Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
3 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN FARMACOLOGIA BÁSICA Aula 02 e 03 - Farmacocinética FARMACOCINÉTICA E FARMACODINÂMICA Farmacodinâmica: Local de ação, mecanismo de ação, efeito farmacológico. Farmacocinética: Via de administração, absorção, distribuição, biotransformação, excreção (eliminação). PROCESSOS FARMACOCINÉTICOS (ADME) Absorção a partir do local de administração: processo que acontece com a droga até que ela entre na circulação sistêmica (plasma). Distribuição: dispersão da droga pelo organismo/tecidos (do espaço intravascular para o extravascular). Metabolismo (Biotransformação): é a transformação da droga “mãe” em outros compostos. Droga A → Droga B (mais polar) Excreção: das drogas no plasma ou metabólitos na urina, fezes e bile Administração do fármaco → Liberação do fármaco do princípio ativo → Absorção → Cai no compartimento central (corrente sanguínea) onde estará na forma livre → Liga-se à proteínas plasmáticas (insolúveis nos líquidos corporais), o qual não tem atividade biológica e não consegue chegar no seu lugar de ação → Desliga-se das proteínas para chegar ao seu local de ação → Dinâmica fármaco livre e fármaco ligado à proteína (proporção): quando o fármaco se desliga das proteínas ele fica livre e diminui a proporção entre livre e associado à proteína, sendo assim mais fármaco de desprende das proteínas e ficam livres → Os fármacos livres além de atuarem no seu local de ação, pode se armazenar em tecidos onde tem afinidade: lipossolúveis armazenados no tec. adiposo → Pode se ligar em locais inesperados, produzindo reações adversas. → Metabolizado no fígado e se transforma em moléculas ativas ou inativas, produção de substâncias hidrossolúveis → Excreção → Depuração DISTRIBUIÇÃO 4 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN ABSORÇÃO Definição: Transferência de um fármaco desde o seu local de administração até a circulação sanguínea. Velocidade com que o fármaco deixa seu local de administração e a magnitude com que isto ocorre. A velocidade e a eficiência da absorção vão depender dentre outros fatores da via de administração. Fase biofarmacêutica: forma farmacêutica desmanchada e libera o princípio ativo → na maioria das vezes é absorvido no próprio intestino → na absorção passa por várias camadas: Membrana celular dos enterócítos Bicamada lipídica (camada externa hidrofóbica, camada interna hidrofílica) Fluidez Proteínas (alvos farmacológicos – receptores de membranas para fármacos) Relativamente impermeáveis à bicamada lipídica TRANSPORTE ATRAVÉS DE MEMBRANAS As moléculas pequenas atravessam as membranas celulares de quatro maneiras principais: Por difusão direta através dos lipídeos*: Fármacos lipossolúveis/Moléculas apolares (nas quais os elétrons estão distribuídos uniformemente) atravessam a bicamada lipídica livremente. Ex.: anestésicos gerais Combinando-se com um transportador de soluto ou outro transportador de membrana (transportadores carreadores solúveis e transportadores cassetes de ligação ao ATP)*: Difusão facilitada através de um transportador de membrana a favor de um gradiente de concentração. Transporte ativo: Transportadores de fármacos contra um gradiente de concentração gastando energia (proteínas que se ligam ao fármaco que transportam o fármaco para dentro da célula) Por difusão através de poros aquosos formados por proteínas especiais (aquaporinas) que atravessam os lipídeos. Ex.: Fármacos hidrossolúveis de baixo peso molecular Por pinocitose: invaginação de parte da membrana celular e a captação, dentro da célula, de uma pequena vesícula contendo constituintes extracelulares (ex.: insulina) * são particularmente importantes com relação aos mecanismos farmacocinéticos. Obs.: A lipossolubilidade de um fármaco é o principal fator que determina a taxa de difusão passiva através das membranas. PROPRIEDADES QUE INTERFEREM NO TRANSPORTE PELA MEMBRANA Peso molecular (tamanho da molécula/ inversamente proporcional): quanto menor a molécula mais facilidade tem de passar pela membrana. Coeficiente de partição (diretamente proporcional): dentre às moléculas com o mesmo peso molecular, o que os diferencia em sua permeabilidade é o coeficiente de partição óleo água ou octanol água (o quanto o fármaco é solúvel