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Instituto Cultus
Grupo Educacional Faveni
Pedagogia Social e Educação Especial e Inclusiva
Bianca Aparecida Pereira de Oliveira
Cidade Maracaju, MS
2021
PROFESSOR INICIANTE: OS DESAFIOS DO INÍCIO DA CARREIRA
Bianca Aparecida Pereira de Oliveira[footnoteRef:1] [1: 
Acadêmica Bianca Aparecida Pereira de Oliveira] 
 
Declaro que sou autora deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi feito por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além ou daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas para fins de produção deste trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou de violação aos direitos autorais.
RESUMO
Essa investigação busca compreender a prática docente dos professores iniciantes na carreira docente a partir de sua inserção na escola. Para tanto realizamos uma pesquisa de cunho qualitativa, objetivando investigar quais são as dificuldades no início da carreira, a partir da perspectiva de professores de uma escola pública e privada do município de Maracaju/MS. Primeiramente foi realizado um embasamento nas teorias de alguns pensadores desta temática como Huberman (1992), Tardif (2002), Garcia (2010) e outros, afim de compreendermos esse processo inicial da docência; e no segundo momento a pesquisa de campo, realizada através de uma entrevista semiestruturada com três professoras iniciantes, na qual indagou-se sobre seus maiores entraves, como se deu sua formação inicial, qual foi as experiências nos estágios, o que faltou e como superam as dificuldades iniciais da docência. Nesse sentido, evidenciamos que as primeiras experiências das professoras iniciantes são marcadas pela prática cotidiana. Em relação as reflexões ficam evidente a necessidade de se criar mecanismos que promovam a aproximação dos futuros docentes com a prática cotidianas vividas pelos professores em seu contexto escolar.
Palavras-chave: Docência. Professor iniciante. Desafios.
INTRODUÇÃO
 Este trabalho trata sobre o professor iniciante e seu processo de inserção na carreira como docente, um momento de suma importância, não apenas por ser um momento de adaptação do sujeito a profissão, mas, sobretudo pelas implicações decorrentes nesse período. O interesse pelo tema surgiu por ter auxiliado, por algum tempo, uma professora do primeiro ano do ensino fundamental em uma escola particular. Foram dias que nem via passar, as crianças faziam leitura, caças palavras, cruzadinhas, e eu as ajudava.
Depois de quatro dias, fui novamente substituir, mas em outra sala do maternal II, de crianças de três. Tive muita dificuldade porque não sabia o que fazer para conquistá-las. Fui para a casa pensando que, quando eu me formasse, queria trabalhar nos anos iniciais, porque as crianças interagem mais e são independentes. Identifiquei-me com as crianças maiores, e assim, saí da escola com a esperança que um dia eu poderia trabalhar lá.
Passaram-se duas semanas me ofereceram um serviço de monitoria para sala do maternal. Trabalhei durante cinco meses, até as férias de dezembro. No ano seguinte fui contratada novamente, fiquei insegura porque iria começar tudo novamente, mas também muito animada, pois iria obter novos conhecimentos. 
Na escola, todo fim de ano eles fazem rodízio de professoras e monitoras para que não fiquem juntas mais de um ano. No ano seguinte, comecei a trabalhar em uma sala de alfabetização e tive a certeza que era com essas crianças, maiores, que mais me identificava. A sala tinha vinte e cinco crianças e minha turma era a maior da escola, um desafio e tanto para uma iniciante, que nem formada era. 
Os meses foram se passando, eu fui ficando mais confiante e em várias ocasiões a professora de sala me deixava sozinha. Eu tinha muito receio, pois a responsabilidade da sala era minha, e se uma criança caísse? E se alguém se machucasse? Era o meu maior medo, mas ao mesmo tempo me divertia, porque eu ficava com a turma sozinha e podia explicar as coisas da minha maneira. Contava duas histórias por dia, e pedia para elas recontarem do jeito delas, elas amavam. 
Percebi que os professores iniciantes possuem muita dificuldade, tensões e dúvidas, e reclamam da ausência de apoio pedagógico. A falta de apoio de professores mais experientes, também gera uma certa insegurança, fazendo com que o iniciante fique com certos receios sobre sua prática pedagógica
Essa pesquisa de cunho qualitativa, tem como objetivo compreender quais são as dificuldades no início da carreira, a partir da perspectiva de professores de uma escola pública do município de Maracaju/ MS.
Os sujeitos que participaram do estudo são professores das escolas públicas, e os professores de escolas particulares de Maracaju, com até três anos de docência, para verificar quais são as maiores necessidades desse início de carreira. O problema central é: quais são as reais necessidades dos professores iniciantes? Para responder a essa questão os objetivos são:
- Compreender quem são os professores iniciantes
- Compreender as necessidades e desafios dos professores em início de carreira
- Verificar quais são as estratégias que os professores iniciantes, que trabalham da cidade de Maracaju- MS, utilizam para superar os desafios do início da carreira. 
Quem são os professores iniciantes? 
