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Aula 4 Instrumentos para avaliação do nível de atividade física, qualidade de vida e bem-estar

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DESCRIÇÃO
Instrumentos para quantificação objetiva e estimativa do nível de atividade física e para
avaliação da qualidade de vida e bem-estar.
PROPÓSITO
O domínio de técnicas de quantificação das atividades físicas diárias e para avaliação da
qualidade de vida e bem-estar permite conhecer melhor o perfil dos indivíduos para os quais se
prescrevem exercícios, sendo aspecto importante da formação do profissional que atuará na
elaboração, implementação e acompanhamento de programas de atividades físicas.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer as medidas objetivas no nível de atividade física e carga de trabalho
MÓDULO 2
Identificar questionários para estimativa do nível de atividade física e carga de trabalho,
particularmente o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ)
MÓDULO 3
Distinguir os componentes do estilo de vida de acordo com o Pentáculo do Bem-estar, as
dimensões de qualidade de vida segundo a Organização Mundial da Saúde e o instrumento de
avaliação WHO-QOL
INTRODUÇÃO
A capacidade de trabalho físico corresponde ao potencial de realização das atividades que se
deseja executar. Assim, para uma avaliação funcional completa não basta conhecer a aptidão
física dos indivíduos, mas também as demandas a que deverá atender. Explica-se: medir a
capacidade cardiorrespiratória ou a força resulta em uma informação fora de contexto, pois os
níveis obtidos para essas qualidades físicas podem ser suficientes para uma realidade e
insuficientes para outras.
Compreende-se a necessidade de se obter informações sobre a carga de trabalho decorrente
das demandas impostas pelas atividades cotidianas e pelas atividades que se deseja realizar.
A carga de trabalho a que nos submetemos cotidianamente deriva da quantidade e
intensidade das atividades físicas realizadas. Então, não se pode falar em avaliação da
carga de trabalho sem que se quantifique o volume de atividades físicas habituais.
Ao contrário de medidas fisiológicas objetivas, como frequência cardíaca, pressão arterial,
glicose etc., avaliações padronizadas e precisas das atividades físicas são difíceis de fazer. Há
uma enorme variação no padrão de atividades durante o dia, o que dificulta o estabelecimento
de cortes para uma avaliação correta. Por exemplo, se um indivíduo participa de sessões de
treinamento aeróbio três vezes por semana, mas durante o resto de seu tempo trabalha
sentado, quantificar a carga de trabalho a partir das sessões de treinamento pode superestimar
a sua realidade, em comparação com outra pessoa que não treina, mas cujas atividades
laborais a fazem caminhar durante boa parte do dia. Medidas objetivas tomadas ao longo de
24h e durante vários dias são complexas e nem sempre viáveis. Além disso, o padrão de
atividades muda substancialmente dependendo da idade, da condição socioeconômica e da
região em que se vive. Isso influencia na escolha da técnica mais adequada a ser aplicada.
Consequentemente, uma grande variedade de estratégias e instrumentos foram propostos com
a finalidade de quantificar, estimar e avaliar o nível de atividades físicas e a carga de trabalho.
Por outro lado, para que se faça uma avaliação mais completa dos indivíduos são insuficientes
informações sobre sua aptidão física e carga de trabalho. Há componentes em outras esferas
que influenciam nosso potencial de desempenho físico-funcional e autonomia. A qualidade de
vida, entendida como o nível de realização pessoal, tem determinantes na dimensão física,
mas também na dimensão psicossocial.
Em uma perspectiva mais ampla, é interessante dominar instrumentos que buscam descrever,
quantificar ou qualificar características físicas, psíquicas, emocionais e ambientais da qualidade
de vida e bem-estar. Nesse contexto, avaliam-se as relações entre modos de vida e aspectos
físicos, psicológicos e do entorno físico e social, remetendo ao construto de ‘bem-estar
verdadeiro’. No que tange ao planejamento, condução e avaliação de programas de atividades
físicas, esses instrumentos podem ajudar em uma análise geral do seu impacto, dando suporte
ao estabelecimento de objetivos e acompanhamento de resultados que estejam a serviço dos
objetivos vitais de nossos alunos.
Aqui apresentaremos as características de técnicas para quantificar as atividades físicas e
carga de trabalho, desde medidas mais objetivas até instrumentos indiretos, como os
questionários. Além disso, abordagens para estimar os níveis de qualidade de vida e bem-estar
que têm relação com a prática de atividades físicas serão descritas, discutindo-se sua
aplicabilidade. Nesse sentido, ênfase será colocada nas dimensões de bem-estar e qualidade
de vida propostas pelo Pentáculo do Bem-estar e pelo inventário de avaliação, conhecido como
WHO-QOL, sugerido pela Organização Mundial da Saúde.
MÓDULO 1
 Reconhecer as medidas objetivas no nível de atividade física e carga de trabalho
SIGNIFICADO E CLASSIFICAÇÃO DA
CARGA DE TRABALHO
Quando se tenta quantificar a carga de trabalho, o primeiro desafio é defini-la. A carga de
trabalho representa coisas diferentes para pessoas diferentes. Assim, pode-se pensar que se
relacione não apenas com o trabalho físico executado, mas também com a carga ou fardo
percebidos, ou seja, a sobrecarga no plano psicológico.
Trata-se de uma definição complexa, que pode denotar demandas em termos físicos e
biológicos, na atividade cognitiva ou pressão/estresse psicológico impostos pelas tarefas
executadas. Em suma, segundo Farinatti (2008), a referência à carga de trabalho remete a um
construto multidimensional influenciado pelas características das atividades realizadas –
intensidade, duração, tipo etc. –, capacidade de atender às demandas impostas por essas
atividades – aptidão física e funcional – e o meio ambiente – entorno físico e social que
determinará o tipo, a intensidade e a duração das atividades cotidianas. Por isso, de acordo
com Casner e Gore (2010), não existem instrumentos capazes de prover uma medida completa
e definitiva da carga de trabalho, mas apenas informações sobre os aspectos fracionados que
a definem.
A partir de agora, discutiremos a natureza da carga de trabalho entendida como decorrente das
demandas físicas impostas pelo cotidiano, que, por sua vez, acarretam necessidades em
termos físico-biológicos. Nesse contexto, aceitam-se três grandes abordagens para medir a
carga de trabalho:
MEDIDAS OBJETIVAS DE DESEMPENHO OU
ATIVIDADES
MEDIDAS FISIOLÓGICAS
MEDIDAS SUBJETIVAS
As possibilidades de se levar uma vida autônoma e independente resultam da interação entre a
capacidade física e funcional, e as demandas associadas às cargas que deveremos suportar.
 EXEMPLO
Certas ocupações exigem traços específicos, como acuidade visual para o relojoeiro, força
para o estivador ou equilíbrio para pessoas que trabalham em grandes alturas. As demandas
biológicas para satisfazer as especificidades são diversas. Um atleta de alto rendimento terá
necessidades completamente diversas daquelas da população em geral. Restringiremos nossa
discussão à média dos indivíduos, uma vez que constituem a maioria dos casos.
Em resumo, o impacto relativo das cargas de trabalho ao longo da vida relaciona-se
majoritariamente a duas qualidades físicas:
A capacidade cardiorrespiratória

A força muscular
No que tange à capacidade cardiorrespiratória, segundo Farinatti (2008), são muitos os
estudos que se propuseram a quantificar a demanda energética associada às atividades
cotidianas, sejam elas em domicílio, laborais ou de lazer. Os resultados desses estudos
revelaram que o consumo de oxigênio para um dado esforço, em termos absolutos, independe
da idade ou do estado de treinamento.
Na verdade, o custo energético de uma tarefa é determinado única e exclusivamente pela
tarefa. Em outras palavras, esforços similares requerem aportes energéticos similares. Na
prática, se a demanda energética para um indivíduo de 70 kg subir um lance de escadas em
uma certa velocidade é de X litros de oxigênio(O2) para Y kcal, isso será verdade tendo ele 20,
50 ou 80 anos de idade.
A carga de trabalho será a mesma, independentemente da capacidade individual máxima de
trabalho. A diferença entre os indivíduos estará na capacidade de realizarem a tarefa.
 EXEMPLO
Digamos que a subida do lance de escadas tenha um custo aproximado de 7-8 MET. Se o
indivíduo de 20 anos tem uma capacidade cardiorrespiratória máxima de 14 MET, subirá a
escada facilmente na velocidade determinada; se o indivíduo de 50 anos tem uma capacidade
cardiorrespiratória máxima de 10 MET, subirá a escada com dificuldade, talvez chegando
ofegante ao topo. E se o indivíduo de 80 anos tem um máximo de 6 MET, não será capaz de
realizar a tarefa na velocidade prevista.
MET
1 L/min O2 = 5 kcal/min = 20,93 kJ/min. Uma pessoa em repouso consome cerca 0,25
L/min de O2 e gasta mais ou menos 1 kcal/min (4,19 kJ/min). Na maior parte das
atividades, o gasto energético aumenta com a massa corporal. O emprego da unidade
metabólica (MET) é uma das abordagens mais utilizadas para a correção do gasto
energético pela massa corporal. Por uma questão de conveniência, a intensidade
associada aos diversos tipos de atividade considera uma pessoa de referência com 70
kg. Quando se exprime o gasto energético em MET, representa-se o quanto o
metabolismo de repouso foi multiplicado durante uma atividade. Assim, em um indivíduo
de referência de 70 kg, 1 MET corresponde ao VO2 de 3,5 ml/kg/min, ou o equivalente a
1 kcal/kg.
Depreende-se, portanto, que as cargas de trabalho são definidas tão somente pelas
atividades realizadas e que nossa capacidade de realizá-las dependerá de reunirmos as
condições físicas para atender a tais demandas.
javascript:void(0)
Por isso, de acordo com Åstrand et al. (1997) e Farinatti (2008), torna-se importante em nossa
prática profissional dominarmos instrumentos que possam fornecer informações sobre as
cargas de trabalho. Isso é útil quando se pensa nas modificações da aptidão física à medida
que se envelhece. No tocante à capacidade cardiorrespiratória, as capacidades de reserva
tornam-se progressivamente mais limitadas, em uma taxa que pode chegar a 10% por década.
Cargas de trabalho anteriormente suportáveis passam a não sê-lo e a preservação da
capacidade de produzir energia para o trabalho torna-se fundamental para uma vida autônoma.
A classificação da intensidade das atividades físicas e a estimativa do gasto calórico a elas
associado são aspectos importantes da prescrição de exercícios. De um lado, há a
necessidade de adequarmos as atividades propostas à capacidade de execução dos alunos.
Em programas de emagrecimento, é fundamental compatibilizar a ingestão com o dispêndio
calórico, de maneira a estabelecerem-se objetivos exequíveis sem prejuízos à saúde. Por outro
lado, ao conhecermos o dispêndio calórico e a intensidade de atividades variadas,
aumentamos o leque de possibilidades de seu oferecimento, o que favorece a adesão ao
treinamento.
 
