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FATORES RELACIONADOS AS DIFICULDADES DAS PRIMIGESTA S NO ALEITAMENTO MATERNO FACTORS RELATED TO BREASTFEEDING PRIMIGEST DIFFICUL TIES Anieli Silva Vieira Discente do curso de Enfermagem e-mail: aniele_150@hotmail.com Denise Ferreira Silva Discente do curso de Enfermagem e-mail: denise.silvaferreira@hotmail.com Marisete de Queiroz Melo Bacharel em Enfermagem, Especialista em enfermagem do Trabalho, Professora da Faculdade CESMAC do Sertão e-mail: mary_melo24@hotmail.com RESUMO O aleitamento materno é fundamental para o crescimento e desenvolvimento da criança e para a proteção contra inúmeras patologias. Sua prática não se restringe ao binômio mãe/filho, mas possui consequências a nível de sociedade, pois uma vez a criança adequadamente nutrida, tem-se repercussões na redução dos índices de morbimortalidade neonatal e infantil, o que torna esta prática uma questão para além da saúde lactante/mãe. Este estudo objetivou identificar os principais fatores apontados pela literatura no que diz respeito as dificuldades das primigestas na prática do aleitamento materno. A pesquisa foi realizada através de uma revisão bibliográfica, com buscas nas bases de dados científicas: Scientifc Eletronic Lybrary Online (Scielo), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Site do Ministério da Saúde. Foram incluídos 29 publicações entre artigos, TCCs e Monografias em português. Os resultados demonstraram que são diversos os fatores que contribuem para dificultar o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) dentre eles: a idade materna, o nível educacional, além dos fatores biológicos, culturais, demográficos e socioeconômicos. Conclui-se que, dentre outras coisas, este é um tema que deve ser mais abordado visto que, como demonstrado nos estudos analisados, primigetas apresentam um número maior de dificuldades no AME, uma vez que se somam aos fatores socioeconômicos e culturais os fatores emocionais e a inexperiência. PALAVRAS-CHAVE: Aleitamento Materno. Desmame Precoce. Primigestas. ABSTRACT Breastfeeding is fundamental for the child's growth and development and for protection against numerous diseases. Its practice is not restricted to the mother / child binomial, but has consequences at the society level, since once the child is adequately nourished, it has repercussions on the reduction of neonatal and infant morbidity and mortality rates, which makes this practice a matter beyond of breastfeeding / mother health. This study aimed to identify the main factors pointed out in the literature regarding the difficulties of primigravidae in the practice of breastfeeding. The research was conducted through a literature review, searching the scientific databases: Scientifc Electronic Lybrary Online (Scielo), Virtual Health Library (VHL) and Website of the Ministry of Health. We included 29 publications amons articles, TCCs and monographs in Portuguese. The results showed that there are several factors that contribute to the difficulty of Exclusive Breastfeeding (EBF) among them: maternal age, educational level, as well as biological, cultural, demographic and socioeconomic factors. It is concluded that, among other things, this is a topic that should be more addressed since, as shown in the studies analyzed, primigettes present a greater number of difficulties in EBF, since they add to the socioeconomic and cultural factors the emotional factors and inexperience. KEYWORDS: Breastfeeding. Early weaning. Firstborn. FACULDADE CESMAC DO SERTÃO ANIELI SILVA VIEIRA DENISE FERREIRA SILVA FATORES RELACIONADOS AS DIFICULDADES DAS PRIMIGESTAS NO ALEITAMENTO MATERNO PALMEIRA DOS INDIOS - AL 2019/2 ANIELI SILVA VIEIRA DENISE FERREIRA SILVA FATORES RELACIONADOS AS DIFICULDADES DAS PRIMIGESTAS NO ALEITAMENTO MATERNO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito final para conclusão do curso de Bacharel em Enfermagem da Faculdade CESMAC do Sertão, sob a orientação da Professora especialista Marisete de Queiroz Melo. PALMEIRA DOS INDIOS - AL 2019/2 REDE DE BIBLIOTECAS CESMAC SETOR DE TRATAMENTO TÉCNICO Bibliotecário: Evandro Santos Cavalcante – CRB/4 - 1700 V657f Vieira, Anieli Silva Fatores relacionados as dificuldades das primigestas no aleitamento materno / Anieli Silva Vieira, Denise Ferreira Silva Santos .– Palmeira dos Índios: 2019. 28 f. TCC (Graduação em Enfermagem) – Faculdade CESMAC do Sertão, Palmeira dos Índios, AL, 2019. Orientadora: Marizete de Queiroz Melo 1. Aleitamento materno. 2. Desmame precoce. 3. Primigestas. I. Melo, Marizete de Queiroz. II. Título. CDU: 613.953 AGRADECIMENTOS De forma especial, agradeço de todo coração a minha Mãe, pois foi ela que me ajudou a trilhar essa caminhada. Nunca me deixou desistir, sempre lutou com todas as forças para realizarmos juntas esse sonho. Assim, a sua concretização não é apenas minha felicidade, mas nossa. Obrigada mãe, por acreditar em mim e sonhar comigo. Eu te amo muito! Agradeço a cada pessoa da minha família: ao meu pai Carlos Anabel, aos meus irmãos Anderson e Alexandre, as minhas irmãs Rosângela e Maria Cícera. Eles que me apoiaram nesse sonho e são peças fundamentais para tudo que esta se realizando em minha vida. Graças a vocês tudo foi possível. Agradeço a minha orientadora Marisete, que esteve sempre ao meu lado, me ajudando, tirando dúvidas e me incentivando para que essa etapa se concretizasse. Por tudo que a senhora fez professora, meu eterno agradecimento, não poderíamos ter feito melhor escolha para nossa orientação e graças a sua ajuda e cuidado estamos realizando nosso sonho. Aos meus amigos, quero dizer o quão feliz foi estar com vocês nesses anos