em relação à água; depende de sua composição química) → quanto maior o coeficiente maior é a solubilidade. Um fator complicador importante com relação à permeação da membrana é o fato de que muitos fármacos são ácidos ou bases fracas, existindo na forma não ionizada quanto na ionizada; a razão entre as duas formas varia com o pH. Para uma base fraca, B, a reação de ionização é: E a constante de dissociação pKa é dada pela equação de Henderson-Hasselbalch: Descreve a relação entre o valor de pKa e pH para ácidos e bases fracas Permite prever a porcentagem da forma ionizada de um fármaco em função do pH do meio Dissociação interfere na lipossolubilidade Ionizado (H+): + hidrossolúvel e + excretado Não Ionizado: Consegue atravessar melhor as membranas → + lipossolúvel e + absorvido INFLUÊNCIA DO PH NA ABSORÇÃO DE FÁRMACOS Existe um pKa especifico (faixa de pH em que o fármaco está 50% ionizado e 50% não ionizado) para cada substância. Para fármacos ácidos: Acima desse pKa o equilíbrio é deslocado para a forma ionizada. Abaixo desse pKa o equilíbrio é deslocado para a forma não ionizada (molecular). Para fármacos básicos: Acima desse pKa o equilíbrio é deslocado para a forma não-ionizada. Abaixo desse pKa o equilíbrio é deslocado para a forma ionizada. 5 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN FÁRMACOS ÁCIDOS: melhor absorvidos em pH ácido (estômago): maior proporção na forma molecular (lipossolúvel) melhor excretados em pH básico FÁRMACOS BÁSICOS: melhor absorvidos em pH básico (vasos e região intestinal): maior proporção na forma ionizada (hidrossolúvel) → íons aprisionados dentro do plasma. melhor excretados em pH ácido Ex.: anestésicos locais são geralmente bases fracas ABSORÇÃO DE FÁRMACOS Velocidade com que o fármaco deixa seu local de administração e a magnitude com que isto ocorre. FATORES ENVOLVIDOS NA ABSORÇÃO DE FÁRMACOS 1. LIGADOS AO FÁRMACO: Solubilidade do fármaco: pH no local de absorção, tamanho, forma e peso das partículas, forma química, forma farmacêutica. Concentração do fármaco no local de ação Estabilidade química Grau de ionização 2) LIGADOS À VIA DE ADMINISTRAÇÃO Área da superfície absortiva: Quanto maior a área de contato entre uma substância (fármaco) e uma barreira (membrana), melhor a sua absorção. Circulação no local de administração: Quanto maior a circulação sanguínea mais fácil será a sua absorção. 3) LIGADOS AO INDIVÍDUO Efeitos de líquidos lumiais: pH, muco, viscosidade, proteínas. Tempo de trânsito intestinal: Esvaziamento gástrico, alimentos, repouso e exercício, circulação entero-hepática. Metabolismo de primeira passagem: condições do fígado Condições patológicas: aumento ou diminuição da motilidade intestinal, retenção no estômago. Maior absorção em casos de inflamação (aumento da permeabilidade do vaso) e menor absorção em casos de edema (líquido impede a passagem e vasoconstrição). Quanto à velocidade de absorção: Tempo de esvaziamento gástrico: quanto menor, maior a velocidade de absorção. Motilidade intestinal: quanto menor, maior a absorção. Alimento: ausência de alimento facilita a absorção e a presença dificulta. **** Fatores na formulação (corante, solubilizante): a presença facilita a absorção. Metabolismo entérico: muito fármacos são metabolizados por células intestinais, sendo na ausência de metabolismo entérico são melhor absorvíveis. Quantidade de água ingerida BIODISPONIBILIDADE Velocidade e o grau com que a preparação terapêutica é absorvida e torna-se disponível no local de ação da substância. É quanto do que foi administrado ficará disponível para a circulação sistêmica (concentração plasmática) depois que passar pelo fígado, ou seja, é a concentração das moléculas do fármaco na célula- alvo depois de absorvida. Importante para estabelecer o intervalo posológico e a segurança do fármaco. 