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METODOLOGIA DA PESQUISA EM NUTRIÇÃO APLICADA AO ESPORTE AULA1 Profa. Dra. Thaiana Benatti São Paulo 2021 ROTEIRO • Por que entender a metodologia dos trabalhos científicos? • Mitos na área de Nutrição Esportiva • Amostra • Desenho Experimental • Vendamento • Efeito Placebo • Conflito de interesse POR QUE ENTENDER DE METODOLOGIA DA PESQUISA? Dinâmica Atualiza constantemente Veracidade das produções Dada a intensidade e velocidade com que as informações são produzidas, torna-se fácil compreender a importância de o profissional da área de saúde se manter constantemente atualizado, a fim de prover a informação mais acertada a seus alunos, clientes e/ou atletas. Entretanto, analisar a veracidade de uma nova informação produzida na literatura e distinguir entre uma informação boa ou ruim não é tarefa fácil. Os indivíduos respondem da mesma forma? Os efeitos são realmente consideráveis? Os suplementos realmente funcionam? Os suplementos são mais eficientes que os alimentos? MITOS NA NUTRIÇÃO ESPORTIVA Quem se beneficia mais atletas ou amadores? Qual o impacto da Nutrição no esporte? 17/07/2020 17/07/202017/07/2020 17/07/2020 17/07/2020 FIQUE DE OLHO! NUNCA ESPERAR NADA ALÉM DE EFEITOS MARGINAIS!!! Esta aula tem como objetivo principal discutir a base cientifica por trás dessas informações com relação a prescrição e alegação , efetividade. O QUE A CIÊNCIA NOS CONTA... E O QUE NÃO NOS CONTA ... É importante que saibamos interpretar os dados que são gerados, e criarmos um senso crítico. A AMOSTRA DO ESTUDO NOS DIZ SE OS ESTUDOS SE APLICAM AO “MUNDO REAL”. Constantemente há pessoas interpretando incorretamente os estudos, por desprezarem este ponto chave que é a amostra do estudo. PASSO 1: QUAL É A AMOSTRA SENDO ESTUDADA? VALIDADE INTERNA X VALIDADE EXTERNA VALIDADE INTERNA X VALIDADE EXTERNA • Se você ganha em validade interna, perde em validade externa. • Modelo animal controla os ratinhos, dentro da gaiola, manipula quase todas as variáveis internas aumenta a validade interna. • Com humanos é mais difícil controlar as variáveis e não são bem controladas, porem tem validade externa relevante. • Quanto você consegue extrapolar dos resultados para conceitos clínicos... Validade interna Precisa ser testado com estudos clínicos em humanos sem ambiente controlado Modelo manipulado, sono, dieta, exercícios. >validade interna < validade externa 5 meses Amostra dividida em 4 grupos. - RC: restrição calórica = 70% da ingestão calórica do grupo controle; - Leucina provida na proporção: 71,43 g de leucina por kg de peso corporal ; Peso corporal Composição corporal Semanas Massa magra Proteína Gordura Controle RC RC + Leucina Validade interna Precisa ser testado com estudos clínicos em humanos sem ambiente controlado Modelo manipulado, sono, dieta, exercícios. >validade interna < validade externa Leucina melhora o perfil nutricional de proteína e regula o metabolismo hepático de lipídeos em ratos com restrição calórica Restrição calórica reduziu o peso corporal. No entanto, o aumento da ingestão de leucina preservou a massa magra e a massa proteica e melhorou o anabolismo protéico como indicado pelo aumento dos níveis circulantes de albumina e fator de crescimento semelhante à insulina ‐ 1 (IGF ‐ 1) - 7,5 g de leucina por dia; - 12 semanas; Composição corporal Placebo Leucina Massa magra (kg) Massa gorda (kg) Gordura corporal (%) Gordura de perna (%) Massa magra de perna (kg) Antes AntesApós Após AST – quadríceps (cm²) Trabalho clínico com aplicação em humanos + próximo da realidade. Suplementação com Leucina em idosos saudáveis não foi capaz de ↑ a massa magra VALIDADE EXTERNA Atentem a amostra que esta sendo estudada, precisamos de casos que se apliquem a humanos. Relação com aplicabilidade com os dados que estão sendo produzidos. Este estudo a suplementação não foi capaz de aumentar a area de secção transversa do musculo ou provocar hipertrofia do musculo. VALIDADE EXTERNA • Quanto mais as características consideradas pelo estudo forem próximas de determinada realidade de trabalho, mais os resultados do estudo podem ser extrapolados; ainda, mais relevante se torna a evidência dentro dessa realidade. PASSO 2: O QUE O DESENHO EXPERIMENTAL NOS DIZ? Outro ponto bastante negligenciado durante a leitura de trabalhos no campo da nutrição aplicada ao esporte diz respeito ao desenho experimental empregado. Nesse campo, temos alguns desenhos experimentais mais comumente empregados: o estudo transversal, e o estudo longitudinal, o qual pode ainda ser dividido em estudo longitudinal crossover e estudo longitudinal de grupos paralelos. A seguir, descreveremos cada um desses desenhos experimentais. ESTUDO TRANSVERSAL; • GRUPOS PARALELOS; • CROSS-OVER; ESTUDO LONGITUDINAL ESTUDO TRANSVERSAL • Estudo transversal executa uma única medição ao longo do tempo. • Finalidade de descrever associações entre duas ou mais variáveis, • Auxilia