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Universidade Federal da Paraíba Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia de Alimentos FENÔMENOS DE TRANSPORTE I Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho Engenheiro Mecânico – UFPB Doutor em Engenharia Mecânica – USP Notas de aula do curso de: 2021 FENÔMENOS DE TRANSPORTE I Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho Engenheiro Mecânico – UFPB Doutor em Engenharia Mecânica – USP Notas de aula do curso de: Aulas 17 e 18 Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho ❑ Estática dos Fluidos o Pressão em um ponto qualquer em um fluido estático o Definição de pressão média o Definição de pressão absoluta, manométrica e de vácuo o Definição de um fluido estático o Campo de Tensão (notação de tensão normal e de cisalhamento) o Pressão em um ponto o Equilíbrio de um elemento de fluido Conteúdo Programático das Aulas 17 e 18 Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • A pressão (p) em um ponto (m) qualquer é definida como o limite da relação entre a força normal exercida por um fluido e a área quando fazemos a área tender a zero no entorno do ponto. dA dF A F limp nn 0A = = → • Logo, só falamos de pressão quando lidamos com um gás ou um líquido. Pressão em um Ponto Qualquer • O equivalente da pressão nos sólidos é a tensão normal. m ndF dA • Então a pressão num ponto será a força normal dFn que age num infinitésimo de área dA. Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Se Fn representa a força normal que age numa superfície de área A, onde a pressão é uniforme, sobre toda a área, então a pressão média será Superfície de área A nF • Em resumo, a pressão média é a força de compressão exercida por um fluido sobre uma superfície de área A. A F p n= Pressão Média Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Sendo a pressão expressa pela relação p = F/A, suas unidades serão expressas pela razão entre as unidades de força e as unidades de área, nos sistemas conhecidos. Sistema\Grandeza Área (A) Força (F) Pressão (p=F/A) Métrico Absoluto (SI) m2 N N/m2 (Pa) Métrico Absoluto (CGS) cm2 dina dina/cm2 Inglês Absoluto pe2 poundal poundal/pé2 Métrico Técnico m2 kgf kgf/m2 Inglês Técnico pe2 lbf lbf/pe2 Pressão Média Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • A unidade SI é também conhecida pelo nome pascal, abreviando-se Pa. • Outras unidades muito utilizadas na prática (particularmente na Europa): → 1 bar = 105 Pa = 0,1 MPa = 100 kPa; → 1 atm = 101.325 Pa = 101,325 kPa = 1,01325 bar → 1 kgf/cm2 = 9,807 N/cm2 = 9,807 x 104 N/m2 (Pa) = 0,9807 bar = 0,9679 atm. • Observação: As unidades atm e o mmHg surgiram das experiências realizadas por Torricelli (físico italiano) para medir a pressão atmosférica. • No sistema inglês temos: → 1 lbf/pol² (libra força por polegada quadrada) ou 1 psi (pound-force per square inch) 1 N/m2 = 1 Pa Pressão Média Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Pressão absoluta → Logo, a escala de pressão absoluta é aquela que adota como referência a pressão do vácuo absoluto (pv = 0). → A pressão absoluta é a pressão real em determinada posição e é medida com relação ao vácuo absoluto (ou seja, pressão absoluta zero). → Nas relações e tabelas termodinâmicas, quase sempre é utilizada a pressão absoluta. Observação: Neste curso, a pressão p indicará a pressão absoluta, a menos que seja especificado o contrário. Definição de Pressão Absoluta e Manométrica Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Pressão manométrica → A pressão manométrica, efetiva ou relativa é a parcela de pressão acima da pressão atmosférica. → Logo, a escala de pressão manométrica é aquela que adota como referência a pressão atmosférica local (patm = 0). → A maioria dos dispositivos de medição da pressão é calibrada para ler o zero na pressão atmosférica local. → A pressão manométrica indica a diferença entre a pressão absoluta e a pressão atmosférica local. atmabsman ppp −= Manômetros analógicos.Fonte: Çengel & Cimbala (2015). Definição de Pressão Absoluta e Manométrica Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho Esquema de Pressão Absoluta, Pressão Manométrica e de Vácuo Vácuo absoluto Pressão atmosférica O manômetro mede este valor (a partir da pressão atmosférica) O vacuômetro mede este valor (a partir da pressão atmosférica) O barômetro mede este valor Manômetros e vacuômetros medem as pressões efetivas (para eles, a pressão atmosférica é igual a zero) absatmvác ppp −= Pressão atmosférica = 1 atm = 760 mmHg = 10,3 m (H2O) Definição de Pressão Absoluta e Manométrica Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho Observação: Para