de graduação. A caminhada ficou mais suave e calma com vocês ao meu lado, obrigada a todos por estarmos sempre juntos. Essa caminhada de 05 anos tinha que ser com vocês, Deus sabia que pessoas como vocês poderiam chamar de amigos. Minha maior e mais importante gratidão dedico ao meu amado Jesus, aquele que quando chorei, chorou comigo. Ele me fez acreditar que eu chegaria aqui e eu cheguei, graças às vontades e sonhos de Deus. Obrigada por estar sempre ao meu lado Jesus, por sempre me guiar pelos caminhos certos e nunca me desamparar. A minha mãezinha do céu, Maria, minha protetora, aquela que me protegia de todo o mal pelas estradas da vida, aquela que segurou minha mão e me levou para os caminhos corretos. Se hoje estou aqui é pela proteção e amparo dela. Se hoje cheguei aqui foi porque cada um dos que aqui citei me ajudou. Daqui a pouco iriei trilhar a vida cuidando e ajudando ao próximo, com a linda profissão que escolhi, mas cada um de vocês estará em meu coração. Finalmente, quero deixar uma mensagem que carrego para a vida: “Por mais que eu seja eficiente nunca serei tão eficiente quanto todos nós juntos” (Santo Inácio de Loyola). Anieli Silva Vieir a AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus, que iluminou o meu caminho durante esta caminhada, pelo dom da vida e por ter me proporcionado chegar até aqui. Agradeço a minha família por toda dedicação e paciência, contribuindo diretamente para que eu pudesse ter um caminho mais fácil e prazeroso durante estes anos. Sou grata eternamente a minha maravilhosa mãe, Suzete Ferreira, ao meu pai Genildo Luiz, ao meu avô Adelmo, que sempre me apoiou, aos meus tios e tias, ao meu esposo ManoelMessias, aos meus queridos sogro e sogra, ao meus lindos e maravilhosos irmãos e irmãs, enfim, a toda minha família que sempre se fez presente, sem nunca medir esforços para me ajudar em todos os momentos e que sempre me apoiou em tudo. Amo muito toda minha família, valeu a pena esta caminhada, obrigada por existirem em minha vida, vocês são um presente enviado por Deus. Todos vocês fazem parte desta história, que com muita alegria, vai ter um final feliz. Agradeço aos professores que sempre estiveram dispostos a nos ajudar e contribuir para um melhor aprendizado, em especial a minha professora e orientadora Marisete. Agradeço também a minha instituição por ter me dado a chance e todas as ferramentas que me permitiram chegar hoje ao final deste ciclo de maneira satisfatória. Denise Ferreira Silva SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6 2 METODOLOGIA ..................................................................................................... 8 3 RESULTADO E DISCUSSÃO ................................................................................ 9 3.1. Importância do Aleitamento Matermo Exclusivo ( AME) …...….……………... 9 3.2. Fatores relacionados ao desmame precoce ................................................. 13 3.3. Primigestas e aleitamento materno ……………………………………………... 17 4 CONCLUSÃO ……………….................................................................................. 21 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 22 6 1 INTRODUÇÃO Desde o ano de 2002 é recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), por meio da Estratégia Global para Alimentação de Lactentes e Crianças de Primeira Infância que todas as crianças sejam amamentadas exclusivamente até os seis meses de idade e continuem sendo amamentadas até os dois anos ou mais (SILVA et al., 2017). O Aleitamento Materno (AM) também foi incluído como um dos Objetivos do Milênio entre as prioridades nacionais por ser considerado a estratégia que mais previne a morbimortalidade infantil, além de promover a saúde física e psíquica do lactente e da mulher que amamenta (AMARAL et al., 2015). Um dos mais relevantes argumentos em defesa do aleitamento materno é o seu rico poder nutricional. Amaral et al., (2015) destacam que, do ponto de vista nutricional, o Aleitamento Materno Exclusivo (AME) consiste no mais nutritivo e adequado alimento para a criança até os seis primeiros meses de vida, por ser rico em vitaminas, proteínas, carboidratos, gorduras, sais minerais e água. Nutrientes estes que são essenciais para o crescimento e desenvolvimento infantil. Já para a mãe, o aleitamento proporciona um efeito protetor contra o câncer de mama e ovário, ajuda na involução uterina, além de outros benefícios, como o fortalecimento do vínculo entre o binômio (BRASIL, 2009 apud FERREIRA et al., 2015). O AME é aquele em que a criança recebe somente leite materno ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos (CARVALHO et al., 2016). Segundo Boccolini et al., (2017) níveis ideais de amamentação poderiam prevenir mais de 820.000 mortes de crianças menores de cinco anos por ano no mundo, além de evitar 20.000 mortes de mulheres por câncer de mama. Os autores relatam ainda que as revisões sistemáticas recentes reafirmam a proteção da amamentação contra doenças infecciosas e menor risco de maloclusão dental e doenças crônicas (como diabetes e sobrepeso em crianças amamentadas), bem como seu impacto no melhor desempenho em testes de inteligência. 