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etica oab - estacio

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autor 
ALFREDO RODRIGUES JUNIOR
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2018
ÉTICA GERAL E 
PROFISSIONAL
Conselho editorial roberto paes e gisele lima 
Autor do original alfredo rodrigues junior
Projeto editorial roberto paes
Coordenação de produção gisele lima, paula r. de a. machado e aline karina 
rabello
Projeto gráfico paulo vitor bastos
Diagramação bfs media
Revisão linguística bfs media
Revisão de conteúdo andrei brettas grunwald
Imagem de capa victor grow | shutterstock.com
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida 
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em 
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2018.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip)
R696e Rodrigues Junior, Alfredo
 Ética geral e profissional / Alfredo Rodrigues Junior.
 Rio de Janeiro : SESES, 2018.
 96 p: il.
 isbn: 978-85-5548-534-3.
 1. Advogado. 2. Ética. 3. Estatuto. 4. História. I. SESES. II. Estácio.
cdd 174.3
Diretoria de Ensino — Fábrica de Conhecimento
Rua do Bispo, 83, bloco F, Campus João Uchôa
Rio Comprido — Rio de Janeiro — rj — cep 20261-063
Sumário
Prefácio 5
1. Advocacia brasileira 7
Origem 8
História 9
Inscrição aos quadros da OAB 12
Licença e cancelamento da inscrição 17
Cancelamento 17
Inscrição principal, suplementar e por transferência 18
Inscrição principal 18
Estrangeiro ou brasileiro com bacharelado no exterior, advogado 
estrangeiro e advogado português 20
Estrangeiro ou brasileiro com bacharelado no exterior 20
Inscrição de estagiário 23
Características essenciais da advocacia: indispensabilidade, inviolabilidade. 
Função social e independência 23
Indispensabilidade 23
2. Sociedade de advogados; nulidade dos atos 
da advocacia praticados ilegalmente, publicidade 
na advocacia 35
Constituição da sociedade de advogados 37
Registro, atividade e denominação da sociedade de advogados 38
Nulidade dos atos da advocacia praticados ilegalmente 41
Publicidade na advocacia 43
3. Honorários advocatícios; renúncia, revogação e 
substabelecimento 47
Honorários convencionados 49
Pacto quota litis 51
Honorários arbitrados judicialmente 53
Honorários de sucumbência 53
Cobrança dos honorários advocatícios 56
Prescrição dos honorários advocatícios 56
Renúncia, revogação e substabelecimento 57
4. Incompatibilidade e impedimento, infrações e 
sanções ético-disciplinares, sanções penais 
próprias de advogados e lide temerária 61
Considerações iniciais 62
Incompatibilidade 63
Infrações e sanções ético-disciplinares 73
Considerações iniciais 73
Publicidade das sanções disciplinares 75
Reabilitação 76
Prescrição 76
Processo mnemônico 77
Sanções penais próprias de advogados e lide temerária 77
5. Processo disciplinar; fins e organização 
da OAB 81
Considerações iniciais 82
Liturgia processual 84
Fins e organização da OAB 87
Conceito e natureza jurídica da OAB 87
5
Prefácio
Prezados(as) alunos(as),
Alinhado à necessidade de se conhecer a Entidade representativa da advo-
cacia, o aluno de Direito vai se deparar com uma leitura acessível e de escassa 
formalidade. Essa linguagem dialógica permitiu um texto direto e bem objetivo 
às principais nuances da disciplina de ética geral e profissional. Na medida em 
que vai aprofundando a leitura o aluno observará que o conteúdo dessa matéria 
não apresenta significativa quantidade de divergências doutrinárias, ao contrário 
disso, um diálogo interpretativo direto, com os textos legais pertinentes, fato que 
sensivelmente facilita seu entendimento. As divergências, quando foi necessário 
enaltecê-las, foram trazidas com o referido linguajar dinâmico e atraente.
As temáticas, que foram divididas em cinco capítulos, seguem, em elevada 
proporção, a ordem topográfica do Estatuto da OAB, facilitando mais ainda a 
compreensão da matéria. Em alguns momentos, por exemplo, optou-se por um 
processo mnemônico acompanhado de uma espécie de fluxograma da topografia 
das infrações disciplinares para uma mais fácil depreensão. 
O aluno terá a capacidade de ordenar informações da leitura deste livro que 
lhe possa obter conhecimentos imprescindíveis ao exercício da advocacia, aos seus 
deveres como profissional do Direito e, sobretudo, como se comportar perante 
todos os segmentos da sociedade, para tanto, em seu estudo ele perpassará sobre 
a história da advocacia, suas normas específicas para atividade, bem como seus 
deveres e prerrogativas. Vai ter a oportunidade de conhecer seus direitos de amea-
lhar honorários, de poder se unir em sociedade de advogados, além de conhecer a 
estrutura organizacional de sua Entidade.
A título exemplificativo, o leitor vai descobrir, em matéria de infrações dis-
ciplinares, que o fato de se tornar advogado(a) já traz um ônus significante à sua 
conduta diária, uma vez que não há necessidade de se estar no exercício profissio-
nal para ser avaliado no seu dia a dia, em outras palavras, a qualidade de advoga-
do(a) já traz a reboque responsabilidades perante a sociedade.
Bons estudos!
Advocacia brasileira
1
capítulo 1 • 8
Advocacia brasileira
Da atividade advocatícia: origem, história, legislação, inscrição aos qua-
dros da OAB e características.
Neste capítulo o aluno vai se deparar com um resumo histórico da advocacia 
no mundo e, notadamente, no Brasil. Perceberá a influência da advocacia na vida 
civil e política do país e reconhecerá que o advogado é a única profissão liberal de 
natureza privada que possui tratamento expresso na Constituição Federal.
Vai conhecer as principais normatizações que contemplam a atividade advo-
catícia e quais são os requisitos legais a serem cumpridos para se chegar ao status 
de advogado.
Você também começará a enxergar que o fato de ser advogado por si só já car-
rega uma grande responsabilidade social, ainda que não tenha realizado nenhum 
ato privativo da advocacia, imagina quando se realiza, então? São reflexões que já 
sinalizam que além da necessidade de acúmulo de conhecimentos, para ser advo-
gado também tem de levar consigo um bom bocado de ética.
Irá conhecer as formas de acesso ao exercício da advocacia, entendendo que há 
limites para um exercício legal e as responsabilidades que carrega o advogado, nas 
mais simples e modestas causas que assim possam ser consideradas.
OBJETIVOS
• Aquilatar a importância da ética na atividade advocatícia;
• Conhecer as principais normas que regem o assunto;
• Diagnosticar os direitos e deveres do advogado.
Origem
Como defesa de interesses individuais e coletivos, a advocacia remonta à época 
anterior ao calendário cristão, perpassando pelo Código de Manu e pelo Antigo 
Testamento, há quem sustenta ser a Grécia antiga a sua origem.
No entanto, conforme preconiza Paulo Lobo [2009, pags. 3 e 4], os traços 
evolutivos são encontrados no mundo romano, com as profissões de patronos 
capítulo 1 • 9
(representantes das partes) e dos jurisconsultos (pessoas de opiniões jurídicas de 
respeitada qualidade moral e científica).
No Brasil, naturalmente a influência de Portugal foi uma consequência lógi-
ca. Seus reflexos remetem às Ordenações Filipinas A exigência destas Ordenações 
era a necessidade do período de oito anos de estudo cursados na Universidade de 
Coimbra em Direito Canônico, Civil ou em ambos.
Portanto, durante o período colonial, aqui no Brasil observavam-se os traba-
lhos dos rábulas, pessoas que aprendiam e exerciam o ofício da advocacia, ainda 
que não formados. 
História
Especificamente no Brasil, considerando a influência portuguesa, o período 
imperial foi o início da construção da profissãode advogado. No século XIX dois 
marcos históricos contribuíram de forma concreta para esse acontecimento: a cria-
ção e abertura das Faculdades de Direito de São Paulo e de Olinda (1827) e a 
fundação do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB – 1843).
Quanto à criação dos cursos jurídicos, devemos identificar que foi um proces-
so lógico resultante da cultura brasileira nascida da independência de nosso país, 
que influenciou diretamente nossa vida política e social. Num primeiro momento 
debatido na Assembleia Constituinte de 1823, que foi dissolvida com a outorga da 
Constituição de 1824, no entanto retomada em 1826 e culminando com a edição 
da lei de 11 de agosto, criando, assim, os nossos dois primeiros cursos jurídicos.
Por essa razão perceba que o dia 11 de agosto é a data em que se comemora o 
“dia do advogado”. Tradicionalmente no início do século XX, o dia do advogado 
também era comemorado pelos estudantes de Direito, isso porque os comercian-
tes homenageavam esses acadêmicos deixando-os comer de graça, fenômeno que 
ficou conhecido como “dia da pendura”.
Quanto ao outro marco histórico do século XIX, referido acima, basta fazer-
mos uma reflexão de que a existência de uma instituição que formaria advogados 
está consequentemente ligada ao desejo da criação de outra instituição que desse 
suporte a esses profissionais, seja acolhendo, seja orientando ou prestando qual-
quer serviço dessa envergadura.
Dessa forma, em pouco mais de dez anos da existência das Faculdades de 
Direito, notadamente no ano de 1843, foi criado o Instituto dos Advogados 
capítulo 1 • 10
Brasileiros formando uma identidade político-social inaugurando um período 
pós-independência.
Todo esse processo iniciado no século XIX expandiu-se para o século seguinte 
consolidando com a criação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que por 
intermédio do Decreto 19.408, de 18/11/1938 expressamente em seu artigo 17 
preconizava “criada a Ordem dos Advogados Brasileiros, órgão de disciplina e 
seleção da classe dos advogados”, que no escólio de Geronimo Theml de Macedo 
[2009, p.1] se regeria pelos estatutos que fossem votados pelo Instituto da Ordem 
dos Advogados Brasileiros, com a colaboração dos Institutos dos Estados, e apro-
vados pelo Governo.
