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DESCRIÇÃO Instrumentos para quantificação objetiva e estimativa do nível de atividade física e para avaliação da qualidade de vida e bem-estar. PROPÓSITO O domínio de técnicas de quantificação das atividades físicas diárias e para avaliação da qualidade de vida e bem-estar permite conhecer melhor o perfil dos indivíduos para os quais se prescrevem exercícios, sendo aspecto importante da formação do profissional que atuará na elaboração, implementação e acompanhamento de programas de atividades físicas. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer as medidas objetivas no nível de atividade física e carga de trabalho MÓDULO 2 Identificar questionários para estimativa do nível de atividade física e carga de trabalho, particularmente o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) MÓDULO 3 Distinguir os componentes do estilo de vida de acordo com o Pentáculo do Bem-estar, as dimensões de qualidade de vida segundo a Organização Mundial da Saúde e o instrumento de avaliação WHO-QOL INTRODUÇÃO A capacidade de trabalho físico corresponde ao potencial de realização das atividades que se deseja executar. Assim, para uma avaliação funcional completa não basta conhecer a aptidão física dos indivíduos, mas também as demandas a que deverá atender. Explica-se: medir a capacidade cardiorrespiratória ou a força resulta em uma informação fora de contexto, pois os níveis obtidos para essas qualidades físicas podem ser suficientes para uma realidade e insuficientes para outras. Compreende-se a necessidade de se obter informações sobre a carga de trabalho decorrente das demandas impostas pelas atividades cotidianas e pelas atividades que se deseja realizar. A carga de trabalho a que nos submetemos cotidianamente deriva da quantidade e intensidade das atividades físicas realizadas. Então, não se pode falar em avaliação da carga de trabalho sem que se quantifique o volume de atividades físicas habituais. Ao contrário de medidas fisiológicas objetivas, como frequência cardíaca, pressão arterial, glicose etc., avaliações padronizadas e precisas das atividades físicas são difíceis de fazer. Há uma enorme variação no padrão de atividades durante o dia, o que dificulta o estabelecimento de cortes para uma avaliação correta. Por exemplo, se um indivíduo participa de sessões de treinamento aeróbio três vezes por semana, mas durante o resto de seu tempo trabalha sentado, quantificar a carga de trabalho a partir das sessões de treinamento pode superestimar a sua realidade, em comparação com outra pessoa que não treina, mas cujas atividades laborais a fazem caminhar durante boa parte do dia. Medidas objetivas tomadas ao longo de 24h e durante vários dias são complexas e nem sempre viáveis. Além disso, o padrão de atividades muda substancialmente dependendo da idade, da condição socioeconômica e da região em que se vive. Isso influencia na escolha da técnica mais adequada a ser aplicada. Consequentemente, uma grande variedade de estratégias e instrumentos foram propostos com a finalidade de quantificar, estimar e avaliar o nível de atividades físicas e a carga de trabalho. Por outro lado, para que se faça uma avaliação mais completa dos indivíduos são insuficientes informações sobre sua aptidão física e carga de trabalho. Há componentes em outras esferas que influenciam nosso potencial de desempenho físico-funcional e autonomia. A qualidade de vida, entendida como o nível de realização pessoal, tem determinantes na dimensão física, mas também na dimensão psicossocial. Em uma perspectiva mais ampla, é interessante dominar instrumentos que buscam descrever, quantificar ou qualificar características físicas, psíquicas, emocionais e ambientais da qualidade de vida e bem-estar. Nesse contexto, avaliam-se as relações entre modos de vida e aspectos físicos, psicológicos e do entorno físico e social, remetendo ao construto de ‘bem-estar verdadeiro’. No que tange ao planejamento, condução e avaliação de programas de atividades físicas, esses instrumentos podem ajudar em uma análise geral do seu impacto, dando suporte ao estabelecimento de objetivos e acompanhamento de resultados que estejam a serviço dos objetivos vitais de nossos alunos. Aqui apresentaremos as características de técnicas para quantificar as atividades físicas e carga de trabalho, desde medidas mais objetivas até instrumentos indiretos, como os questionários. Além disso, abordagens para estimar os níveis de qualidade de vida e bem-estar que têm relação com a prática de atividades físicas serão descritas, discutindo-se sua aplicabilidade. Nesse sentido, ênfase será colocada nas dimensões de bem-estar e qualidade de vida propostas pelo Pentáculo do Bem-estar e pelo inventário de avaliação, conhecido como WHO-QOL, sugerido pela Organização Mundial da Saúde. MÓDULO 1 Reconhecer as medidas objetivas no nível de atividade física e carga de trabalho SIGNIFICADO E CLASSIFICAÇÃO DA CARGA DE TRABALHO Quando se tenta quantificar a carga de trabalho, o primeiro desafio é defini-la. A carga de trabalho representa coisas diferentes para pessoas diferentes. Assim, pode-se pensar que se relacione não apenas com o trabalho físico executado, mas também com a carga ou fardo percebidos, ou seja, a sobrecarga no plano psicológico. Trata-se de uma definição complexa, que pode denotar demandas em termos físicos e biológicos, na atividade cognitiva ou pressão/estresse psicológico impostos pelas tarefas executadas. Em suma, segundo Farinatti (2008), a referência à carga de trabalho remete a um construto multidimensional influenciado pelas características das atividades realizadas – intensidade, duração, tipo etc. –, capacidade de atender às demandas impostas por essas atividades – aptidão física e funcional – e o meio ambiente – entorno físico e social que determinará o tipo, a intensidade e a duração das atividades cotidianas. Por isso, de acordo com Casner e Gore (2010), não existem instrumentos capazes de prover uma medida completa e definitiva da carga de trabalho, mas apenas informações sobre os aspectos fracionados que a definem. A partir de agora, discutiremos a natureza da carga de trabalho entendida como decorrente das demandas físicas impostas pelo cotidiano, que, por sua vez, acarretam necessidades em termos físico-biológicos. Nesse contexto, aceitam-se três grandes abordagens para medir a carga de trabalho: MEDIDAS OBJETIVAS DE DESEMPENHO OU ATIVIDADES MEDIDAS FISIOLÓGICAS MEDIDAS SUBJETIVAS As possibilidades de se levar uma vida autônoma e independente resultam da interação entre a capacidade física e funcional, e as demandas associadas às cargas que deveremos suportar. EXEMPLO Certas ocupações exigem traços específicos, como acuidade visual para o relojoeiro, força para o estivador ou equilíbrio para pessoas que trabalham em grandes alturas. As demandas biológicas para satisfazer as especificidades são diversas. Um atleta de alto rendimento terá necessidades completamente diversas daquelas da população em geral. Restringiremos nossa discussão à média dos indivíduos, uma vez que constituem a maioria dos casos. Em resumo, o impacto relativo das cargas de trabalho ao longo da vida relaciona-se majoritariamente a duas qualidades físicas: A capacidade cardiorrespiratória A força muscular No que tange à capacidade cardiorrespiratória, segundo Farinatti (2008), são muitos os estudos que se propuseram a quantificar a demanda energética associada às atividades cotidianas, sejam elas em domicílio, laborais ou de lazer. Os resultados desses estudos revelaram que o consumo de oxigênio para um dado esforço, em termos absolutos, independe da idade ou do estado de treinamento. Na verdade, o custo energético de uma tarefa é determinado única e exclusivamente pela tarefa. Em outras palavras, esforços similares requerem aportes energéticos similares. Na prática, se a demanda energética para um indivíduo de 70 kg subir um lance de escadas em uma certa velocidade é de X litros de oxigênio(O2) para Y kcal, isso será verdade tendo ele 20, 50 ou 80 anos de idade. A carga de trabalho será a mesma, independentemente da capacidade individual máxima de trabalho. A diferença entre os indivíduos estará na capacidade de realizarem a tarefa. EXEMPLO Digamos que a subida do lance de escadas tenha um custo aproximado de 7-8 MET. Se o indivíduo de 20 anos tem uma capacidade cardiorrespiratória máxima de 14 MET, subirá a escada facilmente na velocidade determinada; se o indivíduo de 50 anos tem uma capacidade cardiorrespiratória máxima de 10 MET, subirá a escada com dificuldade, talvez chegando ofegante ao topo. E se o indivíduo de 80 anos tem um máximo de 6 MET, não será capaz de realizar a tarefa na velocidade prevista. MET 1 L/min O2 = 5 kcal/min = 20,93 kJ/min. Uma pessoa em repouso consome cerca 0,25 L/min de O2 e gasta mais ou menos 1 kcal/min (4,19 kJ/min). Na maior parte das atividades, o gasto energético aumenta com a massa corporal. O emprego da unidade metabólica (MET) é uma das abordagens mais utilizadas para a correção do gasto energético pela massa corporal. Por uma questão de conveniência, a intensidade associada aos diversos tipos de atividade considera uma pessoa de referência com 70 kg. Quando se exprime o gasto energético em MET, representa-se o quanto o metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade. Assim, em um indivíduo de referência de 70 kg, 1 MET corresponde ao VO2 de 3,5 ml/kg/min, ou o equivalente a 1 kcal/kg. Depreende-se, portanto, que as cargas de trabalho são definidas tão somente pelas atividades realizadas e que nossa capacidade de realizá-las dependerá de reunirmos as condições físicas para atender a tais demandas. javascript:void(0) Por isso, de acordo com Åstrand et al. (1997) e Farinatti (2008), torna-se importante em nossa prática profissional dominarmos instrumentos que possam fornecer