Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS – UNISINOS ALUNA: DATA: ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO GA. A primeira questão será avaliada em 8,0 e a segunda em 2,0 1.- João da Silva adquiriu um imóvel de Paulo Santos, no valor de R$300.000,00, em agosto de 2015. O contrato foi celebrado por instrumento particular. O contrato foi levado ao Registro de Imóveis e o oficial se negou a efetuar o registro. Igualmente se sabe que João ainda não recebeu a posse do bem. A posse do imóvel se encontra ainda com o antigo proprietário. Em setembro de 2017 Paulo Santos celebrou contrato de compra e venda, por instrumento público, sobre o mesmo imóvel, recebendo de Carlos Santos o valor de R$400.000,00. Em janeiro de 2018 João ingressou com demanda buscando a posse do imóvel, no mesmo ano, mas em setembro de 2018, Carlos Santos ingressou com ação com o mesmo objeto – a busca da posse. As demandas estão apensadas e devem ser julgadas em conjunto. Carlos não logrou ainda protocolar seu título por que João da Silva suscitou dúvida pela negativa de Registro do título e a questão ainda se encontra pendente de julgamento perante o juízo competente. Realize um parecer buscando equacionar as posições de João, Paulo e Carlos. Descreva de forma detalhada as consequências jurídicas das situações evidenciadas no enunciado – devem ser detalhadas todas as questões envolvendo posse, propriedade, registro, dentre outras. Ao final deve ser realizada conclusão com definições das posições jurídicas dos envolvidos. Resposta questão 01: No caso, Paulo Santos não poderia ter realizado a venda do imóvel a Carlos Santos, porquanto já havia realizado a venda do referido imóvel a João da Silva. Nos contratos de compra e venda de imóveis, a falta de registro da incorporação imobiliária não compromete os direitos transferidos ao promissário comprador, os quais podem ter efeitos perante terceiros. Como consequência dessa limitação do poder de disposição sobre o imóvel já prometido, eventuais negócios conflitantes efetuados pelo promitente vendedor tendo por objeto tal imóvel devem ser tidos por ineficazes em relação aos promissários compradores, ainda que permeados pela boa-fé. Com efeito, tendo em vista que João da Silva suscitou dúvida quanto da negativa do registro de imóveis em realizar o registro, se deve aguardar o julgamento da mesma, a fim de verificar como que ficará o registro deste imóvel, já que João requereu seu registro antes de Carlos Santos. Nesse sentido, a lei de registros públicos o procedimento de dúvida, que submete ao Poder Judiciário, em atividade de caráter eminentemente administrativo, o acerto da exigência formulada pelo cartório, chancelando ou não a atitude do oficial e direcionando as providências a serem tomadas pelo interessado no registro. Transitada em julgado a sentença de procedência da suscitação de dúvida, restituir-se-á os documentos à parte, independentemente de traslado, dando-se ciência do ato jurisdicional ao oficial, (através de ofício) a fim de consignar no protocolo e cancelar a prenotação, liberando eventual título contraditório para registro. Porém se julgada improcedente, o interessado apresentará novamente seus documentos para o oficial registrador com o respectivo mandado ou certidão da decisão, a ser arquivada para que proceda ao registro pretendido, fato que será declarado pelo oficial na coluna de anotações no protocolo. Nesse sentido, só a circunstância de ter havido boa-fé do segundo comprador não induz a que se anule o registro de uma outra escritura de compra e venda em que o mesmo imóvel foi vendido a uma terceira pessoa que o adquiriu também de boa-fé. Se duas distintas pessoas, por escrituras diversas, comprarem o mesmo imóvel, a que primeiro levar a sua escritura a registro é que adquirirá o seu domínio. Não obstante, caso o João da Silva tivesse realizado o registro, o mesmo prevaleceria sobre o de Carlos Santos, conforme o disposto na Lei 6.015/73, art. 186. No caso em exame, Paulo Santos detinha a propriedade e posse do imóvel, conforme o disposto no artigo 1.196, CC, que define a posse da seguinte forma: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. A propriedade de bem imóvel transfere-se por intermédio do registro (no cartório de imóveis) de escritura pública (lavrada em cartório de notas). Nesse sentido, como não foi realizado o competente registro por parte de João da Silva, o mesmo não havia se tornado proprietário imediato do bem, mas apenas detentor dos direitos, permanecendo Paulo Santos como proprietário no registro público. Assim somente após o registro concretiza-se o direito real sobre o imóvel. É de fundamental importância que o novo proprietário do imóvel registre uma vez que os direitos sobre a propriedade de imóvel são garantidos justamente pelo registro, impedindo que o ex-proprietário revenda o mesmo imóvel para terceiros. O registro, por sua vez, se caracteriza como a prática de atos consistentes na criação do direito de propriedade ou de outros direitos reais referentes ao imóvel, tendo como base legal o art.1.245 do CC. No problema em questão, considerando que o João da Silva (primeiro comprador) requereu o registro do imóvel, bem como, suscitou dúvida pela negativa registral, o imóvel deve ser ficar com o mesmo, porquanto se trata de compra válida, e com primazia sobre o segundo requerimento de registro de Carlos, mesmo que tenha Carlos Santos agido de boa-fé. Ademais, se considera proprietário do imóvel, aquele que detém a escritura registrada no cartório de imóveis, restando a Carlos Santos (segundo comprador) mover ação de indenização em face de Paulo Santos (vendedor). Ainda, no que tange à posse do imóvel, se tem que João da Silva e Carlos Santos ainda não detém a posse do imóvel, porquanto a posse é a exteriorização da propriedade, o possuidor é aquele que age como se fosse proprietário. O artigo 1196 trata da posse no Código Civil e diz que: Possuidor é aquele que exerce, de fato ou não, algum (qualquer um) dos poderes inerentes à propriedade. O artigo 1228 diz que o proprietário é aquele que pode usar, gozar, dispor ou pode reaver a coisa. Nesse sentido, a posse do imóvel continua sendo de Paulo Santos, até a regulamentação do problema em questão. Por fim, Paulo Santos (vendedor), agiu de má-fé ao vender mesmo imóvel a duas pessoas distintas, podendo ser movida ação indenizatória em face do mesmo. 2.-É possível se afirmar que o caráter relativo do registro imobiliário decorre da facultatividade de seu exercício. É correta a afirmação em face do sistema registral vigente. Resposta: Não. O registro imobiliário é de grande relevância para o direito, não apenas por ser a forma de transferência efetiva da propriedade de bens imóveis, como também por assegurar a estabilidade do domínio e a segurança jurídica do proprietário. Nesse sentido, o Registro de Imóveis abordado na Lei nº 6015 de 1973 dispõe sobre os Registros Públicos que se transformou numa instituição pública com a função de operar a transmissão do domínio, por ser considerado um dos meios aquisitivos da propriedade. O artigo 1227 do Código Civil de 2002 declara que os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro imobiliário dos títulos elencados nos artigos 1.245 a 1.247, salvo nos casos expressos em lei. Assim, o registro imobiliário não pode ser considerado facultativo, o registro tem por finalidade escriturar os atos translativos ou declaratórios da propriedade imóvel e os constitutivos de direitos reais e armazenar em seus livros todas as informações sobre imóveis, aplicar os princípios, sem interferir na vontade das partes, formalizar a aquisição da propriedade, conferindo ao adquirentea segurança quanto ao direito real de propriedade, uma vez que sem a segurança jurídica garantida pelo Registro Imobiliários, estariam sujeitos a fraudes, prejuízos, e danos irreparáveis.
Compartilhar