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criadora de valor, em meios de subsistência que compram pessoas, em
meios de produção que empregam o produtor.409 O próprio trabalhador
produz, por isso, constantemente a riqueza objetiva como capital, como
poder estranho, que o domina e explora, e o capitalista produz de
forma igualmente contínua a força de trabalho como fonte subjetiva
de riqueza, separada de seus próprios meios de objetivação e realização,
abstrata, existente na mera corporalidade do trabalhador, numa só
palavra, o trabalhador como trabalhador assalariado.410 Essa constante
reprodução ou perpetuação do trabalhador é a condição sine qua non411
da produção capitalista.
O consumo do trabalhador é de dupla espécie. Na própria pro-
dução, ele consome meios de produção, mediante seu trabalho, e os
transforma em produtos de valor mais elevado que o do capital adian-
tado. Esse é seu consumo produtivo. Ele é simultaneamente consumo
de sua força de trabalho pelo capitalista que a comprou. Por outro
lado, o trabalhador utiliza o dinheiro pago pela compra da força de
trabalho em meios de subsistência: esse é seu consumo individual.
O consumo produtivo e o individual do trabalhador são, portanto,
inteiramente diferentes. No primeiro, atua como força motriz do
capital e pertence ao capitalista; no segundo, pertence a si mesmo
e executa funções vitais fora do processo de produção. O resultado
do primeiro é a vida do capitalista, o do outro é a vida do próprio
trabalhador.
Ao considerar a “jornada de trabalho” etc., mostrou-se oportuna-
mente que o trabalhador é com freqüência forçado a fazer de seu con-
sumo individual mero incidente do processo de produção. Nesse caso,
ele se abastece de meios de subsistência a fim de manter sua força de
trabalho em andamento, como se abastece de água e carvão a máquina
a vapor e de óleo a roda. Nesse caso, seus meios de consumo são
simples meios de um meio de produção; seu consumo individual, con-
sumo diretamente produtivo. Isso parece ser, entretanto, um abuso
não essencial ao processo de produção capitalista.412
A coisa muda de figura tão logo consideramos não o capitalista
OS ECONOMISTAS
204
409 "Isso é uma propriedade particularmente notável do consumo produtivo. O que é consumido
produtivamente é capital e torna-se capital mediante o consumo." (MILL, J. Op. cit., p.
242). J. Mill, contudo, não descobriu a pista dessa “propriedade particularmente notável”.
410 "É de fato verdade que a primeira introdução de uma manufatura ocupa muitos pobres,
mas eles continuam pobres e a permanência da manufatura produz muitos mais deles."
(Reasons for a Limited Exportation of Wool. Londres, 1677, p. 19.) “O arrendatário afirma
agora, contra toda razão, que ele mantém os pobres. Na verdade são mantidos na miséria.”
(Reasons for the Late Increase of poor Rates: Or a Comparative View of the Prices of
Labour and Provisions. Londres, 1777. p. 31.)
411 Indispensável. (N. dos T.)
412 Rossi não enfatizaria tanto esse ponto se houvesse realmente penetrado no segredo da
productive consumption.

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