informações sobre as cargas de trabalho. Isso é útil quando se pensa nas modificações da aptidão física à medida que se envelhece. No tocante à capacidade cardiorrespiratória, as capacidades de reserva tornam-se progressivamente mais limitadas, em uma taxa que pode chegar a 10% por década. Cargas de trabalho anteriormente suportáveis passam a não sê-lo e a preservação da capacidade de produzir energia para o trabalho torna-se fundamental para uma vida autônoma. A classificação da intensidade das atividades físicas e a estimativa do gasto calórico a elas associado são aspectos importantes da prescrição de exercícios. De um lado, há a necessidade de adequarmos as atividades propostas à capacidade de execução dos alunos. Em programas de emagrecimento, é fundamental compatibilizar a ingestão com o dispêndio calórico, de maneira a estabelecerem-se objetivos exequíveis sem prejuízos à saúde. Por outro lado, ao conhecermos o dispêndio calórico e a intensidade de atividades variadas, aumentamos o leque de possibilidades de seu oferecimento, o que favorece a adesão ao treinamento. Imagem: Shutterstock.com Um dos maiores avanços no sentido de se fazer uma ponte entre os estudos científicos e a prática profissional foi a publicação do Compêndio de atividades físicas, de Ainsworth et al. (1993). O compêndio resultou de um amplo esforço de compilação das classificações existentes, visando simplificar a consulta e permitir a comparação entre estudos. O gasto calórico e a intensidade em MET de uma extensa lista de atividades cotidianas, laborais, desportivas e de lazer foi disponibilizada de maneira padronizada. Versões revisadas do compêndio foram se sucedendo (AINSWORTH et al., 2000, 2011), acrescentando-se novas atividades e fazendo-se pequenas correções com base em informações mais recentes. Atualmente, há uma página na internet em que as atividades podem ser consultadas e que permite a incorporação de novidades para futuras atualizações do material. Segundo Farinatti (2013), uma versão em português do Compêndio de atividades físicas foi disponibilizada, com autorização dos autores. VOCÊ SABIA Conforme Farinatti (2008), diversos fisiologistas propuseram classificações das atividades físicas de acordo com categorias de intensidade ou demanda energética, as quais são muito utilizadas no contexto da ergonomia. Dentre elas, destacam-se a de Brown e Crowden (1963) e a do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2018), apresentadas nos quadros 1 e 2, respectivamente. A primeira trabalha com níveis de intensidade baseados no dispêndio energético absoluto, enquanto a segunda sugere níveis de intensidade relativa, mas também relacionados com a capacidade máxima dos indivíduos. É preciso notar que a aplicação dessas classificações depende de muitos fatores. As demandas reais podem sofrer influência do ritmo de trabalho, pausas, posição, dentre outros. Segundo Farinatti (2008), se a tarefa realizada envolve posições desconfortáveis, utilização de pequenos grupos musculares, esforços repetitivos ou ambientes quentes e úmidos, atividades relativamente leves podem ser percebidas como vigorosas e ser sustentadas por pouco tempo. Todos esses fatores devem ser levados em conta para uma avaliação criteriosa. Classificação Trabalho (kJ/min) VO2 (L/min) MET Sedentária < 4,2 0,2 1 Leve 4,2-13,8 0,2-0,6 1-3 Moderada 13,8-21,0 0,6-1,0 3-5 Pesada 21,0-31,4 1,0-1,5 5-8 Muito pesada > 31,4 > 1,5 > 8 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Intensidade relativa Intensidade absoluta para diferentes níveis de aptidão VO2R (%) ou FCR (%) FCmax (%) 12 MET 10 MET 8 MET 6 MET Muito leve < 20 < 50 < 3,2 < 2,8 < 2,4 < 2,0 Leve 20-39 50-63 3,2- 5,3 2,8- 4,5 2,4- 3,7 2,0- 3,0 Moderada 40-59 64-76 5,4- 7,5 4,6- 6,3 3,8- 5,1 3,1- 4,0 Vigorosa 60-84 77-93 7,6- 10,2 6,4- 8,6 5,2- 6,9 4,1- 5,2 Muito vigorosa ≥ 85 ≥ 94 ≥ 10,3 ≥ 8,7 ≥ 7,0 ≥ 5,3 Máxima 100 100 12 10 8 6 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal A classificação das cargas de trabalho implica uma análise do que os indivíduos podem realizar de esforço físico e ajuda a compreender como o envelhecimento pode impactar nessa capacidade. EXEMPLO Indivíduos jovens podem facilmente exibir capacidade cardiorrespiratória máxima de 3 L/min, correspondendo a um trabalho de 62,8 kJ/min. Um trabalho de 30% desse valor seria considerado moderado e suficiente para praticamente todas as atividades cotidianas (3-5 MET). Considerando uma redução da capacidade aeróbia máxima de 10% por década, aos 65 anos esse indivíduo teria um VO2máx de 1,5 L/min; 30% disso equivaleria a cerca de 10 kJ/min – ou seja, apenas atividades leves conseguiriam ser realizadas por tempo prolongado. Com base em cálculos desse tipo, estima-se que o mínimo necessário para que se possa levar uma vida independente seja um VO2 máximo de 12-14 ml/kg/min (~4 MET), segundo Shephard (1997). Isso corresponde ao consumo para a realização de atividades elementares, como passeios ligeiros em terrenos não acidentados e tarefas relacionadas aos cuidados pessoais, de acordo com Farinatti (2008). Segundo Shephard (1997), além da capacidade de produção de energia, as cargas de trabalho também podem ser avaliadas em termos da exigência sobre o sistema musculoesquelético. A força muscular é, em princípio, mais bem preservada que a capacidade aeróbia, mas também tende a diminuir com o envelhecimento. Logo, as cargas impostas à musculatura representam progressivamente um maior esforço relativo. De acordo com Farinatti (2008), pode-se dizer que a capacidade de realização de tarefas motoras é determinada, em certa medida, pela relação entre carga mobilizada e fadiga muscular. Indivíduos com déficit de força, portanto, podem ter dificuldades quanto à magnitude das cargas que conseguem levantar e transportar, mas também ao tempo com que podem sustentar cargas submáximas por períodos prolongados, ou seja, a endurance de força. Da mesma forma que o discutido para a capacidade aeróbia,diferenças de desempenho nas atividades cotidianas entre pessoas com mais ou menos força tendem a se manifestar ao longo do processo de envelhecimento. Há evidências, segundo Rohmert et al. (1986) e Pheasant (1991), de que cargas de 10%-15% da força máxima podem ser sustentadas por longos períodos sem fadiga, enquanto tarefas que demandam cerca de 50%-70% da força máxima levam à fadiga em 30-60 segundos. Quando a força relativa ultrapassa esse limiar, a endurance de força diminui de forma exponencial, com a fadiga instalando-se rapidamente. Se a força diminui com a idade, esse limiar de fadiga sobrevém mais precocemente, em cargas absolutas menores. Consequentemente, o cansaço muscular tende a ser mais frequente durante um dia de atividades normais, exigindo mais pausas para descanso. A preservação da força muscular com a idade é fundamental para reduzir as cargas relativas de trabalho ao longo do envelhecimento, no que tange tanto à magnitude das cargas suportadas quando à endurance de força. As classificações do nível de trabalho físico com base nas demandas de força são mais raras do que as encontradas para as demandas energéticas. Um dos poucos exemplos encontrados foi proposto pelo US Department of Labor and Training Administration (1991). O documento apresenta uma lista de atividades ocupacionais e demandas associadas, incluindo aquelas relacionadas à força muscular, divididas nas categorias levantamento e transporte de cargas. O quadro 3 apresenta uma adaptação dessas classificações. Por exemplo, se em uma jornada de trabalho o indivíduo deve transportar continuamente cargas de 25 kg, o trabalho muscular é tido como pesado. Por outro lado, se o transporte das cargas não é contínuo e seu levantamento é apenas esporádico, a demanda é considerada média. Classificação Levantamento (máximo, kg) Transporte (máximo, kg) Sedentário 5 3 Leve 9 5 Médio 23 11 Pesado 45 23 Muito pesado > 45 > 23 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal TÉCNICAS OBJETIVAS PARA QUANTIFICAR A CARGA DE TRABALHO E ATIVIDADES FÍSICAS A quantificação das cargas de trabalho no âmbito do desempenho abrange, usualmente, três dimensões, segundo Montoye et al. (1996): INTENSIDADE DURAÇÃO FREQUÊNCIA Como a combinação desses fatores remete ao volume total de atividades que se faz (produto entre intensidade e volume), há uma tendência a avaliar as cargas de trabalho por meio da quantificação das atividades físicas realizadas em um dado período. Estratégias para quantificar as atividades físicas são utilizadas para estabelecer o montante e o tipo de movimentos em diferentes situações. Em muitos casos, o objetivo é também prever o dispêndio energético, o qual é um indicador da carga de trabalho na dimensão física. Existem muitas formas de se exprimir o nível habitual de atividades físicas, como a quantidade de trabalho produzido (watts), período de atividade (horas, minutos etc.), distâncias percorridas, gasto energético (kcal), quantidade de movimentos nos diferentes planos geométricos (número de passos ou epochs), entre outras. Os diversos métodos existentes têm vantagens e limitações e sua aplicação dependerá dos objetivos da avaliação. Entendê-los melhor é importante para decidir qual usar e em que contexto. Agora você verá algumas técnicas para a quantificação objetiva das atividades físicas e carga de trabalho. É possível classificá-las em duas grandes categorias: MÉTODOS FISIOLÓGICOS Fisiologicamente, o gasto energético pode ser determinado por técnicas de calorimetria ou pela medida de variáveis fisiológicas relacionadas ao consumo de oxigênio (VO2). MÉTODOS BIOMECÂNICOS Os métodos biomecânicos estimam o volume de atividades físicas a partir da quantificação dos movimentos efetuados pelo corpo inteiro ou por segmentos corporais. Segundo Montoye et al. (1996), uma vez que os músculos consomem energia para produzir as forças necessárias a esses movimentos, pode-se