 Para compreendermos quem são os professores iniciantes, devemos recorrer a Huberman (1992) que realizou uma pesquisa sobre os ciclos de vida profissional dos professores, para esse autor, o professor, ao longo de sua carreira, passa por cinco fases:
 A primeira fase é denominada pelo autor de fase da sobrevivência e da descoberta - é a entrada na carreira de 1 aos 3 anos; a segunda fase, é da estabilização dos 4 aos 6 anos; a terceira fase é denominada de diversificação ou questionamento e vai dos 7 aos 25 anos; a quarta fase, da serenidade e distanciamento afetivo ou de conservadorismo e lamentações: dos 25 aos 35 anos, e a última fase é a fase do desinvestimento e se desenvolve entre os 35 e 40 anos da carreira docente.
Professores em início de carreira - de 1 a 3 anos - Huberman (1992) denomina de estágio de sobrevivência e estágio de descoberta, isto porque o professor vive a realidade da sala de aula, o choque real, trata-se de uma fase marcada pelo confronto com a complexidade da situação profissional, composta pelas preocupações consigo próprio, pelas distâncias entre o ideal e o real da sala de aula, pela fragmentação dos processos didático, pedagógico e curricular, enfrenta dificuldades e tem medo da transmissão e construção de conhecimentos com os alunos, pela utilização de materiais didáticos inadequados, entre outros. Assim afirma Huberman (1992, p39):
O estágio da sobrevivência, traduz o que se chama vulgarmente de “choque real”, a confrontação inicial com a complexidade da profissão: o tactear constante, a preocupação consigo próprio (“Estou-me a aguentar”), a distância entre os ideais e a realidade quotidiana da sala de aula, fragmentação do trabalho, a dificuldade em fazer fase, simultaneamente, à relação pedagógica e a transmissão de conhecimento. 
 O que Huberman (1992), denomina de descoberta é o momento no qual o professor começa a sentir confiança, entusiasmo, a ter responsabilidade com seus alunos e sua sala de aula, tendo suas opiniões expostas e sua metodologia de ensino. A entrada na carreira, marcada pelas experimentações, pela exaltação oriunda da responsabilidade assumida e de fazer e sentir-se parte da escola.
Em contrapartida, o aspecto da “descoberta” traduz o entusiasmo inicial, a experimentação, a exaltação por estar, finalmente, em situação de responsabilidade (ter a sala de aula, seus alunos, o seu programa), por se sentir colega num determinado corpoprofissional (HUBERMAN, 1992, p. 39)
Sobre a fase da estabilização, comenta que acontece dos 4 aos 6 anos, é o estágio de consolidação pedagógica, de segurança e competência com o comprometimento da carreira docente, aumentando suas preocupações com material didático, já não se sente culpado por tudo que acontece de errado em sua sala, se sente mais liberto, tem prazer e domínio daquilo que faz, sente-se à vontade em fazer seu plano pedagógico e tendo autoridade, torna-se tudo mais natural, as pessoas se sentem melhor e respeitada acreditando e tentando fazer tudo dar certo. ” 
Nesse sentido, significa acentuar o seu grau de liberdade, a suas prerrogativas e seu modo próprio de funcionamento” (HUBERMAN, 1992, p. 40).
Fase de diversificação, dos 7 aos 25 anos o professor experimenta novas práticas, diversifica seus métodos, é crítico, passa por uma crise em sala de aula ou até mesmo tem fracassos em suas experiências, dos 25 aos 35 anos o professor se queixa dos alunos que são indisciplinados e são menos empenhados pois já está cansado e pensam em se aposentar.
As pessoas lançam-se então numa pequena série de experiências pessoais, diversificando o material didático, os modos de avaliação, a forma de agrupar os alunos, as sequencias do programa, etc. Antes da estabilização, as incertezas, as inconsequências e os insucessos geral tendiam de preferência a restringir qualquer tentativa de diversificar a gestão das aulas e instaurar uma certa rigidez pedagógica (HUBERMAN, 1992, p. 41).
	Ou seja, é o momento no qual o professor passa a ter confiança, autonomia e maior competência pedagógica crescentes, constrói um sentimento de descontração no qual o professor se preocupa menos consigo e mais com os objetivos didáticos, é, também, o momento no qual o professor se sente mais preparado para enfrentar situações adversas, complexas e inesperadas, consolidando e aprofundando os seus conhecimentos e repertório diante de suas turmas e do cotidiano em sala de aula, passa a se impor mais no âmbito escolar (HUBERMANN, 1992).
	A fase dos 25 aos 35 anos, Huberman (1992) chama de fase da serenidade e de distanciamento afetivo da carreira, marcada pela possibilidade de se alcançar a serenidade, o conformismo e lamentações. 
[...] estes professores evocam uma “grande serenidade” em situação de sala de aula. [...] apresentam-se como menos sensíveis, ou menos vulneráveis, à avaliação dos ouros, quer se trate do director (sic), dos colegas ou dos alunos. Falam explicitamente de “serenidade”, de ter, enfim, “chegado à situação de me aceitar tal como sou e não como os outros me querem (HUBERMAN, 1992, p. 44).
	
	 A serenidade se associa ao conhecimento e domínio das situações pedagógicas. O conformismo em relação às suas práticas e auto-aceitação, as lamentações, especialmente sobre os alunos e o corpo docente já não gera uma preocupação, pois tem-se uma confiança maior em si próprio.
	Após a fase da serenidade vem a fase do desinvestimento dos 35 aos 40, marcada pelo recuo e interiorização no fim da carreira profissional, na qual a postura pode ser ou não positiva libertando-se do investimento na profissão e sem lamentações.
