Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
PEÇA PRÁTICO-PROFISSIONAL: Ana Angélica da Silva, idosa (82 anos) e moradora de Águas Lindas-GO e, ao tentar obter crédito no comércio local para compras natalinas, teve a surpresa de constatar que o Colégio Delta LTDA havia negativado seu nome no rol de maus pagadores do SERASA e SPC por inadimplência, recebendo naquele momento o comprovante de negativação do gerente. Ante a negativação, o crédito foi negado o que lhe trouxe acentuada frustração até porque nunca teve qualquer relação comercial com aquela instituição. Ao retornar para sua casa, Ana Angélica da Silva ligou no colégio para reclamar e afirmar que nunca teve qualquer relação comercial com eles. A diretora da tesouraria reconheceu o erro e já naquele momento estava fazendo a comunicação de retirada – o que fora feito – e que ela poderia tranquilamente realizar suas compras natalinas, não havendo portanto qualquer prejuízo material a esta. Muito chateada com o ocorrido, Ana Angélica da Silva foi chorar suas pitangas com seu amigo-vizinho Ailson Souza (estudante de direito) e descobriu que era possível ser ressarcida pelo constrangimento que havia passado já que seu nome fora negativado indevidamente mesmo tendo a empresa retirado imediatamente após a comunicação. Assim, Ana Angélica da Silva procurou você em seu escritório para ajuizar a medida jurídica cabível, pretendendo receber dez mil reais pelo que passou. Observa-se que Ana Angélica da Silva vive com sua parca aposentadoria que corresponde a um salário-mínimo mensal. AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA __ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE ÁGUAS LINDAS / GO ANA ANGÉLICA DA SILVA, nacionalidade, estado civil, profissão, CPF de nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX, com endereço eletrônico ________________ _____________ e com residência civil em ______________________ na cidade de Águas Lindas - GO, CEP XXXXX-XXX, por meio de seu advogado que abaixo subscreve, com endereço profissional em _______________________ na cidade de __________ - UF, CEP XXXXX-XXX, onde recebe intimações, vem mui respeitosamente propor AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS em face de COLÉGIO DELTA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, com CNPJ nº XX.XXX.XXX/XXXX-XX e Sede localizada em _________________________ na cidade de _____________ - UF, CEP XXXXX-XXX, representada por seu (Diretor, Sócio...), conforme contrato social em anexo (ANEXO I), nacionalidade, estado civil, profissão, CPF de nº XXX.XXX.XXX-XX, RG nº X.XXX.XXX, com endereço eletrônico ________________________ e com residência civil em ______________________ na cidade de _____________ - UF, CEP XXXXX-XXX. 1. PRELIMINARMENTE A autora é idosa, conforme a lei, e goza do benefício de tramitação célere, conforme o que aduz o art. 71 da Lei 10.741 de 2003, e o art. 1.048 da Lei 13.105 de 2015, e por isso pede preferência. Somando a isso a autora é pobre no sentido legal do termo, conforme consta em declaração de hipossuficiência juntada aos autos (ANEXO II), pois não tem condições de arcar com custas processuais sem prejuízo ao próprio sustento e sustento de sua família, e com fulcro nos arts. 98 e 99 da Lei 13.105/2015 pede que seja concedido o benefício. 2. DOS FATOS A autora, idosa (82 anos), ao tentar obter crédito no comércio local para compras natalinas, teve a surpresa de constatar que a ré havia negativado seu nome no rol de maus pagadores do SERASA e SPC por inadimplência, recebendo naquele momento o comprovante de negativação do gerente. Ante a negativação, o crédito foi negado, o que lhe trouxe acentuada frustração, até porque nunca teve qualquer relação comercial com aquela instituição. Ao retornar para sua casa, a autora ligou para o colégio para reclamar e afirmar que nunca teve qualquer relação comercial com eles. A diretora da tesouraria reconheceu o erro e já naquele momento estava fazendo a comunicação de retirada, o que foi feito. 3. DO DIREITO A autora nada mais deseja além do seu direito de ser ressarcida por sofrer tal constrangimento, já que é sabido que ter o nome inscrito em cadastro de inadimplentes gera presunção de não comprometimento, ou seja, a pessoa que passa a fazer parte desse banco de dados é mal vista pelos comerciantes e demais pessoas jurídicas que ali fazem consultas, por ser pessoa que aparentemente não consegue, por algum motivo, honrar os compromissos que faz. O pedido de indenização traz equilíbrio para que a ré entenda a dor causada. A súmula 385 do STJ, por interpretação analógica estabelece que, caso não preexista inscrição em cadastro de inadimplentes, a inscrição indevida deverá sim ser reparada por dano moral, senão vejamos: “SÚMULA N. 385 Da anotação irregular em cadastro de proteção ao crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.” Porém, a fim de convencer este Emérito Juízo, segue julgado recente do Superior Tribunal de Justiça que define, a fim de pacificar tal discussão, que cabe indenização por danos morais quando há inscrição indevida em cadastro de inadimplentes, não necessitando ainda, que o ônus de prova recaia sobre o autor visto que a prova decorre da ilicitude do fato: “Ementa AGRAVO INTERNO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INSCRIÇÃO INDEVIDA EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANOS MORAIS. PROVA. VALOR RAZOÁVEL. 1. A jurisprudência pacífica deste Superior Tribunal de Justiça entende que o dano moral, oriundo de inscrição ou manutenção indevida em cadastro de inadimplentes, prescinde de prova, configurando-se in re ipsa, visto que é presumido e decorre da própria ilicitude do fato.” (Processo AgInt no AREsp 898540 / SP, AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL, 2016/0089927-1) Tendo o exposto, a autora entende devido o que se pede. 4. DOS PEDIDOS Em vista de tudo que foi aludido requer-se: a) gratuidade de justiça, com fulcro nos art.s 98 e 99 do CPC de 2015; b) tramitação preferencial deste processo, com base no art. 71 da Lei 10.741 de 2003 e no art. 1.048, inciso I do CPC de 2015; c) que seja concedida a indenização por danos morais no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), com os devidos juros e correção monetária pelo constrangimento causado, valor não exorbitante, segundo o entendimento do STJ no julgado mencionado nos autos (AgInt no AREsp 898540 / SP); d) que seja a ré citada para, querendo, oferecer sua defesa; e) que seja a ré condenada a pagar os honorários sucumbenciais no percentual de 20%, com fulcro no art. 85, §2º da Lei 13.105 de 2015; f) que, se necessário, seja permitido provar o alegado por todos os meios de prova em direito, em especial a prova documental. Dá-se à causa o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais), segundo o art. 292, inciso V do CPC de 2015. Nestes termos, pede deferimento. ____________________________ Advogado OAB UFXXXXXX Cidade-UF, Dia, Mês e Ano
Compartilhar