretanto seu conteúdo enzimático não é 
suficiente para reproduzir outro vírus; e) 
são inertes no ambiente extracelular; f) 
replicam-se somente em células vivas, 
sendo parasitas genéticos (JORGE, 2010).
As viroses representam a principal 
causa de doenças em seres humanos, 
sendo responsáveis desde resfriados co-
muns até hepatites, encefalites fatais e 
pela síndrome da imunodeficiência ad-
quirida (AIDS).
22 2323
3.1 Características gerais
Antes que fosse possível estudar a 
morfologia dos vírus no microscópio ele-
trônico, os pesquisadores tinham obser-
vado estruturas intracelulares associadas 
com infecções por vírus, as quais foram 
chamadas de corpúsculos de inclusão. São 
partículas arredondadas no citoplasma ou 
núcleo das células infectadas por alguns 
vírus. Atualmente, foi demonstrado que 
representam agregados ou colônias de ví-
rus, contendo subunidades virais incom-
pletas e vírus inteiros. Como exemplos de 
corpúsculos de inclusão citoplasmática 
pode-se citar os da varíola (corpúsculo de 
Guarniere) e da raiva (corpúsculo de Ne-
gri). Na varicela e herpes, os corpúsculos 
de inclusão são nucleares.
Os menores vírus têm somente 17 nm 
de diâmetro e os maiores chegam a 1000 
nm (1 micrômetro). Mesmo os maiores 
têm uma pobre visibilidade ao microscó-
pio óptico. A maioria dos vírus só pode ser 
detectada usando microscopia eletrônica 
de alta resolução (BOSSOLAN, 2002).
Jorge (2010) fala em dimensões que va-
riam de 20 a 300 nm, os maiores conhe-
cidos seriam da varíola e da vacínia (200-
300nm) e entre os menores, o da febre 
aftosa (10 nm) e poliomielite (28 nm).
Microfotografias das imagens virais em 
microscopia eletrônica revelaram a for-
ma, dimensões e estruturas internas dos 
vírus, demonstrando que cada vírus apre-
senta características próprias. A estrutu-
ra viral completa é denominada vírion.
 Cada partícula viral (ou vírion) 
pode ter as seguintes estruturas:
 capsídio e envelope – o capsídio é 
uma capa protéica que circunda o ácido 
nucléico, e é composto de subunidades 
de proteína, os capsômeros, que são res-
ponsáveis pela especificidade viral. Todos 
os vírions possuem uma simetria de es-
trutura, podendo ou não apresentar um 
envoltório (envelope) contendo lipídeos 
ou lipoproteínas. Assim, os vírions com 
envelope são sensíveis aos solventes de 
lipídeos, tais como o éter, o clorofórmio e 
agentes emulsificantes (sais biliares e de-
tergentes);
 ácidos nucléicos – os vírus podem 
ter DNA ou RNA, mas nunca são encon-
trados os dois juntos no mesmo vírion. A 
estrutura dos ácidos nucléicos nos vírions 
pode ser linear ou circular;
 alguns vírus apresentam enzi-
mas em sua constituição. Polimerases e 
transcriptases presentes em alguns vírus 
atuam em seu mecanismo de infeccionali-
dade (JORGE, 2010).
Morfologicamente (com ilustração 
a seguir), os vírus podem ter:
 simetria cúbica – são icosaédricos, 
apresentando vinte faces triangulares 
constituídas por proteínas (protômeros). 
Exemplos: vírus da poliomielite, adenoví-
rus, herpesvírus;
 simetria helicoidal – apresentam 
simetria tubular ou helicoidal. Exemplo: 
mosaico do tabaco, vírus vegetais (bata-
ta), influenza e caxumba;
 complexos – possuem envelope e 
são geralmente pleomórficos, pois o en-
velope não é rígido. Exemplos: esféricos 
(arbovírus e arboencefalites), paralelepí-
pedos (poxvírus e varíola) e bacteriófa-
gos.
24 25
Simetria icosaédrica: 
[A] pólio, verruga, adeno, rota; [B] herpes. Simetria helicoidal: [C] mosaico do tabaco; [D] influenza; [E] sarampo, 
caxumba, parainfluenza; [F] raiva. Simetria incerta ou complexa: [G] poxvírus; [H] fagos T-pares. 
Fonte: PELCZAR; CHAN; KRIEG (1996).
Sobre a taxonomia viral, Stephens et 
al. (2009) colocam ilustradamente a pro-
posta do International Committee on Ta-
xonomy of Viruses (ICTV) que vem apri-
morando as normas de classificação viral 
passo a passo, estabelecendo, assim, 
uma taxonomia exclusiva para a orga-
nização dos vírus. O mais importante de 
todo esse princípio é que os vírus podem 
ser agrupados de acordo com as suas pro-
priedades físicas, químicas e biológicas, 
assim como as das células que infectam. 
Dessa forma, os vírus podem ser classifi-
cados de acordo com o tipo de ácido nu-
cléico, simetria do capsídeo, presença ou 
ausência do envelope, tamanho e sensi-
bilidade às substâncias químicas. 
 
24 25
Fonte: Adaptado de Oliveira apud Stephens et al. (2009, p. 128).