7 Acredita-se que o aumento da prevalência e duração do aleitamento materno observado a partir da década de 1970 tenha contribuído de forma significativa para a melhoria dos indicadores de saúde da criança no Brasil, reduzindo, por exemplo, as internações hospitalares por diarreias e infecções respiratórias em crianças menores de um ano no país (BOCCOLINI et al., 2017). São poucas as situações em que há indicação para a substituição parcial ou total do leite materno, entre elas, mães infectadas pelo HIV, HTLV1 ou HTLV2, o uso de antineoplásicos, de radiofármacos e a criança portadora de galactosemia, doença rara em que ela não pode ingerir leite humano ou qualquer outro que contenha lactose (BRASIL, 2009 apud ALGARVES et al., 2015). Além de ser a melhor fonte de nutrição para as crianças nessa fase, o leite materno favorece inúmeras vantagens imunológicas e psicológicas e, confome salientam Oliveira et al., (2015) quando associado a alimentos complementares de qualidade após o período de 6 meses de vida da criança, segundo preconiza o Ministério da Saúde, otimiza o desenvolvimento saudável das crianças. Importante ressaltar ainda que o AM tem grande relevância no combate à fome extrema e desnutrição estabelecida nos dois primeiros anos de vida. A prática do AM é, em muitos casos, responsável pela sobrevivência da criança, principalmente aquelas em condições desfavoráveis (OLIVEIRA et al., 2015). Ainda segudo Oliveira et al., (2015) mesmo diante da comprovada importância do AM e das recomenções das diferentes organizações de saúde, diversas pesquisas têm demostrado que as taxas de aleitamento materno, em especial as de aleitamento materno exclusivo, até o sexto mês de vida, ainda não atingiram índices satisfatórios no Brasil e no mundo. A decisão materna de não amamentar, por vezes, é construída e determinada antes mesmo do nascimento do filho, fundamentada em crenças pessoais e culturais de ser um processo doloroso, que causa desprazer e prejuízos estéticos à mãe. Essas crenças podem ser construídas por meio de influências de relatos de outras mães da sua rede de sociabilidade ou de observações e de sentimentos gerados ao longo da gestação, parto e puerpério sobre a dor, o desconforto, o cansaço e sobre as consequências e mudanças no corpo materno durante e após a amamentação (CRUZ, 2016). A importância do AME nos seis primeiros meses é inquestionável, para promoção de um crescimento e desenvolvimento adequados das crianças e 8 prevenção de doenças infecciosas, gastrointestinais e carências nutricionais. Contudo, apesar de o AME ter sua importância reconhecida, o desmame precoce ainda é uma prática comum, especialmente entre os grupos menos favorecidos (SANTOS et al., 2017). O aleitamento materno, além de ter fundamental importância para a criança, é de suma importâcia também para a mãe e para a sociedade, devendo ser sempre incentivado e protegido. Para Lima et al., (2019) a prática, constitui-se em uma sábia estratégia natural de vínculo, afeto, proteção e nutrição para a criança, gerando um grandioso impacto na promoção da saúde integral da dupla mãe/bebê e, consequentemente, na redução da morbimortalidade infantil e materna. Muitos dos fatores que dificultam o AME tornam-se ainda mais complexos e determinantes quando se consideram as mães primigestas. Para Albuquerque e Santos (2018), as mães primíparas, na gravidez, no parto ou no puerpério, podem manifestar comportamentos e sentimentos que culminam no aparecimento de crises na vida pessoal e familiar e podem interferir na prática do aleitamento. Desta forma, algumas precisam de apoio, incentivo e até mesmo de orientação, pois se sentem inseguras diante do novo desafio de nutrir, apresentando sentimentos ambivalentes que associam poder, feminilidade e medo. É de suma importância, portanto, que cada vez mais mães, especialmente as primigestas estejam cientes da importância do aleitamento materno como uma formade promover a Saúde em diversos campos. Neste sentido, o presente estudo, teve por objetivo identificar os principais fatores apontados pela literatura no que diz respeito as dificuldades das primigestas na prática do aleitamento materno. 2 METODOLOGIA Tratou-se de uma revisão bibliográfica, metodologia pela qual buscou-se uma análise quantitativa e qualitativa de diversos estudos sobre os fatores que influenciam as primigestas na prática do aleitamento materno, bem como sua implicação na qualidade de vida de mães e lactentes. Para a realização deste estudo foram analisados artigos publicados nas bases de dados: Scientifc Eletronic Lybrary Online (Scielo), Biblioteca Virtual de 9 Saúde (BVS) e Portal do Ministério da Saúde. A partir dos descritores: Aleitamento materno, Aleitamento Materno Exclusivo, Desmame Precoce e Primigestas. Foram incluídos 29 publicações dentre artigos, TCCs e Monografias, em português publicados a partir do ano de 2014. Priorizaram-se estudos brasileiros, afim de se sistematizar informações dentro do contexto local. Foram excluídos da pesquisa artigos que não estavam disponíveis com textos completos, não pertenciam a coleções brasileiras e país/região como assunto do Brasil, em que o assunto principal não relacionava ao tema central e aos objetivos propostos. Das 29 publicações incluídas, 9 tratam especificamente do AM relacionado a primigestas ou prímiparas. Para uma melhor análise e sistematização os artigos foram divididos em 3 grupos temáticos, a saber: Importância do Aleitamento Materno Exclusivo (AME); Fatores relacionados ao desmame precoce; e Primigestas e aleitamento materno. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Importância do Aleitamento Materno Exclusivo ( AME) Apesar dos diversos estudos e pesquisas que demonstram a importância do aleitamento materno, na maioria dos países, a taxa de amamentação exclusiva ainda é baixa e a duração insatisfatória (MENEZES, 2018). Segundo a autora supracitada, para superar esta realidade é necessário que iniciativas sejam desenvolvidas em todas as esferas de governo, pelos profissionais de saúde, pelas comunidades e organizações não-governamentais. Menezes (2018) salienta ainda que uma forma de promover o aleitamento de forma significativa é através da rede de assistência primária a saúde, um serviço público e disponível à maioria das mulheres. Costa e Silva (2018), contudo, salientam que o Brasil é um país que possui uma ampla promoção à prática do aleitamento materno com intuito de reduzir a taxa de morbimortalidade e manter reconhecida a importância do AME até os seis meses de vida. Salienta ainda que o país possui diversas formulações de políticas públicas em vantagem ao aleitamento materno, com ações de proteção sendo normas e leis, 10 promoção divulgação na comunidade e apoio aconselhando e orientando as mães sobre a prática. Vários são os estudos que descrevem a importância do AME. Dentre os benefícios mais citados está o fato de o leite materno ser um alimento natural, que fornece a energia e os nutrientes necessários para os primeiros meses de vida. Conforme o Ministério da Saúde (2018) citado por Costa e Silva (2018), a prática do AME promove o desenvolvimento sensorial e cognitivo do lactente, protege contra doenças infecciosas e doenças crônicas por conter linfócitos e imunoglobulinas que auxiliam no combate a infecção. Outros benefícios citados são a redução no risco de mortalidade infantil, diarreia e pneumonia, não possui risco de contaminação por bactérias por ser diretamente sugado da mama da nutriz e quando alimentados somente pelo leite materno dobra o peso do nascimento do lactente até os seis meses de vida. Estudo realizado por Boccolini et al., (2017) mostrou que nas últimas três décadas, as prevalências dos indicadores de aleitamento materno e aleitamento materno exclusivo no Brasil apresentaram tendência ascendente, cujos principais ganhos foram observados entre 1986 e 2006, seguida de relativa estabilização em 2013. Por outro lado, a amamentação continuada até o segundo ano manteve-se estável entre 1986 e 2006, sendo o único indicador com aumento da prevalência entre 2006 e 2013. Bocolini et al., (2017) descrevem ainda que, em relação aos indicadores utilizados, a prevalência do AME entre os menores de seis meses aumentou 34,2 pontos percentuais entre 1986 e 2006, indo de 2,9% para 37,1%, com ganhos estatisticamente significativos em cada década até 2006 e estabilização em 2013. O mesmo estudo apontou um padrão semelhante com a prevalência de AM, que aumentou de forma estatisticamente significativa 18,9 pontos percentuais entre 1986 e 2006, alcançando prevalência de 56,3% em 2006. Porém, em 2013 houve discreta diminuição do AM (52,1%). A prevalência de AM no primeiro ano de vida subiu de 22,7% em 1986 para 45,4% em 2013, equivalente a um aumento total de 22,7 pontos percentuais no período, estabilizando-se entre 2006 e 2013. Bocolini et al., (2017) chamam atenção ainda para a evolução da prevalência de AM aos dois anos de idade que diferiu dos outros indicadores, com prevalência relativamente estável em torno de 25% entre 1986 e 2006, e aumento subsequente 11 e estatisticamente significativo de 8,5 pontos percentuais, chegando a 31,8% em 2013. Um estudo de natureza descritiva do tipo longitudinal, desenvolvido nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) das Estratégias de Saúde da Família (ESF) da zona urbana do município de Picos – PI realizado por Carvalho e colabores (2016) envolvendo 70 gestantes, também investigou alguns aspectos relacionados ao AME. Um dos resultados destacados diz respeito ao grau de conhecimento das mães. Carvalho et al., (2016) descreve que ao serem questionadas sobre as vantagens da amamentação exclusiva, as mães obtiveram um total de acertos de 81,8%, entretanto quando indagadas sobre a posição adequada para amamentar e promover uma amamentação eficaz obteve-se 57,5% de respostas erradas. Sobre o momento de procurar a UBS no caso de esclarecer alguma dúvida sobre os problemas com as mamas durante a amamentação, observou-se um percentual de 78,7% de erros. Ainda no mesmo estudo as gestante foram questionadas quanto às orientações recebidas sobre aleitamento materno durante o pré-natal. Nesse aspecto foi apontado um percentual elevado de 76,6% que confirma ter recebido algum tipo de informação sobre o assunto e apenas 8,8% não recebeu nenhuma informação. Carvalho e colaboradores (2016), salientam que, atualmente, no Brasil, 68% das crianças iniciam o AM nos primeiros dias de vida, 41% delas mantem-se em AME até os seis meses e 25% permanecem em AM até os dois anos de idade. Concluindo, neste sentido, que apesar do incentivo, apoio e estímulo à prática do AM proporcionada pelas políticas de saúde e ação dos profissionais da educação e saúde, os índices de AM ainda estão distantes das taxas consideradas ideais pela Organização Mundial de Saúde. Em estudo realizado por Ferreira et al., (2018) verificou-se que a frequência do AME é maior nos primeiros meses de vida, decrescendo de 39,2% em crianças no primeiro mês para 19,8% no segundo mês, 17,3% no terceiro mês, 8,6% no quarto mês, 7,6% no quinto mês, 6,5% no sexto mês e 1,1% após o sexto mês. Em revisão de literatura, Rinalde e Conde (2019), apontam, contudo que os estudos mais relevantes analisados demonstram algumas inconsistência no que diz respeito ao aumento do AM. 12 Dentre as inconsistencias observadas está o aumento do aleitamento materno continuado aos 2 anos e queda no aleitamento materno, pois espera-se que ambos aumentem. Para os autores, uma possível explicação é que, no denominador do indicador aleitamento materno também foram contempladas as crianças menores de 6 meses, faixa etária que parece apresentar o maior efeito da indefiniçãoda data da entrevista (RINALDE; CONDE, 2019). Em relação aos aspectos mais importantes do AME percebida pelas mães, Amaral (2015), destaca que foi possível verificar um conhecimento intrinsecamente ligado ao discurso biomédico, quando a amamentação é destinada, sobretudo, à prevenção de doenças, havendo uma valorização da proteção imunológica, do fator nutricional, da formação dentária da criança e dos benefícios para a saúde da mãe. A prática do aleitamento está ligada a muitos fatores, dentre eles, culturais e socioeconômicos, necessitando de programas e incentivos por parte dos órgãos governamentais responsáveis pela saúde pública e de apoio e compreensão da sociedade e dos familiares às mulheres que amamentam com o objetivo de conscientizar sobre sua importância na saúde (MENEZES, 2018). Nesse sentido, Andrade (2018) relata como variáveis mais relevantes relacionadas a interrupção do aleitamento materno exclusivo: escolaridade materna; trabalho materno; problemas mamários; assistência pré-natal; orientação sobre amamentação e a importância do acompanhamento do profissional de saúde (enfermeiro) antes e depois do parto no apoio e motivação com a amamentação. A escolaridade materna também é um fator relavante no que diz respeito ao AME. Pesquisa realizada por Boccolini et al. (2015), mostrou que este foi o fator mais amplamente investigado em pesquisas sobre aleitamento, onde quase a metade dos estudos observou a associação entre escolaridade materna e aleitamento materno exclusivo, e os achados foram unânimes: a baixa escolaridade associou-se à interrupção do aleitamento materno exclusivo A baixa prevalência do AME junto às mães mais jovens, em sua maiora primigestas também é demonstrada nas diversas pesquisas. Entre elas, estudo realizado por Maranhão et al., (2015) que aponta como um dos possíveis fatores para essa baixa prevalência o potencial conhecimento deficiente das jovens, evidenciado pela baixa escolaridade da amostra do seu estudo. Segundo estes autores, mães com maior nível educacional apresentam maiores frequências de amamentação exclusiva, uma vez que possuem mais 13 oportunidades de acesso à vasta gama de informações e de conhecimento acerca dos benefícios do aleitamento materno exclusivo nos primeiros meses de vida do recém-nascido (MARANHÃO et al., 2015). 3.2. Fatores relacionados ao desmame precoce Os artigos analisados elencaram diversos motivos para o desmame precoce, conforme Quadro 1. Entendendo-se como desmame o processo no qual se introduz, progressivamente, a dieta habitual da família para completar ou substituir o leite materno (SILVA et al., 2017). Quadro 1 : Fatores que estimulam o desmame precoce relacionados nas publicações analisadas FATORES SOCIOECONÔMICOS FATORES CULTURAIS E MITOS FATORES FÍSICOS E DE SAÚDE FONTES Retorno ao trabalho Leite fraco ou insuficiente para o bebê Intercorrências da mama Cruz ( 2016) Santos et al., (2017) Brandão et al., (2016) Algarves et al., (2015) Alencar et al., (2017) Silva et al., (2017) Alvarenga e colaboradores (2017) Andrade et al., (2018) Escolaridade materna/paterna Uso de chupeta Acompanhamento do profissional de saúde Renda familiar baixa Uso de mamadeira Tipo de parto Idade materna Recusa do bebê Depressão Tabagismo Estética da mãe Dificuldades para amamentar Decisão materna Experiência da mãe Paridade Morar com companheiro ou pai fora de casa Introdução de outros tipos de leites Indução do trabalho de parto Estado civil O bebê recusa o peito ou não quer mais mamar Uso de medicamento Doença/hospitalização da mãe Consulta no pré-natal Trauma e dor mamilar Doença/hospitalização do bebê Baixo peso ao nascer Gemelaridade A decisão materna de não amamentar, por vezes, é construída e determinada antes mesmo do nascimento do filho, fundamentada em crenças pessoais e culturais de ser um processo doloroso, que causa desprazer e prejuízos estéticos à mãe. Essas crenças podem ser construídas por meio de influências de relatos de outras mães da sua rede de sociabilidade ou de observações e de sentimentos gerados ao longo da gestação, parto e puerpério sobre a dor, o desconforto, o cansaço e sobre 14 as consequências e mudanças no corpo materno durante e após a amamentação (CRUZ, 2016). A importância do AME nos seis primeiros meses é inquestionável, para promoção de um crescimento e desenvolvimento adequados das crianças e prevenção de doenças infecciosas, gastrointestinais e carências nutricionais. Contudo, apesar de o AME ter sua importância reconhecida, o desmame precoce ainda é uma prática comum, especialmente entre os grupos menos favorecidos (SANTOS et al., 2017). Dentre as razões mais pontuadas encontra-se uma forte cultura em relação ao leite fraco. Segundo Brandão et al., (2016) é sabido que boa parte das mulheres possuem leite suficiente para alimentar a criança e que esta convicção errada pode estar relacionada à falta de conhecimento das mulheres quanto a riqueza do seu leite e como ele é produzido. Estudo realizado por Algarves e colaboradores (2015), também apontou o mito do leite fraco entre os principais fatores relacionados à interrupção do aleitamento materno exclusivo. Nesse sentido, o estudo observa que as mães apresentam-se pouco confiantes, crêem que seu leite é fraco e não supre as necessidades nutricionais do bebê. Algarves e colaboradores (2015) salientam que a aparência aguada do leite materno, quando comparado com o leite de vaca, justifica-se pelo fato do leite materno ter, em sua composição, alto teor de água e, por desinformação, as mães acreditam que produzem um alimento aquém do que o filho necessita. Ainda sobre a concepção de leite fraco ou leite insuficiente Alencar et al., (2017) ressaltam que esta variação é ocasionada por processos biológicos das fases de inibição e estimulação do leite