estimar indiretamente o gasto energético durante as atividades realizadas. javascript:void(0) javascript:void(0) O grau de complexidade das técnicas nas duas abordagens varia, indo desde aquelas tipicamente realizadas em laboratórios, como a calorimetria direta ou cinematografia de alta velocidade, até medidas adaptadas a situações de campo. A necessidade de medir a carga de trabalho em situações de campo, de maneira a aproximar as avaliações das condições reais de vida, favoreceu o desenvolvimento de técnicas passíveis de aplicação fora de ambientes controlados. Por exemplo, medidas do VO2 são usualmente feitas em laboratórios, mas atualmente há possibilidade de fazê-las no campo, com unidades portáteis ou telemetria. Quanto aos métodos biomecânicos, vêm se tornando populares aparelhos que permitem quantificar os movimentos isoladamente ou combinados a medidas fisiológicas, como a frequência cardíaca, ou de distâncias obtidas por GPS. Agora, vejamos algumas das técnicas mais comumente aplicadas em estudos epidemiológicos e intervenções com atividades físicas, destacando suas possibilidades de aplicação. MÉTODO DA ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA Este método, também conhecido como DLW (double-labeled water), pode ser aplicado em situações de laboratório e campo. Além de sua grande precisão, tem a vantagem de ser não invasivo e permitir que se desempenhem atividades normais, sem a interferência de aparatos físicos, durante o período de medida. A premissa é simples: o indivíduo ingere uma certa quantidade de água com concentração conhecida de isótopos estáveis (não radioativos) de hidrogênio e oxigênio, os quais em poucas horas distribuem-se nos líquidos corporais, de acordo com Ainslie et al. (2003). Ao se produzir energia, há produção de CO2 e água endógena, que são eliminados pela respiração, urina e suor. A quantificação dos isótopos restantes permite o cálculo do dióxido de carbono (CO2) produzido e, portanto, do VO2 no período desejado. Determina-se o dispêndio calórico em virtude da relação que este tem com o VO2. VOCÊ SABIA Essa técnica, segundo Farinatti (2008), tem sido aplicada com sucesso em diferentes modalidades desportivas, bem como em populações tão diversas, como crianças, obesos ou idosos, sendo considerada por muitos como o padrão-ouro para a medida do gasto energético durante atividades físicas, de acordo com Park et al. (2014). No entanto, apesar de oferecer uma quantificação energética precisa, não permite inferências acerca da intensidade, tipo ou duração de atividades específicas em um dado período. Além disso, ainda é um método muito oneroso e inacessível, o que limita suas possibilidades de aplicação na prática profissional. Por outro lado, é comumente utilizado como critério de validação de outras técnicas de estimativa do dispêndio energético, segundo Ndahimana e Kim (2017). CALORIMETRIA O metabolismo envolve a produção de energia pela combustão de substratos energéticos, o que gera calor. Nesse processo, O2 é consumido e CO2 é produzido. A quantificação do dispêndio energético, então, pode ser feita pela medição das variações de calor ou do consumo e produção daqueles gases. Em ambos, referimo-nos ao método da calorimetria, que pode ser direto ou indireto. CALORIMETRIA DIRETA CALORIMETRIA INDIRETA CALORIMETRIA DIRETA Quantifica-se, em câmara fechada, a taxa de emissão de calor produzido durante a atividade física. Essa abordagem é considerada como a mais precisa para a medição da taxa metabólica, mas seu uso é restrito a laboratórios especializados e tem altíssimo custo, de acordo com Montoye et al. (1996). Além disso, as atividades acabam sendo artificialmente construídas, de maneira que possam ser realizadas na câmara de calor. CALORIMETRIA INDIRETA Parte-se do princípio de que a produção de calor durante as atividades decorre do metabolismo celular, com fixação de O2 e liberação de CO2. Então, mede-se o volume de ar inspirado e expirado, bem como as concentrações desses gases. Trata-se de ummétodo não invasivo com excelente acurácia. Em sistemas fechados, inspira-se o ar contido em reservatórios com concentração conhecida de O2. Nos sistemas abertos, inspira-se ar atmosférico e apenas os gases expirados passam por avaliação do O2 e CO2. O gasto calórico é obtido pela fórmula clássica de Weir (1949), com base no O2 e CO2 no ar expirado. Estimativas com base unicamente no VO2 são possíveis, considerando a relação entre essa variável e o gasto calórico (1 L O2 corresponde a aproximadamente 5 kcal), segundo Montoye et al. (1996). E mais: a análise das relações entre VO2 e VCO2 permite calcular a proporção da degradação dos diferentes substratos (carboidratos, gordura e proteínas) para a produção de energia, determinando-se com isso o combustível principal utilizado na atividade física, conforme Ndahimana e Kim (2017). Os sistemas abertos permitem maior flexibilidade em relação aos locais em que os testes são realizados, sendo mais baratos e acessíveis. De fato, analisadores metabólicos portáteis valem-se desse tipo de sistema, facilitando a quantificação do VO2 e do dispêndio energético das atividades físicas em situações próximas da realidade. Por essas razões, a calorimetria indireta é, atualmente, o método mais utilizado para avaliar a intensidade das atividades físicas e seu gasto calórico, com custos muito inferiores à calorimetria direta e ampla aplicabilidade em laboratórios e condições de campo. OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO A atividade física habitual pode ser quantificada pela observação direta e anotação das ações realizadas. VOCÊ SABIA Na verdade, essa foi uma das primeiras estratégias utilizadas para avaliar o volume de atividades físicas: trabalhadores da indústria eram seguidos em suas atividades laborais para identificar razões de fadiga e eficiência, de acordo com Pheasant (1991). Um observador registra as variáveis de interesse com auxílio de formulários e sistemas específicos de codificação: tipo da atividade, frequência, duração etc. Uma alternativa à observação de terceiros é o registro pelo próprio avaliado (método do diário de bordo). Para tanto, são utilizados recordatórios das atividades físicas, geralmente cobrindo curtos períodos (menos de um dia). Esse último tipo é mais comum, pois evita-se o custo de designar pelo menos um observador externo para cada indivíduo avaliado. A determinação do dispêndio energético pela observação do comportamento é resultado do tempo alocado às atividades descritas multiplicado pela intensidade ou custo calórico a elas associado. Para isso, usualmente lança-se mão de classificações como as do Compêndio de atividades físicas, citado anteriormente. A complexidade dos sistemas e o tempo abarcado pelos recordatórios variam muito. Há sistemas que consignam as atividades a cada minuto, mas também durante várias horas; as categorias de atividades podem ser simples ou extremamente detalhadas, segundo Farinatti (2008). A escolha do tipo de recordatório dependerá não apenas dos objetivos do levantamento, mas também das possibilidades de preenchimento dos participantes – por exemplo, em crianças e idosos com problemas cognitivos, os sistemas deverão ser obrigatoriamente mais simples. O método do diário de bordo, ainda que econômico, perde quando comparado ao registro feito por observador externo: em geral, as pessoas avaliadas não são treinadas na função e a precisão da medida sofre influência dos níveis de cooperação, cognição e consciência, conforme Montoye et al. (1996). Por isso, em alguns casos são utilizados aparatos complementares, como formulários, câmeras, radiotransmissores, gravadores ou sistemas eletrônicos portáteis. Além disso, deve- se reconhecer que os indivíduos, muitas vezes, são pouco inclinados a descrever cada uma de suas atividades, podendo modificar seu comportamento de maneira a simplificar a redação do diário, segundo Boisvert et al. (1988). Isso contribui para que a auto-observação seja suscetível a vieses amostrais e instrumentais, devendo ser utilizada com cuidado. AVALIAÇÃO DE RESPOSTAS FISIOLÓGICAS ÀS ATIVIDADES FÍSICAS A variável fisiológica mais confiável para estimar a carga de trabalho é o VO2. Segundo Ainslie et al. (1993), atualmente é possível medi-lo em condições de campo, por meio de analisadores metabólicos portáteis. Contudo, apesar de os modelos mais recentes serem relativamente confortáveis e leves, persistem problemas que limitam sua aplicabilidade. 1º LUGAR Requerem máscaras respiratórias que atrapalham a respiração em intensidades elevadas. 2º LUGAR Muitas atividades não podem ser executadas perfeitamente com os equipamentos. 