Imagem: Shutterstock.com
Um dos maiores avanços no sentido de se fazer uma ponte entre os estudos científicos e a
prática profissional foi a publicação do Compêndio de atividades físicas, de Ainsworth et al.
(1993). O compêndio resultou de um amplo esforço de compilação das classificações
existentes, visando simplificar a consulta e permitir a comparação entre estudos. O gasto
calórico e a intensidade em MET de uma extensa lista de atividades cotidianas, laborais,
desportivas e de lazer foi disponibilizada de maneira padronizada. Versões revisadas do
compêndio foram se sucedendo (AINSWORTH et al., 2000, 2011), acrescentando-se novas
atividades e fazendo-se pequenas correções com base em informações mais recentes.
Atualmente, há uma página na internet em que as atividades podem ser consultadas e que
permite a incorporação de novidades para futuras atualizações do material. Segundo Farinatti
(2013), uma versão em português do Compêndio de atividades físicas foi disponibilizada, com
autorização dos autores.
 VOCÊ SABIA
Conforme Farinatti (2008), diversos fisiologistas propuseram classificações das atividades
físicas de acordo com categorias de intensidade ou demanda energética, as quais são muito
utilizadas no contexto da ergonomia. Dentre elas, destacam-se a de Brown e Crowden (1963)
e a do Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2018), apresentadas nos quadros 1
e 2, respectivamente. A primeira trabalha com níveis de intensidade baseados no dispêndio
energético absoluto, enquanto a segunda sugere níveis de intensidade relativa, mas também
relacionados com a capacidade máxima dos indivíduos. É preciso notar que a aplicação
dessas classificações depende de muitos fatores. As demandas reais podem sofrer influência
do ritmo de trabalho, pausas, posição, dentre outros.
Segundo Farinatti (2008), se a tarefa realizada envolve posições desconfortáveis, utilização de
pequenos grupos musculares, esforços repetitivos ou ambientes quentes e úmidos, atividades
relativamente leves podem ser percebidas como vigorosas e ser sustentadas por pouco tempo.
Todos esses fatores devem ser levados em conta para uma avaliação criteriosa.
Classificação Trabalho (kJ/min) VO2 (L/min) MET
Sedentária < 4,2 0,2 1
Leve 4,2-13,8 0,2-0,6 1-3
Moderada 13,8-21,0 0,6-1,0 3-5
Pesada 21,0-31,4 1,0-1,5 5-8
Muito pesada > 31,4 > 1,5 > 8
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Intensidade relativa
Intensidade absoluta para diferentes
níveis de aptidão
VO2R (%) ou
FCR (%)
FCmax
(%)
12
MET
10
MET
8
MET
6
MET
Muito leve < 20 < 50 < 3,2 < 2,8
<
2,4
< 2,0
Leve 20-39 50-63
3,2-
5,3
2,8-
4,5
2,4-
3,7
2,0-
3,0
Moderada 40-59 64-76
5,4-
7,5
4,6-
6,3
3,8-
5,1
3,1-
4,0
Vigorosa 60-84 77-93
7,6-
10,2
6,4-
8,6
5,2-
6,9
4,1-
5,2
Muito
vigorosa
≥ 85 ≥ 94
≥
10,3
≥ 8,7
≥
7,0
≥ 5,3
Máxima 100 100 12 10 8 6
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
A classificação das cargas de trabalho implica uma análise do que os indivíduos podem realizar
de esforço físico e ajuda a compreender como o envelhecimento pode impactar nessa
capacidade.
 EXEMPLO
Indivíduos jovens podem facilmente exibir capacidade cardiorrespiratória máxima de 3 L/min,
correspondendo a um trabalho de 62,8 kJ/min. Um trabalho de 30% desse valor seria
considerado moderado e suficiente para praticamente todas as atividades cotidianas (3-5
MET). Considerando uma redução da capacidade aeróbia máxima de 10% por década, aos 65
anos esse indivíduo teria um VO2máx de 1,5 L/min; 30% disso equivaleria a cerca de 10 kJ/min
– ou seja, apenas atividades leves conseguiriam ser realizadas por tempo prolongado. Com
base em cálculos desse tipo, estima-se que o mínimo necessário para que se possa levar uma
vida independente seja um VO2 máximo de 12-14 ml/kg/min (~4 MET), segundo Shephard
(1997). Isso corresponde ao consumo para a realização de atividades elementares, como
passeios ligeiros em terrenos não acidentados e tarefas relacionadas aos cuidados pessoais,
de acordo com Farinatti (2008).
Segundo Shephard (1997), além da capacidade de produção de energia, as cargas de trabalho
também podem ser avaliadas em termos da exigência sobre o sistema musculoesquelético. A
força muscular é, em princípio, mais bem preservada que a capacidade aeróbia, mas também
tende a diminuir com o envelhecimento. Logo, as cargas impostas à musculatura representam
progressivamente um maior esforço relativo. De acordo com Farinatti (2008), pode-se dizer que
a capacidade de realização de tarefas motoras é determinada, em certa medida, pela relação
entre carga mobilizada e fadiga muscular. Indivíduos com déficit de força, portanto, podem ter
dificuldades quanto à magnitude das cargas que conseguem levantar e transportar, mas
também ao tempo com que podem sustentar cargas submáximas por períodos prolongados, ou
seja, a endurance de força.
Da mesma forma que o discutido para a capacidade aeróbia,diferenças de desempenho nas
atividades cotidianas entre pessoas com mais ou menos força tendem a se manifestar ao longo
do processo de envelhecimento. Há evidências, segundo Rohmert et al. (1986) e Pheasant
(1991), de que cargas de 10%-15% da força máxima podem ser sustentadas por longos
períodos sem fadiga, enquanto tarefas que demandam cerca de 50%-70% da força máxima
levam à fadiga em 30-60 segundos.
Quando a força relativa ultrapassa esse limiar, a endurance de força diminui de forma
exponencial, com a fadiga instalando-se rapidamente. Se a força diminui com a idade, esse
limiar de fadiga sobrevém mais precocemente, em cargas absolutas menores.
Consequentemente, o cansaço muscular tende a ser mais frequente durante um dia de
atividades normais, exigindo mais pausas para descanso.
A preservação da força muscular com a idade é fundamental para reduzir as cargas relativas
de trabalho ao longo do envelhecimento, no que tange tanto à magnitude das cargas
suportadas quando à endurance de força.
As classificações do nível de trabalho físico com base nas demandas de força são mais raras
do que as encontradas para as demandas energéticas. Um dos poucos exemplos encontrados
foi proposto pelo US Department of Labor and Training Administration (1991).
O documento apresenta uma lista de atividades ocupacionais e demandas associadas,
incluindo aquelas relacionadas à força muscular, divididas nas categorias levantamento e
transporte de cargas. O quadro 3 apresenta uma adaptação dessas classificações. Por
exemplo, se em uma jornada de trabalho o indivíduo deve transportar continuamente cargas de
25 kg, o trabalho muscular é tido como pesado. Por outro lado, se o transporte das cargas não
é contínuo e seu levantamento é apenas esporádico, a demanda é considerada média.
Classificação Levantamento (máximo, kg) Transporte (máximo, kg)
Sedentário 5 3
Leve 9 5
Médio 23 11
Pesado 45 23
Muito pesado > 45 > 23
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
TÉCNICAS OBJETIVAS PARA QUANTIFICAR
A CARGA DE TRABALHO E ATIVIDADES
FÍSICAS
A quantificação das cargas de trabalho no âmbito do desempenho abrange, usualmente, três
dimensões, segundo Montoye et al. (1996):
INTENSIDADE
DURAÇÃO
FREQUÊNCIA
Como a combinação desses fatores remete ao volume total de atividades que se faz (produto
entre intensidade e volume), há uma tendência a avaliar as cargas de trabalho por meio da
quantificação das atividades físicas realizadas em um dado período.
Estratégias para quantificar as atividades físicas são utilizadas para estabelecer o montante e o
tipo de movimentos em diferentes situações. Em muitos casos, o objetivo é também prever o
dispêndio energético, o qual é um indicador da carga de trabalho na dimensão física.
Existem muitas formas de se exprimir o nível habitual de atividades físicas, como a quantidade
de trabalho produzido (watts), período de atividade (horas, minutos etc.), distâncias
percorridas, gasto energético (kcal), quantidade de movimentos nos diferentes planos
geométricos (número de passos ou epochs), entre outras.
Os diversos métodos existentes têm vantagens e limitações e sua aplicação dependerá dos
objetivos da avaliação. Entendê-los melhor é importante para decidir qual usar e em que
contexto.
Agora você verá algumas técnicas para a quantificação objetiva das atividades físicas e carga
de trabalho. É possível classificá-las em duas grandes categorias:
MÉTODOS FISIOLÓGICOS
Fisiologicamente, o gasto energético pode ser determinado por técnicas de calorimetria ou pela
medida de variáveis fisiológicas relacionadas ao consumo de oxigênio (VO2).
MÉTODOS BIOMECÂNICOS
Os métodos biomecânicos estimam o volume de atividades físicas a partir da quantificação dos
movimentos efetuados pelo corpo inteiro ou por segmentos corporais.