a caracterizar uma determinada população. Não traça relação causal ESTUDO TRANSVERSAL doi: 10.5123/S2176-62232014000200005 Rev Pan-Amaz Saude 2014; 5(2):37-41 308 pacientes com IRA – Estudo observacional – busca de evidências de infecção por CoVh. Resultado : foi detectada 1 amostra positiva para o CoVh-OC43 entre 308 pacientes com IRA investigados. O paciente em questão pertencia ao sexo feminino, com 93 anos de idade e quadro clínico sugestivo de IRA. Falha ao que tange causa/efeito ESTUDOS LONGITUDINAIS Grupos paralelos ou Cross-over Traçam relação mais causal Dados da mesma amostra são coletados repetidamente durante um período de tempo. GRUPOS PARALELOS 37 ratos Wistar machos - randomizados e separados em 3 grupos: A (treinado sem suplementação), B (treinado suplementado com creatina + carboidrato) e C (treinado suplementado com creatina). O protocolo de treinamento consistiu em 1 min de exercício a 110% da velocidade de fadiga do teste máx em esteira, seguidos por 30 seg a 40%, totalizando 30 min, 5x/ semana, durante 32 dias. Resultados: Foi verificada uma melhoria no desempenho físico em todos os grupos. Bem como uma maior expressão proteica do IGF-1R nos grupos treinados suplementados (B e C) quando comparados ao grupo treinado sem suplementação (A). CROSS-OVER Nutrients 2019, 11, 2040; doi:10.3390/nu11092040 De forma aleatória, estudo comparativo cruzado, os atletas ingeriram um placebo (PL) ou suplemento de cafeína (CAF; 6 mg · kg − 1) 1 hora antes de um teste de contra-relógio de 800 m à noite. • A suplementação com cafeína (6 mg · kg − 1) não melhorou a corrida de 800 m desempenho. • CAF prejudicou eficiência do sono, tempo real de vigília e número de despertares. Foi respeitado o washout – resultado confiável. PASSO 3: E A QUALIDADE DO ‘VENDAMENTO’? ✓DUPLO- CEGO ✓UNI-CEGO ✓ABERTO VENDAMENTO • Uni - cego – ou o pesquisador ou o colaborador não sabe o que está sendo ingerido –Diminuir efeito placebo. • Duplo-cego – “ideal “, nem pesquisador nem voluntário, sabem o que estão recebendo. Evitar efeito placebo. • Aberto – Limitação/não controla para o efeito placebo. EFEITO PLACEBO EXISTE? EFEITO PLACEBO? – INFLUÊNCIA DO AVALIADO Potência média em um contrarrelógio de 10-km Em todas as condições foi fornecido PLACEBO Nas duas condições “ativas” houve melhora. Foram enganados com relaçao a substancia q iriao receber. Existe efeito placebo muito grande em determinados tipos de substancias. esses efeitos precisam ser controlados para que não exista o efeito placebo e não o resultado do suplemento. Quando o individuo compra um suplemento existe tb o efeito placebo no resultado. PASSO 4: O CONSUMO ALIMENTAR JÁ É ADEQUADO? Se o indivíduo já tem uma boa dieta, irá responder menos ao suplemento e vice-versa. É crucialos estudos avaliarem o recordatório alimentar e não só a suplementação. Amostra = pacientes DM2, não vegetarianos. Tratamentos = Cr (5 g / dia) ou placebo (Pl; dextrose). DOI 10.1007/s00726-012-1246-6 A amostra padronizada garante menor interferência nos resultados. ↑ Glut 4 ↓ Hb1ac PASSO 5: A INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS É ACURADA? EMBORA ALGUNS RESULTADOS POSSAM NÃO SER SIGNIFICANTES , SOB UM PONTO DE VISTA ESTATÍSTICO... TEMPOS NAS FINAIS MASCULINAS DOS 100- e 200-metros NADO LIVRE JOGOS OLIMPICOS DE LONDRES, 2012 ≠ do 1° para o 8 °. Pode ser clinicamente, esportivamente significativa. 0,5% de diferença em uma prova de 100m pode ser muito relevante. Interpretação. PASSO 6: DECLARAÇÃO DE CONFLITOS DE INTERESSE Prova contra relógio de 60 Km observaram que a adição de ptn ao cho melhora o desempenho em comparação só ao cho. Suposta melhora nos últimos 20 km e 5 km, sutil. Os autores agradecem a empresa. Um dos pesquisadores e o estatistico são empregados da empresa. Há interesse da indústria que o suplemento tenha efetividade. Importante ler os agradecimentos. CONFLITO DE INTERESSE “TAKE-HOME MESSAGES” • Como regra, suplementos são complementos da dieta. Ou seja, deve-se prestar atenção sobre o potencial papel do estado nutricional e consumo alimentar previamente reportados; • Cautela deve ser exercida durante a análise e interpretação dos resultados – diferença entre o ‘significante’ e o ‘significativo’; • Assim como na área de medicamentos, o conflito de interesse pode influenciar a elaboração, a condução e a interpretação de um estudo – a ética e a integridade devem ser preservados. “TAKE-HOME MESSAGES” • A área de Nutrição Aplicada ao Esporte/Exercício é constantemente atualizada. Inúmeros são os pontos a serem considerados para avaliar a qualidade da informação produzida nesta área; • A amostra do estudo determinará a sua validade ecológica, isto é, o quanto ela reflete o ‘mundo real’; • O desenho experimental adotado estabelecerá o nível de associação entre as variáveis do estudo; • O efeito placebo “existe e está entre nós”! – o vendamento é imprescindível! OBRIGADA Profa. Dra.Thaiana Benatti