A época da criação da OAB (transição da República Velha para a Era Vargas) já 
sinalizava uma atuação dos advogados e juristas na participação ativa das mudan-
ças políticas que nosso país sofreu. Com atribuições em todo território nacional 
consagradas no Referido Decreto de 1938, a OAB tinha uma missão institucional 
de zelar pelas Instituições, assim com pela Ordem Jurídica de nosso país.
A busca pela defesa das liberdades democráticas trouxe marcas positivas 
à Instituição, como a luta contra o autoritarismo do Estado Novo, e contra o 
Regime Militar de 1964, consolidando-se como uma das principais Instituições 
da Sociedade Civil.
O movimento popular em defesa do Estado de Direito no início dos anos 80 
teve na OAB um de seus maiores alicerces na busca das eleições diretas para os 
nossos governantes, tanto que a Ordem foi alvo de muitos atentados perpetrados 
por aqueles contrários à instauração de uma nova ordem democrática no país.
A luta pela abertura política espelhou sua atuação na Assembleia Nacional 
Constituinte que após inúmeras discussões com representações de, praticamente, 
todos os setores da sociedade brasileira, promulgou a Constituição Federal que 
vige até hoje com as suas respectivas emendas.
De uma leitura atenta à Constituição Federal de 1988 não há dúvidas quan-
to à importância da Ordem dos Advogados do Brasil no cenário político-social 
do país. Reconhecidamente autorizada como voz dos cidadãos brasileiros, o 
Conselho Federal da OAB possui legitimidade universal para o ajuizamento de 
Ações Diretas que visam o controle de constitucionalidade de nossa carta magna. 
Associado à Magistratura e o Ministério Público, o advogado é a única profissão 
com expressa referência constitucional 
capítulo 1 • 11
Da legislação da OAB
Importante esclarecer que a legislação é voltada à Instituição OAB como um 
todo e não somente ao advogado no seu magistério privado, isso porque não se 
pode confundir o advogado com o bacharel em Direito. Este consiste naquele es-
tudante que conclui e que cola grau no curso superior de Direito, enquanto aquele 
é o bacharel em direito devidamente inscrito nos quadros da OAB.
Evidentemente que existe uma listagem normativa de direitos e deveres que 
estão direcionados ao advogado, no entanto, a legislação específica contempla 
toda a disciplina que envolve a profissão, organização e tratamento com todos os 
segmentos sejam de natureza pública, sejam de natureza privada, que se comuni-
cam com a advocacia.
Das diversas normas que envolvem a disciplina, uma é revestida de caráter 
formal e de âmbito federal, as outras, embora de cumprimento obrigatório, não 
são revestidas desse caráter formal, mas têm o sentido material do termo e são 
as seguintes:
1. Lei 8906/94, denominada “Estatuto da Advocacia e da OAB”, de caráter 
formal e âmbito federal;
2. Código de Ética e Disciplina de 2015: Editado pelo Conselho Federal, con-
siste numa norma apenas no sentido material, que preserva, do mesmo jeito, a sua 
força cogente, [MACEDO, 2009, p.5], devendo ser respeitada e cumprida por 
todos que exercem a atividade de advocacia;
3. Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB: também apenas 
de sentido material e de competência do Conselho Federal da OAB, Paulo Lobo 
[2009, p. 356] foi preciso em seus comentários:
O Estatuto é uma lei compacta, que procurou tratar apenas das matérias que se en-
cartassem na denominada reserva legal (criação, modificação ou extinção de direitos 
e obrigações). Dessa forma todas as demais foram remetidas ao seu Regulamento 
Geral, mediante delegação de competência legal ao Conselho Federal da OAB.
4. Provimentos: São prescrições emanadas do Conselho Federal com força nor-
mativa que regula assuntos ou matérias específicas previstas no Estatuto da OAB 
não contemplados no Regulamento Geral.
capítulo 1 • 12
Ainda que não delineada como norma pertencente à legislação específi-
ca da Ordem dos Advogados, fique atento para as Conferências Nacionais dos 
Advogados como órgão consultivo, cujas conclusões são vertidas em recomenda-
ções aos respectivos Conselhos, que poderão adotá-las ou as rejeitar, no entanto 
jamais as ignorar.
Inscrição aos quadros da OAB
Observe que foi esclarecida a diferença entre advogado e bacharel em direito, 
portanto fica fácil entender que a pretensão de se tornar advogado está direta-
mente ligada ao êxito de ter o pedido de inscrição deferido junto aos quadros da 
Instituição. 
Dessa maneira, toda pessoa que almeja exercer a profissão de advogado deverá 
junto à Ordem dos Advogados deduzir a referida pretensão, que pode ser tradu-
zida da seguinte maneira: “requerer o deferimento do pedido de inscrição aos 
quadros da OAB”.
A partir do momento em que esse pedido de inscrição seja deferido pela OAB, 
esse requerente passa a gozar do status de “advogado” (bacharel em direito inscrito 
na OAB). Note que como qualquer pedido, aquele que tem a competência de 
apreciar, vai tomar sua decisão se respaldando em critérios pessoais e/ou legais, 
cujos requisitos serão avaliados se foram ou não preenchidos. Com o pedido de 
inscrição aos quadros da OAB não é diferente!
 Os requisitos que são analisados pela OAB, quanto aos seus preenchimentos, 
estão elencados no artigo oitavo do Estatuto (Lei 8906/94). Visando esclarecer 
uma dúvida recorrente sobre o assunto, faça, inicialmente, uma reflexão sobre três, 
dentre todos, requisitos do artigo oitavo, para depois dissecar todos eles.
Os requisitos destacados no momento são: bacharel com diploma ou certidão 
de graduação em direito, aprovação no exame de ordem enão exercer atividade 
incompatível com a advocacia.
O que o leitor tem que entender aqui é que a pretensão se dirige ao “deferi-
mento da inscrição”, portanto, não existe incompatibilidade ao exame de ordem 
e tampouco exigência de ser bacharel em direito para realizar o exame de or-
dem, haja vista, conforme narrado, que todos são requisitos para inscrição e não 
requisitos entre si.
Dessa reflexão, perceba que se tira a seguinte conclusão: É perfeitamente pos-
sível prestar exame de ordem ainda que seja incompatível com o exercício da 
capítulo 1 • 13
advocacia e/ou não tenha concluído a graduação em direito. (a OAB admi-
te essas possibilidades que serão comentadas na ocasião da análise do respecti-
vo requisito).
Vamos à analise, pormenorizada, de cada requisito elencado no artigo oitavo 
do Estatuto, chamando a atenção de que entendemos que as interpretações devem 
ser restritivas pelo fato de se estar lidando com um princípio de natureza consti-
tucional que consiste na Liberdade do Exercício Profissional, que são os seguintes:
1. Capacidade civil: Salvo as hipóteses de incapacidade reguladas pela lei civil, 
presume-se a capacidade civil plena da pessoa que completa 18 anos de idade, pois 
se exige do bacharel em direito a plenitude dessa referida capacidade civil, confor-
me observa Rodrigo de Farias [2010, p. 10]: Comprovada graduação universitária 
em curso jurídico, presume-se, também, na lei civil, sua capacidade civil ainda que 
não conte com 18 anos completos.
2. Diploma ou certidão de graduação em direito: Por não existir mais a de-
nominada “inscrição provisória”, compreensível foi a alternatividade trazida pelo 
Estatuto, quando a certidão de graduação (que só pode ser expedida após a cola-
ção de grau) substitui o diploma. 
É notório que a confecção do diploma de graduação leva um tempo um tan-
to quanto considerável para sua efetivação, por essa razão, essa flexibilização de 
aceitar a certidão de graduação veio facilitar em elevada proporção aqueles no-
vos formandos.
Todo rigor da OAB em analisar a autenticidade desses documentos se explica 
não só com a exigência de que o curso de direito tem que ser reconhecido pelo 
MEC como também da exigência do acompanhamento da cópia autenticada do 
histórico escolar do requerente (Regulamento Geral, art. 23).
3. Regularidade eleitoral e militar: A exigência está enquanto compulsória, ou 
seja, eleitoral para maiores de 18 anos (vimos que excepcionalmente é possível um 
postulante à condição de advogado contar com menos de 18 anos) e militar, para 
os homens [LOBO, 2009, p.88].
Veja que se trata de mais uma exigência do Congresso Nacional trazendo a 
OAB como mais um Órgão de controle das obrigatoriedades cívicas e políticas.
4. Aprovação em exame de ordem: incontestavelmente o requisito com as dis-
cussões mais acaloradas no universo da advocacia. Essa etapa consiste numa aferi-
ção de conhecimentos práticos e jurídicos que o bacharel tem que passar.
Regulado por intermédio de Provimento editado pelo Conselho Federal, 
conforme determinação do Estatuto, sendo competente cada Conselho Seccional 
capítulo 1 • 14
designar banca examinadora para que as questões sejam formuladas. Apesar de 
ser competência de cada Conselho Seccional, acatando sugestão emanada do en-
contro da XVI Conferência Nacional dos Advogados, houve a formulação de um 
convênio entre todos eles, unificando nacionalmente o Exame.
Note que a competência continua a ser de cada Conselho, apenas, por inter-
médio desse convênio, é contratada uma banca examinadora que fica responsável 
por toda logística de cada Exame, inclusive de recolher as questões formuladas de 
cada Seccional. Para isso, o Conselho Federal institui uma comissão de conteúdo 
e outra de revisão; essas comissões são compostas por membros dos respectivos 
Conselhos Seccionais que repassam as questões para essa banca contratada.