Segundo Montoye et al. (1996), uma vez que os músculos consomem energia para produzir as
forças necessárias a esses movimentos, pode-se estimar indiretamente o gasto energético
durante as atividades realizadas.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
O grau de complexidade das técnicas nas duas abordagens varia, indo desde aquelas
tipicamente realizadas em laboratórios, como a calorimetria direta ou cinematografia de alta
velocidade, até medidas adaptadas a situações de campo. A necessidade de medir a carga de
trabalho em situações de campo, de maneira a aproximar as avaliações das condições reais de
vida, favoreceu o desenvolvimento de técnicas passíveis de aplicação fora de ambientes
controlados.
Por exemplo, medidas do VO2 são usualmente feitas em laboratórios, mas atualmente há
possibilidade de fazê-las no campo, com unidades portáteis ou telemetria. Quanto aos métodos
biomecânicos, vêm se tornando populares aparelhos que permitem quantificar os movimentos
isoladamente ou combinados a medidas fisiológicas, como a frequência cardíaca, ou de
distâncias obtidas por GPS.
Agora, vejamos algumas das técnicas mais comumente aplicadas em estudos epidemiológicos
e intervenções com atividades físicas, destacando suas possibilidades de aplicação.
MÉTODO DA ÁGUA DUPLAMENTE MARCADA
Este método, também conhecido como DLW (double-labeled water), pode ser aplicado em
situações de laboratório e campo. Além de sua grande precisão, tem a vantagem de ser não
invasivo e permitir que se desempenhem atividades normais, sem a interferência de aparatos
físicos, durante o período de medida. A premissa é simples: o indivíduo ingere uma certa
quantidade de água com concentração conhecida de isótopos estáveis (não radioativos) de
hidrogênio e oxigênio, os quais em poucas horas distribuem-se nos líquidos corporais, de
acordo com Ainslie et al. (2003). Ao se produzir energia, há produção de CO2 e água
endógena, que são eliminados pela respiração, urina e suor. A quantificação dos isótopos
restantes permite o cálculo do dióxido de carbono (CO2) produzido e, portanto, do VO2 no
período desejado. Determina-se o dispêndio calórico em virtude da relação que este tem com o
VO2.
 VOCÊ SABIA
Essa técnica, segundo Farinatti (2008), tem sido aplicada com sucesso em diferentes
modalidades desportivas, bem como em populações tão diversas, como crianças, obesos ou
idosos, sendo considerada por muitos como o padrão-ouro para a medida do gasto energético
durante atividades físicas, de acordo com Park et al. (2014).
No entanto, apesar de oferecer uma quantificação energética precisa, não permite inferências
acerca da intensidade, tipo ou duração de atividades específicas em um dado período. Além
disso, ainda é um método muito oneroso e inacessível, o que limita suas possibilidades de
aplicação na prática profissional. Por outro lado, é comumente utilizado como critério de
validação de outras técnicas de estimativa do dispêndio energético, segundo Ndahimana e Kim
(2017).
CALORIMETRIA
O metabolismo envolve a produção de energia pela combustão de substratos energéticos, o
que gera calor. Nesse processo, O2 é consumido e CO2 é produzido. A quantificação do
dispêndio energético, então, pode ser feita pela medição das variações de calor ou do
consumo e produção daqueles gases. Em ambos, referimo-nos ao método da calorimetria,
que pode ser direto ou indireto.
CALORIMETRIA DIRETA
CALORIMETRIA INDIRETA
CALORIMETRIA DIRETA
Quantifica-se, em câmara fechada, a taxa de emissão de calor produzido durante a atividade
física. Essa abordagem é considerada como a mais precisa para a medição da taxa
metabólica, mas seu uso é restrito a laboratórios especializados e tem altíssimo custo, de
acordo com Montoye et al. (1996). Além disso, as atividades acabam sendo artificialmente
construídas, de maneira que possam ser realizadas na câmara de calor.
CALORIMETRIA INDIRETA
Parte-se do princípio de que a produção de calor durante as atividades decorre do metabolismo
celular, com fixação de O2 e liberação de CO2. Então, mede-se o volume de ar inspirado e
expirado, bem como as concentrações desses gases. Trata-se de ummétodo não invasivo
com excelente acurácia. Em sistemas fechados, inspira-se o ar contido em reservatórios com
concentração conhecida de O2. Nos sistemas abertos, inspira-se ar atmosférico e apenas os
gases expirados passam por avaliação do O2 e CO2. O gasto calórico é obtido pela fórmula
clássica de Weir (1949), com base no O2 e CO2 no ar expirado. Estimativas com base
unicamente no VO2 são possíveis, considerando a relação entre essa variável e o gasto
calórico (1 L O2 corresponde a aproximadamente 5 kcal), segundo Montoye et al. (1996). E
mais: a análise das relações entre VO2 e VCO2 permite calcular a proporção da degradação
dos diferentes substratos (carboidratos, gordura e proteínas) para a produção de energia,
determinando-se com isso o combustível principal utilizado na atividade física, conforme
Ndahimana e Kim (2017).
Os sistemas abertos permitem maior flexibilidade em relação aos locais em que os testes são
realizados, sendo mais baratos e acessíveis. De fato, analisadores metabólicos portáteis
valem-se desse tipo de sistema, facilitando a quantificação do VO2 e do dispêndio energético
das atividades físicas em situações próximas da realidade. Por essas razões, a calorimetria
indireta é, atualmente, o método mais utilizado para avaliar a intensidade das atividades físicas
e seu gasto calórico, com custos muito inferiores à calorimetria direta e ampla aplicabilidade
em laboratórios e condições de campo.
OBSERVAÇÃO DO COMPORTAMENTO
A atividade física habitual pode ser quantificada pela observação direta e anotação das ações
realizadas.
 VOCÊ SABIA
Na verdade, essa foi uma das primeiras estratégias utilizadas para avaliar o volume de
atividades físicas: trabalhadores da indústria eram seguidos em suas atividades laborais para
identificar razões de fadiga e eficiência, de acordo com Pheasant (1991). Um observador
registra as variáveis de interesse com auxílio de formulários e sistemas específicos de
codificação: tipo da atividade, frequência, duração etc.
Uma alternativa à observação de terceiros é o registro pelo próprio avaliado (método do diário
de bordo). Para tanto, são utilizados recordatórios das atividades físicas, geralmente cobrindo
curtos períodos (menos de um dia). Esse último tipo é mais comum, pois evita-se o custo de
designar pelo menos um observador externo para cada indivíduo avaliado.
A determinação do dispêndio energético pela observação do comportamento é resultado do
tempo alocado às atividades descritas multiplicado pela intensidade ou custo calórico a elas
associado. Para isso, usualmente lança-se mão de classificações como as do Compêndio de
atividades físicas, citado anteriormente. A complexidade dos sistemas e o tempo abarcado
pelos recordatórios variam muito. Há sistemas que consignam as atividades a cada minuto,
mas também durante várias horas; as categorias de atividades podem ser simples ou
extremamente detalhadas, segundo Farinatti (2008). A escolha do tipo de recordatório
dependerá não apenas dos objetivos do levantamento, mas também das possibilidades de
preenchimento dos participantes – por exemplo, em crianças e idosos com problemas
cognitivos, os sistemas deverão ser obrigatoriamente mais simples.
O método do diário de bordo, ainda que econômico, perde quando comparado ao registro
feito por observador externo: em geral, as pessoas avaliadas não são treinadas na função e a
precisão da medida sofre influência dos níveis de cooperação, cognição e consciência,
conforme Montoye et al. (1996).
Por isso, em alguns casos são utilizados aparatos complementares, como formulários,
câmeras, radiotransmissores, gravadores ou sistemas eletrônicos portáteis. Além disso, deve-
se reconhecer que os indivíduos, muitas vezes, são pouco inclinados a descrever cada uma de
suas atividades, podendo modificar seu comportamento de maneira a simplificar a redação do
diário, segundo Boisvert et al. (1988). Isso contribui para que a auto-observação seja suscetível
a vieses amostrais e instrumentais, devendo ser utilizada com cuidado.
AVALIAÇÃO DE RESPOSTAS FISIOLÓGICAS ÀS
ATIVIDADES FÍSICAS
A variável fisiológica mais confiável para estimar a carga de trabalho é o VO2.
Segundo Ainslie et al. (1993), atualmente é possível medi-lo em condições de campo, por meio
de analisadores metabólicos portáteis. Contudo, apesar de os modelos mais recentes serem
relativamente confortáveis e leves, persistem problemas que limitam sua aplicabilidade.
1º LUGAR
Requerem máscaras respiratórias que atrapalham a respiração em intensidades elevadas.