3º LUGAR Seu custo é ainda elevado, o que restringe a utilização em larga escala. Por isso, métodos indiretos para estimar o VO2 e o dispêndio calórico durante as atividades físicas continuam a ser extensamente empregados. Há propostas que fazem uso de variáveis fisiológicas, como temperatura corporal, ventilação pulmonar ou eletromiografia, segundo Farinatti (2008). Contudo, a variável mais usada com esse fim é a frequência cardíaca, tanto pela facilidade de sua aquisição quanto por sua estreita relação com o VO2. Aceita-se que, ao menos dentro de certos limites de intensidade e quando não há muitas variações no ritmo cardíaco, seja possível estimar o dispêndio energético com base na frequência cardíaca, conforme Montoye et al. (1996) e Keytel et al. (2005). Essas características fazem da frequência cardíaca uma boa alternativa para estimar o VO2 e o dispêndio energético em atividades aeróbias de natureza contínua. Diversas opções de cardiofrequencímetros com baixo custo têm sido disponibilizadas no mercado, inclusive em smartphones. São muitos os estudos confirmando a precisão desses aparelhos, ratificando serem uma alternativa confiável para a avaliação da intensidade de esforços físicos em condições de campo. QUANTIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS REALIZADOS A aferição dos movimentos realizados vem se popularizando como estratégia para quantificar as atividades físicas, sobretudo após o advento de equipamentos portáteis com GPS ou contadores de passos integrados. Por outro lado, conta-se também com equipamentos mais complexos, como aqueles capazes de identificar a aceleração dos segmentos corporais. Foto: Shutterstock.com PEDÔMETROS Totalizam o número de passos e a distância percorrida a pé. Em sua origem, utilizava-se um princípio mecânico simples: uma peça interior balança a cada passo e aciona um contador ligado a um mostrador numérico. São, portanto, aparatos que existem há muito tempo, sendo considerados válidos para estimar o custo energético de atividades, como caminhada e corrida. Atualmente, contadores de passos encontram-se incorporados à maior parte dos smartphones, com medidas confiáveis sendo produzidas por GPS e sensores de oscilação. ACELERÔMETROS Transpõem princípios biomecânicos para as condições de campo. Esses instrumentos quantificam a aceleração dos movimentos efetuados pelos segmentos corporais, de maneira a registrar os movimentos do corpo inteiro ou de suas partes. Para tanto, baseia-se na aferição da aceleração imprimida às partes do corpo, definida como a variação da velocidade ao longo do tempo e expressa em termos de múltiplos da força gravitacional (g = 9,8 m/s2), segundo Ndahimana e Kim (2017). Assim, frequência, intensidade e duração das atividades físicas podem ser estimadas como uma função dos movimentos corporais. A aceleração dos movimentos pode ser determinada nos planos horizontal, lateral ou vertical. Combinando-se as medidas em todos os eixos, é possível obter indicações sobre a quantidade de movimentos realizados (counts ou contagens por unidade de tempo, usualmente referidas como epochs). O dispêndio energético é, então, estimado por meio de algoritmos que fazem a relação entre o número de epochs e a quantidade de calorias necessárias para produzi-los. Há muitos modelos, de diversos fabricantes, com algoritmos também variados.Aliás, esse é um problema. Esses algoritmos são geralmente complexos, demandando treinamento para a correta intepretação das informações fornecidas, o que de certo modo limita sua utilização. De todo modo, esses instrumentos têm se mostrado confiáveis e objetivos para estimar o gasto energético em atividades físicas. Seus custos vêm diminuindo, sendo hoje mais acessíveis do que outros métodos. No entanto, apesar de ser um equipamento relativamente caro para a atividade física recreacional, não o são a ponto de limitar uma utilização ampla no contexto da prática profissional. CINEMATOGRAFIA Trata-se de uma técnica de laboratório que, em determinadas condições, pode ser utilizada no campo, geralmente em estudos ergonômicos ou biomecânicos. Em geral, é aplicada para avaliar atividades com rápida mudança de padrão de execução, como nos desportos, ou para determinar a eficiência de tarefas laborais complexas, ajudando a definir o posicionamento de maquinário, ferramentas etc. Todavia, apenas as atividades realizadas no campo focal da(s) câmera(s) podem ser avaliadas, evidentemente em situações controladas. O custo do método, somado à dificuldade da quantificação das informações filmadas (digitalização etc.), faz com que seja uma opção mais restrita à pesquisa científica. COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS PARA QUANTIFICAÇÃO DIRETA DO VOLUME DE ATIVIDADES FÍSICAS As possibilidades de quantificação das atividades físicas e do dispêndio calórico a elas associado são diversas. Cada um dos métodos tem vantagens e limitações. Compreendê-los é importante para a avaliação de sua aplicabilidade potencial e para a tomada de decisão sobre qual usar e em que contexto. O quadro 4 resume as vantagens e desvantagens dos métodos descritos neste módulo. Método Vantagens Desvantagens Água duplamente marcada (DLW) - Alta precisão, considerada padrão-ouro para medida da taxa metabólica total - Não interfere nas AF realizadas - Alto custo e exige expertise para aplicação do método - Não permite detalhamento das AF (intensidade, tipo etc.) Calorimetria direta - Mais preciso método para medida da taxa metabólica em repouso ou durante AF - Alto custo - Confinamento do indivíduo por pelo menos 24h - AF fora do contexto real Calorimetria indireta - Preciso e não invasivo - Fornece informações sobre o substrato energético utilizado para produzir energia - Custo relativamente alto - Exige expertise e treinamento para aplicação e interpretação dos resultados - Permite quantificar o DE em situações de campo Podômetros - Baratos e não invasivos - Adequados para quantificação da AF mais comum (caminhadas) - Limitados à contagem de passos (caminhadas) - Pouco precisos para medir distâncias percorridas ou o DE Acelerômetros - Fornecem medidas objetivas do volume de AF - Usados em laboratórios ou condições de campo - Não invasivos e fáceis de portar - Relativamente baratos - Algoritmos para estimar a DE podem ser imprecisos, principalmente em atividades variadas Monitores de FC - Fornecem medidas objetivas da intensidade e DE das AF - Baixo custo, versáteis e não invasivos - Pouco precisos para estimar o DE em atividades sedentárias e leves Autorrelato (diário de bordo) - Baixo custo, permitindo aplicação em grandes amostras - Fornece informações sobre o padrão das AF - Pouco preciso e fidedigno, dependendo do nível de cognição e motivação dos indivíduos Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal A análise das vantagens e desvantagens dos diferentes métodos deixa entrever que nenhum deles é, efetivamente, capaz de quantificar todos os aspectos das atividades físicas. A opção de se aplicarem métodos variados de forma complementar, então, parece lógica. EXEMPLO Quando se faz uso da acelerometria com medidas de variáveis fisiológicas como a frequência cardíaca, obtêm-se informações sobre a intensidade e o volume absoluto de atividades (epochs), mas também acerca da intensidade relativa (% da frequência cardíaca máxima). Abordagens combinadas tornam-se cada vez mais comuns em virtude do rápido desenvolvimento tecnológico observado nos últimos anos. Os aparatos de última geração permitem que vários métodos sejam utilizados ao mesmo tempo. Atualmente, são muitos os exemplos de monitores com custo acessível que permitem esse tipo de abordagem, provendo simultaneamente informações de alta complexidade, incluindo distância (GPS), velocidade, altimetria, cadência de corrida ou pedalagem, potência, acelerometria e variáveis fisiológicas diversas. Recentemente, desenvolveram-se sensores múltiplos, como as faixas SenseWear, ou aparatos inteligentes para dispêndio energético e atividade física (intelligent device for energy expenditure and activity – IDEEA), que incorporam dados sobre temperatura corporal (pele e central) e estimativas do dispêndio energético a partir da identificação automática de dezenas de posições corporais, segundo Hills et al. (2014). Nota-se, portanto, um acelerado aumento das possibilidades de quantificação direta das atividades físicas com grande precisão, tornando factível em condições de campo algo que apenas há algumas décadas era possível apenas em laboratórios de pesquisa. MEDIDAS DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E CARGA DE TRABALHO O professor apresentará um resumo do módulo com as principais medidas do nível de atividade física e da carga de trabalho. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM RELAÇÃO À CARGA DE TRABALHO, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) Pode ser facilmente medida por meio da contagem de passos durante o dia. B) É influenciada pelas características das atividades físicas, meio ambiente e aptidão física. C) Trata-se de uma noção eminentemente psicológica, pois depende de como se percebe o esforço realizado para superá-la. D) Não há como medi-la objetivamente por meio das atividades físicas, pois um conceito é completamente dissociado do outro. E) Não é influenciada pela composição corporal do indivíduo e pela aptidão física desde que se use instrumentos de alta tecnologia. 2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA CORRETAMENTE VANTAGENS E DESVANTAGENS DE MEDIDAS OBJETIVAS DAS ATIVIDADES FÍSICAS: A) A utilização prolongada da água duplamente marcada é contraindicada, pois isótopos radioativos podem envenenar o indivíduo. B) Acelerômetros têm a vantagem de medir a distância percorrida durante atividades físicas, contrariamente aos pedômetros, que apenas quantificam os passos. C) A calorimetria direta mede a temperatura da pele, sendo, portanto, imprecisa em quantificar a produção de calor relacionada aos processos metabólicos durante as atividades físicas. D) Os monitores de frequência cardíaca são uma alternativa barata para estimar a intensidade das atividades físicas e, em virtude da relação dessa variável com o VO2, para estimar o dispêndio energético durante atividades aeróbias contínuas. E) A calorimetria direta mede a temperatura da pele, sendo, portanto, precisa em quantificar a produção de calor relacionada aos processos metabólicos durante as atividades físicas; porém, só funciona adequadamente se for realizada com um monitor de frequência cardíaca. GABARITO 1. Em relação à carga de trabalho, assinale a alternativa correta: A alternativa "B " está correta. A noção de carga de trabalho é multifatorial, determinada pelas características das atividades realizadas, aptidão física e funcional para atender às suas demandas e às necessidades impostas pelo meio ambiente. 