3.2 Replicação de vírus
Bossolan (2008) explica que antes 
que qualquer vírus possa infectar uma 
célula animal, ele primeiro deve ligar-se a 
um receptor específico na membrana ce-
lular, provavelmente uma glicoproteína. 
Como já foi dito, muitos vírus podem ter 
um envelope rico em lipídeoenvolvendo 
o capsídio. Do envelope de muitos vírus 
projetam-se “pontas” que podem conter 
glicoproteínas e lipídeos. As proprieda-
des das moléculas que constituem o en-
velope estão relacionadas com a adesão 
do vírus a vários substratos. Se o envelo-
pe não está presente, as propriedades do 
capsídio determinam as características 
adesivas do vírus.
A multiplicação dos vírus se faz por 
replicação, na qual as porções protéica e 
nucléica aumentam no interior das célu-
las hospedeiras sensíveis. Este proces-
so pode ser dividido em etapas, que 
são comuns a todas as infecções vi-
rais:
a) Adsorção
A adsorção envolve a participação de 
receptores específicos na superfície da 
célula hospedeira (receptores glicopro-
téicos) e das macromoléculas dos vírus. 
O processo parece ocorrer na superfície 
da célula hospedeira em duas fases: a pri-
meira compreende adsorção preliminar 
por ligações iônicas e é facilmente rever-
sível por alterações do pH ou da concen-
26 27
tração salina do meio; a segunda fase pa-
rece ser mais firme e irreversível (JORGE, 
2010).
b) Penetração
A penetração do vírus nas células pode 
ser por invaginação da membrana celular 
(endocitose mediada pelo receptor), por 
fusão do invólucro viral com a membra-
na celular e através da penetração viral 
através da membrana. Os vírus nus (sem 
envelope) parecem penetrar pelo meca-
nismo de fagocitose (BOSSOLAN, 2008).
c) Desnudamento
É a remoção do envoltório protéico 
do vírus, pela ação de enzimas da célula 
parasitada. Após penetração, ocorre pe-
ríodo durante o qual não há evidência de 
replicação (período de eclipse). Durante 
esse período, possivelmente ocorre de-
sintegração do vírus, cujo ácido nucléico 
se torna, então disponível e apto a trans-
mitir informação genética.
d) Transcrição, Tradução e Replica-
ção
Ocorre de acordo com o vírus. Nas vi-
roses animais, os vírus são classificados 
em seis classes, de acordo com o ácido 
nucléico que o constitui e a forma de re-
plicação do mesmo.
Explique-se que esta classificação vi-
ral foi definida por David Baltimore, em 
1971, a fim de correlacionar as caracte-
rísticas do ácido nucléico com as estraté-
gias de replicação. Essa classificação não 
tem finalidade taxonômica, uma vez que 
o autor utiliza a já existente (STEPHENS 
et al., 2009).
 Classe I – vírus DNA de fita dupla – o 
DNA do vírus transcreve RNAm, que ini-
cialmente produz enzimas para síntese 
do DNA que ocorre no citoplasma. Poste-
riormente, ocorre síntese das proteínas 
virais. São vírus de classe I os Herpesví-
rus, Poxvírus, Adenovírus e Papovírus.
 Classe II – vírus DNA de fita simples 
– o DNA do vírus é duplicado no núcleo 
da célula, juntamente com o genoma da 
mesma, através dos mecanismos celula-
res. A partir da sequência do DNA do ví-
rus é sintetizado RNAm, que é traduzido 
em proteínas virais. São vírus classe II os 
Parvovírus.
 Classe III – vírus RNA de fita dupla – 
o RNA viral de fita dupla é constituído por 
segmentos distintos, os quais são copia-
dos em RNAm e traduzidos em proteínas 
virais. O RNA viral é sintetizado no cito-
plasma, sendo copiada apenas uma fita 
do RNA, a qual, a seguir, é complementa-
da, formando RNA de fita dupla. Os Reo-
vírus são de classe III.
 Classe IV – vírus RNA de fita sim-
ples positiva – o próprio RNA viral é o RNA 
mensageiro. Quando o RNA de fita única 
do vírus atua diretamente como RNAm, 
são chamados de vírus de cadeia positiva 
(Fita +). O RNAm do vírus contém infor-
mação genética para produção da RNA 
polimerase própria. A replicação ocorre 
no citoplasma através de um processo 
complexo. São vírus classe IV os Picorna-
vírus e Togavírus.
 Classe V – vírus RNA de fita simples 
negativa e enzima polimerase – RNA-de-
pendente – o RNA viral é copiado em fi-
tas simples de RNA através da enzima 
polimerase-RNA-dependente de origem 
viral. A replicação se faz através dessas 
26 27
fitas simples de RNA, que servem de mol-
de para o genoma viral e para a síntese 
de RNAm. Os vírus, que devem replicar 
seu RNA primeiro para depois formar o 
RNAm, são chamados de vírus de cadeia 
negativa (fita -). São classe V os Parami-
xovírus e Rabdovírus.