2º LUGAR
Muitas atividades não podem ser executadas perfeitamente com os equipamentos.

3º LUGAR
Seu custo é ainda elevado, o que restringe a utilização em larga escala.
Por isso, métodos indiretos para estimar o VO2 e o dispêndio calórico durante as atividades
físicas continuam a ser extensamente empregados. Há propostas que fazem uso de variáveis
fisiológicas, como temperatura corporal, ventilação pulmonar ou eletromiografia, segundo
Farinatti (2008). Contudo, a variável mais usada com esse fim é a frequência cardíaca, tanto
pela facilidade de sua aquisição quanto por sua estreita relação com o VO2. Aceita-se que, ao
menos dentro de certos limites de intensidade e quando não há muitas variações no ritmo
cardíaco, seja possível estimar o dispêndio energético com base na frequência cardíaca,
conforme Montoye et al. (1996) e Keytel et al. (2005).
Essas características fazem da frequência cardíaca uma boa alternativa para estimar o VO2 e
o dispêndio energético em atividades aeróbias de natureza contínua. Diversas opções de
cardiofrequencímetros com baixo custo têm sido disponibilizadas no mercado, inclusive em
smartphones. São muitos os estudos confirmando a precisão desses aparelhos, ratificando
serem uma alternativa confiável para a avaliação da intensidade de esforços físicos em
condições de campo.
QUANTIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS
REALIZADOS
A aferição dos movimentos realizados vem se popularizando como estratégia para quantificar
as atividades físicas, sobretudo após o advento de equipamentos portáteis com GPS ou
contadores de passos integrados. Por outro lado, conta-se também com equipamentos mais
complexos, como aqueles capazes de identificar a aceleração dos segmentos corporais.
 
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PEDÔMETROS
Totalizam o número de passos e a distância percorrida a pé. Em sua origem, utilizava-se um
princípio mecânico simples: uma peça interior balança a cada passo e aciona um contador
ligado a um mostrador numérico. São, portanto, aparatos que existem há muito tempo, sendo
considerados válidos para estimar o custo energético de atividades, como caminhada e corrida.
Atualmente, contadores de passos encontram-se incorporados à maior parte dos smartphones,
com medidas confiáveis sendo produzidas por GPS e sensores de oscilação.
ACELERÔMETROS
Transpõem princípios biomecânicos para as condições de campo. Esses instrumentos
quantificam a aceleração dos movimentos efetuados pelos segmentos corporais, de maneira a
registrar os movimentos do corpo inteiro ou de suas partes. Para tanto, baseia-se na aferição
da aceleração imprimida às partes do corpo, definida como a variação da velocidade ao longo
do tempo e expressa em termos de múltiplos da força gravitacional (g = 9,8 m/s2), segundo
Ndahimana e Kim (2017). Assim, frequência, intensidade e duração das atividades físicas
podem ser estimadas como uma função dos movimentos corporais. A aceleração dos
movimentos pode ser determinada nos planos horizontal, lateral ou vertical. Combinando-se as
medidas em todos os eixos, é possível obter indicações sobre a quantidade de movimentos
realizados (counts ou contagens por unidade de tempo, usualmente referidas como epochs). O
dispêndio energético é, então, estimado por meio de algoritmos que fazem a relação entre o
número de epochs e a quantidade de calorias necessárias para produzi-los.
Há muitos modelos, de diversos fabricantes, com algoritmos também variados.Aliás, esse é
um problema. Esses algoritmos são geralmente complexos, demandando treinamento para a
correta intepretação das informações fornecidas, o que de certo modo limita sua utilização. De
todo modo, esses instrumentos têm se mostrado confiáveis e objetivos para estimar o gasto
energético em atividades físicas. Seus custos vêm diminuindo, sendo hoje mais acessíveis do
que outros métodos. No entanto, apesar de ser um equipamento relativamente caro para a
atividade física recreacional, não o são a ponto de limitar uma utilização ampla no contexto da
prática profissional.
CINEMATOGRAFIA
Trata-se de uma técnica de laboratório que, em determinadas condições, pode ser utilizada no
campo, geralmente em estudos ergonômicos ou biomecânicos. Em geral, é aplicada para
avaliar atividades com rápida mudança de padrão de execução, como nos desportos, ou para
determinar a eficiência de tarefas laborais complexas, ajudando a definir o posicionamento de
maquinário, ferramentas etc. Todavia, apenas as atividades realizadas no campo focal da(s)
câmera(s) podem ser avaliadas, evidentemente em situações controladas. O custo do método,
somado à dificuldade da quantificação das informações filmadas (digitalização etc.), faz com
que seja uma opção mais restrita à pesquisa científica.
COMPARAÇÃO DOS MÉTODOS PARA
QUANTIFICAÇÃO DIRETA DO VOLUME DE
ATIVIDADES FÍSICAS
As possibilidades de quantificação das atividades físicas e do dispêndio calórico a elas
associado são diversas. Cada um dos métodos tem vantagens e limitações. Compreendê-los é
importante para a avaliação de sua aplicabilidade potencial e para a tomada de decisão sobre
qual usar e em que contexto. O quadro 4 resume as vantagens e desvantagens dos métodos
descritos neste módulo.
Método Vantagens Desvantagens
Água
duplamente
marcada
(DLW)
- Alta precisão, considerada
padrão-ouro para medida
da taxa metabólica total 
- Não interfere nas AF
realizadas
- Alto custo e exige expertise
para aplicação do método 
- Não permite detalhamento das
AF (intensidade, tipo etc.)
Calorimetria
direta
- Mais preciso método para
medida da taxa metabólica
em repouso ou durante AF
- Alto custo 
- Confinamento do indivíduo por
pelo menos 24h 
- AF fora do contexto real
Calorimetria
indireta
- Preciso e não invasivo 
- Fornece informações sobre
o substrato energético
utilizado para produzir
energia 
- Custo relativamente alto 
- Exige expertise e treinamento
para aplicação e interpretação
dos resultados
- Permite quantificar o DE
em situações de campo
Podômetros
- Baratos e não invasivos 
- Adequados para
quantificação da AF mais
comum (caminhadas)
- Limitados à contagem de
passos (caminhadas) 
- Pouco precisos para medir
distâncias percorridas ou o DE
Acelerômetros
- Fornecem medidas
objetivas do volume de AF 
- Usados em laboratórios ou
condições de campo 
- Não invasivos e fáceis de
portar 
- Relativamente baratos
- Algoritmos para estimar a DE
podem ser imprecisos,
principalmente em atividades
variadas
Monitores de
FC
- Fornecem medidas
objetivas da intensidade e
DE das AF 
- Baixo custo, versáteis e
não invasivos
- Pouco precisos para estimar o
DE em atividades sedentárias e
leves
Autorrelato
(diário de
bordo)
- Baixo custo, permitindo
aplicação em grandes
amostras 
- Fornece informações sobre
o padrão das AF
- Pouco preciso e fidedigno,
dependendo do nível de
cognição e motivação dos
indivíduos
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
A análise das vantagens e desvantagens dos diferentes métodos deixa entrever que nenhum
deles é, efetivamente, capaz de quantificar todos os aspectos das atividades físicas. A opção
de se aplicarem métodos variados de forma complementar, então, parece lógica.
 EXEMPLO
Quando se faz uso da acelerometria com medidas de variáveis fisiológicas como a frequência
cardíaca, obtêm-se informações sobre a intensidade e o volume absoluto de atividades
(epochs), mas também acerca da intensidade relativa (% da frequência cardíaca máxima).
Abordagens combinadas tornam-se cada vez mais comuns em virtude do rápido
desenvolvimento tecnológico observado nos últimos anos. Os aparatos de última geração
permitem que vários métodos sejam utilizados ao mesmo tempo.
Atualmente, são muitos os exemplos de monitores com custo acessível que permitem esse tipo
de abordagem, provendo simultaneamente informações de alta complexidade, incluindo
distância (GPS), velocidade, altimetria, cadência de corrida ou pedalagem, potência,
acelerometria e variáveis fisiológicas diversas. Recentemente, desenvolveram-se sensores
múltiplos, como as faixas SenseWear, ou aparatos inteligentes para dispêndio energético e
atividade física (intelligent device for energy expenditure and activity – IDEEA), que incorporam
dados sobre temperatura corporal (pele e central) e estimativas do dispêndio energético a partir
da identificação automática de dezenas de posições corporais, segundo Hills et al. (2014).
Nota-se, portanto, um acelerado aumento das possibilidades de quantificação direta das
atividades físicas com grande precisão, tornando factível em condições de campo algo que
apenas há algumas décadas era possível apenas em laboratórios de pesquisa.
MEDIDAS DO NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA
E CARGA DE TRABALHO
O professor apresentará um resumo do módulo com as principais medidas do nível de
atividade física e da carga de trabalho.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO À CARGA DE TRABALHO, ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) Pode ser facilmente medida por meio da contagem de passos durante o dia.
B) É influenciada pelas características das atividades físicas, meio ambiente e aptidão física.
C) Trata-se de uma noção eminentemente psicológica, pois depende de como se percebe o
esforço realizado para superá-la.
D) Não há como medi-la objetivamente por meio das atividades físicas, pois um conceito é
completamente dissociado do outro.
E) Não é influenciada pela composição corporal do indivíduo e pela aptidão física desde que se
use instrumentos de alta tecnologia.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA CORRETAMENTE
VANTAGENS E DESVANTAGENS DE MEDIDAS OBJETIVAS DAS
ATIVIDADES FÍSICAS:
A) A utilização prolongada da água duplamente marcada é contraindicada, pois isótopos
radioativos podem envenenar o indivíduo.
B) Acelerômetros têm a vantagem de medir a distância percorrida durante atividades físicas,
contrariamente aos pedômetros, que apenas quantificam os passos.
C) A calorimetria direta mede a temperatura da pele, sendo, portanto, imprecisa em quantificar
a produção de calor relacionada aos processos metabólicos durante as atividades físicas.
D) Os monitores de frequência cardíaca são uma alternativa barata para estimar a intensidade
das atividades físicas e, em virtude da relação dessa variável com o VO2, para estimar o
dispêndio energético durante atividades aeróbias contínuas.
E) A calorimetria direta mede a temperatura da pele, sendo, portanto, precisa em quantificar a
produção de calor relacionada aos processos metabólicos durante as atividades físicas; porém,
só funciona adequadamente se for realizada com um monitor de frequência cardíaca.
GABARITO
1. Em relação à carga de trabalho, assinale a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
 
A noção de carga de trabalho é multifatorial, determinada pelas características das atividades
realizadas, aptidão física e funcional para atender às suas demandas e às necessidades
impostas pelo meio ambiente.
2. Assinale a alternativa que apresenta corretamente vantagens e desvantagens de
medidas objetivas das atividades físicas:
A alternativa "D " está correta.
 