[...] a literatura clássica no domínio do ciclo da vida humana evoca um fenômeno de recuo e de interiorização no final da carreira profissional. A postura geral é, até certo ponto, positiva; as pessoas libertam-se, progressivamente, sem o lamentar, do investimento no trabalho, para consagrar mais tempo a si próprias; [...] A tal respeito, os dados deste estudo dão conta de uma fase de desprendimento, caracterizada sobre tudo em uma “focalização” maior (sobre certas turmas, certas tarefas, certos aspectos do programa escolar), podem ajudar a nossa visão de como um eventual “descomprometimento” seria vivido na profissão docente (HUBERMAN, 1992, p. 46).
	
	Esta etapa está marcada pela preparação para a aposentadoria e pelo progressivo abandono das responsabilidades profissionais, onde a carreira docente se encerra; porém Huberman (1992) nos mostra que essa etapa de desinvestimento pode ocorrer de duas maneiras: de forma positiva pautada em momentos agradáveis, onde o docente pode investir e dedicar-se a projetos pessoais desvinculados da atuação docente sem lamentações do investimento aplicado ao longo do tempo em sua carreira; a segunda maneira é negativa ocorrido por rupturas e acontecimentos desagradáveis que marcaram a carreira docente, desencantamento pelas experiências passadas ou pelas frustrações ainda vivenciadas nesta etapa.
Ao construir uma teorização de ciclos de profissionais docentes, Huberman (1992) deixa claro que nem todos os professores vivenciam as mesmas fases e nem todos passam por elas.
Tardif e Marcelo Garcia também tratam sobre as fases da carreira dos docentes. Tardif (2002), considera os cinco primeiros anos de carreira o mais importante para o início da docência e divide as fases em 4 momentos: a primeira a fase é a transição do idealismo para a realidade, “trata-se de um rito de passagem da condição de estudante a de professor” (TARDIF, 2002, p. 83), a teoria dá lugar a prática, o fazer pedagógico, a escolha profissional passa a ser testada e, várias tentativas são feitas para legitimar a decisão e para ser aceito no novo círculo profissional, entre os novos colegas e entre os alunos. Nesta etapa, muitos desistem da profissão ou, ao menos, questionam se fizeram a opção correta. As condições de trabalho oferecidas pela instituição, nesse momento, são definitivas para tornar esse processo mais ou menos traumático. 
A base dos saberes profissionais parece construísse no início da carreira, entre os três e cinco primeiros anos de trabalho. Por outro lado, o início da carreira representa também uma fase crítica em relação as experiências anteriores e aos reajustes a serem feitos em função das realidades de trabalho (TARDIF, 2002, p. 82).
O segundo momento, corresponde a iniciação no sistema normativo e na hierarquia das posições ocupadas na escola; isso é, o professor iniciante tende a ficar sempre abaixo nessa hierarquia, por vezes podem até sentirem-se julgados e até mesmo excluídos pelos colegas mais experientes, tem certos bloqueios ao estabelecer vínculos no âmbito escolar.
Os novatos são também inteirados a respeito do sistema informal de hierarquia entre professores. Embora não sendo reconhecidos pela administração, esse grupo, em particular aqueles que estão no topo dessa hierarquia, exerce uma profunda influência sobre o funcionamento cotidiano da escola. Os novos professores, principalmente os mais jovens, compreendem rapidamente que estão na parte mais baixa dessa hierarquia, sujeitos ao controle de diversos subgrupos acima deles (TARDIF, 2002, p. 83).
	
	Entretanto, nessa mesma fase de inserção e hierarquia, Tardif (2002), explica que os docentes novatos, apesar de estarem abaixo na hierarquia e pouco reconhecidos pelos demais, eles também podem se inspirar nos mais experientes e até mesmo observar e copiar certos hábitos, comportamentos, etc; “[...] em contato com esses grupos, eles ficam por dentro de certos elementos, como a roupa apropriada, assuntos aceitáveis nas conversas e qual comportamento adequado” (TARDIF, 2002, p. 83). 
O terceiro, está ligado a “descoberta dos alunos “reais” pelos professores. Os alunos não correspondem a imagem esperada ou desejada” (TARDIF, 2002, p. 84), os professores se deparam com uma realidade totalmente contrária ao que esperavam para lidar, enfrentam crises com seus alunos, e sente-se despreparados e frustrados. Este autor comenta que esses são os momentos mais difíceis da carreira profissional do docente.
	Tardif (2002) nos traz duas importantes fases do início da carreira do professor; a fase da exploração do 1º ao 5º ano de profissão; que o autor descreve a fase de “[...] tentativas e erros, sente a necessidade de ser aceito por seu círculo profissional (alunos, colegas, diretores de escola, pais de alunos e etc.) e experimentam vários papéis”. (TARDIF, 2002, p. 84), nesse sentido percebe-se, que o professor passaa buscar aceitação e aprovação de todos os integrados na comunidade escolar, podendo sentir-se inseguro e sendo mais cauteloso em suas atividades e comportamentos; essa fase segundo ao autor citado pode ser “entusiasmadora” ou “decepcionante”, isso varia conforme o docente, que ás vezes tem sucesso em início de carreira ou pode ser frustrante, sendo momento decisivo para a continuação de sua docência ou o abandono dela.