 Classe VI – vírus RNA de fita sim-
ples com presença de DNA complemen-
tar –são chamados retrovírus e possuem 
como parte de sua estrutura a enzima 
transcriptase reversa, a qual possui ação 
na síntese de DNA complementar inter-
mediário ao RNA viral; ação de nuclease, 
digerindo o RNA das moléculas híbridas 
(RNA-DNA) e síntese de fitas duplas de 
DNA, o qual transcreve para o RNA viral e 
para o RNAm. A síntese dos ácidos nucléi-
cos virais ocorre tanto no núcleo como no 
citoplasma. Em geral, a replicação do DNA 
ocorre no núcleo (exceto para poxvírus) e 
a replicação do RNA no citoplasma.
e) Maturação e Liberação Viral
A maturação representa o acoplamen-
to das subunidades formando o vírus 
completo. O processo de liberação é dife-
rente conforme o agente viral. Em alguns 
casos, a lise celular resulta na liberação 
concomitante das partículas virais. Em 
outros, a maturação e a liberação são re-
lativamente lentas e os vírus são libera-
dos sem a destruição da célula hospedei-
ra (exocitose).
Bossolan (2008) explica que os vírus 
são capazes de dirigir a síntese dos com-
ponentes essenciais para sua progênie e 
de acoplar estes materiais sob a forma de 
vírions maduros, no núcleo e/ou no cito-
plasma da célula infectada.
3.3 Vírus bacterianos - bac-
teriófagos
Bacteriófago significa comedor de 
bactérias. Vírus que infectam bactérias 
foram observados, independentemen-
te, por Twort (1915) na Inglaterra e por 
d'Herelle no Instituto Pasteur de Paris, 
em 1917. Cada um desses pesquisadores 
verificou que culturas jovens de bacté-
rias entéricas podiam ser dissolvidas pela 
adição de filtrados assépticos de certas 
amostras de esgoto. O caldo claro, outra 
vez filtrado e acrescentado a culturas de 
bacterianas suscetíveis, repetia o efeito. 
Esse fato tornou-se conhecido como fe-
nômeno de Twortd'Herelle, sendo o fator 
lítico chamado de bacteriófago por d'He-
relle.
Os vírus das bactérias são amplamen-
te distribuídos na Natureza, existindo 
fagos para a maioria, senão a totalidade 
das bactérias. Estruturalmente, asseme-
lham-se aos demais vírus, sendo consti-
tuídos por ácido nucléico circundado por 
uma camada protéica (JORGE, 2010).
Os bacteriófagos têm o cerne de ácido 
nucléico envolvido por um capsídeo de 
natureza protéica, como os outros vírus. 
Existem 3 formas básicas de bacteriófa-
gos: cabeça icosaédrica sem cauda, cabe-
ça icosaédrica com cauda e filamentosa. 
Com relação ao ciclo de vida, os bacterió-
fagos podem ser líticos (ou virulentos) e 
temperados (ou avirulentos).
No ciclo lítico, os fagos líticos destro-
em as células hospedeiras bacterianas. 
No processo infeccioso lítico, após a re-
plicação do vírion, a célula hospedeira 
rompe-se, liberando nova progênie de 
fagos para infectar outras células hospe-
28 29
deiras.
Os fagos temperados não destroem 
suas células hospedeiras. Em vez disso, 
o ácido nucléico viral é integrado ao ge-
noma da célula hospedeira e replica-se 
na célula bacteriana hospedeira de uma 
geração a outra, sem que haja lise celular. 
Este processo é denominado lisogenia 
e é realizado somente pelos fagos que 
possuem DNA de fita dupla (BOSSOLAN, 
2008).
3.4 Vírus de doenças huma-
nas
Os vírus infectam diferentes hospe-
deiros, desde microrganismos intrace-
lulares, como micoplasmas, bactérias e 
algas até todas as plantas e animais su-
periores. São conhecidos mais de trezen-
tos vírus que infectam seres humanos, 
os quais produzem diversas doenças (em 
torno de cinquenta síndromes distintas 
já foram caracterizadas) com diversas 
manifestações clínicas.
Em relação às doenças produzi-
das por vírus, é importante salien-
tar:
a) muitas são subclínicas.
b) a mesma doença pode ser produzi-
da por vários tipos de vírus, assim como 
o mesmo vírus pode produzir diferentes 
doenças.
c) a doença produzida não tem relação 
com a morfologiado vírus.
d) a evolução da doença é determina-
da pela constituição genética do vírus e 
do hospedeiro (JORGE, 2010).
3.4.1 Vírus DNA
Os vírus animais são divididos em vírus 
DNA e vírus RNA. Vírus DNA que produ-
zem doenças em seres humanos incluem: 
parvovírus, papovavírus, adenovírus, 
herpesvírus e poxvírus.
3.4.2 Vírus RNA
Vírus RNA que causam doenças em se-
res humanos incluem: picornavírus, toga-
vírus, paramixovírus, ortomixovírus, rab-
dovírus, reovírus e retrovírus.
Os quadros abaixo mostram as prin-
cipais doenças produzidas por vírus no 
ser humano, com base na sintomatologia 
que apresentam e as principais classes 
de vírus DNA e RNA que produzem doen-
ças em seres humanos e as doenças que 
causam.
 
28 29
Principais doenças humanas produzidas por vírus, de acordo com a sintomato-
logia e com o(s) tecido(s) que afeta(m)
Fonte: Jorge (2010, p. 180).
30 31
Principais classes de vírus DNA que produzem doenças em seres humanos e as 
doenças que causam
Fonte: Jorge (2010, p. 181).