As relações entre frequência cardíaca e VO2 são bem aceitas quando não há grandes
flutuações no ritmo cardíaco e ao longo de amplo espectro de intensidade das atividades
físicas.
MÓDULO 2
 Identificar questionários para estimativa do nível de atividade física e carga de
trabalho,particularmente o Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ)
CARACTERÍSTICAS DOS QUESTIONÁRIOS
DE ATIVIDADES FÍSICAS
Podemos afirmar que muitos métodos de avaliação das cargas de trabalho cotidiana
(acelerômetros, pedômetros etc.) têm potencial de aplicação restrito, limitando-se a amostras
pequenas. Os chamados questionários retrospectivos são considerados alternativas
simples, viáveis e práticas para avaliar as atividades físicas em larga escala, como em estudos
epidemiológicos. Questionários são frequentemente aplicados quando o acompanhamento dos
resultados de programas de intervenção não exige grande precisão ou quando dados de
grupos interessam mais do que informações individuais, de acordo com Montoye et al. (1996) e
Farinatti (2008). Discutiremos aqui aspectos da aplicação desses instrumentos, considerados
como medidas não objetivas das atividades físicas.
Em comparação com outros métodos, os questionários de atividades físicas apresentam
algumas vantagens:
- Permitem a coleta de dados quantitativos e qualitativos sobre as atividades físicas
(intensidade, frequência, duração e tipo) 
- Sua administração é barata e relativamente simples. 
- Contrariamente a técnicas como o diário de bordo, acelerômetros ou analisadores
metabólicos portáteis, sua aplicação não interfere no padrão das atividades.
Além da quantificação das atividades físicas, os questionários permitem estimar o dispêndio
energético por meio de tabelas de classificação energética como a do Compêndio de
atividades físicas, de Ainsworth et al. (1993, 2000, 2011), que incluem uma ampla variedade de
atividades domiciliares, profissionais, desportivas ou de lazer.
Segundo Farinatti (2008), existem muitos questionários de atividades físicas, com
características diversas quanto ao método de administração, período compreendido no
levantamento, tipos de atividade e escalas de medida. Há instrumentos que incluem tarefas
realizadas no domicílio, trabalho ou lazer, enquanto outros acrescentam atividades desportivas
e de condicionamento físico.
O período analisado pode ser curto ou longo, desde um dia até toda a vida, passando por
algumas semanas, meses ou anos.
Quanto aos desfechos, alguns questionários permitem classificar as pessoas em grupos de
acordo com o volume de atividades físicas praticadas, enquanto outros têm a pretensão de
fornecer valores mais precisos de dispêndio calórico. Enfim, há questionários desenvolvidos
para aplicação em grupos etários específicos, como crianças e idosos. Nesses casos, procura-
se adaptar a abordagem de forma a aumentar a compreensão dos itens do instrumento, torná-
los menos cansativos ou incluir atividades típicas desses grupos (por exemplo, brincadeiras
para as crianças e menos atividades profissionais para idosos aposentados).
Muitos fatores devem ser considerados para a escolha do questionário. O propósito da
avaliação é determinante. Assim, se o interesse é a obesidade, a estimativa do gasto
energético diário torna-se importante. Se a preocupação é a relação das atividades físicas com
osteoporose ou risco de fraturas, questões sobre as atividades de impacto ou cargas
transportadas pelos indivíduos serão preferenciais. Por essas razões, certos questionários
fazem uma clara distinção entre os tipos de atividade examinados, notadamente as atividades
efetuadas no trabalho ou no lazer. Enquanto isso, outros propõem-se a realizar um inventário
de todas as atividades ou são extremamente superficiais, por vezes apenas questionando o
tempo dedicado a atividades que “fazem o indivíduo transpirar” (FARINATTI, 2008). As escalas
de medida adotadas refletem essa variedade de propósitos e detalhamento nas atividades
levantadas, podendo variar de simples índices numéricos para classificar o nível de atividade
dos sujeitos (fraco, médio, alto etc.), até estimativas do dispêndio energético expressas em kcal
ou MET.
As duas formas mais comuns de administração dos questionários de atividades físicas são as
entrevistas e os instrumentos autopreenchidos. A escolha dependerá dos objetivos da
avaliação, do tempo que se dispõe e das possibilidades dos respondentes. É importante levar
em conta as características da população-alvo (idade, sexo, nível de instrução etc.) para decidir
qual forma adotar.
Segundo Farinatti (2008), os instrumentos autopreenchidos demandam menos recursos
humanos, mas os resultados podem sofrer o viés das diferenças de cognição ou instrução.
Deve-se notar que os indivíduos podem apresentar dificuldades para lembrar de certas
atividades – existem evidências de que as pessoas têm uma tendência a recordar atividades
cujas intensidades foram superiores àquelas que estão habituadas a realizar, às vezes
superestimando seu tempo e intensidade.
De forma geral e considerando todas essas particularidades, os questionários de atividades
físicas podem ser classificados em três grandes grupos:
QUESTIONÁRIOS GLOBAIS
São instrumentos muito curtos e simples, com poucos itens (geralmente de um a quatro).
Quase sempre têm como objetivo apenas classificar o nível de atividades físicas do
respondente (ativos vs. inativos). As questões podem até focalizar diferentes tipos de
atividades, como no trabalho ou lazer, mas as classificações são feitas com base em poucas
informações. Na verdade, abdica-se do detalhamento para alcançar um máximo número de
avaliados em pouco tempo – muitas vezes a preocupação é classificar um grupo populacional
e não indivíduos isoladamente. A grande vantagem desses instrumentos, evidentemente, é sua
rápida e fácil aplicação. Bons exemplos são o Stanford Brief Activity Survey, segundo Taylor-
Piliae et al (2006), que traz apenas dois itens sobre atividades ocupacionais e de lazer,
classificando sua intensidade em cinco níveis (‘inativa’ até ‘muito vigorosa’) e o US Behavioral
Risk Factor Surveillance, que classifica os indivíduos como ‘participantes’ ou ‘não participantes’
de atividades físicas no tempo de lazer, com base em uma única questão, segundo Ainsworth
et al. (2015).
QUESTIONÁRIOS DO TIPO RECORDATÓRIO CURTO
Incluem até 20 questões ou itens, buscando detalhar as atividades físicas realizadas no que
tange à sua intensidade, duração, frequência e tipo, porém em período relativamente curto, por
exemplo na última semana ou mês. A maior parte dos questionários aplicados em programas
de atividades físicas enquadra-se nessa categoria. É comum estratificar-se os tipos de
atividades físicas, indagando-se o tempo dispendido em atividades sedentárias, moderadas ou
vigorosas, segundo Montoye et al. (1996), bem como os domínios em que são realizadas
(domicílio, trabalho, lazer, desporto etc.). Nesse tipo de instrumento, os escores são,
geralmente, obtidos calculando o produto do volume de atividades (frequência e duração) pela
intensidade (geralmente em MET). Por isso, muitos provêm uma estimativa do dispêndio
energético por semana, por mês etc.
Recordatórios curtos têm a vantagem de fornecer informações detalhadas o suficiente para
verificar se os respondentes satisfazem aos objetivos dos programas de atividades físicas – por
exemplo, se atendem às recomendações mínimas para emagrecimento, se alcançaram os
alvos previstos inicialmente nas rotinas de intervenção. Além disso, como estratificações por
tipo de atividade e tempo podem ser feitas, é possível estabelecer relações de causa-efeito
entre a quantidade de atividades físicas realizadas nos diferentes domínios e desfechos de
saúde variados (por exemplo, fatores de risco cardiometabólico). Por outro lado, a principal
desvantagem decorre da capacidade de os respondentes não se lembrarem com exatidão das
atividades que realizaram há uma semana ou mês. Nem sempre isso é possível, seja por
maturação insuficiente, déficits cognitivos ou nível educacional incompatível com a
compreensão do instrumento.
QUESTIONÁRIOS RECORDATÓRIOS LONGOS
Incluem grande quantidade de itens (mais de 20, podendo ultrapassar 60), com detalhamento
de atividadesfísicas realizadas no último ano ou mesmo ao longo de toda a vida. Portanto,
consistem em instrumentos com aplicação eminentemente epidemiológica, buscando
estabelecer relações entre padrões de comportamento ligados às atividades físicas e índices
de morbimortalidade. O Minnesota Leisure Time Physical Activity Questionnaire, por exemplo,
quantifica as atividades físicas no último ano, tendo sido desenvolvido no contexto de estudo
multicêntrico sobre risco cardiovascular, segundo Leon et al (1987). Outro exemplo é o Bone
Loading Questionnaire, desenvolvido para estabelecer relações entre atividades físicas
praticadas durante toda a vida e o risco de fraturas por osteoporose, segundo Dolan et al.
(2006).
Os desfechos produzidos por recordatórios longos assemelham-se em sua forma e fundo
àqueles descritos para os recordatórios curtos. Por outro lado, devido à sua extensão, na maior
parte das vezes são aplicados por meio de entrevistas. As vantagens e desvantagens também
parecem com as encontradas nos recordatórios curtos, contudo, mais extremadas – se, de um
lado, pode-se obter grande detalhamento em termos de padrão de comportamento, de outro
deve-se reconhecer que as dificuldades de memória para o levantamento de atividades em
períodos tão longos são superiores.
O QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE
ATIVIDADES FÍSICAS (IPAQ)
Uma iniciativa digna de menção, considerando as dificuldades acarretadas pela grande
variedade de questionários existentes, é a proposição de um instrumento aceito
internacionalmente, a fim de facilitar a comparação de dados coletados em diferentes
realidades. Trata-se do Questionário Internacional de Atividades Físicas (International Physical
Activity Questionnaire – IPAQ), desenvolvido por especialistas de vários países.
Duas versões do IPAQ nasceram desse esforço conjunto: uma versão curta, com sete
questões, e outra, mais longa, com 27 itens. A criação do instrumento teve origem em reuniões
realizadas em Genebra, em 1998, seguidas de estudos de validação conduzidos em 12 países,
de acordo com Craig et al. (2003). Foram analisadas oito formas do questionário, de acordo
com a forma de aplicação (autopreenchimento ou entrevista por telefone), versão (longa ou
curta) e período avaliado (semana usual, última semana). Após extensivas avaliações, chegou-
se às formas do IPAQ atualmente aplicadas.
 