Desse modo, regulado pelo Provimento de nº 144/2011, destacam-se as se-
guintes características:
Prestado no local do Conselho Seccional do Estado em que o interessado 
concluiu o seu curso de Direito ou no local de seu domicílio eleitoral, o exame de 
ordem é composto de duas etapas e com três edições em cada ano.
A regra é que somente os bacharéis em Direito possam prestar o exame, no 
entanto, excepcionalmente se ficar comprovado por intermédio de certidão que se 
encontre na condição de formando, valendo dizer, na iminência de colar grau, este 
interessado poderá prestar o referido exame, cumprindo, logo após, a exigência 
para o deferimento da inscrição ou requerendo a respectiva certidão de aprovação.
O aludido provimento trouxe dispensabilidades ao exame, portanto, de acor-
do com o seu respectivo artigo sexto, todos aqueles oriundos, ou seja, ex-integran-
tes da magistratura e do ministério público estão dispensados. Além desses, aque-
les bacharéis formados entre julho de 1994 até 1996 também estavam dispensados 
por conta da regra de transição entre o atual e o anterior estatuto.
Não se discute mais sobre a inconstitucionalidade do exame, uma vez que essa 
matéria já foi objeto de análise junto ao STF que, de forma unânime, reconheceu 
a constitucionalidade dessa aferição como requisito à inscrição da OAB.
5. Ausência de incompatibilidade: requisito que se auto-explica por si só, pois 
se há casos de incompatibilidade ao exercício da advocacia, certamente aqueles 
que estão investidos em cargos ou funções que a lei traz essas incompatibilidades, 
com toda razão não poderão ter deferida sua pretensão de inscrição aos quadros da 
OAB. Os casos de incompatibilidade regulados pelo Estatuto estão no artigo 28 e 
serão estudados em momento oportuno.
capítulo 1 • 15
6. Idoneidade moral: requisito de alta complexidade por conta do seu teor alta-
mente subjetivo. O que é uma pessoa inidônea? Nas lições de Paulo Lobo [2009, 
p.94] “não são compatíveis com a idoneidade moral atitudes e comportamentos 
imputáveis ao interessado, que contaminarão necessariamente sua atividade pro-
fissional em desprestígio à advocacia”.
Ainda que conceito de inidoneidade moral seja subjetivo, objetivamente ido-
neidade moral é um requisito a ser cumprido para o deferimento no pleito da 
inscrição na OAB, valendo dizer, um interessado em ser advogado pode ter o seu 
pedido indeferido por ser considerado inidôneo. Perceba que a legislação trouxe 
algumas condições objetivas quanto à consideração de idoneidade ou inidoneida-
de, a saber:
1. A conduta incompatível com a advocacia, que consiste numa infra-
ção disciplinar do advogado, também é considerada inidônea para fins 
de inscrição e impede a inscrição no quadro de advogados nos termos do 
Regulamento Geral, art. 20§2º;
2. Aquele que for condenado por crime infamante será considera-
do inidôneo;
3. Aquele que, mesmo que condenado por crime infamante, caso tiver 
obtido sua habilitação judicial não poderá ser considerado inidôneo.
Note que se qualquer tipo de atitude, realizada pelo interessado em sua vida 
civil, pode ser caracterizada como ato inidôneo, com muito mais razão uma con-
duta criminosa também poderá sê-la. Para tanto, importante salientar que possí-
veis decisões na esfera penal, tais como extinção da punibilidade, não recebimento 
da denúncia ou qualquer outra decisão em processo penal em curso não afasta a 
possibilidade da eficácia da decisão em sede da inscrição da OAB, quanto à ido-
neidade, pela autonomia das esferas administrativa e criminal.
Não se pode esquecer de que o Estatuto trouxe uma condição de efetividade 
para a decisão que julgar o interessado inidôneo, um verdadeiro ato vinculado e 
motivado, nas palavras de Paulo Lobo [2009, p. 95]. Todo procedimento de ana-
lisar a inidoneidade deve obedecer a um rito estabelecido na lei que consiste na 
instauração de um processo de natureza administrativa que garanta ao interessado 
o seu direito de defesae contraditório, uma vez que o Estatuto impõe que se ob-
servem os termos do processo disciplinar.
capítulo 1 • 16
Ainda que no âmbito desse processo administrativo haja uma decisão de ini-
doneidade, foi previsto um quórum mínimo de dois terços de todos os membros 
do Conselho Seccional respectivo para que tenha efeito sua decisão.
Por fim, o parágrafo quarto do artigo oitavo trouxe uma presunção legal de 
inidoneidade, uma hipótese taxativa que consiste na condenação por crime infa-
mante. Perceba que o dispositivo se refere à “condenação”, o que implica trânsito 
em julgado da condenação. Não basta, nesse particular, a instauração de inquérito 
policial, o recebimento da denúncia ou até mesmo uma condenação recorrível, a 
lei se conforma somente com condenação criminal irrecorrível.
Nesse raciocínio, sustenta-se que não restando apurada qualquer condenação 
antes da inscrição, ainda que haja processo criminal em curso, com amparo à pre-
sunção constitucional da não culpabilidade, o deferimento se impõe [JÚNIOR, 
MARCO ANTÔNIO, 2009, p.52]
O grande desafio é diagnosticar o que é crime infamante, essa é uma das 
razões pelas quais exige-se processo incidental, com muito acerto a lei trouxe um 
conceito aberto, porque há a necessidade de ser averiguado a cada caso concreto. 
Imagina se a lei assemelhasse crime infamante a crimes hediondos; haveria um 
grande problema que seria a subordinação à tipicidade, ou seja, tudo que fosse he-
diondo seria infamante, no entanto o que não estivesse na condição de hediondez 
não poderia ser considerado.
Observe que está longe de comparar o interessado a se tornar advogado em 
pessoa “ficha limpa”, qualquer pessoa pode cometer um deslize criminal e ainda 
assim com direito à ressocialização. Certamente os crimes culposos estão fora dessa 
abrangência, no entanto delitos como os de falso e estelionato inevitavelmente se 
enquadrarão à espécie de crimes infamantes.
Cumpre esclarecer que, por se tratar de seara penal, toda reabilitação judicial 
apaga a vida pregressa do agente, razão pela qual, deferido este instituto em favor 
do condenado, o Estatuto proíbe etiquetá-lo como condenado a crime infamante.
7. Prestar compromisso: ultimo requisito do artigo oitavo e também o último 
requisito a ser cumprido pelo interessado. Trata-se de um ato solene que, após ser 
analisado o cumprimento de todos os requisitos anteriores, é marcado e realizado 
perante o Conselho Seccional, manifestado de viva voz o juramento do interes-
sado em exercer a advocacia com dignidade e responsabilidade, assim como do 
compromisso de respeitar e observar a legislação aplicável e o código de ética 
e disciplina.
capítulo 1 • 17
Comprometer-se com algo revela, inexoravelmente, um ato personalíssimo, 
razão pela qual esse último requisito não comporta delegação e tampouco ao inte-
ressado é permitido estar representado por procurador.
Licença e cancelamento da inscrição
Relembre que advogado é todo bacharel em Direito inscrito na OAB, portan-
to aquele que tem sua inscrição cancelada não possui mais o status de advogado. 
Por outro lado, licenciar-se de algo é promover um afastamento temporário com 
retorno certo (embora possa não ser preciso), portanto aquele que está licenciado 
de sua inscrição ainda possui o status de advogado.
Assim, perceba que os casos que ensejam cancelamento estão subordinados à 
natureza permanente, enquanto os que ensejam licenciamento estão subordinados 
à natureza temporária.
Deve-se ter em mente que os atos que ensejam tanto o cancelamento quanto o 
licenciamento podem vir por vontade própria do advogado ou por circunstâncias 
alheias à vontade deste.
Cancelamento
Como ato que afeta diretamente a existência da inscrição, o Estatuto trouxe 
a hipótese no seu artigo onze, de maneira taxativa. Importante salienta que o nú-
mero que fica em vacância por conta do cancelamento não pode ser reaproveitado 
por expressa proibição legal.
Quanto à proibição de não restauração do número anterior, o caso chegou ao 
STJ, em recurso especial (Resp 475.616), cuja decisão foi de amparo ao direito 
adquirido, isso porque o Estatuto que antecedeu o atual previa a mantença do nú-
mero de inscrição para aqueles que, por alguma razão, tivessem o cancelamento de 
sua inscrição e um futuro retorno. Dessa forma, todos que tiveram sua inscrição 
anterior a 1994 cancelada, podem restaurar seus números anteriores com o pedido 
de uma nova inscrição.
capítulo 1 • 18
Licenciamento
A maior prova de que o licenciado ainda continua com o status de advogado é 
o parágrafo único do artigo quarto do Estatuto que preconiza que serão nulos os 
atos praticados por advogado licenciado. 
Conforme já salientado, como se trata de instituto que reclama requisito 
de temporariedade, o advogado está obrigado a justificar o seu pedido de licen-
ciamento que será apreciado pelo Conselho Seccional que mantém sua inscri-
ção principal.
Como não pode advogar na condição de licenciado, o profissional fica deso-
brigado do pagamento das anuidades referentes a esse tempo de afastamento.
Inscrição principal, suplementar e por transferência
A partir do momento em que todos os requisitos do artigo oitavo do Estatuto 
estão, pelo interessado, aptos a ser cumpridos, surge para este a possibilidade de 
escolher o local que deseja eleger como domicílio profissional.
Note que a escolha é do interessado, porque é este que escolhe a sede principal 
de sua atividade advocatícia; na dúvida a lei estabelece que a sede principal seja a 
do seu domicílio civil.
Inscrição principal
Escolhido o domicílio profissional, este será considerado o território da inscri-
ção do futuro advogado. O território está abrangido pelo território do respectivo 
Estado-membro (ou Distrito Federal) e o Conselho Seccional respectivo será o 
responsável pela análise do pedido de inscrição.