30 31
Principais classes de vírus RNA que produzem doenças em seres humanos e as 
doenças que causam
 Fonte: Jorge (2010, p. 181)
32 3332
UNIDADE 4 - Infecções e Hepatites Virais
A doença viral ocorre em consequên-
cia da infecção viral em um hospedeiro, 
o qual pode apresentar ou não sinais e 
sintomas clínicos. Em muitos casos, a in-
fecção viral não é capaz de causar altera-
ções clínicas visíveis no indivíduo, infec-
ção inaparente ou subclínica. Entretanto, 
quando observamos alterações clínicas 
no hospedeiro, chamamos de infecção 
sintomática ou aparente.
Algumas infecções virais podem cau-
sar o que chamamos de síndrome, que 
consiste em um grupo de sinais (é o que o 
médico ou pessoas próximas ao paciente 
observam, como lesões na pele, vômito e 
diarreia) e sintomas (é o que o paciente 
relata como dor no corpo, tontura) espe-
cíficos, caracterizando uma determinada 
infecção. Sendo assim, podemos consi-
derar que um mesmo vírus pode causar 
sintomas clínicos diferentes (STEPHENS 
et al., 2009).
O quadro abaixo mostra uma correla-
ção entre alguns sintomas clínicos da via 
respiratória e o agente viral:
Síndrome Principais sintomas
Causas virais mais comuns
Lactantes Crianças Adultos
Laringite e 
gripe
Rouquidão, “tos-
se de cachorro”
Parainfluenza,
Influenza
Parainfluenza,
Influenza
Parainfluen-
za,
Influenza
Taqueobron-
quite Tosse
Parainfluenza,
Influenza
Parainfluenza,
Influenza
Influenza,
Adenovírus
Bronquiolite Tosse e dispneia
Vírus sincicial
respiratório,
Parainfluenza
Raro Raro
Faringite Faringite
Adenovírus,
Herpes sim-
ples
Adenovírus,
Vírus Coxsa-
ckie
Adenovírus,
Vírus Coxsa-
ckie
Pneumonia Tosse e dor toráxica
Vírus sincicial
respiratório,
Influenza
Influenza,
Parainfluenza
Influenza,
Adenovírus
Resfriado 
comum
Obstrução nasal 
e secreção nasal
Rinovírus,
Adenovírus
Rinovírus,
Coronavírus
Rinovírus,
Coronavírus
32 3333
Os diferentes sinais e sintomas da do-
ença viral observados em um hospedeiro 
são determinados por características es-
pecíficas do agente, e também do hospe-
deiro, as quais são influenciadas por fa-
tores genéticos de ambos.
A patogênese viral refere-se à inte-
ração de fatores virais e do hospedeiro, 
que levam à produção de doença. Um ví-
rus patogênico tem que ser capaz de in-
fectar e causar sinais da doença em um 
hospedeiro suscetível.
No processo da patogênese viral, po-
demos observar doenças mais severas 
ou mais brandas. Isso ocorre devido à 
existência de cepas virais mais ou menos 
virulentas, ou às diferentes respostas 
imunológicas do hospedeiro.
As respostas das células dos hospe-
deiros suscetíveis às infecções virais po-
dem ocorrer através de três caminhos 
diferentes: ausência de alterações apa-
rentes, efeito citopático (CPE) seguido 
de morte e transformação celular (cresci-
mento alterado) (STEPHENS et al., 2009).
Na infecção localizada, a replicação 
viral permanece próxima ao sítio de en-
trada do vírus. Exemplo: pele, tratos res-
piratório e gastroentérico. Na infecção 
sistêmica ou disseminada, o espalha-
mento do agente pelo organismo ocorre 
em várias etapas, como entrada, dissemi-
nação para os linfonodos regionais, vire-
mia primária e disseminação para órgãos 
suscetíveis. Após a viremia secundária, 
os vírus são disseminados para outros 
órgãos, como cérebro, pulmão, pele, etc.
Existe uma predileção dos vírus para 
determinados órgãos. Os vírus das he-
patites, por exemplo, atingem principal-
mente o fígado. É o que chamamos de 
tropismo viral.
Falando em hepatite viral...
O termo hepatite viral é usado para de-
signar alterações hepáticas, associadas a 
agentes infecciosos virais. Vários são os 
vírus que podem afetar o fígado, como o 
vírus da hepatite A, B, C, D, E, Herpes sim-
ples, Epstein-Barr, Citomegalovírus e fe-
bre amarela. O vírus da hepatite B (HBV) 
destaca-se dos demais não só por alta 
prevalência entre profissionais de saúde, 
como também por provocar lesões como 
cirrose e câncer hepático. Além disso, o 
HBV é presentemente a única forma que 
pode ser prevenida por vacinação efetiva 
e sem efeitos colaterais (JORGE, 2010).
Nos quadros a seguir teremos a des-
crição sucinta dos principais tipos de he-
patites virais, bem como as principais ca-
racterísticas, nomenclatura, antígenos e 
anticorpos dos vírus da hepatite.