6 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Janela terapêutica: diz respeito à dose intervalo entre NPE (nível plasmático efetivo) e CMT (concentração máxima tolerada) Margem terapêutica: diz respeito à concentração do fármaco no sangue. Para um medicamento ser seguro a janela terapêutica deve ser larga! Obs.: Reação adversa e efeito colateral ocorrem na janela terapêutica. Situações que alteram a farmacocinética e biodisponibilidade: Metabolismo hepático Disfunção hepática Insuficiência cardíaca congestiva Disfunções renais PROCESSO DE POSOLOGIA Indicação da dose adequada de um medicamento. Faixa tóxica Faixa terapêutica Faixa subterapêutica Dosagem terapêutica: aumentando a concentração das doses gradualmente até chegar na janela terapêutica, várias doses para que chegue na faixa terapêutica (a partir da terceira dose). Dosagem terapêutica com dose de ataque: primeira dosagem é sempre a maior, atinge imediatamente a faixa terapêutica e as demais servem como manutenção. (ex.: antibióticos) Dosagem tóxica: A primeira dosagem já atinge a faixa terapêutica, as demais dosagens vão aumentando gradativamente até chegar na faixa tóxica. Dosagem subterapêutica: Dosagens que não atingem a faixa terapêutica VIA DE ADMINISTRAÇÃO As principais vias de administração são: Oral Sublingual Retal Aplicação em outras superfícies epiteliais (p. ex., pele, córnea, vagina e mucosa nasal) Inalação Injeção – Subcutânea – Intramuscular – Intravenosa – Intratecal – Intravítrea. VIA ORAL Pode se subdividir em: Via Bucal Via Sublingual VIA BUCAL Padrão de absorção variável (depende da motilidade gastrintestinal; fluxo sanguíneo; tamanho de partículas e formulação; fatores físico-químicos) Vantagens: Fácil administração Mais seguro, conveniente e econômico Pouca absorção até que o fármaco alcance o intestino delgado Desvantagens Irritação da mucosa do TGI Destruição de fármacos por enzimas digestivas Absorção variável Metabolismo de primeira passagem Contraindicações Alterações na função gastrointestinal Motilidade reduzida Incapacidade de deglutir Paciente que apresenta aspiração METABOLISMO DE PRIMEIRA PASSAGEM Substâncias absorvidas no TGI tendem a sofrer metabolismo de primeira passagem. Assim, fármaco administrado por via oral bucal é absorvido pelo trato gastrointestinal. Em seguida entra na circulação intra-hepática de modo que, antes de chegar na célula-alvo, ele passa pelo fígado. O fígado, por sua vez, extrai uma parte dessa substância e a parte restante vai para a circulação sistêmica em encontro da célula alvo. Exemplo: Absorção Oral Fármaco administrado → Suco gástrico (dependendo do pKa vai ser absorvido no suco gástrico ou não: se for base não, se for ácido sim) → Esvaziamento gástrico (tempo que o estômago leva para transportar todo seu conteúdo para o duodeno, influencia na absorção de fármaco) → Duodeno (Maioria dos fármacos são absorvidos do duodeno devido a maior área de absorção) → Circulação porta (redução da biodisponibilidade: percentual da dose que atinge o sítio de ação) → Circulação hepática (ativação ou inativação) → Circulação sistêmica 7 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN VIA SUBLINGUAL Vantagens Absorção rápida Acesso direto às veias sistêmicas Sem metabolismo de primeira passagem Desvantagens Poucas drogas facilmente absorvidas Sabor desagradável Somente para fármacos lipossolúveis Cuidados Não deglutir Não ingerir água até que o comprimido esteja totalmente dissolvido Ex: Anti-hipertensivos (Captopril), nitratos (Sustrate), analgésicos (Toragesic), antieméticos (Vonau). VIA RETAL Indicações Ingestão oral não é possível Vômito e inconsciência Efeito local (colite ulcerativa, hemorroida) ou Efeito sistêmico (antitérmico). Vantagens Metabolismo de 1ª passagem menor que oral Efeito local e sistêmico Desvantagens Absorção irregular, incompleta e irritação da mucosa retal Não é muito confiável pois depende de movimentos peristálticos Ex: Supositórios (de glicerina), enemas, irrigação ou lavagem. VIAS PARENTERAIS Devem ser estéreis e apirogênigas, pois não podem conter outros microrganismos nem podem conter substâncias que provoquem pirogenia (soluções contaminadas). • Injeções: são soluções ou suspensões estéreis em veículos aquosos ou oleosos, administradas por meio de agulhas. São utilizadas quando não se pode usar outra via ou quando o caso é de urgência. As injeções oleosas são restritas ao uso muscular para não formar êmbolos gordurosos. • Ampolas individuais. • Frasco-ampola. • Frasco adaptável a equipo INTRADÉRMICA Administração entre a derme e a epiderme Indicações: Testes imunológicos Vacinas SUBCUTÂNEA Vantagens: Adequada para algumas suspensões insolúveis Absorção de implantes lenta Desvantagens: Não é adequada para grandes volumes Possíveis dor e necrose por