De acordo com o respectivo Conselho Seccional que foi o responsável, à ins-
crição principal será acrescida na expressão “OAB” a sigla do respectivo Estado-
membro ex. OAB/RJ, OAB/SP, OAB/MG, OAB/RN, OAB/RS e etc.
Inscrição suplementar
É importantíssimo ficar claro que o fato de estar obrigado a escolher um do-
micílio profissional e vincular-se a uma respectiva seccional não significa dizer 
que não possa advogar em outro território nacional. É um direito do advogado 
capítulo 1 • 19
manifestamente expresso no Estatuto o de advogar em qualquer parte do território 
nacional, fato que decorre do exercício pleno da liberdade profissional em razão 
do espaço.
No entanto, mesmo considerado um direito pleno em razão do espaço, este 
pode sofrer algumas relativizações quanto ao seu exercício, basta observar que a 
anuidade se sujeita a cada respectiva seccional, portanto, um advogado com ins-
crição principal no RJ não paga anuidade em SP.
Perceba, então, que se esse advogado pudesse advogar em SP irrestritamente 
passaria a ter uma vantagem sobre o seu colega de São Paulo porque somente este 
paga anuidade à seccional paulista, por estar vinculado a ela, enquanto o advogado 
da seccional do RJ só tem a obrigação de pagamento com esta última.
Surge, então, uma forma de coibir essas espécies de exercício ilegal da profis-
são, que consiste na necessidade de uma inscrição suplementar quando o advoga-
do exercer sua profissão em território diverso do dele, em condições de habituali-
dade, fato que decorre do exercício condicionado da liberdade profissional.
Por essa razão, faz-se necessário compreender, para fins de inscrição suple-
mentar, o conceito de “habitualidade”, e o Estatuto o trouxe de maneira expressa, 
assim se referindo: “considerando-se habitualidade a intervenção judicial que ex-
ceder de cinco causas por ano”.
Aparentemente um simples conceito, mas que dele decorrem algumas discus-
sões na doutrina que se procurará compreender. De início, e aqui não há diver-gência, é a locução “intervenção judicial” sinalizando de maneira inquestionável 
que, para fins de habitualidade, toda intervenção extrajudicial é plena, ou seja, só 
se consideram intervenções judiciais para fins de análise da inscrição suplementar.
Na parte “exceder a cinco causas por ano” começam as indagações, tais como: 
o que é causa? “Por ano” é ano calendário? “Por ano” é a mesma coisa que “ao ano” 
ou “em um ano”? Então, vejamos:
No âmbito restrito da interpretação do referido dispositivo, novamente com 
alicerce em Paulo Lobo [2009, p. 105], “causa deve ser entendida como pro-
cesso judicial efetivamente ajuizado, em que haja participação do advogado”. 
Compreenda, então, que se trata da efetiva participação do advogado no processo, 
seja essa participação original ou intercorrente.
O Conselho Federal já sanou algumas dessas dúvidas, quando decidiu que 
causa é sempre a primeira, sendo irrelevante o acompanhamento nos subsequen-
tes. Com isso, é seguro afirmar que a referência é o ano-calendário em que no ano 
capítulo 1 • 20
subsequente “zera tudo” e o advogado pode participar de mais cinco processos 
novos sem precisar ser considerado habitual.
Portanto, a intervenção em mais de um processo judicial durante um ano 
calendário traz a habitualidade daquele profissional, tornando obrigatória a inscri-
ção suplementar, com numeração distinta da principal, no respectivo território em 
que ocorra, sem a necessidade, para isso, de uma nova prestação de compromisso 
porque esta é única e personalíssima para o exercício da profissão.
Faz-se também necessário esclarecer que não são levadas em consideração as 
ações ajuizadas nos tribunais superiores por duas razões básicas: a primeira é que 
se chegou até lá por intermédio de procedimento recursal a causa pertence ao juízo 
de origem e a segunda, ainda que seja competência originária, embora os tribunais 
superiores tenham sede na capital federal as suas jurisdições contemplam todo 
território nacional, não estando, portanto, o advogado, fora do seu território de 
inscrição principal (liberdade do exercício profissional plena em razão da matéria). 
Inscrição por transferência
Agora o ponto de referência é a mudança de domicílio profissional do ad-
vogado. Trata-se de território onde o profissional não possui inscrição ou possui 
inscrição suplementar que por sua pretensão passará a ser a nova sede principal 
da advocacia.
Comenta-se que não importa o quantitativo de causas assumidas na nova lo-
calidade, pois o fato que determina a necessidade desta nova inscrição é a efetiva 
mudança do domicílio profissional. [MACEDO, 2009, P.61]
Nesse sentido, regula-se a transferência da inscrição do território atual para o 
do futuro domicílio profissional, cuja seccional não poderá deixar de aceitar pelo 
Princípio da Unicidade ou Igualdade federativa de todos os Conselhos.
Estrangeiro ou brasileiro com bacharelado no exterior, advogado 
estrangeiro e advogado português
Estrangeiro ou brasileiro com bacharelado no exterior
Absolutamente admissível que uma pessoa possa ter se formado em Direito no 
exterior e queira exercer a profissão de advogado no Brasil. Independentemente 
capítulo 1 • 21
dessa pessoa ser brasileira ou estrangeira, é fato incontroverso que ela deverá preen-
cher todos os requisitos do artigo oitavo.
No entanto, o fato da sua graduação ter sido no exterior surge para esse pos-
tulante ao status de advogado o ônus de fazer prova do título de sua graduação, 
assim como de revalidar o seu referido curso. Essa revalidação se manifesta por 
intermédio de Instituições de Ensino Superior Público que realizará um estudo 
de compatibilidade do conteúdo cursado no estrangeiro com o conteúdo básico 
estipulado na lei de diretrizes básicas. Para revalidação se faz necessária uma com-
patibilidade com um percentual mínimo estipulado por lei, o que nem sempre se 
apresenta como tarefa fácil.
Advogado estrangeiro
Outra figura absolutamente diferente do que vimos anteriormente é a figura 
do advogado estrangeiro. Este se formou no exterior, inscreveu-se nos quadros de 
advogados no exterior, advoga habitualmente no exterior e pretendente, excepcio-
nalmente advogar no Brasil. Isso é possível?
Situação regulada pelo Provimento nº 91/2000 que admite a advocacia sob as 
seguintes condições:
1. Advocacia somente a título precário, autorizado pela OAB, para realizar 
consultoria em direito estrangeiro no Brasil;
2. Vedados procuratório judicial, consultoria e assessoria em direi-
to brasileiro;
3. São também requisitos para o deferimento: ser portador de visto, ter capaci-
dade civil, ter ausência de incompatibilidade, idoneidade moral, prestar compro-
misso e o Estado estrangeiro tem que ter reciprocidade com os brasileiros para o 
mesmo tratamento.
Advogado português
Figura também regulada por Provimento (nº129/2008) que formaliza o tra-
tamento diplomático entre Portugal (e não países de língua portuguesa) e Brasil. 
Nesse particular reconhece o direito de um advogado português exercer a advoca-
cia no Brasil em caráter irrestrito e sem a necessidade de aprovação no exame de 
ordem. Evidente que vai ter que escolher um domicílio profissional e deduzir seu 
capítulo 1 • 22
pedido de inscrição na seccional respectiva ao território, no entanto, como dito, 
dispensado do exame de ordem.
Para o êxito de sua pretensão o requerente vai ter que provar sua situação re-
gular com a ordem portuguesa, vai ter que fazer prova de residência ou domicílio 
profissional, além de estar em vigência a reciprocidade entre os dois países. 
Não se exclui a possibilidade de o advogado português querer ficar apenas na 
qualidade de consultor, nos termos aqui já referidos, além de consignar que esse 
tratamento se refere ao advogado pessoa física, portanto, não se aplica às socieda-
des de advogados.
Advocacia Pública
Depois de alterado por algumas emendas constitucionais, atualmente o ca-
pítulo IV da Constituição Federal vem trazendo as “funções essenciais à justiça” 
divido em quatro seções em que a primeira se destina ao ministério público, a 
segunda à advocacia pública, a terceira à advocacia e, finalmente a quarta e mais 
nova seção que se destina à defensoria pública.
Atualmente, por uma questão eminentemente topográfica na Constituição 
Federal podemos dividir os responsáveis pela postulação em juízo nas seguin-
tes instituições:
 9 Advocacia pública;
 9 Advocacia; 
 9 Defensoria pública.
Lembrando que o membro do ministério público também postula em juízo, 
mas, de regra, na condição de parte na demanda e não parte no processo, com 
relação às três seções específicas a que estão sendo referidas, repare que se pode 
trazer a seguinte relação sem titubear: advogado público é todo aquele descrito no 
artigo 131 da Constituição Federal, que inaugura a seção II do seu capítulo IV e 
se desdobra em: Advocacia Geral da União (que é a advocacia estatal da União e 
das suas Autarquias e Fundações) e Advocacia Estatal dos Estados Membros, do 
Distrito Federal e dos Municípios.
E quanto ao Defensor Público? Também é considerado advogado público? 
Hoje, principalmente pela alteração dada pela emenda constitucional nº 80/2014, 
podemos responder que Defensor Público não é advogado público. Então o que 
capítulo 1 • 23
ele é? Defensor Público é Defensor Público, assim como Promotor de Justiça é 
Promotor de Justiça!
No entanto, não só os advogados públicos, como os defensores públicos 
exerce a advocacia e, portanto, estão subordinados ao Estatuto da OAB (art. 
3º§1º), além dos Estatutos específicos a que se subordinam
Inscrição de estagiário
Estagiário de Direito é estudante do curso jurídico regularmente inscrito na 
OAB sob essa condição. Aprendizado desenvolvido sob orientação de um advo-
gado cujo ato privativo da advocacia só pode ser realizado em conjunto com este.Com duração de dois anos improrrogáveis (o que pode prorrogar é o prazo 
da carteira de estagiário) a inscrição será feita na seccional cujo território seja o 
mesmo de sua Instituição de Ensino.
