Buscar

Aula 5 - História Moderna_ da transição do feudalismo às reformas religiosas

Prévia do material em texto

- -1
HISTÓRIA MODERNA: DA TRANSIÇÃO DO 
FEUDALISMO ÀS REFORMAS RELIGIOSAS
RENASCIMENTO
- -2
Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de: 1. Identificar a importância do pensamento medieval para o mundo
moderno; 2. avaliar o sentido do termo Idade das Trevas para designar a Idade Média; 3. relacionar o conceito de
humanismo aos diversos renascimentos.
Nas aulas anteriores, mencionamos o monopólio que a Igreja católica exercia durante a Idade Média e como esse
privilégio se traduziu no aumento do poder católico nesse período. Vejamos agora de que forma esse
pensamento medieval foi gestado e serviu como base para o pensamento moderno.
Vamos falar sobre as universidades medievais e como essas instituições foram fundamentais para o
desenvolvimento do pensamento e cultura do homem europeu. Quando falamos em universidade, nos vêm à
mente instituições de ensino superior que cursamos após o fim do ensino médio, como forma de adquirirmos
uma profissão e nos especializarmos em uma área de conhecimento.
As primeiras universidades têm em comum com aquelas que conhecemos hoje o fato de congregarem mestres e
alunos, mas existiam sobretudo para o aprendizado de um ofício e para ensiná-lo, e qualquer um que o
dominasse estava capacitado. Podemos dizer que, nessa realidade, não existiam diplomas que aferissem a
capacidade dos mestres. Por isso, a palavra original quer dizer corporação, a exemplo dasuniversitas
corporações de ofício que vimos nas aulas passadas. Como o termo é de origem latina, ele também tem o sentido
de universalidade, já que nele eram estudados diversos saberes.
Antes de falar sobre essa estrutura propriamente dita, vamos voltar nossos olhos para o Oriente e para os
saberes trazidos pela presença muçulmana na Europa. Lembra-se? Falamos dela na última aula.
- -3
Os muçulmanos ocuparam durante séculos uma parte da Europa e, mesmo tendo sido expulsos no processo de
unificação dos estados nacionais, deixaram uma grande herança cultural como legado. Durante a baixa Idade
Média, sobretudo a partir do século XIII, há uma enorme transformação do pensamento Ocidental, pois as obras
que haviam sido produzidas durante a antiguidade chegam, por intermédio do oriente, aos pensadores do
medievo.
Mas como podemos compreender essa influência árabe no mundo medieval, já que neste último imperava a
igreja católica?
Como o renascimento urbano e comercial e, mesmo antes disso, com as cruzadas, muito do conhecimento
muçulmano penetrou no medievo. Além disso, nas universidades, coexistiam tanto o ensino religioso como o
laico. Como exemplo, podemos citar a obra do filósofo grego Aristóteles, que chega ao ocidente através de
traduções feitas, inicialmente do árabe. Grande parte das obras, escritas em árabe e grego, vinha das regiões
hispânicas dominadas pelos mouros.
Isso aponta para uma maior integração dos reinos europeus, proporcionada pelo comércio realizado entre essas
regiões. Podemos perceber mais uma vez a noção da história não como uma estrutura linear, mas como fruto de
vários processos ligados um ao outro. Mas atenção, não estamos falando aqui de um sistema baseado em causa e
consequência.
Vamos “abrir um parêntese” para discutir um pouquinho essa questão, “causa e consequência”. Em história,
existe uma discussão que é feita há décadas sobre se ela é ou não ciência. Essa pergunta nunca terá uma resposta
correta, pois há aqueles que defendem a história como ciência e outros discordam. Não vamos discutir aqui os
argumentos defendidos por um e outro. O que nos cabe é entender porque isso é uma preocupação que aparece
muitas vezes nos discursos historiográficos.
- -4
Será que se tivéssemos as mesmas circunstâncias que provocaram a Revolução Francesa em outro país teríamos
o mesmo resultado? Jamais saberemos.
Por isso, também não podemos falar em causa e consequência em história, já que não podemos dizer que as
mesmas causas provoquem consequências idênticas.