substâncias irritantes Máximo 3 ml Ex.: heparina, insulina, pellets (permitem liberação prolongada de fármacos), antirábica, antisarampo. INTRAMUSCULAR Músculo bem desenvolvido, fácil acesso, não possuir vasos de grande calibre e não ter nervos superficiais em seu trajeto. Indicados: Deltoide (2 a 3 ml), região glútea (4 a 5 ml) e musculo da coxa (3 a 4 ml). Vantagens Adequada para volumes moderados, veículos oleosos e algumas substâncias irritantes Absorção e autoadministração (ex.: insulina) Desvantagens Dor e inflamação; Durante tratamento anticoagulante Ex.: Bezentacil, Soluções aquosas, oleosas, suspensões 8 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN ENDOVENOSA/INTRAVENOSA Aplicação nos membros superiores, evitar articulações e o melhor lugar é na face anterior do antebraço esquerdo. Indica quando há uma necessidade imediata do medicamento, de injetar grandes volumes (hidratação) e introdução de substâncias irritantes aos tecidos. Vantagens Efeito rápido –uso valioso em emergências Substância irritantes Grandes volumes, fármacos peptídicos Controle da dose Sem absorção Desvantagens Imprópria para substâncias insolúveis e oleosas Risco de embolia Superdosagem Reação anafilática: ↑ risco de efeitos adversos Risco de contaminação Diferença na absorção de fármacos Alguns medicamentos são administrados em camadas corporais diferentes: 1. Epidural: espaço epidural 2. Intratecal Injeção direta no espaço subaracnóide espinhal. Efeitos locais e rápidos nas meninges ou no eixo cerebrospinhal. Ex. Anestesia espinhal ou infecções agudas do SNC 3. Intraóssea: alternativa para acessos venosos 4. Intrapleural 5. Intraperitoneal Grande superfície de absorção. Pode ocorrer perda hepática de primeira passagem. Raramente empregada na prática clínica. Riscos de infecções. VIA TÓPICA Mucosas: Pomadas Pele: Pomadas Olhos: colírios Patilhas para gargantas VIA PULMONAR Fármacos gasosos e voláteis (nebulizador transformando o fármaco em um spray para aplicação na garganta) Grande superfície de absorção, acesso rápido a circulação Não há perda de primeira passagem. DISTRIBUIÇÃO Após absorção o fármaco é distribuído, ou seja, transportado pelo sangue eoutros fluidos aos tecidos do corpo. O fármaco atravessou a parede intestinal, o endotélio do vaso e caiu na corrente, circulando na forma livre ou ligado à proteínas. Será distribuído no sítio de ação, reservatório teciduais, locais de ação inesperada, para os locais onde serão metabolizados e para onde serão excretados. Líquido extracelular: Plasma (4,5% do peso corporal); Líquido Intersticial (16%); Linfa (1,2%) Líquido intracelular (30 a 40%) Líquido transcelular (2,5%): Liquido cefalorraquidiano, intra-ocular, peritoneal, pleural, sinovial. Drogas que apresentam extensa ligação a proteínas (>90%) podem competir por sítios nessas proteínas, aumentando a distribuição da droga O aumento transitório na concentração plasmática de droga livre pode ser clinicamente importante para drogas com distribuição limitada, índice terapêutico estreito, ou com um tempo de meia-vida longo. A extensão da distribuição depende de: a) Permeabilidade através das barreiras teciduais b) Ligação dentro dos compartimentos c) Partição pelo pH d) Partição Óleo/água: Lipossolubilidade e) Ligação as Proteínas Plasmáticas f) Irrigação dos tecidos 9 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Distribuição inicialmente para órgãos e tecidos de maior perfusão sanguínea: Órgão ou Tecido Perfusão mL/min/100g Pulmões 1000 Rins 400 Fígado 80 Coração 60 Cérebro 50 Menor Perfusão: Músculo, Pele e gordura LIGAÇÃO DAS DROGAS ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS Albumina (ácidos fracos) Glicoproteína ácida alfa-1 (bases fracas) Complexo reversível, passível de dissociação. Fração Livre → Efeito Farmacológico (determina a intensidade do efeito) e Toxicidade Fração da droga ligada → Reserva FATORES QUE INFLUENCIAM NA LIGAÇÃO ÀS PROTEÍNAS PLASMÁTICAS Afinidade entre as drogas e as proteínas plasmáticas. Ex.: varfarina (95%) Concentração Sanguínea da Droga Concentração das Proteínas Plasmáticas Uma droga ligada a proteínas plasmáticas pode ser deslocada por outra droga que possua maior afinidade por esta proteína. A concentração livre da droga deslocada se eleva podendo produzir níveis tóxicos. Ex. Fenilbutazona