Importante consignar a diferença de estágio profissional para estágio de prá-
tica jurídica. Este último é parte integrante da grade curricular do acadêmico em 
direito e está distribuído nos quatro últimos períodos do Curso jurídico quando o 
discente chega aos 3/5 das disciplinas cursadas com aprovação.
O estágio profissional é o aprendizado reconhecido sob orientação de um pro-
fissional da advocacia e com as respectivas atividades conveniadas com a OAB. 
Portanto, um estágio de prática jurídica quando realizado em núcleos universitá-
rios conveniados com a OAB (escritórios modelos) também serão reconhecidos 
como estágios profissionalizantes.
Diploma de graduação e aprovação no exame de ordem são os requisitos, por 
óbvio, dispensáveis ao pretendente à inscrição como estagiário.
Características essenciais da advocacia: indispensabilidade, 
inviolabilidade. Função social e independência
Indispensabilidade
Característica de natureza constitucional, diretamente ligada ao direito de 
postular (jus postulandi) essência da atividade advocatícia, que deve ser estudada 
em dois momentos: atividade jurisdicional (procuratório judicial) e atividade ex-
trajudicial (procuratório administrativo).
capítulo 1 • 24
Atividade jurisdicional: Observe que vamos trazer três parâmetros (um con-
ceito e dois dispositivos legais) e em cima desses parâmetros vamos fazer um ques-
tionamento. A discussão gira em torno da resposta a esse questionamento, então 
vejamos os parâmetros:
1. Jus Postulandi (conceito): postulação é ato de pedir ou exigir a prestação 
jurisdicional. Exige-se qualificação técnica;
2. C.F., art. 133: o advogado é indispensável à administração da justiça, sen-
do inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites 
da lei;
3. Estatuto da OAB, art. 1º: São atividades privativas de advocacia: I: a pos-
tulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos Juizados Especiais.
PERGUNTA
É possível uma postulação a um provimento judicial sem a presença de 
um advogado?
Levando em consideração qualquer um dos três parâmetros a resposta inquestionavel-
mente seria sempre negativa, isso porque a capacidade postulatória é a aptidão, de maneira 
eficaz, para realizar os atos do processo que em nosso sistema jurídico compete exclusiva-
mente ao advogado, razão pela qual a obrigatoriedade da representação da parte em juízo 
por advogado habilitado. 
Acontece que, apesar da obrigatoriedade da presença do advogado, perceba que a res-
posta ao referido questionamento nem sempre será negativa e por que isso?
A Associação Brasileira dos Magistrados (AMB) pretendeu que o art. 1º, I do Estatuto da 
OAB fosse considerado inconstitucional, portanto ajuizou uma ação direta de inconstitucio-
nalidade (1127-8) junto ao STF.
Houve à época o deferimento de uma liminar que perdurou até a decisão final do julga-
mento que, por maioria, considerou o artigo analisado constitucional, no entanto imprimiu-lhe 
uma interpretação restritiva considerando a palavra “qualquer” inconstitucional.
Com essa decisão da suprema corte, a interpretação é de que continua valendo a ideia 
de que há necessidade da presença do advogado para postulação de provimento jurisdicio-
nal, no entanto, caso haja alguma previsão legal sobre a dispensabilidade do advogado, isso 
não viola a constituição federal que em seu art. 133 preconiza que o advogado é indispen-
sável à administração da justiça.
capítulo 1 • 25
Portanto, veja que o nosso trabalho é pesquisar e analisar as leis que, porventura, pre-
vejam a dispensabilidade do advogado, confirmando que esse fato não viola a constituição 
federal, essas são as hipóteses de dispensabilidade do advogado:
1. Juizados Especiais;
Lei 9099/95
1ª Instância (até 
20 SM) – art. 9º
1ª Instância (+ de 
20 SM)
Recursos – art. 
41§2º
ESTADUAL DISPENSÁVEL INDISPENSÁVEL INDISPENSÁVEL
Lei 10259/01
1ª Instância (até 60 SM) 
– art. 10
Recursos – art. 1º da 
L.9099/95
FEDERAL DISPENSÁVEL INDISPENSÁVEL
Juizados Especiais Criminais Lei. 9099/95, art. 68 e Adin 3168/06
ESTADUAL / FEDERAL INDISPENSÁVEL
Juizados Especiais da Fazenda Pública Lei 12153/2009, art. 27
ESTADUAL / FEDERAL
Aplicam-se subsidiariamente as Leis 
9099/95 e 10259/01
2. Justiça do Trabalho: CLT, art. 791 (sem alteração pela reforma trabalhista de 2017): 
o dispositivo faz menção à expressão “até o final”, o que significa dizer em matéria da justiça 
do trabalho até o TST. No entanto, o próprio TST tem um entendimento (súmula 425) de que 
se interpreta o art. 791 da CLT limitando a postulação sem advogado até os tribunais regio-
nais do trabalho, ficando, assim, indispensável a intervenção de um advogado para jurisdição 
do TST;
3. Habeas Corpus: não se discute tratar-se de provimento jurisdicional em que a garantia 
da liberdade pessoal já seria suficiente para sinalizar sobre a dispensabilidade do advogado, 
no entanto o Estatuto da OAB não deixa motivos para discussão sobre a referida dispensa-
bilidade porque confirma em seu art. 1º§1º que não é atividade privativa da advocacia;
capítulo 1 • 26
4. Revisão Criminal (CPP, art. 623): pacífico na jurisprudência do STF que a Constituição 
Federal recepcionou o referido diploma legal, não existindo, assim, qualquer obstáculo de or-
dem jurídico-formal que impeça o próprio condenado de promover, ele próprio, independente 
de assistência técnica prestada por advogado, a pertinente revisão criminal (HC 72.981-SP, 
Rel.Min. MOREIRA ALVES - RHC 80.763-SP, Rel. Min. SYDNEY SANCHES;
5. Constituição Federal, art. 103: norma constitucional que traz os legitimados ativos a 
promover o controle concentrado das leis e atos normativos federais, estaduais. O STF en-
tendeu que somente os partidos políticos e as confederações sindicais ou entidades de clas-
se de âmbito nacional deverão ajuizar a ação por advogado (art. 103, VIII e IX). Quanto 
aos demais legitimados (art. 103, I-VII), a capacidade postulatória decorre da Constituição. 
(ADI n. 127-MC-QO, Rel. Min. Celso de Mello, j. 20.11.1989, DJ 04.12.1992);
6. Lei de alimentos (5478/68): também está prevista a dispensabilidade do advogado, 
no entanto suprida pela competência da Defensoria Pública, conforme decisão do STF.
Atividade extra-jurisdicional (procuratório administrativo)
O Estatuto da OAB também trouxe em seu art. 1º, II e §2º hipóteses de indis-
pensabilidade do advogado em atividades extrajudiciais, são elas:
As atividades de assessoria, consultoria e direção jurídicas, assim como os atos 
constitutivos de pessoas jurídicas admitidos a registros que só podem ser conside-
rados válidos se visados por advogado. 
Com relação a este último, a lei complementar 123/2006 relativizou trazendo 
uma hipótese de dispensabilidade do advogado, quando se tratar de microempresa 
ou empresa de pequeno porte.
 Além disso, todo advogado que prestar serviço de assessoria a órgãos ou 
entidades da Administração Pública direta ou indireta, da unidade federativa 
a que se vincule a Junta Comercial, ou a quaisquer repartições administrativas 
competentes está impedido de exercer o ato de advocacia, conforme dispõe o 
Regulamento Geral.
Aqui também há a necessidade de se analisar casos que extrapolam o âmbito 
do Estatuto, no que se refere às questões extrajudiciais, a saber:
1. Súmula Vinculante nº 5: Trouxe e manteve (decisão apertadíssima) o enten-
dimento da dispensabilidade do advogado em processo administrativo disciplinar;
capítulo 1 • 27
2. Lei 11441/04 (divórcio e inventário extrajudiciais): preconizou de maneira 
oficial que o advogado é indispensável nesses atos;3. Inquérito Policial / Comissão Parlamentar de Inquérito: é pacífico o enten-
dimento do STF no sentindo de que é um direito constitucional do investigado, 
caso queira, ter a presença de um advogado no momento de seu depoimento, no 
entanto a atuação do advogado nesses procedimentos é absolutamente dispensável.
Inviolabilidade
Segunda característica da advocacia, também de natureza constitucional, dire-
tamente ligada às prerrogativas do advogado. O Estatuto da OAB traz em seu art. 
7º um verdadeiro repositório de direitos do advogado, além disso, inovou trazen-
do recentemente (Lei 13363/2016) o art. 7º-A que elenca os direitos da advogada.
No entanto, não são somente nesses dispositivos que se localizam os direitos 
dos advogados, essas prerrogativas também são encontradas em outros dispositivos 
da legislação específica.
Dividida em duas dimensões (positiva e negativa), assim são distribuídas:
•  Dimensão positiva: Imunidade profissional por manifestações 
e palavras;
A imunidade pode ser penal, administrativa e civil, portanto observe que o 
primeiro dispositivo a ser averiguado nesse contexto é o art. 7º§2º do Estatuto da 
OAB que preconiza: 
O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou de-
sacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em 
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos 
excessos que cometer. (grifamos)
Ainda no Estatuto da OAB, agora observe o segundo dispositivo a ser ave-
riguado, que consiste no art. 32: “O advogado é responsável pelos atos que, no 
exercício profissional, praticar com dolo ou culpa”.