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Em ambas as versões, levantam-se informações acerca das atividades físicas feitas nos
últimos sete dias. A versão longa fornece dados mais completos sobre fatores associados à
prática das atividades físicas e o sedentarismo, fornecendo informações sobre hábitos diários
de atividades físicas no domicílio, trabalho e lazer. A versão curta volta-se para o perfil de
atividades praticadas regularmente, questionando sobre comportamento sedentário,
caminhadas e atividades físicas de intensidade moderada a vigorosa. A versão curta do IPAQ
apresenta muitas vantagens, incluindo a brevidade de sua aplicação e o fornecimento de um
escore para atividade física total. É possível, ainda, identificar a quantidade de tempo dedicado
a atividades de intensidade variada. Na verdade, trata-se de um instrumento concebido para
levantamentos em larga escala, de modo que se possa estabelecer comparações
transnacionais. A validade do instrumento para acompanhamento de programas de intervenção
é ainda limitada, apesar de resultados promissores terem sido relatados nesse sentido,
segundo Bauman et al. (2009).
Segundo Barros e Nahas (2000), Matsudo et al. (2001), Pardini et al. (2001) e Guedes et al.
(2005), o IPAQ foi traduzido para muitos idiomas e vem sendo extensivamente aplicado.
Apesar de não haver versão oficialmente disponível em português no site oficial do
questionário, estudos com população brasileira já o utilizaram, com bons níveis de validade e
confiabilidade. A versão curta em português, em estudos no Brasil, notadamente pelo grupo do
Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (CELAFISCS, São
Paulo, SP) é apresentada no Explore +, no fim deste documento. Você notará que há oito itens,
ao invés dos sete originais, pelo desmembramento da última questão. De todo modo, o
instrumento é de livre acesso e pode ser aplicado sem autorização prévia formal.
Quanto aos desfechos, o IPAQ permite o cálculo de escores para o dispêndio energético, ainda
que a partir de valores arbitrários para as categorias de intensidade (caminhada = 3,3 MET;
intensidade moderada = 4,0 MET; e intensidade vigorosa = 8,0 MET). O escore final é expresso
em MET-minutos/semana, para cada categoria de atividade e dispêndio total.
Em suma, as versões curta e longa do IPAQ podem ser classificadas como questionários do
tipo recordatório curto, assemelhando-se à maior parte dos questionários de atividades físicas
disponíveis, tanto em sua concepção quanto em precisão e validade. No entanto, têm a
vantagem de buscar uma uniformização para a coleta de dados entre países com diferentes
culturas, o que representa um passo à frente nas possibilidades de troca e comparação entre
diferentes regiões do planeta. Por outro lado, algumas desvantagens decorrem desse
propósito. Em primeiro lugar, em relação à universalidade almejada, o grupo que desenvolveu
o questionário optou por uma faixa de aplicação que envolvesse a maior parte da população, o
que, de certa forma, excluiu crianças e idosos do seu escopo. De fato, segundo Farinatti
(2008), o IPAQ foi desenvolvido e testado para adultos com idades entre 15 e 69 anos e sua
aplicação deve ser feita com cuidado em faixas etárias diferentes.
 COMENTÁRIO
Segundo Armstrong e Bull (2006), uma consequência importante do desenvolvimento do IPAQ
foi a proposição de um instrumento alternativo pela Organização Mundial da Saúde, a meio
caminho das suas versões curta e longa e que também permite a avaliação das atividades
físicas estratificadas por domínio (domicílio, trabalho etc.). Trata-se do Questionário Global de
Atividade Física (Global Physical Activity Questionnaire – GPAQ). Assim, pode-se dizer que o
IPAQ consiste em uma das duas alternativas de recordatório curto para quantificação
internacional de atividades físicas. Sua versão curta é a menor existente, permitindo aplicação
em grandes populações.
QUESTIONÁRIOS DE ATIVIDADES FÍSICAS
O professor vai falar brevemente sobre os questionários de atividades físicas.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CARACTERIZA OS QUESTIONÁRIOS
DE ATIVIDADES FÍSICAS:
A) São instrumentos utilizados apenas para classificar as atividades físicas em termos de
intensidade.
B) Podem ser curtos ou longos, autopreenchidos ou feitos com entrevistas, dependendo dos
objetivos do levantamento das atividades físicas e dos grupos avaliados.
C) São válidos para quantificar atividades físicas, mas não exercícios físicos.
D) Estão caindo em desuso, devido ao fato de instrumentos objetivos para quantificar as
atividades físicas estarem se tornando cada vez mais acessíveis.
E) São instrumentos que classificam o nível de aptidão física dos respondentes.
2. EM RELAÇÃO AO QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADES
FÍSICAS (IPAQ) PODE-SE AFIRMAR:
A) Trata-se de um instrumento do tipo recordatório longo.
B) Sua versão longa traça um perfil das atividades físicas no último ano.
C) A versão curta descreve o tempo associado à inatividade, caminhadas e atividades
moderadas e vigorosas.
D) Não é aplicável a atletas, mulheres grávidas, crianças e idosos.
E) Tem a sua validade e fidedignidade testadas em indivíduos idosos.
GABARITO
1. Assinale a alternativa que caracteriza os questionários de atividades físicas:
A alternativa "B " está correta.
 
Questionários de atividades físicas são ainda instrumentos de escolha privilegiada para avaliar
padrões de comportamento e quantificar as atividades físicas em períodos determinados,
principalmente em larga escala. Há muitos tipos e sua aplicação deverá ser precedida de uma
avaliaçãoda adequação aos objetivos e população avaliada.
2. Em relação ao Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ) pode-se
afirmar:
A alternativa "C " está correta.
 
O IPAQ tem versões longa e curta, ambas com levantamento das atividades físicas na última
semana. A versão longa detalha fatores associados ao sedentarismo e atividades físicas,
enquanto a versão curta quantifica o tempo ligado à inatividade, a caminhadas e a atividades
físicas moderadas e vigorosas.
MÓDULO 3
 Distinguir os componentes do estilo de vida de acordo com o Pentáculo do Bem-
estar, as dimensões de qualidade de vida segundo a Organização Mundial da Saúde e o
instrumento de avaliação WHO-QOL
QUALIDADE DE VIDA
A noção de qualidade de vida remete a um sem-número de construtos, como bem-estar
psicológico, ajustamento social, realização pessoal, independência física e suporte social.
Dada a sua complexidade, instrumentos que se propõem a apreciá-la são limitados e restritos a
poucos aspectos dentre os muitos possíveis que determinam o que se entende por qualidade
de vida.
Por outro lado, no contexto de uma avaliação mais ampla é útil dominar técnicas de avaliação
da qualidade de vida e bem-estar. Isso permite traçar um perfil de nossos beneficiários dentro
de um contexto maior, inclusive ajudando no estabelecimento de expectativas quanto a
mudanças de comportamentos relacionados à saúde. Para tanto, existem propostas
interessantes, as quais incluem dimensões variadas da vida em sociedade. Além disso, tais
métodos reconhecem que bem-estar e qualidade de vida são noções que resultam da
percepção individual.
 
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A partir de agora, apresentamos dois métodos de avaliação desenvolvidos de acordo com
essas perspectivas: o Pentáculo do Bem-estar e o WHO-QOL.
PENTÁCULO DO BEM-ESTAR
Proposto originalmente por Nahas e colaboradores (2000), trata-se de um instrumento de
avaliação qualitativa que parte da premissa de que viveríamos uma época em que as principais
doenças e o próprio conceito de saúde derivariam dos modos de vida. Fatores
comportamentais determinados pelo meio ambiente físico e social, dentre eles hábitos
alimentares e prática de atividades físicas, somar-se-iam a elementos relacionados às
possibilidades de se levar uma vida enriquecedora, como acesso a tratamento médico,
emprego, escolaridade, entre outros.
Essa maneira de entender o bem-estar, segundo Farinatti (2008), decorre da evolução dos
conceitos de saúde e qualidade de vida. A saúde é vista como uma condição multifatorial, com
dimensões físicas, psicológicas e sociais que podem ser avaliadas sob perspectivas ‘negativas’
ou ‘positivas’.
PERSPECTIVA NEGATIVA
Remete aos constrangimentos à saúde (doenças, deficiências, incapacidades etc.).
PERSPECTIVA POSITIVA
Valoriza os fatores que aumentam as possibilidades de realização pessoal, a partir de uma vida
produtiva que se coadune com o que consideramos importante segundo nossos valores
(objetivos vitais). A visão positiva de saúde debruça-se sobre os determinantes do que
percebemos como ‘bem-estar verdadeiro’.
Isso quer dizer que, enquanto critérios objetivos e subjetivos podem ser estabelecidos para
apreciar o estado de saúde (principalmente em sua ótica negativa), avaliar o bem-estar é mais
difícil, porquanto se trata de uma noção sempre decorrente da percepção que se tem da
própria vida. Assim, pode-se dizer que o bem-estar é um estado de espírito subjetivo e
individual, influenciado por múltiplos fatores. Essa é a base do Pentáculo do Bem-estar.
Assume-se que a percepção de bem-estar não se resume ao somatório dos seus fatores – na
verdade, a resultante é entendida como maior do que a soma das partes.
Outra noção importante para o entendimento do Pentáculo do Bem-estar é o que se
compreende por modos de vida, expressão definida por Farinatti e Ferreira (2006) como a
manifestação de nossas disposições em relação ao que nos rodeia. A adoção de modos de
vida de forma livre e consciente depende, dentre outros aspectos, das convicções de cada um,
dos julgamentos do que é bom ou ruim. Atribuímos significados às nossas vidas por meio de
interações permanentes com o meio social, as quais definirão nossas experiências cotidianas.
Dessa forma, os modos de vida são determinados por nossos valores, que predispõem a
comportamentos ditados pelas convicções pessoais.
Os valores agem sobre os comportamentos e constituem a base dos modos de vida.
 