A mesma conjuntura provoca processos diferentes, dependendo do lugar, das classes sociais envolvidas, do
desenvolvimento dessas classes, do conhecimento acumulado pelos indivíduos, enfim, depende de uma série de
fatores que são únicos em cada lugar e tempo histórico. Por isso também é impossível utilizarmos a ideia de “e
se..” Ela não tem validade em história. E se Inglaterra e França tivessem se unificado antes de Portugal e
Espanha? Teriam se lançado antes na expansão marítima e colonizado a América? É impossível saber!
Entendendo a questão como um processo histórico, temos um conjunto de fatores que permitiram a existência
das unidades medievais. Como fruto do seu tempo, as universidades servem também para suprir a mão de obra
qualificada, já que tinha como um de seus objetivos o ensino de ofícios. Mas ao lado desse tipo de ensino,
também havia uma forte formação cultural com o estudo de filósofos e escritos da antiguidade.
Esses elementos estarão fortemente presentes na constituição do pensamento moderno. Os marcos precisos
para quando essas instituições começaram de fato a existir é motivo de controvérsia. Entretanto, é certo que as
universidades existiram não só como uma necessidade de sua época, mas também como uma disputa entre o
ensino laico e religioso.
Fique ligado
O paradigma mais comum para definir a ciência seria algo que pode ser observado e cuja
experiência pode ser repetida até que os resultados possam ser considerados um padrão.
Vamos ver um exemplo simples. Sabemos que a água ferve a 100 graus centígrados. Para
termos essa informação, os cientistas ferveram a água incontáveis vezes e chegaram à
conclusão de que esta afirmação é verdadeira. Sob qualquer condição, a água ferve a 100 graus.
Em história, não podemos fazer isso. Não podemos repetir os fenômenos e eventos históricos
várias vezes para tirarmos nossas conclusões, ou seja, o paradigma de ciência tradicional pode
ser aplicado às ciências exatas, mas não às ciências humanas, o que não quer dizer,
necessariamente, que ela não seja ciência.
- -5
O que podemos concluir é que mesmo em meio à mentalidade medieval, dominada pela Igreja, há o
florescimento e a expansão do ensino e da cultura, além da recuperação do conhecimento da antiguidade. Por
isso, não faz sentido nos referirmos a esse termo como Idade das Trevas. Falamos disso em outras aulas, você se
lembra?
Saiba mais
Disputa entre o ensino laico e religioso
Inicialmente, as universidades eram conjuntos de indivíduos, de diversas classes, que estavam
ligados diretamente a um mestre e dele apreendiam um ofício. As aulas não tinham um lugar
próprio e podia ocorrer em qualquer lugar. Essa informalidade permitia que pessoas de várias
classes sociais pudessem adquirir algum tipo de educação. Os alunos pagavam aos mestres e
muitos eram sustentados por suas famílias enquanto estudavam. Conforme essa estrutura se
desenvolvia e se espalhava, tanto a Igreja quanto a nobreza passaram a criar leis para
estabelecer e interferir na educação dos reinos, pois reconheciam a educação como uma base
importante não só ponto de vista cultural, mas também político. Das universidades emergiam
os juristas, teólogos, burocratas e funcionários que iriam compor o corpo administrativo do
estado moderno.
As universidades de Paris e Bolonha se destacam como as grandes instituições desse período.
É interessante perceber que as aulas eram ministradas em latim e para ingressar em uma
universidade ou lecionar nela, era preciso o domínio desse idioma, tanto falado quanto escrito.
Isso ressalta a influência da Igreja, já que a Bíblia estava escrita em latim, as missas eram
celebradas em latim e essa língua ganhou o status de língua erudita. Além disso, era preciso ser
batizado e possuir provas de boa conduta moral. Fica claro que embora possuam um caráter
mais universal, pois ampliaram sobremaneira a educação na Europa, as universidades também
estavam circunscritas ao mundo urbano tendo um grande número de estudantes oriundo da
classe burguesa.
Os alunos ingressavam jovens, entre12 e 15 anos. Quer dizer, jovens na perspectiva
contemporânea, não é? Na Idade Média, um indivíduo dessa idade já era considerado um
adulto, e o que chamamos hoje de adolescência é um conceito que pertence à idade
contemporânea. Então, por mais que a idade de ingresso nas universidades nos pareça hoje
muito precoce, isso não é verdade para a época que estudamos.