	O segundo momento do início da carreira profissional é o da estabilização, dos 3º aos 7º anos, em que “o professor investe a longo prazo na sua profissão e outros membros da instituição reconhecem por suas capacidades” (TARDIF, 2002, p. 85), além disso o próprio professor começa a ter mais confiança em si próprio.
	Tardif (2002) comenta que as fases se resumem em saberes disciplinares, curriculares e experienciais. Os saberes disciplinares são instituídos e definidos pelas universidades, os curriculares, por cursos e formações em gerais, e experienciais são baseados nas próprias experiências cotidianas do professor e na sua relação com o meio.
 Para Garcia (2010), se tornar professor é um processo contínuo de aprendizagem ao longo da vida e formação inicial desempenha um papel importante nessa etapa, porém são vários os caminhos a serem percorridos durante sua carreira, uma vez que, o professor passa por diversas etapas durante sua caminhada, a formação inicial, os estágios que percorre são essenciais para o início da docência. Pois é a fase em que se inicia os primeiros contatos com a realidade da escola, assumindo o papel profissional reservado aos docentes. 
Os professores iniciantes necessitam possuir um conjunto de ideias e habilidades críticas, assim como capacidade de refletir, avaliar e aprender sobre seu ensino de tal forma que melhorem continuamente como docentes,” (GARCIA, 2010, p. 27), professores iniciantes tendem a serem mais flexíveis, tanto no modo como pensam como em suas atidudes, e esperam ser bem sucedidos dentro do ambiente de trabalho.
No momento de iniciação, do professor a docência, o professor tende a ser adaptativo e buscar certas maneiras de integrar-se no âmbito escolar; Garcia (2010, p. 28) que apresenta:
[...] Os professores iniciantes querem aprender como administrar a classe, como organizar o currículo, como avaliar os alunos, como gerenciar grupos[...]
Em geral estão muito preocupados com os “como” e menos com os porquês e os quando. a necessidade de ir mais além das habilidades orientadas à eficiência e adaptar-se a novas situações.
	Os professores iniciantes, buscam por aprovações constantes, a todo momento procuram frequentemente por instruções passo a passo de como fazer as coisas de forma eficiente e detalhadamente, essa eficiência desempenha um importante papel psicológico para o docente iniciante Garcia (2010).
	Sobre os problemas enfrentados em início de carreira, Garcia (2010) também explica sobre o periodo de tempo que abarca os primeiros anos e sobre a transição de discente para docente. 
[...] os professores realizarão a transição de estudantes para docentes. É um período de tensões e aprendizagens intensivas em contextos geralmente desconhecidos e durante o qual os professores iniciantes devem adquirir conhecimento profissional além de conseguirem manter certo equilíbrio pessoal. (GARCIA, 2010, p. 28)
	Essa transição tende a ser desafiadora, pois o professor que a pouco era discente, terá que vivenciar a prática de suas teorias, um momento desafiador onde o professor passa de estudante de universidade para docente em sala de aula, ás vezes a realidade não é como a esperada, causando certo desapontamento. Esse período é crucial na vida do docente iniciante, uma vez que precisam adaptar-se e interar-se ao novo, buscando estratégias para dominar a prática de suas teorias. Esse período de transição Garcia (2010) considera como o passo decisivo para obter um desenvolvimento profissional coerente e evolutivo.	
Necessidades e desafios dos professores em início de carreira
No início da carreira, o professor se depara com a realidade da sala de aula e tem dificuldades, tensões e aprendizagens. Muitas vezes a insegurança o torna submisso aos professores experientes, e segundo Huberman (1992), para esse professor em início de carreira é sempre delegada a turma mais difícil, e as exigências a esses profissionais são as mesmas daqueles professores mais experientes, fazendo com que o professor se sinta inseguro por não obter os resultados esperados, consequência da sua dificuldade em relacionar teoria com prática. 
A escola trata os professores recém-formados geralmente com preconceitos diferentes dos profissionais antigos. Podendo fazer com que o professor iniciante venha a desistir da profissão, devido às dificuldades que enfrentará. O futuro professor irá passar por fases distintas, que precisam ser superadas.
Por isso que a iniciação à docência deve ser um período de aprendizagens intensas e de superações, passando das fases: “pré-formação, formação inicial, iniciação à docência” (MARIANO, 2012, p80), ou seja, essas fases sendo a formação acadêmica teóricas, a prática iniciando os estágios para chegar a verdadeira iniciação a carreira docente em sala de aula são momentos importantes para a aquisições de conhecimentos. Além destas, desenvolve-se a fase de “formação permanente”, que, segundo Huberman (1992), após o período de desafios, o docente entra na fase de estabilização, adquirindo assim confiança no seu conhecimento e na sua prática, reconhecendo-se como um profissional da educação. É essa descoberta diária da profissão que contribui para a permanência na docência e para a construção de sua identidade.
Os professores ao ingressarem na escola não têm liberdade para definir os encaminhamentos pedagógicos, são forçados a concordarem com os demais professores experientes, ao mesmo tempo, sendo desafiado e impulsionado a agir dentro das regras.
Garcia (2010) acredita que o desenvolvimento profissional dos professores se apresenta interligado com outros aspectos da ação educativa, como o desenvolvimento da escola, com o desenvolvimento e inovações curriculares, com desenvolvimento profissionalidade docente.