34 35
Vírus Hepatite A
Hepatite 
B
Hepatite 
C
Hepatite 
D
Hepati-
te E
Família Picornaviri-dae
Hepadnavi-
ridae Flaviviridae
Não 
classificada
Calciviri-
dae
Gênero Heparvírus Orthohe-padnavírus Hep-c-vírus Deltavírus Hepevírus
Vírion 27 nm icosaédrico
42 nm 
esférico
30-60 nm 
esférico
35 nm 
esférico
27-34 nm 
icosaédri-
co
Envoltório Nenhum Sim (HBsAg) Sim
Sim 
(HBsAg) Nenhum
Genoma SsRNA DsDNA SsRNA SsRNA SsRNA
Tamanho 
do genoma 7,8 kb 32 kb 9,4 kb 1,7 kb 7,5 kb
Estabilidade
Termo-
estável e 
estável em 
ácido
Sensível a 
ácido
Sensível a 
éter
Sensível a 
ácido
termoes-
tável
Transmissão Orofecal Parenteral Parenteral Parenteral Orofecal
Prevalência Alta Alta Moderada Baixa, regional Regional
Doença 
 fulminante Rara Rara Rara Frequente
Durante a 
gravidez
Doença 
crônica Nunca
Frequente-
mente
Frequente-
mente
Frequente-
mente Nunca
Oncogênese Não Sim Sim ? Não
Características do vírus da Hepatite
Fonte: Jorge (2010, p. 190).
34 35
Nomenclatura, definições, antígeno e anticorpos dos vírus da Hepatite
36 3736
 Em se tratando da Hepatite B, o teste 
deve ser realizado quando houver evi-
dências sorológicas de infecção por HBV. 
A interpretação dos testes sorológicos 
para Hepatites se encontra no quadro a 
seguir:
Fonte: Jorge (2010, p. 194).
Vírus HBsAg Anti-HBc total Anti-HCV
IgM
Anti-HAV Anti-HDV
Diagnóstico 
clínico 
provável
Vírus 
único
- - - + + Hepatite A
+ + - - - Hepatite A
- - + - + Hepatite A
Vírus 
combinado
+ + - + + Hepatite A e B
+ + - - + Coinfecção
- + - - + Hepatite B e D
+ - + - - Coinfecção com hepatite B e C
36 3737
UNIDADE 5 - Síndrome da Imonodeficiên-
cia Adquirida – AIDS, Viroides e Príons
5.1 AIDS
A síndrome da imunodeficiência adquirida 
(AIDS: acquired imune deficiency syndro-
me) pode ser definida como um conjunto de 
alterações provocadas pela perda da imuni-
dade celular, pela ação de um Retrovírus não 
oncogênico contendo RNA de polaridade 
positiva. O vírus é linfotrópico para células T 
humanas – o HIV.
A doença manifesta-se pelo aparecimen-
to de uma série de infecções oportunistas, 
como mostra o quadro abaixo e/ou sarcoma 
de Kaposi. É certamente a doença de imuno-
deficiência secundária mais comum no ser 
humano atualmente.
Patógeno Doença
BACTÉRIAS
Mycobacterium tuberculosis Tuberculose.
Mycobacterium avium-intracellulare Tuberculose disseminada.
Legionella pneumophila Pneumonia.
Espécies de Salmonella Doença gastrointestinal.
VÍRUS
Herpes simples
Citomegalovírus
Lesões da pele e mucosa. Pneumonia. 
Encefalite, pneumonia, gastroenterite e 
febre.
Epstein-Barr Leucoplasia oral pilosa, possivelmente linfoma.Varicela zóster Catapora e herpes zóster.
FUNGOS
Pneumocystis carinii Pneumonia.
Candida albicans Infecção das mucosas e do esôfago.
Cryptococcus neoformans Meningite e doença renal.
Histoplasma capsulatum
Outros fungos oportunistas
Pneumonia e infecções disseminadas de 
acordo com o fungo oportunista.
PROTOZOÁRIOS
Toxoplasma gondii Encefalite.
Espécies de Cryptosporidium Diarreia grave.
Infecções frequentemente encontradas em pacientes com AIDS
Fonte: Jorge (2010, p. 198).
38 39
A AIDS pode ser causada por pelo menos 
dois tipos de vírus da imunodeficiência hu-
mana (HIV, human immunodeficiency ví-
rus), denominados HIV-1 e HIV-2. A maioria 
dos casos de AIDS no mundo é causada pelo 
HIV-1.
O HIV-2 é mais comum em algumas regi-
ões da África Ocidental e pode ser menos vi-
rulento. Estudos baseados em sequência de 
DNA demonstraram que o HIV-2 apresenta 
relação muito próxima com o vírus da imu-
nodeficiência em símios (SIV) encontrado 
em macacos africanos, podendo ser consi-
derado o mesmo vírus. Por outro lado, esses 
estudos demonstraram que o HIV-2 difere 
bastante significantemente do HIV-1.
As vias comprovadas de transmissão 
são:
a) contato sexual com pessoa infectada: 
todas as formas de relação sexual (heteros-
sexual ou homossexual), ativa e passiva, va-
ginal, anal e oral apresentam risco de infec-
ção por HIV.
b) através de sangue e derivados: recebi-
mento de transfusão de sangue ou de pro-
dutos do sangue contaminados com o HIV.
c) compartilhamento de agulhas não es-
terilizadas por usuários de drogas endove-
nosas.
d) transmissão da mãe para o feto ou ne-
onato.
e) transmissão pela amamentação. O ví-
rus é também encontrado na saliva, lágrimas 
e demais secreções.