As disciplinas são divididas em e e englobam as chamadas sete artestrivium quatrivium
liberais. No , eram ensinadas as ciências da palavra: gramática latina, dialética etrivium
retórica e no , a ciência das coisas: música, geometria, astronomia e aritmética. Équadrivium
interessante notarmos que esses saberes tinham o status de arte, o que remete à ideia de que o
conhecimento era um dom divino.
Quando essas estruturas se consolidam de fato como centros de conhecimento e ensino, a
Igreja passa a ter um maior controle sobre elas, através do documento de licença docente. Por
esse documento, passa a haver uma seleção de quem pode ou não ensinar nas universidades.
Os mestres passam a ser funcionários da igreja ou do estado e seu ingresso como mestre do
ensino vai depender das suas relações políticas tanto com o clero quanto com a nobreza.
- -6
Agora que vimos mais sobre o pensamento medieval, podemos perceber o quanto esse termo é pejorativo.
Estima-se que o primeiro a se referir ao período medieval como Idade das trevas tenha sido Francesco Petrarca,
intelectual e poeta italiano, no século XIV. Petrarca era um homem de seu tempo, culto e que, além disso, vivia
em um dos maiores centros de efervescência cultural da época, a Itália. Para essa nação, durante os séculos
anteriores, a literatura latina havia experimentado um enorme declínio, o que o fez considerar o período como
obscuro ou tenebroso.
O termo foi apropriado pelos iluministas que entendiam o medievo como uma época de misticismo e
superstição, no qual a ciência ficou relegada a segundo plano e o mundo era regido pelas sagradas escrituras. A
existência e desenvolvimento das universidades mostram o quanto esse termo é errôneo, mas essa revisão foi
feita somente no século XX. Levamos séculos para perceber que o conhecimento medieval é a base na qual se
sustentaria o conhecimento moderno e que este, como qualquer dinâmica humana, se transforma e se adapta aos
novos tempos.
Nas universidades, especialmente a partir do século XV, teremos o desenvolvimento e a difusão do humanismo.
Podemos definir humanismo, de modo geral, como o conjunto de ideias e valores que priorizam a visão de
mundo do homem. O que isso quer dizer?
•
Visão teocêntrica de mundo
Durante séculos, predominou na Europa a visão teocêntrica de mundo. Todos os fatos da vida humana,
do nascimento à morte, eram determinados por princípios divinos e baseados na fé. Como qualquer
•
- -7
conjunto ideológico baseado no principio divino, a trajetória da vida humana não teria nenhuma
definição racional, já que todas as escolhas estariam submetidas à vontade de Deus. Nesse mundo, o
homem é um mero espectador de seu destino e depende da vontade de seu criador para existir.
•
Crença em um ser divino
Não queremos aqui questionar o sentido ou validade na crença em um ser divino. O que temos que
compreender, como historiadores, é como essa fé determinou a trajetória dos homens do medievo. Se
tudo é determinado pela vontade divina, então faz parte do plano superior o homem ter nascido servo ou
nobre e a imobilidade social é vista como algo natural, inato e que não pode ser transformado. Isso
contribuiu para a manutenção da estrutura feudal enquanto esse pensamento vigorou.
•
O homem não é mais um mero espectador
A expansão do conhecimento permite que o homem questione o seu papel no mundo e, é claro, o papel
de Deus na ordem das coisas. Na Idade Moderna, o homem não é mais um mero espectador, mas um
agente transformador da realidade e do mundo que o cerca, interferindo diretamente em seu meio. Esse
é o principal sentido do humanismo, ou da perspectiva antropocêntrica, na qual as necessidades
humanas passam a ser valorizadas.
Progressivamente, os dogmas católicos passam a ser questionados, especialmente no tocante ao acúmulo de
capital. A igreja condena o lucro e a usura, que por sua vez são a base do comércio que permitirá à burguesia
enriquecer. Não é à toa que a burguesia será um dos principais agentes que apoiarão as reformas religiosas,
como veremos nas próximas aulas.
A antiguidade trazia em sua filosofia e arte traços do humanismo que serão recuperados na Idade Moderna.
Podemos notar isso em diversos exemplos, como na filosofia de Platão e Aristóteles, em suas discussões sobre a
organização social, ou na medicina de Hipócrates, o pai da medicina, para quem a definição de saúde envolvia
não só o corpo físico, mas também uma grande parte espiritual.