e que isso ocorre devido a práticas inadequadas de amamentação. Os artigos analisados descreveram diversos mitos e crenças associados à cultura materna que entram em conflito com as recomendações para o aleitamento materno. Entre eles, destacam-se o leite fraco, o pouco leite, administração precoce de chá e água e o uso de chupetas (ALGARVES et al., 2015). No mesmo estudo Algarves et al. (2015) destacam que, em relação ao chá, usado com a justificativa de acalmar a criança e aliviar cólicas, confunde a saciedade do lactente, que pode diminuir a quantidade de mamadas. Além disso, a administração precoce de líquidos favorece o risco de diarreia e/ou infecções, pela 15 contaminação e falta de higiene adequada do material, podendo, também interferir com a disponibilidade de alguns componentes do leite materno. O estudo realizado por Brandão et al. (2016) evidenciou que a experiência da amamentação no início pode ser conturbada, pois na prática do dia a dia, as orientações que foram recebidas podem não corresponder com a realidade, sendo as primeiras semanas período decisivo para a decisão pela continuidade de AME. No mesmo estudo, foram elencados como fatores presentes para o desmame precoce: retorno ao trabalho (11,5%), intercorrências da mama (9,2%), leite fraco (6,9%), acompanhamento do profissional de saúde (6,9%), uso de chupeta (6,9%), recusa do bebê (4,6%) e uso de mamadeira (4,6%). Também foram apontados fatores como: tipo de parto, número de gestações, nível de escolaridade e introdução de outros alimentos (BRANDÃO et al., 2016). A crescente inserção da mulher no mercado de trabalho é outro fator que influencia na decisão da mulher para o desmame precoce. Estudo realizado por Silva et al., (2017) demonstra que mulheres de baixa renda amamentam por um período menor de tempo devido à necessidade de voltar a trabalhar. É conhecido que o trabalho em tempo integral, após um período de licença-maternidade, diminui a duração da amamentação de forma significativa. O estresse e a jornada de trabalho, somados à angústia e à depressão provocam uma alteração da fisiologia da lactação, acarretando em baixa na produção de leite, e, con- sequentemente, promovendo o desmame precoce (SILVA et al., 2017). Por vezes a amamentação se torna um processo doloroso e que pode gerar na mãe um sentimento de desprazer, levando-a a decisão de não amamentar ou interromper precocemente a amamentação exclusiva. Para algumas mães a dor é difícil de aguentar, o que as deixa ansiosas, frustradas e entristecidas com o fato de não conseguirem amamentar de forma tranquila e prazerosa seus filhos (CRUZ, 2016). Silva et al., (2017) também apontam que os machucados na mama são questões de risco para a pausa na amamentação pela extrema dor que a mãe sente na hora da alimentação do bebê. Os autores salientam, contudo, que tais situações podem ser evitadas, já que, através de uma orientação adequada a respeito da pega correta da criança no momento da amamentação esses ferimentos poderiam ser reduzidos. 16 Algumas situações especiais, como baixo peso ao nascer e gemelaridade, também são fatores de risco para o desmame precoce e demandam da equipe de saúde maior habilidade para o sucesso da amamentação. Apesar de ser possível fazer com que toda mulher seja capaz de amamentar gêmeos exclusivamente, existem as dificuldades, o cansaço e a indisponibilidade da mulher (ALVARENGA et al., 2017) Estudo realizado por Alvarenga e colaboradores (2017), apontou como fatores associados ao desmame precoce: trabalho (33,3 %), escolaridade materna/paterna (15,4 %), renda familiar baixa (12,8 %), idade materna (10,2 %), tabagismo (7,7 %), tipo de parto (5,1 %), decisão materna (mãe não quer mais) (5,1 %), depressão (5,1 %), paridade (5,1 %), dificuldades para amamentar (5,1 %), não morar com companheiro ou pai fora de casa (5,1 %), indução do trabalho de parto (2,6 %), uso de medicamento (2,6 %), estética da mãe (2,6 %), estado civil (2,6 %), experiência da mãe (2,6 %), doença/hospitalização da mãe (2,6 %), posicionamento inadequado (2,6 %), consulta no pré-natal (2,6 %). O trabalho materno foi o fator que mais favoreceu o desmame precoce, pois as mulheres muitas vezes trabalham para ajudar nas despesas de casa e em outros casos assumem o papel de chefes de família. Assim, por necessidade financeira, são conduzidas a trabalhar fora de casa e deixam de amamentar exclusivamente seus filhos (ALVARENGA et al., 2017). Em estudo realizado por Santos et al., (2017) demonstrou-se que das mulheres pesquisadas, mais da metade era primípara, mais de dois terços delas não desenvolviam trabalho remunerado, e 71% delas conseguiram manter o AME até o sexto mês. Entre as que trabalhavam, 62,3% realizaram desmame precoce. No mesmo estudo supracitado constatou-se que 66,8% dos partos foram realizados em maternidade credenciada à Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), e 62,7% das mães realizaram desmame precoce, demonstrando que, apesar da maioria dos partos terem sido realizados em Iniciativa Hospital Amigo da Criança o percentual de desmame precoce se manteve alto. Quanto ao AME, 40% das mães entrevistadas afirmaram ter amamentado seu filho até os três meses de vida, e que deixaram de amamentar devido seu leite ser fraco ou insuficiente para o bebê (31%). Embora uma porcentagem considerável, (27%) tenha associado o descontinuamente do AME à volta ao trabalho fora de casa (ANDRADE et al., 2018). 