	
Dificuldades e desafios sentidos pelos professores iniciantes que trabalham nas escolas do município de Maracaju
Essa pesquisa foi realizada por meio de entrevista semiestruturada com três professoras iniciantes: uma que trabalha na educação infantil; uma nos anos iniciais do ensino fundamental e uma no ensino fundamental e ensino médio. Para verificar quais são os maiores desafios e dificuldades encontradas no início da carreira docente, como veremos no quadro a seguir:
Quadro 1: faixa etária, sexo, ano da graduação de professores iniciantes
	Nome
	Idade
	Sexo
	Série que trabalha
	Ano graduação/curso
	Prof. A
	27 anos
	Feminino
	Educação Infantil 
Nível I e II
	
2016-Pedagogia 
	Prof. B
	25 anos
	Feminino
	Ens. Fund. Finais
 E Médio
	
2016- História
	Prof. C
	24 anos
	Feminino
	3°ano Ensino Fundamental
	2015-Pedagogia
 Fonte: a autora (2019)
Como podemos perceber pelo quadro 1, as professoras são do sexo feminino, a idade varia entre 24 a 27 anos de idade, a professora A e B, se formaram em 2016, portanto tem 3 anos de docência e a professora C, se formou em 2015. 
Os questionários realizados com as professoras tiveram 04 questões fechadas, para verificar a idade, o sexo, série que lecionam e tempo de formação, e também 05 questões abertas para verificar quais foram/são as maiores dificuldades encontradas no início da carreira; se a formação inicial contribuiu para o início de carreira e o que faltou nessa formação; procurou-se saber também se o estágio deu subsídio para a prática da sala de aula e por fim, quais estratégias de enfrentamento utilizou para superar as entraves iniciais da carreira.
 Na primeira questão que trata sobre quais foram as maiores dificuldades encontradas no início da carreira, a Professora A, respondeu que: como não tinha quase nenhuma experiência com a profissão, acredita que deveria tersido melhor assessorada pela gestão da escola; também comenta sobre sua primeira turma, ter sido uma sala de nível I de educação infantil, se trata de crianças de 1 a 2 anos de idade, e que esse nível é um grande desafios, para as professoras iniciantes, e deveria ser da responsabilidade de professores mais experientes em vez de professores que estão iniciando na carreira.
A Professora B, comenta que a maior dificuldade foi em relação a conseguir entrar para o mercado de trabalho e, tentar relacionar o que aprendeu na faculdade com o cotidiano da sala de aula, tanto em relação à didática, quanto aos conteúdos. E que teve dificuldade também em relação aos materiais disponíveis nas escolas, “Senti dificuldade nos materiais disponíveis, pois não auxiliava a disciplina de uma forma que tratasse os conteúdos com as novas abordagens historiográficas” (PROF. B, 2019), que precisava para trabalhar em sala.
Já Professora C encarou sua iniciação como uma forma de adquirir experiências e estar sempre em busca de melhorias para seu sucesso profissional, relatou que iniciou com uma sala de terceiro ano do ensino fundamental e que sua maior dificuldade foi com um aluno ainda em alfabetização: Peguei uma turma do 3°ano fundamental, que um aluno estava em alfabetização ainda: o desafio foi como devo ensiná-lo, quais atividades devo passar, como devo trabalhar com esse aluno para que ele possa acompanhar seus colegas (PROF. C, 2019). 
Como podemos perceber, pelas respostas das três participantes da pesquisa, apesar de elas estarem trabalhando com níveis diferentes da educação básica, todas elas relatam dificuldades no início da docência. Que tiveram que resolver sozinhas, sem auxílio de espécie alguma, confirmando a premissa de Garcia que afirma que professores iniciantes muitas vezes tem que enfrentar sozinhos a dificuldades de início de carreira “Os mestres e professores, geralmente, enfrentam sozinhos a tarefa de ensinar. Somente os alunos são testemunhas da atuação profissional dos docentes” (GARCIA, 2010, p. 15).
É importante refletirmos sobre a citação em que esse autor compara o tratamento dado aos recém-formados em outras áreas com o tratamento dado ao professor: 
Não é comum que um médico recém-formado deva realizar uma operação de transplante de coração. Nem muito menos que um arquiteto com pouca experiência assine a construção de um edifício de moradias. [...] O que poderíamos pensar de uma profissão que deixa para os novos membros as situações mais conflitantes e difíceis? É isso que acontece com o ensino, (GARCIA, 2010, p. 32).
Outra reflexão importante que devemos realizar e sobre a resposta da professora A, que ficou com a turma mais difícil da educação infantil, enquanto as professoras mais experientes escolheram as turmas mais fáceis de se trabalhar, segundo Garcia (2010), tem-se reservado para os professores iniciantes os trabalhos, as aulas e os horários mais complexos que os professores com mais experiência descartaram. O que torna mais difícil a iniciação dos docentes que estão começando sentindo-se por vezes sem amparos e desmotivados.