2. Assinale a alternativa que apresenta corretamente vantagens e desvantagens de medidas objetivas das atividades físicas: A alternativa "D " está correta. As relações entre frequência cardíaca e VO2 são bem aceitas quando não há grandes flutuações no ritmo cardíaco e ao longo de amplo espectro de intensidade das atividades físicas. MÓDULO 2 Identificar questionários para estimativa do nível de atividade física e carga de trabalho,particularmente o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ) CARACTERÍSTICAS DOS QUESTIONÁRIOS DE ATIVIDADES FÍSICAS Podemos afirmar que muitos métodos de avaliação das cargas de trabalho cotidiana (acelerômetros, pedômetros etc.) têm potencial de aplicação restrito, limitando-se a amostras pequenas. Os chamados questionários retrospectivos são considerados alternativas simples, viáveis e práticas para avaliar as atividades físicas em larga escala, como em estudos epidemiológicos. Questionários são frequentemente aplicados quando o acompanhamento dos resultados de programas de intervenção não exige grande precisão ou quando dados de grupos interessam mais do que informações individuais, de acordo com Montoye et al. (1996) e Farinatti (2008). Discutiremos aqui aspectos da aplicação desses instrumentos, considerados como medidas não objetivas das atividades físicas. Em comparação com outros métodos, os questionários de atividades físicas apresentam algumas vantagens: - Permitem a coleta de dados quantitativos e qualitativos sobre as atividades físicas (intensidade, frequência, duração e tipo) - Sua administração é barata e relativamente simples. - Contrariamente a técnicas como o diário de bordo, acelerômetros ou analisadores metabólicos portáteis, sua aplicação não interfere no padrão das atividades. Além da quantificação das atividades físicas, os questionários permitem estimar o dispêndio energético por meio de tabelas de classificação energética como a do Compêndio de atividades físicas, de Ainsworth et al. (1993, 2000, 2011), que incluem uma ampla variedade de atividades domiciliares, profissionais, desportivas ou de lazer. Segundo Farinatti (2008), existem muitos questionários de atividades físicas, com características diversas quanto ao método de administração, período compreendido no levantamento, tipos de atividade e escalas de medida. Há instrumentos que incluem tarefas realizadas no domicílio, trabalho ou lazer, enquanto outros acrescentam atividades desportivas e de condicionamento físico. O período analisado pode ser curto ou longo, desde um dia até toda a vida, passando por algumas semanas, meses ou anos. Quanto aos desfechos, alguns questionários permitem classificar as pessoas em grupos de acordo com o volume de atividades físicas praticadas, enquanto outros têm a pretensão de fornecer valores mais precisos de dispêndio calórico. Enfim, há questionários desenvolvidos para aplicação em grupos etários específicos, como crianças e idosos. Nesses casos, procura- se adaptar a abordagem de forma a aumentar a compreensão dos itens do instrumento, torná- los menos cansativos ou incluir atividades típicas desses grupos (por exemplo, brincadeiras para as crianças e menos atividades profissionais para idosos aposentados). Muitos fatores devem ser considerados para a escolha do questionário. O propósito da avaliação é determinante. Assim, se o interesse é a obesidade, a estimativa do gasto energético diário torna-se importante. Se a preocupação é a relação das atividades físicas com osteoporose ou risco de fraturas, questões sobre as atividades de impacto ou cargas transportadas pelos indivíduos serão preferenciais. Por essas razões, certos questionários fazem uma clara distinção entre os tipos de atividade examinados, notadamente as atividades efetuadas no trabalho ou no lazer. Enquanto isso, outros propõem-se a realizar um inventário de todas as atividades ou são extremamente superficiais, por vezes apenas questionando o tempo dedicado a atividades que “fazem o indivíduo transpirar” (FARINATTI, 2008). As escalas de medida adotadas refletem essa variedade de propósitos e detalhamento nas atividades levantadas, podendo variar de simples índices numéricos para classificar o nível de atividade dos sujeitos (fraco, médio, alto etc.), até estimativas do dispêndio energético expressas em kcal ou MET. As duas formas mais comuns de administração dos questionários de atividades físicas são as entrevistas e os instrumentos autopreenchidos. A escolha dependerá dos objetivos da avaliação, do tempo que se dispõe e das possibilidades dos respondentes. É importante levar em conta as características da população-alvo (idade, sexo, nível de instrução etc.) para decidir qual forma adotar. Segundo Farinatti (2008), os instrumentos autopreenchidos demandam menos recursos humanos, mas os resultados podem sofrer o viés das diferenças de cognição ou instrução. Deve-se notar que os indivíduos podem apresentar dificuldades para lembrar de certas atividades – existem evidências de que as pessoas têm uma tendência a recordar atividades cujas intensidades foram superiores àquelas que estão habituadas a realizar, às vezes superestimando seu tempo e intensidade. De forma geral e considerando todas essas particularidades, os questionários de atividades físicas podem ser classificados em três grandes grupos: QUESTIONÁRIOS GLOBAIS São instrumentos muito curtos e simples, com poucos itens (geralmente de um a quatro). Quase sempre têm como objetivo apenas classificar o nível de atividades físicas do respondente (ativos vs. inativos). As questões podem até focalizar diferentes tipos de atividades, como no trabalho ou lazer, mas as classificações são feitas com base em poucas informações. Na verdade, abdica-se do detalhamento para alcançar um máximo número de avaliados em pouco tempo – muitas vezes a preocupação é classificar um grupo populacional e não indivíduos isoladamente. A grande vantagem desses instrumentos, evidentemente, é sua rápida e fácil aplicação. Bons exemplos são o Stanford Brief Activity Survey, segundo Taylor- Piliae et al (2006), que traz apenas dois itens sobre atividades ocupacionais e de lazer, classificando sua intensidade em cinco níveis (‘inativa’ até ‘muito vigorosa’) e o US Behavioral Risk Factor Surveillance, que classifica os indivíduos como ‘participantes’ ou ‘não participantes’ de atividades físicas no tempo de lazer, com base em uma única questão, segundo Ainsworth et al. (2015). QUESTIONÁRIOS DO TIPO RECORDATÓRIO CURTO Incluem até 20 questões ou itens, buscando detalhar as atividades físicas realizadas no que tange à sua intensidade, duração, frequência e tipo, porém em período relativamente curto, por exemplo na última semana ou mês. A maior parte dos questionários aplicados em programas de atividades físicas enquadra-se nessa categoria. É comum estratificar-se os tipos de atividades físicas, indagando-se o tempo dispendido em atividades sedentárias, moderadas ou vigorosas, segundo Montoye et al. (1996), bem como os domínios em que são realizadas (domicílio, trabalho, lazer, desporto etc.). Nesse tipo de instrumento, os escores são, geralmente, obtidos calculando o produto do volume de atividades (frequência e duração) pela intensidade (geralmente em MET). Por isso, muitos provêm uma estimativa do dispêndio energético por semana, por mês etc. Recordatórios curtos têm a vantagem de fornecer informações detalhadas o suficiente para verificar se os respondentes satisfazem aos objetivos dos programas de atividades físicas – por exemplo, se atendem às recomendações mínimas para emagrecimento, se alcançaram os alvos previstos inicialmente nas rotinas de intervenção. Além disso, como estratificações por tipo de atividade e tempo podem ser feitas, é possível estabelecer relações de causa-efeito entre a quantidade de atividades físicas realizadas nos diferentes domínios e desfechos de saúde variados (por exemplo, fatores de risco cardiometabólico). Por outro lado, a principal desvantagem decorre da capacidade de os respondentes não se lembrarem com exatidão das atividades que realizaram há uma semana ou mês. Nem sempre isso é possível, seja por maturação insuficiente, déficits cognitivos ou nível educacional incompatível com a compreensão do instrumento. QUESTIONÁRIOS RECORDATÓRIOS LONGOS Incluem grande quantidade de itens (mais de 20, podendo ultrapassar 60), com detalhamento de atividadesfísicas realizadas no último ano ou mesmo ao longo de toda a vida. Portanto, consistem em instrumentos com aplicação eminentemente epidemiológica, buscando estabelecer relações entre padrões de comportamento ligados às atividades físicas e índices de morbimortalidade. O Minnesota Leisure Time Physical Activity Questionnaire, por exemplo, quantifica as atividades físicas no último ano, tendo sido desenvolvido no contexto de estudo multicêntrico sobre risco cardiovascular, segundo Leon et al (1987). Outro exemplo é o Bone Loading Questionnaire, desenvolvido para estabelecer relações entre atividades físicas praticadas durante toda a vida e o risco de fraturas por osteoporose, segundo Dolan et al. (2006). Os desfechos produzidos por recordatórios longos assemelham-se em sua forma e fundo àqueles descritos para os recordatórios curtos. Por outro lado, devido à sua extensão, na maior parte das vezes são aplicados por meio de entrevistas. As vantagens e desvantagens também parecem com as encontradas nos recordatórios curtos, contudo, mais extremadas – se, de um lado, pode-se obter grande detalhamento em termos de padrão de comportamento, de outro deve-se reconhecer que as dificuldades de memória para o levantamento de atividades em períodos tão longos são superiores. O QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADES FÍSICAS (IPAQ) Uma iniciativa digna de menção, considerando as dificuldades acarretadas pela grande variedade de questionários existentes, é a proposição de um instrumento aceito internacionalmente, a fim de facilitar a comparação de dados coletados em diferentes realidades. Trata-se do Questionário Internacional de Atividades Físicas (International Physical Activity Questionnaire – IPAQ), desenvolvido por especialistas de vários países. Duas versões do IPAQ nasceram desse esforço conjunto: uma versão curta, com sete questões, e outra, mais longa, com 27 itens. A criação do instrumento teve origem em reuniões realizadas em Genebra, em 1998, seguidas de estudos de validação conduzidos em 12 países, de acordo com Craig et al. (2003). Foram analisadas oito formas do questionário, de acordo com a forma de aplicação (autopreenchimento ou entrevista por telefone), versão (longa ou curta) e período avaliado (semana usual, última semana). Após extensivas avaliações, chegou- se às formas do IPAQ atualmente aplicadas. Imagem: Shutterstock.com Em ambas as versões, levantam-se informações acerca das atividades físicas feitas nos últimos sete dias. A versão longa fornece dados mais completos sobre fatores associados à prática das atividades físicas e o sedentarismo, fornecendo informações sobre hábitos diários de atividades físicas no domicílio, trabalho e lazer. A versão curta volta-se para o perfil de atividades praticadas regularmente, questionando sobre comportamento sedentário, caminhadas e atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa. A versão curta do IPAQ apresenta muitas vantagens, incluindo a brevidade de sua aplicação e o fornecimento de um escore para atividade física total. É possível, ainda, identificar a quantidade de tempo dedicado a atividades de intensidade variada. Na verdade, trata-se de um instrumento concebido para levantamentos em larga escala, de modo que se possa estabelecer comparações transnacionais. A validade do instrumento para acompanhamento de programas de intervenção é ainda limitada, apesar de resultados promissores terem sido relatados nesse sentido, segundo Bauman et al. (2009). Segundo Barros e Nahas (2000), Matsudo et al. (2001), Pardini et al. (2001) e Guedes et al. (2005), o IPAQ foi traduzido para muitos idiomas e vem sendo extensivamente aplicado. Apesar de não haver versão oficialmente disponível em português no site oficial do questionário, estudos com população brasileira já o utilizaram, com bons níveis de validade e confiabilidade. A versão curta em português, em estudos no Brasil, notadamente pelo grupo do Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS, São Paulo, SP) é apresentada no Explore +, no fim deste documento. Você notará que há oito itens, ao invés dos sete originais, pelo desmembramento da última questão. De todo modo, o instrumento é de livre acesso e pode ser aplicado sem autorização prévia formal. Quanto aos desfechos, o IPAQ permite o cálculo de escores para o dispêndio energético, ainda que a partir de valores arbitrários para as categorias de intensidade (caminhada = 3,3 MET; intensidade moderada = 4,0 MET; e intensidade vigorosa = 8,0 MET). O escore final é expresso em MET-minutos/semana, para cada categoria de atividade e dispêndio total. Em suma, as versões curta e longa do IPAQ podem ser classificadas como questionários do tipo recordatório curto, assemelhando-se à maior parte dos questionários de atividades físicas disponíveis, tanto em sua concepção quanto em precisão e validade. No entanto, têm a vantagem de buscar uma uniformização para a coleta de dados entre países com diferentes culturas, o que representa um passo à frente nas possibilidades de troca e comparação entre diferentes regiões do planeta. Por outro lado, algumas desvantagens decorrem desse propósito. Em primeiro lugar, em relação à universalidade almejada, o grupo que desenvolveu o questionário optou por uma faixa de aplicação que envolvesse a maior parte da população, o que, de certa forma, excluiu crianças e idosos do seu escopo. De fato, segundo Farinatti (2008), o IPAQ foi desenvolvido e testado para adultos com idades entre 15 e 69 anos e sua aplicação deve ser feita com cuidado em faixas etárias diferentes. COMENTÁRIO Segundo Armstrong e Bull (2006), uma consequência importante do desenvolvimento do IPAQ foi a proposição de um instrumento alternativo pela Organização Mundial da Saúde, a meio caminho das suas versões curta e longa e que também permite a avaliação das atividades físicas estratificadas por domínio (domicílio, trabalho etc.). Trata-se do Questionário Global de Atividade Física (Global Physical Activity Questionnaire – GPAQ). Assim, pode-se dizer que o IPAQ consiste em uma das duas alternativas de recordatório curto para quantificação internacional de atividades físicas. Sua versão curta é a menor existente, permitindo aplicação em grandes populações. QUESTIONÁRIOS DE ATIVIDADES FÍSICAS O professor vai falar brevemente sobre os questionários de atividades físicas. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CARACTERIZA OS QUESTIONÁRIOS DE ATIVIDADES FÍSICAS: A) São instrumentos utilizados apenas para classificar as atividades físicas em termos de intensidade. B) Podem ser curtos ou longos, autopreenchidos ou feitos com entrevistas, dependendo dos objetivos do levantamento das atividades físicas e dos grupos avaliados. C) São válidos para quantificar atividades físicas, mas não exercícios físicos. D) Estão caindo em desuso, devido ao fato de instrumentos objetivos para quantificar as atividades físicas estarem se tornando cada vez mais acessíveis. E) São instrumentos que classificam o nível de aptidão física dos respondentes. 2. EM RELAÇÃO AO QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADES FÍSICAS (IPAQ) PODE-SE AFIRMAR: A) Trata-se de um instrumento do tipo recordatório longo. B) Sua versão longa traça um perfil das atividades físicas no último ano. C) A versão curta descreve o tempo associado à inatividade, caminhadas e atividades moderadas e vigorosas. D) Não é aplicável a atletas, mulheres grávidas, crianças e idosos. E) Tem a sua validade e fidedignidade testadas em indivíduos idosos. GABARITO 1. Assinale a alternativa que caracteriza os questionários de atividades físicas: A alternativa "B " está correta. Questionários de atividades físicas são ainda instrumentos de escolha privilegiada para avaliar padrões de comportamento e quantificar as atividades físicas em períodos determinados, principalmente em larga escala. Há muitos tipos e sua aplicação deverá ser precedida de uma avaliaçãoda adequação aos objetivos e população avaliada. 2. Em relação ao Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ) pode-se afirmar: A alternativa "C " está correta. O IPAQ tem versões longa e curta, ambas com levantamento das atividades físicas na última semana. A versão longa detalha fatores associados ao sedentarismo e atividades físicas, enquanto a versão curta quantifica o tempo ligado à inatividade, a caminhadas e a atividades físicas moderadas e vigorosas. MÓDULO 3 Distinguir os componentes do estilo de vida de acordo com o Pentáculo do Bem- estar, as dimensões de qualidade de vida segundo a Organização Mundial da Saúde e o instrumento de avaliação WHO-QOL QUALIDADE DE VIDA A noção de qualidade de vida remete a um sem-número de construtos, como bem-estar psicológico, ajustamento social, realização pessoal, independência física e suporte social. Dada a sua complexidade, instrumentos que se propõem a apreciá-la são limitados e restritos a poucos aspectos dentre os muitos possíveis que determinam o que se entende por qualidade de vida. Por outro lado, no contexto de uma avaliação mais ampla é útil dominar técnicas de avaliação da qualidade de vida e bem-estar. Isso permite traçar um perfil de nossos beneficiários dentro de um contexto maior, inclusive ajudando no estabelecimento de expectativas quanto a mudanças de comportamentos relacionados à saúde. Para tanto, existem propostas interessantes, as quais incluem dimensões variadas da vida em sociedade. Além disso, tais métodos reconhecem que bem-estar e qualidade de vida são noções que resultam da percepção individual. Imagem: Shutterstock.com A partir de agora, apresentamos dois métodos de avaliação desenvolvidos de acordo com essas perspectivas: o Pentáculo do Bem-estar e o WHO-QOL. PENTÁCULO DO BEM-ESTAR Proposto originalmente por Nahas e colaboradores (2000), trata-se de um instrumento de avaliação qualitativa que parte da premissa de que viveríamos uma época em que as principais doenças e o próprio conceito de saúde derivariam dos modos de vida. Fatores comportamentais determinados pelo meio ambiente físico e social, dentre eles hábitos alimentares e prática de atividades físicas, somar-se-iam a elementos relacionados às possibilidades de se levar uma vida enriquecedora, como acesso a tratamento médico, emprego, escolaridade, entre outros. Essa maneira de entender o bem-estar, segundo Farinatti (2008), decorre da evolução dos conceitos de saúde e qualidade de vida. A saúde é vista como uma condição multifatorial, com dimensões físicas, psicológicas e sociais que podem ser avaliadas sob perspectivas ‘negativas’ ou ‘positivas’. PERSPECTIVA NEGATIVA Remete aos constrangimentos à saúde (doenças, deficiências, incapacidades etc.). PERSPECTIVA POSITIVA Valoriza os fatores que aumentam as possibilidades de realização pessoal, a partir de uma vida produtiva que se coadune com o que consideramos importante segundo nossos valores (objetivos vitais). A visão positiva de saúde debruça-se sobre os determinantes do que percebemos como ‘bem-estar verdadeiro’. Isso quer dizer que, enquanto critérios objetivos e subjetivos podem ser estabelecidos para apreciar o estado de saúde (principalmente em sua ótica negativa), avaliar o bem-estar é mais difícil, porquanto se trata de uma noção sempre decorrente da percepção que se tem da própria vida. Assim, pode-se dizer que o bem-estar é um estado de espírito subjetivo e individual, influenciado por múltiplos fatores. Essa é a base do Pentáculo do Bem-estar. Assume-se que a percepção de bem-estar não se resume ao somatório dos seus fatores – na verdade, a resultante é entendida como maior do que a soma das partes. Outra