Perceba que fazendo a interpretação conjunta dos dois dispositivos do Estatuto 
da OAB (arts 7º§2º e 32), chega-se à seguinte conclusão: O advogado não possui 
imunidade disciplinar e também não possui imunidade civil (conforme o art. 32 
do Estatuto, o advogado responde no âmbito da denominada culpa lato sensu, 
que é o dolo + a culpa strito senso, aquela aferida por negligência, imperícia ou 
capítulo 1 • 28
imprudência) O advogado somente possui imunidade penal para os crimes de 
Injúria e Difamação, isso porque o STF considerou o desacato inconstitucional.
•  Dimensão positiva: proteção ao sigilo profissional;
O sigilo profissional integra internacionalmente os direitos fundamentais do 
cidadão, revelando para o advogado um direito e ao mesmo tempo, dever. Direito 
ao silêncio e o dever de se calar.
Numa perspectiva infraconstitucional toda a legislação civil e penal de direito 
material e processual protege o sigilo processual. Quando se faz referência a esse 
tipo de normatização, inevitavelmente o diagnóstico é de que se trata de uma 
proteção geral, valendo dizer, uma proteção de sigilo para toda e qualquer tipo de 
profissão, inclusive a advocacia. Aliás, a proteção não somente chega às profissões 
gerais com como também às artes e ofícios, como os padres, pastores e etc.
Seria de desejar que tudo que tivesse nessas normas dissesse respeito somente 
à matéria de direito, no entanto, como dito, a proteção é geral.
Acontece que há uma proteção específica ao sigilo do advogado e ela é en-
contrada, por óbvio, no Estatuto da Advocacia e da OAB. Quando se faz a com-
paração da proteção especial do advogado no estatuto da OAB com a proteção 
geral nos outros diplomas legais, percebe-se, de maneira, cristalina que, para o 
profissional da advocacia, há um tratamento especial quanto ao sigilo profissional.
Dessa análise, extraem-se as seguintes características do sigilo profissional do 
advogado, a saber: trata-se de um direito e dever perpétuo, que nunca se libera, 
mesmo quando autorizado pelo cliente. A razão da perpetuidade está no fato de 
ser um pressuposto indispensável ao direito de defesa, que constituiu uma garantia 
constitucional indispensável.
Veja que o direito ao sigilo profissional do advogado consiste num encargo em 
benefício da coletividade, portanto não resulta de um contrato específico, nasce da 
simples relação estabelecida entre advogado e cliente.
Como na maioria dos casos, toda regra pode ser relativizada excepcionando 
determinados direitos e, neste ponto não é diferente. Há exceções ao dever de sigi-
lo profissional do advogado, ou seja, possibilidades justificando que a sua conduta 
não consista numa violação ao sigilo profissional e são as seguintes:
 9 Estado de necessidade;
 9 Direito de defesa. Note que há possibilidade da defesa do advogado, do 
cliente ou de terceiros; a exceção diz respeito à defesa do próprio advogado;
capítulo 1 • 29
 9 Comunicação da intenção de cometimento de infração penal. Trata-se 
de ponderação de princípios constitucionais em que o interesse coletivo prevalece 
(questão de ordem pública), deve-se ressaltar que se trata de crime na iminência 
de ser realizado pelo cliente e não crime que já se consumou, porque nesta última 
hipótese há violação do sigilo profissional, caso o advogado venha a externar esse 
fato que a ele foi confidenciado por seu cliente.
É de bom tom ressaltar que a notoriedade é um elemento positivo do sigilo, 
de maneira que há situações que podem se afigurar como não sigilosas e, por essa 
razão, da mesma forma não se pode considerar violação por algo que não exista. 
Assim, falta objeto quando se tratar do teor de documentos autênticos ou au-
tenticados (passados em serviços notariais ou de registro público) haja vista estar 
amparado pelo princípio da publicidade.
No mesmo raciocínio não se consideram sigilosos fatos provados em juízos e 
nem aqueles notórios ou de conhecimento público.
•  Dimensão positiva: Proteção aos meios de trabalho;
Diretamente ligada às instalações dos advogados e aos documentos e dados 
dos seus clientes essa é uma prerrogativa que já passou por diversas interpretações 
do Poder Judiciário e modificações do Poder Legislativo durante todo esse tempo 
de vigência do Estatuto da OAB.
Decorre dessa característica essencial da advocacia a inviolabilidade do escri-
tório profissional do advogado; note que a reboque essa é uma garantia que se 
estende aos seus clientes. Mais uma vez se chama a atenção para o fato de que 
não há direitos absolutos, portanto é perfeitamente possível e previsível que haja 
uma incursão coercitiva a escritórios de advocacia sem que esta ação seja conside-
rada violação.
A previsão inicial sinalizava que o maior exemplo de que a inviolabilidade do 
escritório de advocacia era considerada relativa residia no fato de que a expedição 
de mandado de busca e apreensão justificava a atuação das autoridades competen-
tes quanto a investigações sobre advogados.
Esse primeiro dispositivo do Estatuto da OAB gerou infindáveis discussões 
quanto à sua interpretação que culminou na necessidade da manifestação do STF. 
Por parte OAB, a grande reclamação era de que as decisões que deferiam 
a expedição dos mandados de busca e apreensão não respeitavam, em elevada 
capítulo 1 • 30
proporção, os princípios constitucionais a ele pertinentes, gerando o que se deno-
mina na doutrina de “mandados de busca e apreensão genéricos”.
Por outro lado, instituições como a associação dos magistrados brasileiros re-
futavam a expressão “acompanhada de representante da OAB”, sustentando que 
a necessidade da presença de representante da OAB para o cumprimento judi-
cial de busca e apreensão violava a independência do Poder Judiciário, portanto, 
inconstitucional.
O STF havia declarado a expressão “acompanhada de representante da OAB” 
inconstitucional, portanto, a partir dessa decisão, não havia a obrigatorieda-
de da presença de um representante da OAB para o cumprimento dos referi-
dos mandados.
As discussões sobre mandado de busca e apreensão genérico continuavam, 
ocasião em que, com a edição da Lei 11767/2008, houve uma alteração no dispo-
sitivo em discussão que retorna coma expressão “cumprindo na presença de um 
representante da OAB”.
A referida Lei que alterou o Estatuto também trouxe inovações quanto à in-
violabilidade dos clientes, assim como o discutido “mandado de busca e apreen-
são genérico”, isso porque trouxe de maneira expressa a preservação do sigilo dos 
dados da clientela dos advogados, salvo, evidentemente, se esta estiver também 
sendo objeto de investigação.
Quanto a segunda parte, também de forma expressa consta no Estatuto da 
necessidade de expedição de mandado de busca e apreensão “pormenorizado”, 
sanando de vez a discussão aventada.
•  Dimensão negativa: poder exclusivo da OAB de punição disciplinar;
Também se afigurando como um corolário da característica da inviolabilida-
de, com expressa previsão no art. 44 do Estatuto, somente a OAB possui compe-
tência para representar, julgar e punir seus inscritos, logo, qualquer ato no exercí-
cio das funções do advogado que sinalizar como eticamente reprovável, o juiz ou 
qualquer outra autoridade, que tomar conhecimento, deve oficiar a OAB tendo 
em vista ser o único órgão que possui exclusividade e competência para o deslinde 
de tal situação.
capítulo 1 • 31
Função social e independência
De natureza infraconstitucional por estarem previstas no Estatuto da OAB 
e no Código de Ética e Disciplina, essas duas últimas características fecham esse 
referido conjunto. 
Função social sinaliza que a administração da justiça é espécie do gêne-
ro atividade pública, que é regida pelo direito público, ainda que o advogado 
não seja titular de uma função pública, sua atividade consiste num exercício de 
múnus público.
Independência, por sua vez, esclarece que subordinação é algo manifesta-
mente incompatível com a atividade da advocacia, razão pela qual o advogado 
é independente para escolha dos meios jurídicos que julgar mais conveniente a 
condução do seu trabalho, sendo, assim, imune a tentativa da tutela direta ou 
indireta do cliente.
Ainda que se trate de advogado empregado, a característica da independência, 
estampada no art. 18 do Estatuto da OAB, enaltece que a relação de emprego, na 
qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem reduz a independência 
profissional inerentes à advocacia.
O Estatuto dedica um capítulo especialmente ao advogado empregado, um 
fenômeno que tomou conta com mais proporção a partir dos anos oitenta, pro-
duto de uma migração do advogado liberal, ramo específico da advocacia que está 
em ascensão, o que há tempos aconteceu com a sociedade de advogados, agora 
acontece quando se observa uma forma crescente do número de advogados em-
pregados [JULIÃO, RODRIGO, 2010, p.29]
Se há uma lei especialmente tratando do tema, que é o Estatuto da OAB, além 
da CLT que rege o direito trabalhista comum, repare que a harmonia ao Princípio 
da Especialidade deve prevalecer sobre o assunto e a característica da independên-
cia relativizando a subordinação do advogado empregado é a maior prova disso, 
quando reconhece a sua isenção técnica.
Em respeito ao mandamento constitucional que proíbe a utilização do salário 
mínimo como referência, o salário mínimo da categoria será fixado em sentença 
normativa se não houver fixação sem convenção coletiva específica.
Hora extra não inferior a cem por cento sobre o valor da hora é um direito do 
advogado empregado estabelecido no Estatuto da OAB, devidamente acrescidas 
de vinte e cinco por cento, caso estejam no período noturno (20h – 5h).
capítulo 1 • 32
O referido capítulo V do Estatuto, que regula a figura do advogado emprega-
do, não se aplica à administração pública direta da União, Estados e Municípios 
por força da Lei 9527/97, razão pela qual as normas protetivas do advogado em-
pregado não são aplicadas ao advogado público, sendo estes regidos pela CLT, 
quando empregados públicos, ou pelo respectivo Estatuto, quando ocupantes de 
cargo público.