O período de incubação, apesar de ainda 
não estar perfeitamente definido, pode va-
riar de seis meses a dez anos.
A característica principal da infecção pelo 
HIV é a depleção dos linfócitos T auxiliadores/
indutores. O vírus tem tropismo pelas células 
que apresentam marcador CD4 em sua su-
perfície, o qual é um receptor para o vírus. A 
principal célula que apresenta marcadores 
CD4 são os linfócitos T auxiliadores (célula T4), 
porém, subgrupos de monócitos e macrófa-
gos também apresentam esses marcadores, 
podendo também ser infectados pelo HIV.
O linfócito T4 é responsável direta ou in-
diretamente por vários efeitos, entre eles: 
a) ativação de células: macrófagos, células T 
citotóxicas, células NK, células supressoras e 
células B; b) secreção de fatores trópicos ou 
indutores sobre outras células. Assim, com a 
depleção das células T4, todas essas funções 
ficam deprimidas. Os pacientes com AIDS 
também apresentam atividade anormal das 
células B, com ativação policlonal, hipergama-
globulinemia, complexos imunes circulantes e 
autoanticorpos.
O HIV já foi isolado de monócitos do san-
gue e de vários órgãos nos indivíduos infec-
tados. No cérebro, a principal célula infecta-
da é o monócito/ macrófago, e isso pode ter 
repercussões importantes nas manifesta-
ções neurológicas associadas às infecções 
pelo HIV. Os macrófagos alveolares pulmo-
nares infectados também podem participar 
na pneumonia intersticial em alguns pacien-
tes.
O primeiro relatório clínico documentado 
sobre AIDS foi datado de 1981, entretanto, 
estudos sorológicos retrospectivos demons-
traram que amostras de soro colhido desde 
1959, na África, já apresentavam anticorpos 
anti-HIV. Calcula-se que entre 20 a 30% dos 
adultos jovens da região da África Central es-
tejam infectados com o HIV.
O diagnóstico geralmente é feito pelas 
infecções oportunistas e Sarcoma de Kapo-
38 39
si. Hemograma demonstrando neutropenia, 
testes cutâneos (tuberculina, estreptoqui-
nase e candidina), dosagem de linfócitos T, 
isolamento do vírus do sangue e dosagem 
de anticorpos anti-HIV no soro também são 
utilizados. O prognóstico é sombrio, com le-
talidade de 70% após 2 anos de evolução e 
de 100% após cinco anos.
O HIV caracteriza-se por um vírus envelo-
pado de tamanho entre 80 a 100 nm. Possui 
duas fitas idênticas de RNA de fita dupla de 
polaridade positiva. O capsídeo é de forma 
ogival, sendo formada por proteínas do cap-
sídeo p24/25. No interior do capsídeo encon-
tram-se as moléculas de RNA e as enzimas 
transcriptase reversa, protease e integrase. 
O envelope apresenta espículas constituídas 
de várias glicoproteínas. As mais importantes 
são a gp120, que serve como adesina primária 
para receptores da célula hospedeira (CD4) e 
a gp41, que permite a fusão do envelope viral 
com a membrana da célula.
As espículas (gp120) permitem a fixação 
do vírus ao receptor CD4 de linfócitos Th, ma-
crófagos, células dendríticas e demais células 
que apresentam esse receptor. Após fixação, 
ocorre entrada do vírus na célula hospedeira, 
onde o RNA viral é liberado e transcrito em 
DNA com auxílio da transcriptase reversa. 
A seguir, o DNA viral integra-se ao DNA cro-
mossômico da célula hospedeira (provírus). 
Após integração, o provírus pode controlar a 
produção de infecção ativa, originando novos 
vírus que são exocitados ou permanecem no 
interior da célula, ou pode permanecer inativo 
como provírus.
As diversas proteínas estruturais e re-
guladoras e os respectivos genes do HIV 
estão expressos nos quadros abaixo:
Genes e produtos do vírus HIV na célula hospedeira
*O número representa o peso molecular aproximado da proteína em Kd, Baseado em Walker, 2002
Fonte: Jorge (2010, p. 199).
40 41
5.2 Viroides
O conceito de viroide foi proposto por 
Diener, em 1971, quando estudava a do-
ença do tubérculo da batata, onde de-
tectou RNA nos núcleos das células ve-
getais doentes. O viroide é uma partícula 
infecciosa de RNA menor que os vírus, 
apresentando, ainda, outras diferentes 
características: consiste em apenas uma 
molécula de RNA circular com baixo peso, 
não apresenta capsídeo e envelope, não 
produz proteínas, pode ser copiado ape-
nas no núcleo da célula hospedeira e, 
para a sua detecção, é necessária a iden-
tificação de sequências de nucleotídeos 
do RNA, diferindo dos vírus, por não ser 
possível a sua visualização em tecidos 
infectados sem a utilização dessas técni-
cas.
Em revisão sobre os avanços em rela-
ção às pesquisas de viroides, Eiras et al. 
(2006) citam que no Brasil, Fonseca & 
Boiteux (1997) publicaram uma minucio-
sa revisão sobre viroides em que relacio-
naram aspectos da biologia, história, mé-
todos de detecção e purificação, origem, 
sintomas, vias de transmissão e estraté-
gias de controle. Posteriormente, porém, 
pouco se avançou nas pesquisas com 
viroides no Brasil, mas após isso, pouca 
atenção tem sido dada a eles na América 
Latina.