noção importante para o entendimento do Pentáculo do Bem-estar é o que se compreende por modos de vida, expressão definida por Farinatti e Ferreira (2006) como a manifestação de nossas disposições em relação ao que nos rodeia. A adoção de modos de vida de forma livre e consciente depende, dentre outros aspectos, das convicções de cada um, dos julgamentos do que é bom ou ruim. Atribuímos significados às nossas vidas por meio de interações permanentes com o meio social, as quais definirão nossas experiências cotidianas. Dessa forma, os modos de vida são determinados por nossos valores, que predispõem a comportamentos ditados pelas convicções pessoais. Os valores agem sobre os comportamentos e constituem a base dos modos de vida. Foto: Shutterstock.com As possibilidades e os constrangimentos vividos em cada situação social, cultural ou econômica modelarão os valores individuais e coletivos; portanto, as formas individuais e coletivas de viver. Os modos de vida são também moldados pela aprendizagem social e as escolhas oferecidas aos indivíduos são limitadas pelo meio em que vivem. Logo, ainda que algumas mudanças de comportamento possam atenuar as dificuldades de saúde associadas aos modos de vida, elas mostram-se difíceis, porque são afetadas por fatores extrínsecos. As pessoas podem não deter os conhecimentos necessários para uma escolha de seus modos de vida ou ser inibidas por atitudes tradicionais. Há quem pense que as mudanças nos modos de vida são difíceis se não há condições sociais adequadas. Isso significa que os comportamentos são determinados pelas necessidades da vida e pelo que percebemos como agradável e gratificante, bem como pelo contexto mais geral. Não é diferente quando se trata das atividades físicas. Como aspecto complexo do comportamento humano, a adoção de um modo ativo de vida depende de fatores socioeconômicos e culturais, incluindo atividade profissional, condição física, personalidade, tempo livre ou acesso a equipamentos desportivos e recreativos. Sobre uma boa parte desses fatores, o indivíduo médio tem pouco ou nenhum controle. Assim, idealizou-se o Pentáculo do Bem-estar, a partir de duas categorias determinantes da qualidade de vida: Imagem: Shutterstock.com FATORES SOCIOAMBIENTAIS Aqui agrupam-se os elementos que influenciam os comportamentos, sobre os quais não se tem controle direto (condições de trabalho, educação, transporte, meio ambiente, lazer, acesso a recursos de saúde etc.). Imagem: Shutterstock.com FATORES INDIVIDUAIS Aqui temos os modos de vida e suas consequências, incluindo os fatores de risco para doenças crônico-degenerativas (hábitos alimentares, atividades físicas, estresse etc.). Na versão mais recente do documento, segundo Nahas et al. (2000), foram incluídas duas categorias remetendo ao que se considerou serem comportamentos preventivos diversos (tabagismo, cinto de segurança, preservativos, drogas etc.) e qualidade dos relacionamentos pessoais. O Pentáculo do Bem-estar, instrumento de simples aplicação, pretende avaliar essa noção complexa por meio de um construto que inclui cinco fatores relacionados com as perspectivas negativa e positiva da saúde e qualidade de vida: Imagem: Shutterstock.com NUTRIÇÃO Imagem: Shutterstock.com CONTROLE DO ESTRESSE Imagem: Shutterstock.com ATIVIDADES FÍSICAS Imagem: Shutterstock.com COMPORTAMENTO PREVENTIVO Imagem: Shutterstock.com RELACIONAMENTO SOCIAL Além de responderem a 15 perguntas fechadas com itens relacionados a esses cinco fatores, deve-se colorir no Pentáculo as faixas representativas de cada um dos itens autoavaliados, em uma escala com os valores 0 (ausência total da característica, nunca), 1 (raramente), 2 (característica por vezes presente no comportamento, quase sempre) e 3 (realização completa do comportamento relacionado àquela característica, sempre). O quadro 1 apresenta as questões do instrumento. NUTRIÇÃO a) Sua alimentação diária inclui ao menos 5 porções de frutas e verduras. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre b) Você evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras) e doces. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre c) Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia,incluindo café da manhã completo. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre ATIVIDADE FÍSICA d) Você realiza ao menos 30 min de atividades físicas moderadas ou intensas, de forma contínua ou acumulada, 5 ou mais dias na semana. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre e) Ao menos duas vezes por semana você realiza exercícios que envolvam força e alongamento muscular. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre f) No seu dia a dia, você caminha ou pedala como meio de transporte e, preferencialmente, usa as escadas em vez do elevador. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre COMPORTAMENTO PREVENTIVO g) Você conhece sua pressão arterial, seus níveis de colesterol e procura controlá-los. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre h) Você não fuma e ingere álcool com moderação* (menos de 2 doses ao dia). [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre *Se você nunca fuma ou ingere álcool com moderação, deve escolher a opção 3 – sempre i) Você sempre usa cinto de segurança e, se dirige, o faz respeitando as normas de trânsito, nunca ingerindo álcool, se vai dirigir. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre RELACIONAMENTO SOCIAL j) Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos. k) Seu lazer inclui reuniões com amigos, atividades l) Você procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre esportivas em grupo ou participação em associações. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre ambiente social. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre CONTROLE DO ESTRESSE m) Você reserva tempo (ao menos 5 min) todos os dias para relaxar. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre n) Você mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariado. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre o) Você procura equilibrar o tempo dedicado ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer. [0] nunca [1] raramente [2] quase sempre [3] sempre Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal A Figura 1 apresenta o Pentáculo do Bem-estar com os itens correspondentes a cada categoria, bem como sugestões de padrão de cores para seu preenchimento, conforme Cruz- Vicente et al. (2009). É importante dizer que os autores estabeleceram uso livre do Pentáculo do Bem-estar, desde que citada a fonte, segundo Nahas et al. (2000). Imagem: CRUZ-VICENTE et al, 2009. Adaptada por Rodrigo Cavalcante. Figura 1. Pentáculo do Bem-estar e itens correspondentes a cada categoria. A coloração da figura em forma de estrela de cinco pontas do Pentáculo do Bem-estar fornece uma demonstração gráfica com intuito de facilitar a visualização da interação das dimensões abordadas, apontando quais modos de vida são satisfatórios e quais necessitariam de aprimoramento. Assim, o instrumento preenchido de acordo com a escala produz o que os autores denominaram Perfil do estilo de vida. Quanto mais colorido estiver o Pentáculo, maior o nível de bem-estar e qualidade de vida, o que pode ser rapidamente identificado por inspeção visual em cada uma das dimensões. QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (WHOQOL) Instrumentos para a avaliação da qualidade de vida visam, geralmente, levantar informações sobre aspectos negativos e positivos desse conceito, incluindo medidas de incapacidades e bem-estar, nos níveis individual e coletivo. Os sistemas mais atuais incorporam o ponto de vista dos respondentes, com foco nos elementos que favorecem uma vida plena e realizada, em vez de enfatizar a doença. ATENÇÃO A OMS (1997) define qualidade de vida como a percepção que se tem da própria posição na vida, no contexto da cultura e no sistema de valores em que vivemos, e considerando nossos objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Trata-se de uma noção subjetiva e multidimensional que depende de aspectos individuais e decorrentes do contexto físico, cultural e social. Com isso, a avaliação da qualidade de vida é uma tarefa complexa, representando um desafio. Por outro lado, essas informações da OMS são importantes para a maior compreensão das necessidades dos indivíduos e grupos sociais, o que ajuda a nortear políticas públicas e programas de intervenção. Segundo Kluthcovsky & Kluthcovsky (2009), instrumentos para avaliar a qualidade de vida podem ser genéricos ou específicos: Genéricos Vários aspectos da qualidade de vida e estado de saúde são abordados, com base na premissa de serem conceitos multidimensionais complexos e dinâmicos, diferindo entre os indivíduos de acordo com seus valores e o próprio ambiente. Além disso, a noção de qualidade de vida é entendida como um componente da boa saúde, e não o inverso. Específicos Coloca-se em foco elementos predeterminados com foco particular em um ou mais aspectos considerados importantes para a qualidade de vida, sejam eles econômicos, psicológicos ou biomédicos – a preocupação é com facetas da qualidade de vida, e não com construtos mais amplos para ela concebidos. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), bastante utilizado para comparar países e regiões do planeta em relação às suas condições de vida, é um bom exemplo dessa categoria de instrumento, com ênfase em fatores demográficos, econômicos e sociais. Por isso, quando se faz referência a instrumentos de avaliação da qualidade de vida, geralmente está-se considerando as técnicas de natureza genérica. Esses sistemas têm um ponto em comum – buscam identificar e valorizar as influências ambientais e, sobretudo, o que é importante para a percepção individual de bem-estar e realização pessoal, especialmente quando são planejados para aplicação diferentes contextos culturais. VOCÊ SABIA A OMS organizou um projeto envolvendo 15 centros de pesquisa em diversos países, cujo resultado foi a elaboração das versões longa e curta do questionário World Health Organization Quality of Life (WHOQOL-100 e WHOQOL-breve) (WHO, 1998). Ambos podem ser usados em uma grande variedade de ambientes culturais, permitindo comparar os resultados de diferentes populações e países. Adicionalmente, módulos foram desenvolvidos para permitir avaliações mais detalhadas de populações específicas; por exemplo, pacientes com câncer, refugiados, idosos e pessoas com HIV/ AIDS. Imagem: Shutterstock.com A iniciativa da OMS em desenvolver um instrumento de avaliação da qualidade de vida resulta da necessidade de uma medida genuinamente internacional para esse construto importante, visando a avaliação da própria saúde bem como a reafirmação do compromisso com uma abordagem multifatorial para todas as noções relacionadas à saúde de forma geral. Uma vez que o WHOQOL valoriza a qualidade de vida ‘percebida’, não se espera que forneça um meio de medir detalhadamente os sintomas, doenças ou condições mórbidas, nem a incapacidade avaliada objetivamente, mas, sim, os efeitos percebidos das doenças e intervenções de saúde no bem-estar do indivíduo. O WHOQOL consiste na avaliação de um conceito multidimensional que incorpora a percepção do indivíduo sobre o estado de saúde, bem-estar psicossocial, satisfação com a vida e outros aspectos que se relacionam com a qualidade de vida, mas que, isoladamente, não a definem. O WHOQOL-100 avalia a percepção dos indivíduos sobre sua posição na vida de maneira ampla e diversificada, em coerência com a definição da OMS para qualidade de vida. O instrumento inclui 100 perguntas, fornecendo um perfil multidimensional de pontuações em todos os domínios e subdomínios (facetas) propostos por especialistas como determinantes da qualidade de vida. O questionário abrange seis dimensões, incluindo um total de 24 facetas, conforme exibido no quadro 6. Para cada faceta há quatro itens, complementadospor quatro itens adicionais sobre aspectos gerais da saúde e qualidade de vida subjetiva (como essas noções são percebidas e classificadas pelos respondentes). Isso perfaz um total de 100 itens na avaliação, todos eles avaliados em uma escala de cinco pontos do tipo Likert (1 a 5). Os domínios são bastante variados, indo da percepção da condição física até a religiosidade/espiritualidade, passando pelos sentimentos positivos, cognição, independência funcional, relacionamentos pessoais e conforto/segurança proporcionados pelo meio ambiente. Domínio I - Domínio físico 1. Dor e desconforto 2. Energia e fadiga 3. Sono e repouso Domínio II - Domínio psicológico 4. Sentimentos positivos 5. Pensar, aprender, memória e concentração 6. Autoestima 7. Imagem corporal e aparência 8. Sentimentos negativos Domínio III - Nível de independência 9. Mobilidade 10. Atividades da vida cotidiana 11. Dependência de medicação ou de tratamentos 12. Capacidade de trabalho Domínio IV - Relações sociais 13. Relações pessoais 14. Suporte (apoio) social 15. Atividade sexual Domínio V – Ambiente 16. Segurança física e proteção 17. Ambiente no lar 18. Recursos financeiros 19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades 21. Participação em, e oportunidades de recreação/lazer 22. Ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima) 23. Transporte Domínio VI - Aspectos espirituais/religião/crenças pessoais 24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Apesar de completo no que tange aos domínios e facetas propostas, em virtude de sua extensão as possibilidades de aplicação do WHOQOL faziam-se limitadas. Consequentemente, desenvolveu-se uma versão abreviada, o WHOQOL-breve, com 26 questões. Esse instrumento contém os dois itens da qualidade de vida e saúde geral percebidas e um item de cada uma das 24 facetas incluídas no WHOQOL-100. Uma análise posterior do WHOQOL-100 sugeriu a possibilidade de fundir os domínios 1 e 3, e os domínios 2 e 6, criando, assim, quatro domínios de qualidade de vida. Na abordagem corrente para pontuar o WHOQOL-breve, os domínios do WHOQOL-100 foram condensados em quatro domínios principais: Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com Físico Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com Psicológico Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com Relações Sociais Imagem: Shutterstock.com Imagem: Shutterstock.com Meio Ambiente Assim, diferentemente do WHOQOL-100, no qual cada uma das 24 facetas é avaliada a partir de quatro questões, no WHOQOL-breve cada faceta é avaliada por apenas uma questão. O quadro 7 apresenta as facetas avaliadas nos quatro domínios do WHOQOL-breve, cada uma delas correspondendo a uma questão no instrumento. Qualidade de vida e saúde em geral Classificação da qualidade de vida em geral Satisfação com a saúde em geral Domínio I - Domínio físico Dor e desconforto Energia e fadiga Sono e repouso Mobilidade Atividades da vida cotidiana Dependência de medicação ou de tratamentos Capacidade de trabalho Domínio II - Domínio psicológico Sentimentos positivos Pensar, aprender, memória e concentração Autoestima Imagem corporal e aparência Sentimentos negativos Espiritualidade/religião/crenças pessoais Domínio III - Relações sociais Relações pessoais Suporte (apoio) social Atividade sexual Domínio IV - Meio ambiente Segurança física e proteção Ambiente no lar Recursos financeiros Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades Participação em, e oportunidades de recreação/lazer Ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima) Transporte Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal Versões brasileiras do WHOQOL-100 (FLECK et al., 1999) e do WHOQOL-breve (FLECK et al., 2000) foram desenvolvidas e testadas. O instrumento vem sendo aplicado no Brasil em diversos contextos, demonstrando ser viável, válido e reprodutível. No entanto, suas características indicam que seja mais adequado para levantamentos epidemiológicos e caracterização de grandes grupos populacionais. Na verdade, seus itens revelam-se pouco sensíveis a mudanças em curto prazo, como as esperadas em programas de intervenção na prática profissional, principalmente aquelas relacionadas à prática de atividades físicas. O PENTÁCULO DO BEM ESTAR E O WHOQOL-BREVE O professor ensinará como analisar e classificar o Pentáculo do Bem Estar. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM RELAÇÃO AO PENTÁCULO DO BEM-ESTAR, ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA: A) É aplicável apenas aos idosos e doentes crônicos em geral, para quem os modos de vida são determinantes da qualidade de vida. B) Leva em conta apenas aspectos positivos do bem-estar. C) Valoriza os modos de vida como determinantes do bem-estar e qualidade de vida. D) Leva em conta apenas aspectos negativos do bem-estar. E) É aplicável apenas a crianças com deficiência, para quem os modos de vida são determinantes da qualidade de vida. 2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA O OBJETIVO DO QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA DA OMS (WHOQOL): A) Avaliar aspectos diversos da qualidade de vida, em abordagem multidimensional típica dos instrumentos genéricos de avaliação. B) Quantificar as atividades físicas e sua relação com a qualidade de vida. C) Traçar um perfil das doenças e incapacidades dos respondentes, considerando-as determinantes centrais da qualidade de vida. D) Focalizar elementos predeterminados da qualidade de vida, como todo instrumento classificado como de natureza ‘específica’. E) Avaliar a qualidade de vida em aspectos específicos. GABARITO 1. Em relação ao Pentáculo do Bem-estar, assinale a alternativa correta: A alternativa "C " está correta. O Pentáculo do Bem-estar inclui aspectos negativos e positivos das noções de bem-estar e qualidade de vida, valorizando os modos de vida e produzindo um ‘Perfil do estilo de vida’ como resultado primário. 2. Assinale a alternativa que apresenta o objetivo do Questionário de Qualidade de Vida da OMS (WHOQOL): A alternativa "A " está correta. O WHOQOL é um instrumento genérico com seis grandes domínios e 24 facetas da qualidade de vida. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Aqui apresentamos diferentes abordagens para avaliar a carga de trabalho, além de noções importantes, como o bem-estar e a qualidade de vida. De forma geral, tanto a carga de trabalho quanto a percepção de bem-estar e qualidade de vida sofrem influências das condições individuais e do meio ambiente. Assim, as estratégias para avaliá-las também devem levar em consideração esses fatores. Em relação à carga de trabalho, defendemos que a avaliação de componentes da aptidão física pouco significa, se não for relativizada às demandas da vida real, sejam as impostas pelo ambiente, sejam aquelas necessárias para a realização de projetos de vida. Por isso, é importante dominar alternativas para quantificar as atividades físicas e suas intensidades. Apresentamos técnicas objetivas para isso e depois dedicamo-nos a descrever as características de questionários retrospectivos de atividades físicas. Nesse contexto, destacou- se o Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ), instrumento que vem sendo cada vez mais utilizado na prática profissional e em projetos de pesquisa, pela sua simplicidade e possibilidades de comparação entre realidades diversas. Posteriormente, discorremos sobre duas alternativas para avaliação das noções de bem-estar e qualidade de vida. O Pentáculo do Bem-estar consiste em uma criativa abordagem para visualização rápida das relações entre modos de vida e percepção de bem estar. Uma proposição mais ampla da OMS está nas versões longa e curta do WHOQOL. Evidências da boa validade e reprodutibilidade
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