Demais prerrogativas
Como já salientado, os direitos do advogado não se exaurem no art. 7º, há 
nesse dispositivo um repositório significativo, razão pela qual, também é de bom 
tom que se faça uma análise em alguns desses, além dos que já foram aqui elenca-
dos, a saber:
 9 Comunicação com cliente: Mesmo sem procuração o advogado tem o 
direito de comunicar-se com seu cliente em qualquer circunstância, de forma re-
servada. Não pode ser restringida tal comunicação sob pretexto de incomunicabi-
lidade do preso;
 9 Prisão flagrante no exercício profissão: Só poderá o advogado ser preso 
em flagrante no exercício profissional quando se tratar de crime inafiançável e ob-
servada a exigência de prisão especial, isto é, acompanhada por representante da 
OAB. O Plenário do STF julgou constitucional o inciso IV do artigo 7º - EOAB, 
mantendo a necessidade de representante da OAB para a prisão em flagrante de 
advogado por motivo relacionado ao exercício da advocacia, cuja prisão, antes do 
trânsito em julgado, há de ser cumprida em sala de Estado-Maior (sala especial), e 
na sua falta, em prisão domiciliar;
 9 Exame de autos: O advogado pode examinar, mesmo sem procuração, 
autos de processos findos ou em andamento, quer em órgãos do Poder Judiciário, 
Legislativo, Executivo e em repartições policiais (súmula vinculante nº 14) com 
relação a autos de inquérito com exceção àqueles que estiverem em segredo de 
justiça, de difícil reparação e os que o advogado não devolveu injustificadamente 
no prazo legal.
 9 Desagravo público: Deverá ser desagravado, em ato personalíssimo que 
ocorrerá em sessão pública e solene perante o Conselho Seccional, quando for 
ofendido no exercício da profissão ou em atuação em cargo ou função da OAB. 
capítulo 1 • 33
ATIVIDADE
Maurício Vaz, advogado inscrito na OAB/RJ, já contando com cinco processos judiciais 
no âmbito da seccional do Distrito Federal, todos nos meses de julho e agosto do presente 
ano, foi contratado por Sérgio Oliveira, Juiz de Direito efetivo, para representar o referido ma-
gistrado junto ao procedimento instaurado em face deste, no âmbito do Conselho Nacional 
de Justiça - CNJ, com Sede no próprio Distrito Federal. Pergunta-se: Necessitará o advoga-
do de inscrição suplementar junto à seccional do Distrito Federal?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JULIÃO, Rodrigo de Farias. Ética e Estatuto da Advocacia. São Paulo, Atlas, 2010.
JÚNIOR, Marco Antônio. Ética Profissional. São Paulo, Revista dos Tribunais, 2009.
LOBO, Paulo. Estatuto da Advocacia e da OAB. São Paulo, Saraiva, 2009.
MACEDO, Geronimo Theml. Deontologia. Rio de Janeiro, Lúmen Júris, 2009.
capítulo 1 • 34
Sociedade de 
advogados; nulidade 
dos atos da 
advocacia praticados 
ilegalmente, 
publicidade na 
advocacia
2
capítulo 2 • 36
Sociedade de advogados; nulidade dos 
atos da advocacia praticados ilegalmente, 
publicidade na advocacia
Nesse segundo capítulo, você poderá observar que a atividade de advocacia é 
possível de ser realizada em cumplicidade e divisão de tarefas entre os advogados, 
quando se reúnem em sociedade específica para tal finalidade.
Veja que será mostrado que a lei controla todos os atos privativos da advoca-
cia, trazendo nulidade a todos aqueles que forem realizados por pessoas estranhas à 
advocacia ou, mesmo ainda que seja advogado, haverá nulidade dos atos daqueles 
que não obedeçam às limitações que porventura lhe forem impostas.
Finalmente vai ter oportunidade de se conscientizar que a advocacia, como 
um encargo a serviço da sociedade, não pode assumir formas de mercantilização, 
fato este que traz inúmeras limitações à sua publicidade.
OBJETIVOS
• Entender a estrutura, formação e diretrizes da sociedade de advogados;
• Conhecer as nulidades dos atos privativos da advocacia;
• Dimensionar o âmbito da publicidade da advocacia.
Perfeitamente admissível que advogados se reúnam em sociedade, numa cola-
boração profissionalrecíproca, com o objeto de prestação de serviços de advocacia.
Dessa forma nasce mais uma organização societária dentre todas aquelas que 
já são previstas no direito empresarial, no entanto, por se tratar especificamente de 
sociedade empresarial no ramo da advocacia, tendo em vista a expressa proibição 
de mercantilização na atividade advocatícia, consiste numa forma societária com 
inúmeras peculiaridades, razão pela qual tem, pela doutrina, a natureza sui generis 
Conforme as lições de Paulo Lobo [2009, p. 114] o capital essencial das so-
ciedades de advogado é a produção intelectual dos profissionais que a integram e 
não as coisas.
capítulo 2 • 37
Portanto, o que se vai ser estudado nesse ponto, em verdade, são todas essas 
peculiaridades da sociedade de advogados que as fazem ser sui generis. 
De início, destaca-se nesse tipo societário o tipo de sociedade simples em que 
somente os advogados regularmente inscritos podem integrá-la, dessa forma ba-
charéis em direito, estagiários e leigos estão excluídos da possibilidade de se afigu-
rarem como sócios.
O advogado pode advogar para a sociedade que faça parte, como também 
pode advogar no seu magistério privado. É possível uma dedicação exclusiva à 
sociedade, desde que o acordo esteja previsto, dessa maneira, já decidiu o Plenário 
do Conselho Federal que os Conselhos Seccionais podem fixar anuidades, tam-
bém, para as sociedades que não são consideradas cobranças repetidas de anuida-
des por se tratar de natureza distinta de serviços advocatícios.
Constituição da sociedade de advogados
Como qualquer pessoa jurídica, através de contrato social se perfaz o seu ato 
constitutivo e, posteriormente, levado à publicação. Depois dessa etapa, objeti-
vando adquirir personalidade jurídica o ato publicado será levado a registro e nesse 
particular difere a sociedade de advogados de todas as outras.
Por força expressa de lei, o ato constitutivo da sociedade de advogados somen-
te poderá ser registrado junto ao conselho seccional do território que está instalada 
a sede da referida sociedade. É terminantemente proibido o registro da sociedade 
de advogados estar subordinado ao direito registrário comum, vale dizer, cartório 
de registro civil das pessoas jurídicas ou junta comercial.
Há pouquíssima resistência por parte da doutrina empresarial; é praticamente 
unânime o reconhecimento dessa modalidade de registro da sociedade de advoga-
dos, mesmo com o advento do novo código civil, haja vista o estatuto da OAB se 
afigurar como norma especial.
Decorre também da independência advocatícia o fato de que entre a magistra-
tura, o ministério público e a advocacia não há hierarquia e pelo fato dos órgãos de 
direito registrário pertencerem ao Poder Judiciário, caso a sociedade de advogados 
tivesse que ser registrada neles, à semelhança de todas as outras, estaria a advocacia 
subordinada ao Poder Judiciário o que seria uma patente violação.
capítulo 2 • 38
Registro, atividade e denominação da sociedade de advogados
Toda e qualquer sociedade, diferente da sociedade de advogados, segue a regra 
de ser registrada, de acordo com sua finalidade, junto aos órgãos registrais. 
Dessa maneira, não existe, por parte da OAB, qualquer ingerência fora de suas 
atribuições, no entanto, o estatuto da OAB dá um recado de clareza meridiana a 
esses órgãos, proibindo que se realize o deferimento de qualquer registro de socie-
dade que, porventura tenha em suas finalidades a atividade de advocacia.
Essa premissa decorre do fato de que a atividade de advocacia é manifestamen-
te exclusiva da sociedade de advogados, ficando quaisquer outras espécies societá-
rias proibidas de usar tal finalidade.
Como um sistema orgânico o Direito ensina que a única atividade permitida 
na sociedade de advogados é a advocacia pelo fato de ser absolutamente incompa-
tível com esta referida atividade a de natureza mercantil.
Por ser eminentemente proibida qualquer atividade mercantil, desta proibição 
decorrem mais duas: 
 9 Proibição de se usar nome fantasia na razão social da sociedade de advogados;
 9 Proibição do uso das siglas “S/A” ou “Ltda.” por serem afetas às socieda-
des mercantis.
A sigla “&” é permitida pelo Regulamento Geral de ser usada. 
O nome da sociedade de advogados, portanto, também está subordinado a 
cumprimentos de requisitos elencados de acordo com o estatuto e o regulamento 
geral da OAB.
Não há liberdade para composição do nome cuja finalidade deve ser expres-
sa de forma aclarada, não sendo admitidos além do nome fantasia, símbolos ou 
acréscimos comuns. O estatuto exige que a denominação tenha obrigatoriamente 
e ao menos, o nome de um advogado sócio responsável pela sociedade.
Portanto, de acordo com esses requisitos, o registro é único no conselho sec-
cional, em livro próprio e de numeração sucessiva.
Nome dos advogados da sociedade de advogados
No direito empresarial a espécie do nome empresarial que envolve uma fan-
tasia é a “denominação” e a que envolve o nome civil mais um aditivo identi-
ficador é “firma”, que pode ser individual ou coletiva (nome coletivo). À firma 
capítulo 2 • 39
nome coletivo, depois do aditivo identificador, deve-se colocar a sigla “Cia” (sem-
pre ao final, porque no início caracteriza S/A), espécie esta denominada de “ra-
zão social”.
Se por força legal o nome civil do advogado é quem tem que estar na nomen-
clatura da sociedade de advogados, o regulamento geral, por essa razão, trata o 
nome da sociedade de advogados como “razão social”, em que o aditivo identi-
ficador se denomina “qualificação social inconfundível” e ao final, no lugar de 
“Cia”, coloca-se “SS” simbolizando sociedade simples.