Os viroides são classificados na taxo-
nomia moderna em famílias, gêneros e 
espécies, segundo suas características 
biológicas e moleculares. E constituem 
os menores e menos complexos fitopa-
tógenos conhecidos. Ainda não está cla-
ro como os viroides causam doença, mas 
devem utilizar proteínas celulares para 
efetivar seu ciclo infeccioso. A morte 
celular pode ocorrer devido à alteração 
do metabolismo, pois este interfere na 
capacidade de as células processarem 
o RNA mensageiro, impedindo, assim, a 
produção de proteínas celulares (STE-
PHENS et al., 2009).
A tabela a seguir apresenta a classifi-
cação dos viroides em famílias, gêneros 
e espécies e os respectivos acrônimos, 
de acordo com o Comitê Internacional de 
Taxonomia de Vírus (ICTV) (FLORES et al., 
2005 apud EIRAS et al., 2006).
40 41
Observe que as espécies-tipo de cada gênero estão sublinhadas.
Fonte: Eiras et al.(2006, p. 231).
42 43
Segundo Eiras et al. (2006), com origens 
distintas e incertas e com relações evoluti-
vas pouco conhecidas, os agentes subvirais 
apresentam um contínuo de relações com-
plexas com outros agentes patogênicos e 
com suas plantas hospedeiras, que tornam 
o seu estudo intrigante e ao mesmo tempo 
fascinante.
Nos últimos 30 anos, desde a descoberta 
dos RNAs autocatalíticos, houve uma pro-
funda reviravolta no pensamento evoluti-
vo, pois acreditava-seque essa propriedade 
fosse exclusiva das proteínas. Assim, junta-
mente com outras evidências, postulou-se a 
existência de um mundo baseado exclusiva-
mente em moléculas de RNA.
Apesar de talvez serem relíquias de um 
passado longínquo, os viroides parecem ter 
emergido como patógenos somente no sé-
culo XX, e provavelmente causaram doen-
ças pela sua introdução acidental em plantas 
cultivadas a partir de plantas selvagens (Die-
ner, 1996 apud EIRAS et al., 2006).
Para aqueles que se interessem pelo 
tema, vale a pena ler a íntegra do artigo ela-
borado pelos autores acima e dali partirem 
para novas descobertas que certamente se-
rão instigantes. 
5.3 Príons
Os príons, já estudados em outro mo-
mento, são partículas protéicas infecciosas, 
extremamente pequenas, resultantes de 
proteínas normais modificadas por mutação, 
nomeada por Stanley Prusiner, em 1982. Di-
ferente de outras proteínas que aparecem 
em membranas plasmáticas de muitas cé-
lulas, os príons se ligam a estas membranas 
internamente formando fibrilas que, como 
não podem ser organizadas corretamente, 
formam agregados que, por sua vez, ao lon-
go do tempo, acabam por matar as células 
(STEPHENS et al., 2009).
Desde 1920, várias doenças têm sido atri-
buídas a esse agente infeccioso, algumas de-
las acometem o ser humano e causam dege-
neração mental, outras estão relacionadas 
a infecções de caprinos e bovinos, como a 
encefalopatia e a doença da vaca louca, res-
pectivamente. Vários aspectos da infecção 
por príons ainda não estão elucidados, entre 
eles a forma como uma doença causada por 
príon se propaga.
O Prêmio Nobel de Medicina, de 
1987, foi dado a Prusiner por seu estu-
do, onde ele identifica as cinco caracte-
rísticas desse agente infeccioso:
 não são inativados pelo calor a 90ºC;
 o tratamento com radiação não tem 
efeito nas infecções por príons, nem formol;
 resistem às enzimas que digerem DNA 
ou RNA; 
 são destruídos por agentes químicos, 
como o fenol, a ureia e hidróxido de sódio 1M, 
responsáveis pela desnaturação de proteí-
nas;
 possuem pareamento direto de amino-
ácidos.
Atualmente, sabe-se que a inativação dos 
príons só é possível em autoclave, à tempe-
ratura de 130º C. 
5.4 Vírus oncogênicos
São vírus com capacidade de modificar o 
acido nucléico, formando associação estável 
com o genoma da célula hospedeira, mudan-
do a sua estrutura e a função no organismo. 
Os oncogenes são fragmentos de DNA de 
vírus tumorais que causam a divisão descon-
42 43
trolada da célula hospedeira, já o protoonco-
gene é similar ao oncogene, mas é formado a 
partir da captura de genes ‘extras’ da célula 
hospedeira por alguns vírus RNA tumorais.
A maioria dos vírus oncogênicos codifica a 
informação para divisões ilimitadas, pois são 
mutantes que contêm deleções ou substi-
tuições. Essas mutações alteram o material 
codificado por estes genes.
A maioria dos vírus tumorais conhecidos 
até o momento são vírus DNA, tais como o 
vírus de Epstein-Barr (EBV), o Papiloma Vírus 
Humano (HPV) e o Vírus da hepatite B (HBV); 
entretanto, alguns vírus RNA estão associa-
dos a cânceres, como, por exemplo, o HTLV-1 
e o HIV.