Na antiguidade, já existia uma preocupação com o corpo humano e com a forma como ele era representado.
Buscava-se a perfeição e a simetria das formas, o que vai ser retomado no renascimento. Vamos ver as diferentes
maneiras como isso se materializava na arte?
•
•
- -8
Esta é a escultura feita pelo artista grego Fidias, representando o Deus Dionísio. Essa obra foi feita no século IV e
mostra uma preocupação com as formas, o torso bem definido, numa clara tentativa de representar o corpo
humano da maneira mais realista possível. Para os romanos, os deuses assumem formas humanas e por isso o
corpo de Dionísio está sendo esculpido como um corpo humano de simetria perfeita.
Vamos compará-lo com esta pintura de Pietro Cavallini. O artista, que viveu entre os séculos XIII e XIV retratou
nessa obra chamada , o anjo de Deus anunciando à Maria a gravidez dela. Não só a escolha do temaA Anunciação
religioso é característica da idade Média, mas tambem a maneira como as figuras são retratadas. Completamente
vestidas, como convém a uma obra religiosa, e que destoa completamente do Dionísio nu de Fidias, não há uma
preocupação na reprodução dos traços fisionômicos, na expressão do rosto ou no desenho das mãos e dos traços
físicos.
- -9
Por último, vejamos uma das esculturas mais famosas de todos os tempos: o Davi de Michelângelo. O que
impressiona nesta obra é o cuidado do artista com a representação do corpo. Os músculos, a expressão facial, o
contorno das mãos, todos esses elementos indicam um conhecimento científico da anatomia humana. Era
comum que os pintores e escultores fossem às universidades assistir às aulas de medicina e anatomia e isso se
reflete em suas obras. Quando vemos essa progressão da arte, da antiguidade até a renascença, podemos
perceber a clara retomada de valores da antiguidade. O conceito de renascimento como “recuperação de valores
e ideais da antiguidade clássica grega e romana” é algo que vemos desde os nossos tempos de escola. Agora
vimos, através dessas imagens, como de fato ela se manifesta.
É claro que é na arte que o renascimento se manifesta de maneira mais visível. Sempre que falamos em
renascimento nos vem à mente a expressão “renascimento artístico”. Mas o renascimento é bem mais do que
uma manifestação artística e cultural.
Ele é um conjunto de valores que se manifesta não só na pintura e escultura, mas na medicina, na física, na
astronomia e em vários campos do saber. Isso acontece porque são transformações no campo das ideias e por
isso afetam o conhecimento humano como um todo.
Os séculos XV e XV assistem a uma nova maneira do homem se expressar e descrever o mundo que o cerca.
Nesse aspecto, Leonardo da Vinci é considerado um homem do renascimento, por excelência. Suas pinturas são
conhecidas no mundo todo, mas Da Vinci também foi inventor e engenheiro, acumulando diversos saberes e
- -10
atuando em diversas áreas. Isso mostra o espírito artístico e científico da época, que busca no homem e na
natureza a explicação para vários fenômenos da vida cotidiana. Fatos hoje que nos paracem triviais constituem
enormes descobertas, como é o caso da circulação sanguínea. Sabemosque é bombeado pelo coração e percorre
todo o nosso corpo. Mas como chegamos até essa informação, imprescindível para o desenvolvimento da
medicina moderna?
Em mais um exemplo da importância do pensamento clássico no renascimento, um dos pioneiros no estudo do
sangue foi Cláudio Galeno, médico que viveu na Roma Antiga. Galeno fazia experiências em macacos, já que era
proibido o uso de cadáveres e foi um dos primeiros a estudar as veias e artérias. Durante a Idade Média, estudos
com cadáveres eram considerados uma grande profanação e proibidos pela igreja. No século XVI, Andreas
Vessalius, usando os trabalhos de Galeno, estebeleceu um minicioso trabalho na descrição do funcionamento do
corpo humano e da circulação sanguínea. Vessalius dissecou inúmeros cadáveres para chegar às suas conclusões
e por isso foi considerado o pai da anatomia moderna.
Mas a produção de conhecimento não estava totalmente livre da interferência da Igreja. Cientistas como Galileu
Galilei foram duramente perseguidos por deferenderem suas ideias e teorias.
No século XV, Nicoulau Copérnico desenvolve o modelo heliocêntrico, que mudaria por completo a astronomia.
