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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS JULIANA CRISTINA FONSECA DA SILVA SÍNTESE 4: QUESTÕES ÉTICAS NA ELABORAÇÃO DE PESQUISAS E TEXTOS CIENTÍFICOS CAMPINAS 2021 PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS CENTRO DE CIÊNCIAS DA VIDA FACULDADE DE PSICOLOGIA JULIANA CRISTINA FONSECA DA SILVA SÍNTESE 4: QUESTÕES ÉTICAS NA ELABORAÇÃO DE PESQUISA E TEXTOS CIENTÍFICOS Trabalho apresentado a Graduação em Psicologia do Centro de Ciências da Vida, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas como exigência obtida para avaliação processual na disciplina Pesquisa em Psicologia I. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Sônia Regina Fiorim Enumo CAMPINAS 2021 2 A pesquisa científica é extremamente importante para a sociedade, pois, através dela, verdadeiras revoluções ocorrem todos os dias, principalmente transformações de ordem comum, que são desenvolvidas pelos idealizadores da ciência, os pesquisadores. Se sabe, graças ao conhecimento educacional e popular, que: as tecnologias são determinadas pela investigação contínua, ocorrendo desde os primórdios da espécie humana, já que, é da natureza dos indivíduos buscar respostas para suas instigações. Entretanto, com a pesquisa e publicações voltadas para a transmissão do saber, grandes responsabilidades são determinadas aos cientistas e seu referente coletivo social, sendo elas: as questões de ética e integridade de pesquisa que, necessitam ser cada vez mais discutidas, propagadas e cobradas (RUSSO, 2014; SANTOS, 2017). O debate em torno da ética e suas relações à diversos trabalhos existentes – sendo eles científicos, literários ou outros – não é algo recente, presenciado somente na sociedade contemporânea. Segundo levantamentos apontados por Russo (2014, p.190), muitos casos de plágios, cópias ou fraudes em obras eram percebidos no século XVI, sendo majoritariamente considerados como ensinamentos que deveriam ser utilizados e repassados ao coletivo, mesmo com as controvérsias determinando as questões de furto e moralidade. Porém, em três séculos depois (por volta de 1800), graças as disposições existenciais estabelecidas pela Modernidade e a significação da individualidade humana, a discussão sobre os plágios fora considerada um ato depreciativo, uma questão de roubo intelectual e farsa, pois, as cópias eram vistas como uma falta de autenticidade e originalidade, com tais apontamentos transmitidos até hoje em dia (BIRMAN, 2012; SCHNEIDER, 1985 apud RUSSO, 2014, p.189-190). No mais, ao analisar a trajetória histórica de tais argumentações sobre a legitimidade de trabalhos, Russo (2014, p.190-195) destaca em seu texto – através de variados autores - que no final do século XX, as observações em torno da temática foram ainda mais debatidas no mundo inteiro (com maior intensidade nos Estados Unidos e Europa), principalmente dentro de Instituições de pesquisa e Universidades, promovendo o estabelecimento de regras e compromissos diante da ciência, levantando também noções sobre distinções entre a qualidade de uma pesquisa e as quantidades de material resultante – já que nesta época, devido aos financiamentos públicos e privados, muitos pesquisadores se atentaram em produzir variados estudos, todavia, muitas vezes sem se preocupar na excelência e/ou veracidade das informações, omitindo informações errôneas ou até mesmo incluindo-as. Por esses aspectos, é essencial compreender que as atividades científicas devem seguir deveres éticos para sua promoção, pois, segundo Broad (1981) atos fraudulentos nas pesquisas não teriam grandes consequências apenas no meio acadêmico, mas sim, também em dimensões sociais, fazendo com que a população não confiasse mais nos métodos científicos (apud RUSSO, 2014, p.191). Além disso, os efeitos mais graves poderiam ser vistos no cotidiano: medicações com efeito contrário, substâncias nocivas ao ambiente e coletivo, informações danosas e muitos outros resultados catastróficos, que podem produzir políticas públicas e/ou ações irreversíveis (RUSSO, 2014, p.196). Assim, é possível determinar dois compromissos íntegros que pesquisadores deveriam promover em suas pesquisas, sendo eles: a bioética e a integridade de pesquisa, que são desenvolvidos através de valores éticos universais e seus derivados, dispostos por intermédio de boas condutas científicas desenvolvidas pela correta utilização de instrumentos adequados, descrição dos procedimentos realizados, responsabilidade como uma forma de prática científica, institucionalização e tratamento sistemático pela comunidade científica – com os dois últimos essencialmente direcionados a integridade de pesquisa (RUSSO, 2014, p.196; SANTOS, 2017). Em continuação a este tópico, Santos (2017) discute em seu texto que: a formulação de regras é de extrema notoriedade para as práticas científicas, pois, determina valores a serem seguidos nos trabalhos, com tais considerações visualizadas no Brasil através de publicações normativas de certas Instituições de Pesquisa – como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Para mais, é importante a reflexão sobre as formas de combater as más condutas científicas – tais como fraude, falsificação ou invenção de dados. Russo (2014, p.195) contesta se apenas vigiar ou punir seriam caminhos a serem seguidos, pois não parecem ser meios práticos, já que sufocariam todo o trabalho acadêmico e intelectual dos indivíduos responsáveis. Pode-se pensar em novas formas de evitar ou até mesmo “erradicar” as más condutas científicas, como a promoção de treinamentos e materiais educacionais sobre integridade ética em pesquisa para cientistas e sociedade, além da promoção de debates em diversos locais – escolas, instituições, laboratórios etc. – no intuito de garantir responsabilidade e compreensão coletiva acerca do assunto, demonstrando sua importância em nível global, precisamente sobre a necessidade de qualidade dos trabalhos científicos, que afetam todos os indivíduos, sendo eles leigos ou não (SANTOS, 2017; RUSSO, 2014, p.196). Portanto, a ética e integridade são fatores determinantes para a produção científica, pois, é através delas que se observa a preocupação em distribuir e ofertar um trabalho excepcional para a sociedade, comprovando a necessidade de cobrança e discussão, para a visualização garantida de resultados cada vez mais confiáveis e benéficos para todos. É também imprescindível concluir que, as práticas de resolução dos conflitos acerca de más condutas nas pesquisas ainda é um debate pequeno no meio social e acadêmico, demonstrando a necessidade de reverter essa situação, por intermédio da propagação coletiva de tais informações, no intuito de assegurar a preservação dos direitos e bem-estar dos indivíduos (SANTOS, 2017; RUSSO, 2014). REFERÊNCIAS SANTOS, L. H. L. Sobre a integridade da pesquisa. Ciência e Cultura, v.69, n.3, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602017000300002. Disponível em: http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009- 67252017000300002&lng=pt&tlng=pt. Acesso em: 01 out. 2021. RUSSO, M. Ética e integridade na ciência: da responsabilidade do cientista à responsabilidade coletiva. Estudos Avançados, v.28, n.8, p.189-198, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142014000100016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/MbRXNnYRt8Y4mTYNSQ5TJQC/?lang=pt#. Acesso em: 30 set. 2021. http://dx.doi.org/10.21800/2317-66602017000300002
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