Revisão de Martins e Cotroxo (2009) ex-
plica que no homem, o HBV pode causar 
hepatocarcinoma e seu DNA está integrado 
no DNA da célula hospedeira com inserções 
também clonais. Entretanto, o genoma do 
HBV não codifica qualquer oncoproteína e 
também não tem um padrão consistente de 
integração na vizinhança de qualquer proto-
-oncogene. Assim, acredita-se que o efeito 
do HBV seja indireto e possivelmente mul-
tifatorial: a lesão crônica dos hepatócitos e 
a hiperplasia regenerativa pelo HBV podem 
levar ao aparecimento de mutações espon-
tâneas ou podem ser provocadas por agen-
tes ambientais, como aflatoxina na dieta.
44 4544
UNIDADE 6 - Diagnóstico Laboratorial 
para Vírus
Segundo o Departamento de Microbio-
logia da Universidade Federal de Minas 
Gerais (2012), a análise do histórico e dos 
sintomas apresentados pelos pacien-
tes fornece as primeiras indicações para 
o diagnóstico de uma infecção viral. Os 
exames laboratoriais são realizados para 
confirmar o diagnóstico pela identifica-
ção do agente viral da infecção, determi-
nar a terapia antiviral mais adequada, de-
finir a evolução da doença e monitorá-la 
epidemiologicamente.
Existem diferentes métodos que per-
mitem o estudo dos vírus, dentre eles 
os mais comuns são os que utilizam cul-
turas celulares para observar os efeitos 
citopáticos (ECPs), a purificação de partí-
culas virais, a observação da morfologia 
virai e de seus componentes (proteínas e 
ácidos nucléicos) e os testes sorológicos. 
Podem também ser utilizadas técnicas 
moleculares para a detecção do agente 
viral. A escolha do método depende do 
tipo do espécime, do custo para sua reali-
zação, da rapidez necessária do diagnós-
tico e do tempo de evolução da doença.
Stephens et al. (2009) ressaltam, po-
rém, que muitas vezes é necessário uti-
lizar mais de um método, a fim de se ter 
uma melhor definição diagnóstica, já que 
existem diferentes vírus que apresen-
tam morfologia semelhante. Desta for-
ma, o diagnóstico não pode ser baseado 
apenas neste aspecto morfológico ou-
tros aspectos deverão ser considerados 
para um diagnóstico preciso.
Com a utilização de animais de labora-
tório e das culturas de células, é possível 
isolar e identificar estes agentes. Devido 
à dificuldade do isolamento de um vírus 
a partir de espécimes clínicos (secreções 
diversas, urina, fezes, líquido cefalor-
raquidiano, pele, líquido pleural, saliva, 
soro, etc.), os ensaios sorológicos são 
uma alternativa e permitem a avaliação 
indireta do vírus, pela detecção de anti-
corpos específicos, tanto na fase aguda 
da doença, quanto na de convalescença 
(STEPHENS et al., 2009).
Ressalte-se mais uma vez que a rea-
lização dos ensaios laboratoriais para o 
diagnóstico viral deve obedecer a todas 
as normas de Biossegurança e boas prá-
ticas de laboratório como vimos em ou-
tros momentos do curso.
6.1 Coleta de material
No caso das infecções virais agudas, 
quando se deseja detectar elementos da 
partícula viral, as amostras destinadas ao 
exame devem ser colhidas precocemen-
te, antes que o vírus deixe de ser libera-
do. Além disso, os anticorpos produzidos 
em resposta a infecção podem bloquear 
a detecção do vírus. De modo geral, os 
espécimes clínicos de quadros respira-
tórios devem ser colhidos nos primeiros 
dias após o início dos sintomas. Nas in-
fecções intestinais, onde a excreção de 
vírus pelas fezes é em geral mais prolon-
gada, a coleta pode ser feita nas três se-
manas que se seguem ao aparecimento 
da diarreia.
As amostras dos vírus da herpes sim-
ples (HHV1) e da varicela-zoster (HHV3) 
devem ser isoladas, a partir das lesões, 
44 4545
antes de se completarem cinco dias do 
início dos sintomas. Quanto menor o 
tempo entre a coleta da amostra e seu 
envio ao laboratório, maiores as chances 
de isolamento dos vírus. Os vírus podem 
ser cultivados em cultura celulares, ovos 
embrionados e animais experimentais. 
Na tabela abaixo estão listados alguns 
exemplos de materiais comumente ana-
lisados em laboratórios.
Materiais analisados em laboratório
Fonte: UFMG (2012, p. 2).
6.2 Isolamento de vírus
Os vírus, ao contrário de outros mi-
crorganismos, só se replicam em células 
vivas. Desse modo, seu isolamento ape-
nas é possível quando se utiliza um hos-
pedeiro vivo, como a cultura de células, 
os animais de laboratório e os ovos em-
brionados.
As células de mamíferos foram culti-
vadas pela primeira vez em laboratório 
há pouco mais de 70 anos. Em meados do 
século XX, um grupo de pesquisadores 
isolou o Poliovírus em cultura de células. 
A partir daí, uma infinidade de famílias 
virais foi isolada e identificada, sendo al-
gumas destas não associadas às doenças 
da época (STEPHENS et al., 2009).
Por meio da microscopia ótica, a pre-
sença do vírus é identificada de forma 
indireta, através de alterações morfoló-
gicas na célula, denominadas