Pela resposta da professora B, que trabalha no ensino fundamental e ensino médio, as dificuldades sentidas foi a falta de materiais didáticos para realizar uma boa aula, a dificuldade no suporte material que a escola disponibiliza para o docente realizar seu trabalho também é de grande valia para que estes se sintam motivados com a prática se duas carreiras, uma vez que: “[...] muitos docentes manifestam um forte desacordo com suas condições trabalhistas e, em particular, com as condições materiais” (GARCIA 2010, p.17). Assim é importante que a instituição de suporte ao professor iniciante para que este possa realizar seu trabalho de forma mais prazerosa.
E a professora C, relata as dificuldades encontradas em sala de aula com a heterogeneidade das crianças, a dificuldade em compreender que cada criança tem um ritmo, uns tem mais facilidades para compreender, outros um pouco mais de dificuldade, e as questões que precisam ser entendidas são exatamente essas: como fazer? Com o que fazer? Como dar conta de alfabetizar tantas crianças? Para Garcia (2010), esse é um dos maiores entraves dos professores em início de carreira; “Os professores iniciantes querem aprender como administrar a classe, como organizar o currículo, como avaliar os alunos, como gerenciar grupos... Em geral estão muito preocupados com os “como” e menos com os porquês e os quando. ” (GARCIA, 2010, p.28).
Por meio das respostas das participantes da pesquisa podemos perceber o que Huberman (1992) denomina de período de sobrevivência, pois o professor enfrenta o choque da realidade do que é estar em uma sala de aula, da transição do que foi aprendido na faculdade com a realidade do que é estar em atuação na docência. 
A segunda questão tratou sobre a formação inicial: o que contribuiu e o que faltou durante o curso; e todas as entrevistadas responderam que a formação inicial trouxe muita contribuição ao trabalho docente, a professora A, comentou que a formação inicial lhe deu muito subsídio para o trabalho em sala de aula, pois através dela adquiriu conhecimentos teóricos importantes para iniciar sua carreira profissional, explicou que o curso contribuiu positivamente “sim me ajudou bastante, pois eu tinha uma base da teoria dos anos estudados na faculdade (PROF. A) .
A professora B, também frisou a importância da formação teórica do curso, principalmente em relação aos conteúdos, porém comenta que a didática que lhe foi apresentada durante sua formação, não condiz com a realidade enfrentada na realidade de uma sala de aula: ”A minha formação me ajudou muito no quesito conteúdo. No entanto, senti que a didática aprendida durante o curso não satisfez as reais necessidades encontradas no contexto sala de aula” (PROF B).
Para a professora C, a formação recebida durante o curso também lhe auxiliou, ela diz ter adquirido experiências para poder trabalhar e lhe motivou a estar sempre buscando novos conhecimentos e inovações para crescer em sua profissão: “Sim, a formação inicial ajudou muito em adquirir experiência e estar sempre em busca de melhorias para um maior sucesso como profissional” (PROF. C). 
Fazendo um paralelo sobre a respostas das professoras, todas frisaram a importância da formação que tiveram durante o curso, principalmente sobre as teorias estudadas, foram importantes para iniciarem suas carreiras profissionais, a professora C até comentou que a motivou a buscar sempre por melhorias para prosperar positivamente, esse conhecimento teórico que as professoras de modo geral disseram ter sido essencial para sua iniciação na visão de Garcia nada mais é do que “o conhecimento serve para organizar a prática e que, portanto, conhecer mais (conteúdos, teorias educacionais, estratégias de ensino) leva de forma mais ou menos direta a uma prática mais eficaz.” GARCIA, 2010, p. 15)
No que se refere ao que faltou em sua formação, apenas a professora B relata que a didática que o curso lhe apresentou não era a mesma que encontrou na prática. Huberman (1992), fala sobre essa dualidade entre teoria e prática que há um choque real marcada pelo confronto com a complexidade da carreira profissional pelas distâncias entre o ideal e o real da sala de aula, pela fragmentação dos processos didáticos que lhes é transmitido.
 Tardif (2002) que caracteriza essa fase como transição do idealismo para a realidade, explica que a escolha profissional passa a ser testada, uma vez que o fazer pedagógico dá lugar a prática, e o professor passa por um processo de tentativas e erros, uma vez que a realidade não é como a idealizada.
A terceira questão é sobre o estágio, se este deu ou não subsídio para a prática na sala de aula. A professora A, respondeu que foi importante para ter contato com a realidade que enfrentará na realidade da profissão: “[...] o estágio é fundamental para termos uma noção do que é realmente ser professor e a lidar com situações do cotidiano de sala de aula. ” (PROF. A)
A professora B, respondeuque: o estágio foi de grande valia para sua formação, teve muita aprendizagem da pratica e teorias da sua formação“[...], durante o estágio realizei a observação do dia a dia da sala de aula. [...] Assim, durante o período, os nossos professores sempre tiravam as nossas dúvidas, acompanhavam algumas aulas e, sugeriam temas e novas possibilidades de ensino, principalmente as novas práticas que associam tecnologia e aprendizagem” (PROF. B).
A Professora C, comentou que o estágio lhe trouxe muitas experiências positivas sobre a prática educacional e aprendeu novas maneiras de trabalhar em sala de aula e entender seus alunos: [...]ajudou a entender que devo ensinar de várias maneiras, entender que cada aluno tem o seu tempo de aprender, trabalhar sempre de forma lúdica, estar bolando estratégias e reforços para os alunos que possuem maior dificuldades em determinados conteúdos etc. (PROF. C).