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As possibilidades e os constrangimentos vividos em cada situação social, cultural ou
econômica modelarão os valores individuais e coletivos; portanto, as formas individuais e
coletivas de viver. Os modos de vida são também moldados pela aprendizagem social e as
escolhas oferecidas aos indivíduos são limitadas pelo meio em que vivem. Logo, ainda que
algumas mudanças de comportamento possam atenuar as dificuldades de saúde associadas
aos modos de vida, elas mostram-se difíceis, porque são afetadas por fatores extrínsecos. As
pessoas podem não deter os conhecimentos necessários para uma escolha de seus modos de
vida ou ser inibidas por atitudes tradicionais.
Há quem pense que as mudanças nos modos de vida são difíceis se não há condições sociais
adequadas. Isso significa que os comportamentos são determinados pelas necessidades da
vida e pelo que percebemos como agradável e gratificante, bem como pelo contexto mais
geral. Não é diferente quando se trata das atividades físicas. Como aspecto complexo do
comportamento humano, a adoção de um modo ativo de vida depende de fatores
socioeconômicos e culturais, incluindo atividade profissional, condição física, personalidade,
tempo livre ou acesso a equipamentos desportivos e recreativos. Sobre uma boa parte
desses fatores, o indivíduo médio tem pouco ou nenhum controle.
Assim, idealizou-se o Pentáculo do Bem-estar, a partir de duas categorias determinantes da
qualidade de vida:
 
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FATORES SOCIOAMBIENTAIS
Aqui agrupam-se os elementos que influenciam os comportamentos, sobre os quais não se tem
controle direto (condições de trabalho, educação, transporte, meio ambiente, lazer, acesso a
recursos de saúde etc.).

 
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FATORES INDIVIDUAIS
Aqui temos os modos de vida e suas consequências, incluindo os fatores de risco para
doenças crônico-degenerativas (hábitos alimentares, atividades físicas, estresse etc.). Na
versão mais recente do documento, segundo Nahas et al. (2000), foram incluídas duas
categorias remetendo ao que se considerou serem comportamentos preventivos diversos
(tabagismo, cinto de segurança, preservativos, drogas etc.) e qualidade dos relacionamentos
pessoais.
O Pentáculo do Bem-estar, instrumento de simples aplicação, pretende avaliar essa noção
complexa por meio de um construto que inclui cinco fatores relacionados com as perspectivas
negativa e positiva da saúde e qualidade de vida:
 
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NUTRIÇÃO
 
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CONTROLE DO ESTRESSE
 
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ATIVIDADES FÍSICAS
 
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COMPORTAMENTO PREVENTIVO
 
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RELACIONAMENTO SOCIAL
Além de responderem a 15 perguntas fechadas com itens relacionados a esses cinco fatores,
deve-se colorir no Pentáculo as faixas representativas de cada um dos itens autoavaliados, em
uma escala com os valores 0 (ausência total da característica, nunca), 1 (raramente), 2
(característica por vezes presente no comportamento, quase sempre) e 3 (realização completa
do comportamento relacionado àquela característica, sempre).
O quadro 1 apresenta as questões do instrumento.
NUTRIÇÃO
a) Sua alimentação diária
inclui ao menos 5 porções
de frutas e verduras. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
b) Você evita ingerir
alimentos
gordurosos (carnes
gordas, frituras) e
doces. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
c) Você faz 4 a 5 refeições
variadas ao dia,incluindo
café da manhã completo. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
ATIVIDADE FÍSICA
d) Você realiza ao menos 30
min de atividades físicas
moderadas ou intensas, de
forma contínua ou
acumulada, 5 ou mais dias
na semana. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
e) Ao menos duas
vezes por semana
você realiza
exercícios que
envolvam força e
alongamento
muscular. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
f) No seu dia a dia, você
caminha ou pedala como
meio de transporte e,
preferencialmente, usa as
escadas em vez do
elevador. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
COMPORTAMENTO PREVENTIVO
g) Você conhece sua
pressão arterial, seus níveis
de colesterol e procura
controlá-los. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
h) Você não fuma e
ingere álcool com
moderação* (menos
de 2 doses ao dia). 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre 
*Se você nunca
fuma ou ingere
álcool com
moderação, deve
escolher a opção 3 –
sempre
i) Você sempre usa cinto
de segurança e, se dirige,
o faz respeitando as
normas de trânsito, nunca
ingerindo álcool, se vai
dirigir. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
RELACIONAMENTO SOCIAL
j) Você procura cultivar
amigos e está satisfeito com
seus relacionamentos. 
k) Seu lazer inclui
reuniões com
amigos, atividades
l) Você procura ser ativo
em sua comunidade,
sentindo-se útil no seu
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
esportivas em grupo
ou participação em
associações. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
ambiente social. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
CONTROLE DO ESTRESSE
m) Você reserva tempo (ao
menos 5 min) todos os dias
para relaxar. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
n) Você mantém
uma discussão sem
alterar-se, mesmo
quando contrariado. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
o) Você procura equilibrar
o tempo dedicado ao
trabalho com o tempo
dedicado ao lazer. 
[0] nunca 
[1] raramente 
[2] quase sempre 
[3] sempre
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
A Figura 1 apresenta o Pentáculo do Bem-estar com os itens correspondentes a cada
categoria, bem como sugestões de padrão de cores para seu preenchimento, conforme Cruz-
Vicente et al. (2009). É importante dizer que os autores estabeleceram uso livre do Pentáculo
do Bem-estar, desde que citada a fonte, segundo Nahas et al. (2000).
 
Imagem: CRUZ-VICENTE et al, 2009. Adaptada por Rodrigo Cavalcante.
 Figura 1. Pentáculo do Bem-estar e itens correspondentes a cada categoria.
A coloração da figura em forma de estrela de cinco pontas do Pentáculo do Bem-estar fornece
uma demonstração gráfica com intuito de facilitar a visualização da interação das dimensões
abordadas, apontando quais modos de vida são satisfatórios e quais necessitariam de
aprimoramento.
Assim, o instrumento preenchido de acordo com a escala produz o que os autores
denominaram Perfil do estilo de vida. Quanto mais colorido estiver o Pentáculo, maior o nível
de bem-estar e qualidade de vida, o que pode ser rapidamente identificado por inspeção visual
em cada uma das dimensões.
QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA
DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE
(WHOQOL)
Instrumentos para a avaliação da qualidade de vida visam, geralmente, levantar informações
sobre aspectos negativos e positivos desse conceito, incluindo medidas de incapacidades e
bem-estar, nos níveis individual e coletivo. Os sistemas mais atuais incorporam o ponto de vista
dos respondentes, com foco nos elementos que favorecem uma vida plena e realizada, em vez
de enfatizar a doença.
 ATENÇÃO
A OMS (1997) define qualidade de vida como a percepção que se tem da própria posição na
vida, no contexto da cultura e no sistema de valores em que vivemos, e considerando nossos
objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Trata-se de uma noção subjetiva e
multidimensional que depende de aspectos individuais e decorrentes do contexto físico, cultural
e social. Com isso, a avaliação da qualidade de vida é uma tarefa complexa, representando um
desafio.
Por outro lado, essas informações da OMS são importantes para a maior compreensão das
necessidades dos indivíduos e grupos sociais, o que ajuda a nortear políticas públicas e
programas de intervenção.
Segundo Kluthcovsky & Kluthcovsky (2009), instrumentos para avaliar a qualidade de vida
podem ser genéricos ou específicos:
Genéricos
Vários aspectos da qualidade de vida e estado de saúde são abordados, com base na
premissa de serem conceitos multidimensionais complexos e dinâmicos, diferindo entre os
indivíduos de acordo com seus valores e o próprio ambiente. Além disso, a noção de qualidade
de vida é entendida como um componente da boa saúde, e não o inverso.

Específicos
Coloca-se em foco elementos predeterminados com foco particular em um ou mais aspectos
considerados importantes para a qualidade de vida, sejam eles econômicos, psicológicos ou
biomédicos – a preocupação é com facetas da qualidade de vida, e não com construtos mais
amplos para ela concebidos. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), bastante utilizado
para comparar países e regiões do planeta em relação às suas condições de vida, é um bom
exemplo dessa categoria de instrumento, com ênfase em fatores demográficos, econômicos e
sociais.
Por isso, quando se faz referência a instrumentos de avaliação da qualidade de vida,
geralmente está-se considerando as técnicas de natureza genérica. Esses sistemas têm um
ponto em comum – buscam identificar e valorizar as influências ambientais e, sobretudo, o que
é importante para a percepção individual de bem-estar e realização pessoal, especialmente
quando são planejados para aplicação diferentes contextos culturais.
 VOCÊ SABIA
A OMS organizou um projeto envolvendo 15 centros de pesquisa em diversos países, cujo
resultado foi a elaboração das versões longa e curta do questionário World Health Organization
Quality of Life (WHOQOL-100 e WHOQOL-breve) (WHO, 1998). Ambos podem ser usados em
uma grande variedade de ambientes culturais, permitindo comparar os resultados de diferentes
populações e países. Adicionalmente, módulos foram desenvolvidos para permitir avaliações
mais detalhadas de populações específicas; por exemplo, pacientes com câncer, refugiados,
idosos e pessoas com HIV/ AIDS.
 