Perceba que se é o nome do advogado é a forma obrigatória de se estabele-
cer uma razão social de uma sociedade de advogados, ele pode vir das seguin-
tes maneiras:
 9 Nome de um advogado sócio;
 9 Nome de mais de um advogado sócio;
 9 Nome de todos os advogados sócios.
Permitem-se colocar o nome, o pré-nome e até abreviaturas, no entanto não 
são permito siglas, como por exemplo, “ARJ”. Isto não é nome e tampouco abre-
viatura. Após a escolha do nome, deve-se colocar a “qualificação social incon-
fundível”, o equivalente ao aditivo identificador (que pode vir antes ou depois 
do nome) isso para quando se fizer a leitura não haja dúvida tratar-se de uma 
sociedade de advocacia e, ao final, a expressão “SS”. Locuções como “escritório de 
advocacia”, “advogados associados” e “sociedade de advogados” entre outras, são 
as mais comuns como aditivos identificadores.
Mais adiante você estudará incompatibilidade e impedimento e irá perceber 
que o caso de incompatibilidade temporária não obriga o advogado a se desligar 
dos quadros da OAB, somente a incompatibilidade permanente é que enseja o 
cancelamento da inscrição.
Considerando essa situação, há necessidade de serem analisadas as intercor-
rentes modificações dos advogados sócios incompatíveis temporários, permanen-
tes e até falecidos, a saber:
 9 Incompatibilidade temporária: não alteram a razão social e não a com-
posição societária, bastando anotação da presente situação junto ao registro da 
sociedade, conforme Marco Antonio Silva [2009, p. 43], o licenciamento do sócio 
para exercer atividade incompatível com a advocacia em caráter temporário dever 
ser averbado no registro da sociedade e não é preciso alterar os atos constitutivos 
(contrato social);
capítulo 2 • 40
 9 Incompatibilidade permanente: importará, necessariamente, a modifi-
cação da composição societária e eventualmente, a da razão social, pois é possível 
que o nome deste advogado não esteja nela;
 9 Falecido: importará, necessariamente, a modificação da composição so-
cietária, podendo o nome do advogado falecido permanecer na razão social da 
sociedade, desde que tal fato esteja previsto no ato constitutivo societário.Espécies de advogados, unipessoalidade, procurações, filial e responsabili-
dade
Existe a possibilidade de três espécies de advogados numa sociedade de advo-
gados, são elas: advogado sócio, advogado empregado e um tipo intermediário, 
que se denomina advogado associado. Para este último não há vínculo emprega-
tício de subordinação, no entanto não pode se afigurar de forma precária e possui 
os mesmos impedimentos dos advogados sócios, além de que os seus contratos 
têm que ser averbados na seccional respectiva da sede da sociedade que faz parte.
Interessante ressaltar que havia previsão de se permitir unipessoalidade so-
mente por 180 dias à semelhança do direito empresarial, o que significava que 
durante esse tempo, caso esse único advogado sócio não conseguisse, pelo menos, 
mais um sócio, a referida sociedade teria que ser destituída.
A partir da edição da Lei 13247/2016 está admitida a constituição de so-
ciedade unipessoal de advocacia com todos os direitos e deveres da sociedade de 
advogados tradicional.
As sociedades de advogados não poderão ter objetivos estranhos aos limites 
da atividade profissional, suas finalidades são restritas à cooperação profissional 
entre seus sócios, destinando-se à disciplina e partilha dos resultados patrimoniais 
auferidos na prestação de serviços de advocacia, por isso, o cliente passa procura-
ção para a sociedade de advogados, no entanto são seus sócios ou empregados os 
outorgados ao exercício da advocacia, por essência. Por essa razão, as procurações 
dos sócios devem ser outorgadas individualmente aos advogados, indicando a so-
ciedade a que fazem parte. 
Perfeitamente admitido que um advogado possa integrar mais de uma socie-
dade de advogados, assim como é cabível uma sociedade de advogados possuir 
uma filial, que não tem personalidade jurídica própria e, portanto, não pode ter 
razão social e composição societária distintas. 
capítulo 2 • 41
No entanto, essa referida admissibilidade está condicionada para fora dos li-
mites do respectivo território que compõe a sede da sociedade, ou seja, um advo-
gado que se afigura como sócio de uma sociedade de advogados com sede no Rio 
de Janeiro não pode compor outra sociedade de advogados no mesmo território, 
assim como essa referida sociedade só pode ter uma filial em um território dife-
rente do Rio de Janeiro.
É também de bom tom lembrar que se uma filial só pode ser instalada num 
território diferente da sua sede, todos os advogados sócios, quando da instalação 
da respectiva filial, estão obrigados à inscrição suplementar.
Lembrando a hipótese de que um advogado pode laborar para a sociedade de 
que faça parte, assim como no seu ministério privado, deve-se ter em conta que 
esse profissional está proibido de advogar em interesses opostos.
Sempre houve uma grande discussão na doutrina quanto à natureza da ad-
vocacia ser ou não consumerista. Hoje a tendência jurisprudencial é de afastar o 
advogado da condição de fornecedor não se imputando, portanto, os princípios 
da relação de consumo.
No entanto, ainda no âmbito dessa discussão, sempre foi pacífico na doutrina 
a responsabilidade da sociedade de advogados, que, como preconizado pelo art. 17 
do Estatuto, é subsidiária e ilimitada, nos seguintes termos: 
Art. 17 Além da sociedade, o sócio e o titular da sociedade individual de advocacia 
respondem subsidiária e ilimitadamente pelos danos causados aos clientes por ação 
ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da responsabilidade disciplinar em 
que possam incorrer.
Nulidade dos atos da advocacia praticados ilegalmente
O Estatuto da OAB, em seu art. 4º e parágrafo único, atribui, como conse-
quência, a nulidade dos atos privativos da advocacia praticados de forma ilegal. 
Diretamente ligada à teoria das nulidades absolutas ou nulidade em sentido estri-
to, traz para seus executores, a reboque, consequências que são extraídas não só do 
próprio Estatuto (quando se tratar de advogado), como também de leis extrava-
gantes (quando se tratar de pessoa não escrita na OAB).
Descreve Paulo Lobo [2009, p. 37] as suas principais características:
 9 Pode ser declarada de ofício;
 9 Pode ser provocada por qualquer interessado ou pelo órgão do MP;
capítulo 2 • 42
 9 Não convalesce com o tempo;
 9 Apagam, ao ser declarada, os efeitos produzidos ab initio;
 9 Não pode ser suprida ou sanada.
Novamente chamando a atenção para o fato de que o Direito não é uma 
ciência absoluta, ainda que seja praticado por pessoa não inscrita na OAB, ato 
privativo da advocacia de natureza penal é re-ratificado e, portanto, tendo a sua 
convalidação pelo Poder Judiciário, desde que não tenha havido prejuízo para o 
réu, nos termos da súmula 523 do STF, verbis “No processo penal, a falta da defesa 
constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de 
prejuízo para o réu”.
Trata-se da adoção do princípio pas de nullité sans grief (não há nulidade sem 
prejuízo) que há tempos é adotado pelos tribunais superiores, mesmo quando se 
tratar de nulidade absoluta, porque é considerado um princípio norteador em 
processo penal.
Portanto, as nulidades dos atos privativos de advogado possuem a seguinte 
estrutura no Estatuto da OAB:
 9 Art. 4º caput: São nulos os atos privativos de advogado praticados por pes-
soa não inscrita na OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.
Perceba os seguintes destaques: ”pessoa não inscrita na OAB” e “sem pre-
juízo das sanções civis, penais e administrativas”. O primeiro só vem a con-
firmar que os atos da advocacia são privativos de advogados (públicos, privados 
ou defensores), com exceção aos casos previstos em lei como dispensabilidade 
dos advogados.
O segundo, por sua vez, confirma que as nulidades têm o tratamento de inva-
lidade em seu mais alto grau, pois não só atinge o ato em si, como também quem o 
praticou de maneira indevida, pois gera danos aos interessados que se afiguravam 
no processo judicial como partes.
Art 4º Parágrafo único. “São também nulos os atos praticados por advogado impedido 
- no âmbito do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade 
incompatível com a advocacia”.
capítulo 2 • 43
Perceba aqui o seguinte destaque: “praticados por advogado”. Então veja 
que é perfeitamente possível um ato privativo da advocacia ser considerado nulo, 
ainda que praticado por advogado, são as seguintes hipóteses:
 9 No âmbito do impedimento: vamos ver adiante as questões de impedi-
mento e observar que o advogado pode advogar na condição de impedido; só não 
pode advogar nos casos específicos que a lei indicar (âmbito do impedimento), 
caso advogue nesses respectivos casos, os atos são nulos;
 9 Suspensão: trata-se de uma sanção disciplinar que abrange todo território 
nacional, evidentemente se estiver na condição de suspenso e nesta condição vier 
a advogar, seus atos serão considerados nulos;
 9 Licença: vimos que os casos de licenças estão subordinados à temporarie-
dade, aquele licenciado ainda está inscrito na OAB, no entanto, nessa condição, 
caso advogue, seus atos também serão considerados nulos;
 9 Incompatibilidade: a lei não menciona, no entanto é caso de incompati-
bilidade temporária, cuja necessidade é de licença. Perceba que o advogado precisa 
se licenciar, mas não o fez. Não importa, ainda que não tenha se licenciado os 
seus atos continuam a ser considerados nulos, uma vez que estão na condição 
de incompatível.
Publicidade na advocacia
Atualmente, com duas regulamentações próprias, a publicidade na advocacia, 
algo plenamente previsível, obedece imperiosamente a uma finalidade informativa 
totalmente divorciada de conotação mercantil, portanto, perceba que há limites 
para esse tipo de veiculação.
Quando se interpreta conjuntamente o Provimento 94/200 e o art. 39 do 
novo código de ética veja que

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