	Portanto, as três professoras acreditam que o estágio foi um processo fundamental para suas carreiras profissionais, uma vez que tiveram a oportunidade de estarem em contato com a prática, com o fazer real de suas formações. Hernandez e Hernandez (2007, p.107) explicam que “O estágio é um dos mais importantes elementos da formação de professores. É através dele que o estudante das licenciaturas tem contato com a prática pedagógica”. 
Também Jesus (2007, p.48) explica que o estágio é um processo de fundamental importância para o início da carreira do professor por vários motivos: 
é quando ocorre as experiências profissionais mais marcantes; é o único período, de todo o percurso profissional, em que tem um acompanhamento e orientação de um professor mais experiente bem como é nessa fase em que os professores estão mais sensibilizados e receptivos para aprender os imperativos da profissão.
Portanto, a função do estágio é preparar o estagiário para compreender a escola em sua realidade multifacetada e transformar os seus “sentimentos da escola em aprendizagem, conhecimento” (FERNANDES; SILVA, 2007, p. 108)
A quarta questão tratou sobre o que faltou no estágio para contribuir em seu crescimento profissional: a professora A responde que o que mais dificultou foi o receio que os professores regentes têm, em receber estagiários nas suas salas, eles temem serem avaliados em suas aulas: “acho que eles se sentem inseguros e acham que estão sendo avaliados e não entendem que o estagiário está ali para aprender também e trazer novas experiências ” (PROF. A). 
Para a professora B, o que faltou no estágio foram professores de estágio que se enquadrassem na realidade das salas de aula e metodologias que ensinassem a lidar com os desafios da prática da sala de aula. Faltou o ensino de técnicas que nos mostrassem como lidar com alguns problemas, como indisciplina, dificuldades de aprendizagem, dificuldades de inserção no mercado de trabalho entre outros. (PROF B).
Professora C respondeu que teve todo o apoio para trabalhar os conteúdos, tanto pelos professores quanto pela gestão da escola, porém enfrentou dificuldades quanto ao comportamento dos alunos. “Minha maior dificuldade foi trabalhar a disciplina dos alunos para que eles possam se socializar de forma saudável entre eles.” (PROF C)
	Todas as docentes enfrentaram entraves em seus estágios, a professora A, percebeu uma certa desconfiança dos professores regentes e comenta que existe o receio de serem avaliados e julgados pela universidade através dos olhos dos estagiários; Hernandez e Hernandez explica que: “[...] se trata da visão que a escola vê o estagiário. [...] a enxerga, quase sempre, como “o senhor sabe tudo” (2007, p.109). 
 	Professora B, aponta sua dificuldade em como lhe foi apresentada a disciplina em seu curso; pois teve dificuldade em relacionar as teorias com a prática, e a professora C diz não ter dificuldade em seu plano de trabalho, mas sim em relação a disciplina das crianças em sala; vemos mais uma vez a fase inicial que Huberman (1992) chama de choque de realidade e Tardif (2002) chama de transição da discente para docente, onde o professor precisa conciliar a teoria aprendida com a prática, muitas vezes se deparam com situações que não aprenderam como resolver na teoria, mas que precisam traçar estratégias para resolver, esse é o momento que o professor iniciante sente toda a pressão da vivência da realidade de sua profissão. 
A quinta questão abordou como conseguiram superar os entraves do início de carreira e quais as estratégias de enfrentamento que utilizam. Em resposta a professora A respondeu que procura se atualizar por meio de formações na área da educação infantil e educação especial: “buscando formação continuada na educação infantil e educação especial o professor deve estar sempre em busca de conhecimento” (PROF. A).
Professora B comenta que aprendeu com a prática e o fazer diário, não havendo fórmulas prontas, mas enfrentando as dificuldades do dia a dia da sala de aula e buscando aconselhamentos com professores mais experientes: “Acredito que o saber dar aula vêm através da prática [...] Além disso, sempre converso com outros professores sobre algumas dificuldades e, através das diversas experiências podemos sempre aprender. Assim, não existe fórmula secreta e sim, ser professora é aprender através da prática” (PROF B).
Professora C diz que procura busca inovações educacionais para trabalhar de forma lúdica com seus alunos, sempre de forma que atenda às necessidades e dificuldades de seus alunos, também diz fazer uso de combinados para que os alunos tenham responsabilidades e possam conviver em sala com mais tranquilidade: “Para sanar as dificuldades de meus alunos, busco sempre estar antenada nas novidades sociais para unir a educação a coisas que estão a sua volta, para que possam aprender de forma lúdica. [...] os combinados estão relacionados ao comportamento em sala, com os colegas, professores, em casa, com a tarefa, a ter a responsabilidade um com o outro, a ter capricho e cuidado com seu material e dos outros, á jogar lixo no lixo etc. Esses combinados são lidos todos os dias, caso algum não esteja cumprindo, faço algo para se atentar e ser cumprido” (PROF. C).
	Por meio das respostas, podemos verificar que as professoras procuram sempre estarem se atualizando, através de formações continuadas ou até mesmo com professores mais experientes, se motivando para enfrentar as dificuldades e atender as necessidades de seus educandos.