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A iniciativa da OMS em desenvolver um instrumento de avaliação da qualidade de vida resulta
da necessidade de uma medida genuinamente internacional para esse construto importante,
visando a avaliação da própria saúde bem como a reafirmação do compromisso com uma
abordagem multifatorial para todas as noções relacionadas à saúde de forma geral. Uma vez
que o WHOQOL valoriza a qualidade de vida ‘percebida’, não se espera que forneça um meio
de medir detalhadamente os sintomas, doenças ou condições mórbidas, nem a incapacidade
avaliada objetivamente, mas, sim, os efeitos percebidos das doenças e intervenções de saúde
no bem-estar do indivíduo.
O WHOQOL consiste na avaliação de um conceito multidimensional que incorpora a percepção
do indivíduo sobre o estado de saúde, bem-estar psicossocial, satisfação com a vida e outros
aspectos que se relacionam com a qualidade de vida, mas que, isoladamente, não a definem.
O WHOQOL-100 avalia a percepção dos indivíduos sobre sua posição na vida de maneira
ampla e diversificada, em coerência com a definição da OMS para qualidade de vida. O
instrumento inclui 100 perguntas, fornecendo um perfil multidimensional de pontuações em
todos os domínios e subdomínios (facetas) propostos por especialistas como determinantes da
qualidade de vida. O questionário abrange seis dimensões, incluindo um total de 24 facetas,
conforme exibido no quadro 6. Para cada faceta há quatro itens, complementadospor quatro
itens adicionais sobre aspectos gerais da saúde e qualidade de vida subjetiva (como essas
noções são percebidas e classificadas pelos respondentes). Isso perfaz um total de 100 itens
na avaliação, todos eles avaliados em uma escala de cinco pontos do tipo Likert (1 a 5). Os
domínios são bastante variados, indo da percepção da condição física até a
religiosidade/espiritualidade, passando pelos sentimentos positivos, cognição, independência
funcional, relacionamentos pessoais e conforto/segurança proporcionados pelo meio ambiente.
Domínio I - Domínio físico
1. Dor e desconforto 
2. Energia e fadiga 
3. Sono e repouso
Domínio II - Domínio psicológico
4. Sentimentos positivos 
5. Pensar, aprender, memória e concentração 
6. Autoestima 
7. Imagem corporal e aparência 
8. Sentimentos negativos
Domínio III - Nível de independência
9. Mobilidade 
10. Atividades da vida cotidiana 
11. Dependência de medicação ou de tratamentos 
12. Capacidade de trabalho
Domínio IV - Relações sociais
13. Relações pessoais 
14. Suporte (apoio) social 
15. Atividade sexual
Domínio V – Ambiente
16. Segurança física e proteção 
17. Ambiente no lar 
18. Recursos financeiros 
19. Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 
20. Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades 
21. Participação em, e oportunidades de recreação/lazer 
22. Ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima) 
23. Transporte
Domínio VI - Aspectos espirituais/religião/crenças pessoais
24. Espiritualidade/religião/crenças pessoais
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Apesar de completo no que tange aos domínios e facetas propostas, em virtude de sua
extensão as possibilidades de aplicação do WHOQOL faziam-se limitadas. Consequentemente,
desenvolveu-se uma versão abreviada, o WHOQOL-breve, com 26 questões. Esse instrumento
contém os dois itens da qualidade de vida e saúde geral percebidas e um item de cada uma
das 24 facetas incluídas no WHOQOL-100.
Uma análise posterior do WHOQOL-100 sugeriu a possibilidade de fundir os domínios 1 e 3, e
os domínios 2 e 6, criando, assim, quatro domínios de qualidade de vida. Na abordagem
corrente para pontuar o WHOQOL-breve, os domínios do WHOQOL-100 foram condensados
em quatro domínios principais:
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Físico
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Psicológico
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Relações Sociais
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Meio Ambiente
Assim, diferentemente do WHOQOL-100, no qual cada uma das 24 facetas é avaliada a partir
de quatro questões, no WHOQOL-breve cada faceta é avaliada por apenas uma questão. O
quadro 7 apresenta as facetas avaliadas nos quatro domínios do WHOQOL-breve, cada uma
delas correspondendo a uma questão no instrumento.
Qualidade de vida e saúde em geral
Classificação da qualidade de vida em geral 
Satisfação com a saúde em geral
Domínio I - Domínio físico
Dor e desconforto 
Energia e fadiga 
Sono e repouso 
Mobilidade 
Atividades da vida cotidiana 
Dependência de medicação ou de tratamentos 
Capacidade de trabalho
Domínio II - Domínio psicológico
Sentimentos positivos 
Pensar, aprender, memória e concentração 
Autoestima 
Imagem corporal e aparência 
Sentimentos negativos 
Espiritualidade/religião/crenças pessoais 
Domínio III - Relações sociais
Relações pessoais 
Suporte (apoio) social 
Atividade sexual 
Domínio IV - Meio ambiente
Segurança física e proteção 
Ambiente no lar 
Recursos financeiros 
Cuidados de saúde e sociais: disponibilidade e qualidade 
Oportunidades de adquirir novas informações e habilidades 
Participação em, e oportunidades de recreação/lazer 
Ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima) 
Transporte
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Versões brasileiras do WHOQOL-100 (FLECK et al., 1999) e do WHOQOL-breve (FLECK et
al., 2000) foram desenvolvidas e testadas. O instrumento vem sendo aplicado no Brasil em
diversos contextos, demonstrando ser viável, válido e reprodutível. No entanto, suas
características indicam que seja mais adequado para levantamentos epidemiológicos e
caracterização de grandes grupos populacionais. Na verdade, seus itens revelam-se pouco
sensíveis a mudanças em curto prazo, como as esperadas em programas de intervenção na
prática profissional, principalmente aquelas relacionadas à prática de atividades físicas.
O PENTÁCULO DO BEM ESTAR E O
WHOQOL-BREVE
O professor ensinará como analisar e classificar o Pentáculo do Bem Estar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO AO PENTÁCULO DO BEM-ESTAR, ASSINALE A
ALTERNATIVA CORRETA:
A) É aplicável apenas aos idosos e doentes crônicos em geral, para quem os modos de vida
são determinantes da qualidade de vida.
B) Leva em conta apenas aspectos positivos do bem-estar.
C) Valoriza os modos de vida como determinantes do bem-estar e qualidade de vida.
D) Leva em conta apenas aspectos negativos do bem-estar.
E) É aplicável apenas a crianças com deficiência, para quem os modos de vida são
determinantes da qualidade de vida.
2. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA O OBJETIVO DO
QUESTIONÁRIO DE QUALIDADE DE VIDA DA OMS (WHOQOL):
A) Avaliar aspectos diversos da qualidade de vida, em abordagem multidimensional típica dos
instrumentos genéricos de avaliação.
B) Quantificar as atividades físicas e sua relação com a qualidade de vida.
C) Traçar um perfil das doenças e incapacidades dos respondentes, considerando-as
determinantes centrais da qualidade de vida.
D) Focalizar elementos predeterminados da qualidade de vida, como todo instrumento
classificado como de natureza ‘específica’.
E) Avaliar a qualidade de vida em aspectos específicos.
GABARITO
1. Em relação ao Pentáculo do Bem-estar, assinale a alternativa correta:
A alternativa "C " está correta.
 
O Pentáculo do Bem-estar inclui aspectos negativos e positivos das noções de bem-estar e
qualidade de vida, valorizando os modos de vida e produzindo um ‘Perfil do estilo de vida’
como resultado primário.
2. Assinale a alternativa que apresenta o objetivo do Questionário de Qualidade de Vida
da OMS (WHOQOL):
A alternativa "A " está correta.
 
O WHOQOL é um instrumento genérico com seis grandes domínios e 24 facetas da qualidade
de vida.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Aqui apresentamos diferentes abordagens para avaliar a carga de trabalho, além de noções
importantes, como o bem-estar e a qualidade de vida. De forma geral, tanto a carga de trabalho
quanto a percepção de bem-estar e qualidade de vida sofrem influências das condições
individuais e do meio ambiente. Assim, as estratégias para avaliá-las também devem levar em
consideração esses fatores.
Em relação à carga de trabalho, defendemos que a avaliação de componentes da aptidão
física pouco significa, se não for relativizada às demandas da vida real, sejam as impostas pelo
ambiente, sejam aquelas necessárias para a realização de projetos de vida. Por isso, é
importante dominar alternativas para quantificar as atividades físicas e suas intensidades.
Apresentamos técnicas objetivas para isso e depois dedicamo-nos a descrever as
características de questionários retrospectivos de atividades físicas. Nesse contexto, destacou-
se o Questionário Internacional de Atividades Físicas (IPAQ), instrumento que vem sendo cada
vez mais utilizado na prática profissional e em projetos de pesquisa, pela sua simplicidade e
possibilidades de comparação entre realidades diversas.
Posteriormente, discorremos sobre duas alternativas para avaliação das noções de bem-estar
e qualidade de vida. O Pentáculo do Bem-estar consiste em uma criativa abordagem para
visualização rápida das relações entre modos de vida e percepção de bem estar. Uma
proposição mais ampla da OMS está nas versões longa e curta do WHOQOL. Evidências da
boa validade e reprodutibilidade

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