17 Em pesquisa realizada por Andrade et al., (2018) observou-se que a maior ocorrência do desmame precoce ocorreu com mulheres mais jovens. Este fato pode se dar por elas serem menos experientes, possuírem mais dúvidas e anseios relacionados ao AM (ANDRADE et al., 2018). Achado semelhante foi apontado por Andrade et al., (2018) o qual descreveu que o desmame precoce se mostrou mais elevado em mães que possuíam apenas um filho. Este fato pode ser explicado pela baixa experiência e imaturidade para cuidar e amamentar seus filhos. Assim, é importante uma maior adesão, por parte das nutrizes, às ações de aconselhamento sobre o aleitamento, principalmente para as primíparas. Estas ações devem partir preferencialmente da Unidade Básica de Saúde (UBS), tendo como foco principal a promoção do AM e prevenção de agravos decorrentes da interrupção desta prática antes do preconizado pelo MS (ANDRADE et al., 2018). A depressão pós-parto também é um quesito muito relatado dentre as pesquisas. Dessa forma é importante a investigação da saúde mental da mãe pela equipe que a acolhe tanto no pré-natal quanto no pós-natal (SILVA et al., 2017). Ao final de revisão elaborada por Silva et al., (2017) os autores elencaram como os principais fatores que influenciam no desmame precoce: acreditar que possuí leite fraco ou insuficiente; trauma mamilar; voltar ao trabalho ou estudos; interferências externas sejam elas por conta de algum profissional da área da saúde ou familiar; depressão pós-parto; questões socioeconômicas; etnia e baixo peso da criança. 3.3. Primigestas e aleitamento materno A gestação suscita na primigesta sentimentos antagônicos, inexperiência e ansiedade que podem interferir no desafio de nutrir o bebê por meio do aleitamento materno exclusivo. O cuidado materno é um exercício difícil e conflitivo, representando a busca pela maturidade no ser mãe pela primeira vez, confrontando a com a insegurança, o despreparo e as preocupações maternas primárias com a amamentação (TEIXEIRA et al., 2014). Tais sentimentos antagônicos, aliados a outros fatores como o pouco apoio familiar e o conhecimento sobre AME, apontam as mães primíparas com maiores dificuldades e consequentemente com maior disposição ao desmame precoce. 18 Corrobora com este cenário, o estudo realizado por Albuquerque e Santos (2018), envolvendo 27 primigestas, o qual apontou que o total de desmame precoce foi de 63%. Nesse contexto, o Quadro 2 elencou fatores relacionados ao AM especificamente junto às primigestas e descreveu as dificuldades relatadas pela literatura. Quadro 2 : Fatores que influenciam a prática do aleitamento materno junto as primigestas BENEFÍCIOS PARA A MÃE BENEFÍCIOS PARA O BEBÊ DIFICULDADES FONTES Importância ao aumentar a relação mãe-filho Desenvolvimento e crescimento do bebê Encerramento do seguro maternidade Albuquerque e Santos (2018); Postigo et al., (2017) Teixeira et. al., (2014) Silva et al., (2018) Dias (2014) Costa, Ramos e Figueiredo (2018) Nutrição alimentar (preocupação com retorno do peso) Nutrição alimentar Fissuras mamárias Mais saúde (prevenção de doenças) Melhora na imunidade Mama engurgitada Prevenção de doenças Mamilos rachados Mastite Pouca produção de leite Dor Bebê agitado e pega incorreta Leite ser fraco e produção insuficiente Albuquerque e Santos (2018), descrevem que um dos motivos mais indicados (11%) foi por acabar o seguro maternidade. Outras razões como pega errada, bico introvertido, rachaduras do bico do peito, demora da descida do leite, influências familiares, foram as maiores queixas relatadas ao iniciar a amamentação ou causa do desmame. Apesar de muitos estudos indicarem o desmame precoce entre primíparas por conta do pouco conhecimento, estudo realizado por Postigo et. al., (2017), mostrou que o interesse das primíparas em amamentar objetivava a prevenção de doenças, demonstrando, mesmo que indiretamente, o conhecimento acerca dos valores imunológicos do leite materno. Ainda nesta pesquisa, foram apontados os seguintes benefícios conhecidos pelas primíparas sobre a importância da prática da amamentação para elas e os filhos: importância ao aumentar a relação mãe-filho (50,0%) e desenvolvimento e crescimento do bebê (36,0%). Contudo, aindasão listados outros benefícios para mães, como a nutrição alimentar (5,5%), mais saúde 19 (5,5%), uma vez que elas precisam ter cuidado com uma dieta saudável que contribuirá para o retorno à forma física original de maneira mais rápida. No entanto, 33,5% desconhecem algum benefício oriundo da prática da amamentação para ambos. Para os bebês, relataram também outros benefícios, a saber: nutrição alimentar (16%), melhora na imunidade (8%), prevenção de doenças (32%) e mais saúde (8%), (POSTIGO et al., 2017). A pesquisa também levantou as dificuldades apresentadas pelas primíparas no período da amamentação, fato este que pode tê-las conduzido à interrupção da amamentação por algum tempo. As primíparas entrevistadas, por Teixeira et. al., (2014), também relataram surgimento de fissuras, mamas ingurgitadas e túrgidas. Conforme os autores, trinta por cento de mães que amamentam têm dificuldades relacionadas à presença de fissuras no mamilo, dor nas mamas, cansaço, devido à exigência de contato prolongado com o bebê no seio e problemas com a produção de leite. Silva et al., (2018) em estudo que acompanhou 100 prímiparas apontou como sendo a maior dificuldade encontrada a posição correta para se colocar o bebê no peito seguida de problemas nas mamas, bebê agitado e pega incorreta. O mesmo estudo demonstrou também que ainda há uma parcela significativa das primíparas que possuem algum tipo de mito ou crença sobre a amamentação com relação ao leite ser considerado fraco e a sua produção não ser suficiente para amamentar a criança. Postigo et al., (2017), relataram que os dados apresentados demonstram diversas dificuldades, como dor (46,7%), fissuras mamárias (13,3%), mama empedrada (13,3%), mamilos rachados (6,7%), mastite (6,7%) e pouca produção de leite (13,3%). Diminui-se, pelas dificuldades apresentadas pelas mães, a incidência de amamentação. Entre elas, citam-se as fissuras da mama que ocorrem com o tempo da amamentação ineficaz e a mastite puerperal, que é um processo inflamatório que deixa as mamas endurecidas (SILVA et al, 2018). Dias (2014) ressalta que os conhecimentos corretos sobre aspectos relevantes do aleitamento materno contribuem significativamente para o sucesso desse processo, porém esse fato isoladamente não determinará que a prática da amamentação seja realizada com plena eficácia. Para a autora, muitas vezes, os serviços e os profissionais de saúde enfatizam o aspecto biológico da amamentação, 20 em detrimento de questões singulares da mulher, que podem incluir tanto emoções positivas quanto negativas em relação ao ato de amamentar. O perfil sócio demográfico permite constatar que a média das mães primíparas são jovens e isso, de certo modo, corrobora com a presença das dificuldades sofridas, uma vez que a falta de preparo, decorrente da inexperiência materna e jovialidade, influi no reconhecimento de dificuldades no processo de aleitamento materno e riscos em potenciais (POSTIGO et al., 2017). Para Silva (2018), a falta de informações e de segurança da mãe adolescente quanto às vantagens do leite materno para ela e seu filho e as desvantagens do uso de chupeta, mamadeira, água e chás no intervalo das mamadas contribuem para o desmame precoce, diminuindo assim, a prealência do AME nos seis primeiros meses de vida. Em sua pesquisa Dias (2014), ressalta que pode verificar que, apesar da realização da consulta de pré-natal existe uma carência de orientações sobre aleitamento materno, e que o período em que estão internadas no hospital é muito curto e há muitas informações sendo passada ao mesmo tempo. Um contexto reafirmado pela pesquisa de Albuquerque e Santos (2018), a qual mostrou que a maioria das mulheres entrevistadas não recebeu orientações básicas como palestras 74%, visitas domiciliares de agentes de saúde 85%, além de que 37% tiveram dificuldades em iniciar a amamentação e mesmo assim somente 40% procurou ajuda em alguma unidade de saúde e avaliaram o atendimento vindo da equipe multidisciplinar como, péssimo 25%, regular 25%, bom 50%. As outras 60% preferiram procurar ajuda em casa com família e amigos. Para a continuidade do AME junto as primigestas é fundamental o apoio da família, especialmente das avós, que embora possam carregar alguns mitos, quando informadas corretamente, são grande influência para a primigesta. Nesse sentido, é urgente a necessidade de equipes de saúde reconhecer a íntima relação entre mãe e filha e utilizar da imponência de avós como auxílio na manutenção do processo de amamentação (TEIXEIRA et al, 2014). Nesse contexto chama-se atenção para o papel da assistência de enfemagem junto as primigestas, pois, conforme reforçam Costa, Ramos e Figueiredo (2018), o enfermeiro é o profissional capacitado para perceber a fragilidade emocial que a puérpera está apresentando, podendo assim prepara-la para amamentar não só em caráter técnico, mas emocional também. 21 Assim, a orientação recebida pelas primigestas deve considerar fatores como sua condição socioecônomica e os fatores culturais como crenças e mitos. Deve também comtemplar todo o período gestacional e o pós-parto, período decisivo para o sucesso do aleitamento materno exclusivo. 4 CONCLUSÃO Diante das diversas pesquisas analisadas, podemos concluir que este estudo permitiu evidenciar as principais dificuldades apresentadas pelas primigestas ou primíparas com relação à amamentação exclusiva até o sexto mês de vida do lactente. Dentre estas dificuldades ficam evidentes algumas diferenças quando consideramos especificamente mães primigestas. Quando as pesquisas envolvem as mães, independentemente da quantidade de gestações, ficam mais evidentes como principais dificuldades os fatores socioeconômicos e culturais como o retorno ao trabalho, a escolaridade da mãe, a renda familiar e o mito do leite fraco. Já entre as mães primigestas são mais destacadas as dificuldades relacionadas aos fatores físicos da amamentação como as intercorrências com as mamas (dor, fissuras mamárias, mama empedrada) e o trato com o bebê (pega incorreta). Evidenciando-se assim que os problemas de amamentação das primigestas são, em sua maioria, decorrentes da pouca experiência e da orientação deficiente. Vale salientar contudo, que as pesquisas mostraram que as primigestas, em sua maioria, receberam orientações sobre aleitamento materno durante o pré-natal. Cabendo assim uma maior reflexão quanto à qualidade das informações recebidas no pré-natal, bem como do acompanhamento destas primigestas no pós-parto imediato e durante o puerpério. Por fim, ainda são poucos os estudos que buscam investigar as dificuldades específicas de mãe primigestas em relação ao AME e que este é um tema que deve ser mais abordado visto que, como demonstrado nos estudos analisados, estas mães apresentam um número maior de dificuldades, uma vez que se somam aos fatores socioeconômicos e culturais os fatores emocionais e a inexperiência. 22 REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Isabela Alves; SANTOS, Walquíria Lene dos. Análise da orientação recebida pela primigesta na atenção básica sobre amamentação. Rev Inic Cient Ext. 2018 Dez; 1(Esp): 143-7. Disponível em: <http://revistasfacesa.senaaires.com.br/index.php/iniciacao-cientifica/article/view/64> Acesso em: 21 de março de 2019. ALENCAR, Ana Paula Agostinho. 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