Para Paulo Freire, a ideia de formação continuada deriva da “condição de inacabamento do ser humano e a consciência desse inacabamento” (FREIRE, 2015, p.40). A formação continuada caracteriza-se em um processo gradual de desenvolvimento profissional do professor fazendo uma interligação entre sua formação inicial, auxiliando assim o professor durante sua carreira profissional, atualizando seus saberes.
 Já para a professora B, os professores aprendem a dar aula através do fazer, Flores (2010), também ressalta que o aprender através da prática é fundamental para professores iniciantes:
É, assim, necessário valorizar a prática como fonte e local de aprendizagem através da reflexão e da investigação e promover as condições para a aprendizagem (recursos, tempo e oportunidades para aprender) para que os alunos futuros professores se empenhem em processos de reflexão sobre o processo de tornar-se professor. (FLORES, 2010, p. 185).
Ou seja, tornar-se professor é um processo contínuo, de caráter permanente, não acontece somente na formação inicial, por meio de teorias e estágios, pois estes são apenas um início, uma preparação fundamental. O tornar-se professor, se dá por meio da prática, do fazer cotidiano, dos enfrentamentos diários, das buscas por formações e atualizações para que assim possa dar continuidade a sua carreira docente superando os entraves e buscando crescimento profissional. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É possível perceber, nos resultados do trabalho aqui analisado, que as dificuldades sentidas pelas professoras em início de carreira – às quais têm de “sobreviver” –, pouco diferem do conjuntodaquelas apontadas pela literatura da área apresentada na primeira parte deste artigo.
No entanto, a grande dificuldade sentida pelas professoras foi a ausência de apoio da instituição escolar, assim como a teoria que não aponta o apoio institucional como uma preocupação da escola. É visível nesse trabalho a escassez de ações empreendidas no sentido de a escola, como instituição, apoiar, de alguma maneira, as dificuldades das professoras.
Também foi possível analisar, que o confronto com a realidade é marcado pela preocupação consigo mesmo, com os processos didáticos e a distância do ideal e do real, que é característico da fase de sobrevivência, segundo Huberman (1992).
No que se refere a formação inicial, verificamos que para as professoras A e C contribuiu muito para suas carreiras, e a professora B, sentiu que a didática que lhe foi apresentada não condizia com a realidade enfrentada em sala. 
Sobre os entraves para seguir suas carreiras profissionais, ambas as professoras tiveram que ir à luta sozinhas, procurando por atualizações, inovações e principalmente buscando o auxílio de professores mais experientes para seguir em frente, nenhuma delas relatou ter tido algum suporte de motivação para seguir em frente. 
É possível verificar, pela fala das professoras participantes que foram atirados a “própria sorte”, sem auxílio de qualquer espécie, Mosquera e Stobäus (1996) afirmam a existência de um desgaste da docência ante suas insatisfações, descontentamento de seus alunos, improdutividade do conhecimento e até mesmo da desconfiança e desprestígio social, e salientam que, nas pesquisas sobre os professores, quase nada é apontado sobre a pessoa do docente, sobre suas inquietações, interesses, valores e expectativa, e que pesquisas sobre os professores em início de carreira são importantes para compreendermos quais são as reais necessidades do começo dessa profissão, assim esperamos que essa pesquisa dê mais visibilidade ao professor em início de carreira.
REFERÊNCIAS:
FERNANDES, Marleide Lopes; SILVA, Maria Ap. Félix do Amaral. A importância do estágio para a formação do universitário. Disponível em: http://www.lo.unisal.br/nova/estagio/revista_estagiando2007/pedagogia/3%20Ped%20B2.pdf Acesso em: 07/09/2019
FLORES, Maria Assunção. Algumas reflexões em torno da formação inicial de professores. Revista Educação. Porto Alegre, v. 33, nº. 03, p. 182-188, set./dez. 2010. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/viewFile/8074/5715 Acessado em: 07/09/2019
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários para à pratica educativa, Rio de Janeiro, 5. ed. 51, Paz e Terra, 2015.
GARCIA, Marcelo. O professor iniciante, a prática pedagógica e o sentido da experiência. Belo Horizonte, v. 02, nº. 03, p. 11-49, ago./dez. 2010. Disponível em tp://formacaodocente.autenticaeditora.com.br Acessado em: 20/03/2019
HERNANDEZ, Maria Lucia Queiroz. Guimarães; HERNANDEZ, Paulo Romualdo. Ih, lá vem o estagiário. São Paulo, v. 10, n. 10, p. 107-112, S/D. 2007, Disponível em https://revista.pgsskroton.com.br/index.php/educ/article/view/2143/2040 Acessado em: 07/09/2019
HUBERMAN, MICHAEL. O Ciclo de vida profissional dos professores. In: NÓVOA, A. (org.). Vidas de professores. 2. Ed. Portugal: Porto Editora, p.31-61, 1992.
JESUS, Saul Neves de. Professores sem stress: realização profissional e bem-estar docente. Porto Alegre: Mediação. 2007.
MARIANO, André Luiz Sena. A aprendizagem da docência no início da carreira: Qual Política? Quais Problemas? Revista Exitus. Volume 02. N° 01. Jan./Jun. 2012.
MOSQUERA, Juan José.; STOBÄUS, Claus. O mal-estar na docência: Causas e consequências. Educação, Porto Alegre, ano XIX, v.19, 1996.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2002.

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