Antes de Copérnico, vigorava o modelo geocêntrico de universo, ou seja, a terra era o centro do universo e ao
redor dela orbitavam os demais corpos celestes. Baseado no estudo e na observação dos planetas, Copérnico
criou um novo modelo, no qual o sol substitui a terra como centro do universo. A Igreja recusa a descoberta,
apesar de Copérnico ser, dentre outras funções, cônego da Igreja Católica. Até então, embora condenasse as
descobertas, a Igreja ainda não tinha passado a persegui-las sistematicamente. Mas em 1542 o papa Paulo III
restabelece o tribunal da Inquisição que passa a observar as descobertas científicas mais de perto.
Saiba mais
Inquisição
Cabe aqui falarmos um pouco sobre a inquisição, assunto que retomaremos nas próximas
aulas. A Inquisição foi criada no século XII, para corrigir a fé católica, ou seja, para combater as
heresias entre os católicos, em especial as praticadas pelos cátaros, no sul da França, que
acreditavam em sua própria concepção da alma após a morte. Embora nunca tenha
desaparecido, a inquisição foi sendo reformada ao longo dos séculos, através dos concílios, nos
quais foram introduzidos a legitimação da tortura e outros métodos de confissão das heresias.
No século XVI, a inquisição se volta também para os cientistas, acusando e julgando-os como
hereges.
No Concílio de Trento, que começa em 1545, é criado o , uma lista de livrosIndex Proibitorum
proibidos e cujo conteúdo era considerado herege. Copérnico escapou da inquisição, pois
faleceu em 1543, mas a sua obra não. Seus livros e descobertas foram colocados no e suaIndex
leitura proibida.
Essa proibição foi ignorada por outro cientista, o italiano Galileu Galilei, que viveu entre os
- -11
Por fim, a invenção da imprensa por Guttemberg, da qual falamos na última aula, vai revolucionar
definitivamente o mundo moderno. As obras científicas produzidas durante o renascimento puderam chegar a
um número muito maior de pessoas. Mesmo constando no Index, alguns livros ainda são impressos e
distribuídos clandestinamente. A importância dessas obras não se encerram em si mesmas. Elas são importantes
porque dão origem a novas pesquisas e novos questionamentos.
E isso não se restringe às camadas mais altas da sociedade. Cada vez mais, o homem comum buscará a educação
como uma maneira de transitar no mundo das ideias, de fazer parte dessa nova realidade. Ler e escrever irão,
aos poucos, deixando de ser privilégios restritos aos membros da nobreza. É claro que esse é um processo longo,
mas o acesso ao conhecimento, antes quase impossível, é uma das marcas que distinguem a Idade moderna da
Idade Média.
O que vem na próxima aula
• A noção de circularidade cultural;
• a visão de mundo medieval e moderna;
• o caso Mennochio: como o homem comum vive a modernidade.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Analisar a importância das universidades para o pensamento moderno;
• aplicar os conceitos de humanismo e Idade das Trevas;
• compreender o processo do renascimento como algo que engloba distintos saberes.
Essa proibição foi ignorada por outro cientista, o italiano Galileu Galilei, que viveu entre os
séculos XVI e XVII. Galileu confirmou as observações de Copérnico e acrescentou a elas novas
descobertas, usando um telescópio para provar suas teorias.
É preciso dizer que Galileu não era contra a Igreja católica, até porque ele mesmo era católico.
Durante sua vida, ele procurou o apoio da Igreja para legitimar suas pesquisas, mas teve seus
pedidos negados, o que não o impediu de continuar. A igreja enfrentava a reforma protestante
que a cada dia conseguia mais adeptos e por isso endurecia a perseguição aos hereges. Galileu
foi chamado pelo Tribunal do Santo Ofício e julgado por suas ideias. Teve que negar suas
descobertas para evitar ser queimado na fogueira, embora seus livros fossem postos no Index.
Uma das histórias que corre a respeito de um de seus julgamentos, no qual ele negou que a
terra girava em torno do sol, conta que ao sair ele exclamou. “Mas que ela gira, gira.”
O medo da fogueira não era infundado. Antes de Galileu, outro cientista, que viveu na mesma
época, Giordano Bruno, foi queimado por defender as mesmas ideias.
•
•
•
•
•
•

Mais conteúdos dessa disciplina