conhecer a pressão absoluta em dado local, deverá somar a pressão efetiva ou relativa, medida, por exemplo, por meio de um manômetro, com a pressão atmosférica local, medida por meio de um barômetro. atmmanabs ppp += Manômetro analógico. Barômetro digital. Fonte: Frank M. White (2011). Definição de Pressão Absoluta e Manométrica Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho Fonte: Frank M. White (2011). Ilustração das leituras de pressão absoluta, manométrica e vacuométrica. Definição de Pressão Absoluta e Manométrica Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Todos os elementos do fluido considerado estão em repouso ou se movem à velocidade constante relativamente a um sistema de referência. • No fluido considerado é necessário que exista um equilíbrio entre as forças que agem sobre o elemento do fluido. • Casos especiais de fluidos em movimento, como corpos rígidos, são incluídos no tratamento da estática devido à semelhança de forças envolvidas, mas não serão abordados no nosso curso. Definição de um Fluido Estático Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Entre as forças que agem sobre o elemento do fluido Destacam-se as forças de superfície (ou de contato) e forças de campo (ou de ação a distância) ➢ Forças tangenciais (responsáveis pela tensão de cisalhamento) não são consideradas no estudo da estática dos fluidos e a ação deste tipo de força colocaria o fluido em movimento; ➢ Forças normais responsáveis pela tensão normal, tensão de pressão ou simplesmente pressão. • Forças de superfície Definição de um Fluido Estático Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Desta forma, em todos os sistemas estudados pela estática dos fluidos, agirão somente forças normais responsáveis pela pressão e a força peso devido a gravidade local. • Forças de campo ➢ Força decorrente da gravidade que na maioria dos problemas de engenharia deve ser considerada (peso); ➢ Forças decorrentes de campos elétricos ou magnéticos, em algumas situações, podem estar presentes; elas não serão consideradas neste texto. Definição de um Fluido Estático Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho Campo de Tensão (notação de tensão normal e de cisalhamento) Fonte: adaptado de Fox; McDonald & Pritchard (2014). o Na mecânica dos fluidos, a componente normal da tensão xx , yy e zz e a pressão são relacionadas por zzz yy y xxx p p p −= −= −= o Ou seja, a pressão é a força normal de compressão (sinal negativo) por unidade de área. Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho Fonte: adaptado de Fox; McDonald & Pritchard (2014). pequena cunha de fluido no plano xz, onde xx = px e zz = pz Campo de Tensão (notação de tensão normal e de cisalhamento) Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho (para cima) Peso do elemento Largura b normal ao papel • Considerar o equilíbrio de uma pequena cunha de fluido em repouso e mostrar que px = pz = pn = p Fonte: Frank M. White (2011). = 0Fx = 0Fz o Condições de equilíbrio: e Pressão em um Ponto Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho ( ) 0bssenpbzp0F nxx =−= ( ) 0bzxg 2 1 bscospbxp0F nzz =−−= • Balanço de forças em um fluido em repouso nx pp = =sensz = cossx Relações geométricas zg 2 1 pp nz += Fonte: Frank M. White (2011). Pressão em um Ponto Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho nx pp = z 2 1 pp nz += Na condição de não haver tensão de cisalhamento, pode-se afirmar que: • Não existe diferença de pressão na direção horizontal. • Existe uma variação da pressão na direção vertical proporcional ao peso da cota do fluido. Fonte: Frank M. White (2011). • Se a cota z tender a zero a cunha torna-se infinitesimal e, portanto, o elemento fluido encolhe até um ponto. pppp nzx === Pressão em um Ponto Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Portanto, a pressão em um ponto de um fluido em repouso é a mesma em qualquer direção. Como seu valor independe da direção, é, por conseguinte, uma grandeza escalar. ( )z,y,xpp = Como as pressões independem do ângulo , pode-se afirmar que a pressão em um fluido estático independe da direção (Lei de Pascal). pppp nzx === Fonte: Çengel & Cimbala (2015). Pressão em um Ponto Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Anteriormente, demonstramos que a pressão em um ponto de um fluido em repouso é a mesma em qualquer direção. Como seu valor independe da direção, é, por conseguinte, uma grandeza escalar, ou seja, Fonte: Çengel & Cimbala (2015). Pressão em um Ponto ppppppp 654321 ====== As forças de pressão sobre um elemento de fluido estático. Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Iniciaremos a análise por meio da aplicação da segunda lei de Newton a um elemento de fluido diferencial de massa , com lados dx, dy e dz, conforme mostrado na Figura. • O objetivo principal desta dedução é obter uma equação para calcular o campo de pressão em fluido estático. • Conforme deduzimos anteriormente, sabemos que não existe diferença de pressão na direção horizontal e que existe uma variação da pressão na direção vertical (direção do vetor gravidade local) proporcional ao peso da cota do fluido. = ddm • O elemento de fluido está em repouso em relação ao sistema inercial de coordenadas retangulares. Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • De discussões anteriores, vamos relembrar os dois tipos genéricos de forças que podem ser aplicados a um fluido: forças de superfície (ou de contato) e forças de campo (ou de ação a distância). ➢ Com relação as forças de superfície, em um fluido estático, nenhuma força tangencial (responsável pela tensão de cisalhamento) pode estar presente, pois a ação deste tipo de força colocaria o fluido em movimento; então a única força de superfície é a força normal ou de pressão (responsável pela tensão normal, tensão de pressão ou simplesmente pressão). ➢ Com relação as forças de campo, a única força considerada na maioria dos problemas de engenharia é a força decorrente da gravidade (força peso). Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Desta forma, em todos os sistemas estudados pela estática dos fluidos, agirão somente forças normais responsáveis pela pressão e a força peso devido a gravidade local. • Portanto, ao aplicar a segunda lei de Newton , a um elemento de fluido estático diferencial onde nenhuma tensão de cisalhamento pode estar presente, consideramos amFdFdFdFd viscgravpressão =++= amF = 0ae0Fd visc == 00 • Temos assim Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Mostramos anteriormente que a pressão é um campo escalar, p = p (x, y, z); de modo geral, esperamos que a pressão varie com a posição do elemento de fluido. • Logo, a força de pressão líquida ou resultante agindo sobre o elemento que resulta dessa variação pode ser avaliada pela soma de todas as forças de pressão que atuam nas seis faces do elemento de fluido diferencial, ou seja, ( ) ( ) ( )kdFjdFidFFd zpressãoypressãoxpressãopressão ++= Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho ...dx x!3 p dx x!2 p dx x p pp 3 3 3 2 2 2 + + + += Fonte: Frank M. White (2011). • Para ver isso, considerar a força de pressão agindo sobre as duas faces x, onde a pressão é determinada em uma das faces x do elemento diferencial por meio de uma expansão em séries de Taylor da pressão em torno da outra face x do elemento de fluido diferencial. o Observação: Considerar a série de Taylor truncada no 2º termo: Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Na direção x, tem-se ( ) dzdydx x p dzdydx x p pdzdypdF xpressão −= +−= • A análise na direção y e na direção z é similar, consequentemente • Portanto ( ) ( ) ( ) ++= kdFjdFidFFd zpressãoypressãoxpressãopressão −=−= − − −= dpdzdydxpdzdydxk z p j y p i x p Fd pressão ( ) dzdydx y p dF ypressão −= ( ) dzdydx z p dF zpressão −= Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Fisicamente, o gradiente de pressão é o negativo da força de superfície por unidade de volume devido à pressão, ou seja, • Consideremos também uma força de campo agindo sobre toda a massa do elemento de fluido diferencial (força da gravidade ou o peso do elemento), ou seja, g d Fd dgdzdydxgFd grav grav = == • Notemos que o nível de pressão não é importante na avaliação da força de pressão líquida; em vez disso, o que importa é a taxa de variação da pressão com a distância, o gradiente de pressão. p d Fd pressão −= Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho • Portanto, combinamos as formulações desenvolvidas para as forças de superfície e de campo, por unidade de volume, de modo a obter a força total atuando sobre um elemento de fluido diferencial em repouso 0fff gravpressão =+= = + = 0 d Fd d Fd d Fd gravpressão gravf Onde: = força da gravidade por unidade de volume do elemento; = d Fd f grav grav Onde: = força de pressão líquida por unidade de volume do elemento; pressãof = d Fd f pressão pressão 0gp =+− Equilíbrio de um Elemento de Fluido Notas de Aula: Prof. Geraldo Dantas Silvestre Filho − Logo, a equação de equilíbrio de um elemento de fluido diferencial se reduz a 0fff gravpressão =+= gp = Observação: Essa é uma distribuição hidrostática e é correta para todos os fluidos em repouso, independentemente de sua viscosidade, porque o termo viscoso desaparece. 0gp =+− Equilíbrio de um Elemento de Fluido
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