desloca coagulantes cumarínicos aumentando seu efeito anticoagulante. Droga Deslocada Droga Deslocadora Consequência Clínica Varfarina e outros Dicumarínicos Clofibrato Hipoprotrombinemia excessiva Ácido Mefenâmico Ácido Nalidíxico Fenilbutazona Tolbutamida Fenilbutazona Hipoglicemia VOLUME DE DISTRIBUIÇÃO Vd = Q/Cp Q: quantidade total da substância no corpo Cp: concentração presente no plasma - volume inversamente a concentração Drogas confinadas no compartimento plasmático: grandes, pesadas, alta capacidade de ligação as proteínas plasmáticas. Ex.: Heparina (Vd <0,071 L/Kg) Drogas distribuídas no compartimento extracelular: Baixa Lipossolubilidade, apresentam dificuldades para atravessar barreiras Ex.: Gentamicina (Vd ~0,2 L/Kg) Drogas distribuídas por toda água corporal: Relativa lipossolubilidade, distribuição alta. Ex.: Etanol (Vd>1,2 L/Kg) DISTRIBUIÇÃO DAS DROGAS – ARMAZENAMENTO Associação das drogas a elementos teciduais Tecidos mais comumente envolvidos: Tecido Adiposo e Tecido Ósseo Formação de depósitos: Tecido ósseo: Tetraciclina, Chumbo, Flúor (hidroxiapatita ou fluorose) → Armazenamento durante a fase de mineralização Tecido Adiposo: Anestésicos gerais e Inseticidas. Prolongamento do efeito 10 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN BARREIRA HEMATOENCEFÁLICA Algumas substâncias que penetram livremente nos tecidos moles (fígado, rins, músculos) não conseguem atingir o cérebro. Anestésicos, analgésicos e tranquilizantes conseguem atingir o cérebro. Bainha de astrócitos e Zônulas de oclusão Substâncias que penetram no SNC Lipossolúveis: Apolares Elevado coeficiente de partição óleo/água (barbitúricos e anestésicos gerais) Tamanho reduzido (álcool) Complicações Pode funcionar como barreira para o tratamento (Ex. Tratamento de encefalite bacteriana) Doença de Parkinson (deficiência de dopamina no SNC) → uso de um pró-farmaco (levodopa) BARREIRA PLACENTÁRIA Vasos Sanguíneos do feto revestidos por uma única camada de células (Trofoblasto) “Barreira”: não barra substâncias, apenas retarda a sua chegada Maioria das drogas atravessa e chega ao feto (retardo na transferência) Características gerais da transferência: Velocidade Pequena de Transferência Difusão Passiva Equilíbrio mãe-feto 10 a 15 minutos Difusão limitada de fármacos hidrossolúveis Drogas que atravessam mais facilmente a barreira placentária: Lipossolúveis: apolares Baixo peso molecular Ex. Hipnóticos, anestésicos gerais, álcool, morfina, heroína. Toxicidade sobre o feto: Talidomida – Focomelia (má formação de membros) Anticoagulantes – Hemorragia fetal e neonatal Tetraciclina – Dentição anormal Sulfonamidas – Icterícia neonatal METABOLISMO DE FÁRMACOS O corpo elimina drogas e outros compostos químicos exógenos (xenobióticos) e endógenos através do metabolismo e da excreção Principal biotransformador é o fígado, entretanto os pulmões, rins e adrenais podem agir nesse processo. → enzimas hepáticas O metabolismo pré-sistêmico no fígado ou na parede intestinal reduz a biodisponibilidade de diversos fármacos quando são administrados por via oral. Meta: lipossolúveis em hidrossolúveis facilitando a liberação pelo renal. Término da ação de uma substância: Detoxificar e inativar compostos. Facilitar a excreção: formar produtos mais polares e menos lipossolúveis; Ativar: originalmente inativas, alterar perfil farmacocinético (facilidade de a droga ser distribuída ou se ligar em proteínas) e formar metabólitos ativos. Ex.: pró-fármacos Inativação: as drogas, na sua maioria, e seus metabólitos são inativados ou transformados em produtos menos ativos. Ex. Morfina, clorafenicol, propranolol e muitas outras. Desfecho do processo: 11 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Pró-fármaco: É um fármaco que o produto do seu metabolismo (metabólito) é que possui efeito terapêutico. Ele é administrado em forma inativa, sendo ativado a capacidade terapêutica após biotransformação quando é metabolizado. Exemplos: Enalapril precisa ser metabolizado e o seu metabólito, que é o enalaprilato, é que tem efeito terapêutico. Então, enalapril é um pró-fármaco. Codeína é um pró-fármaco, que, no organismo, se converte em morfina para então promover seus efeitos narcóticos (depressão do sistema nervoso central e com isso sonolência e redução na sensibilidade à dor). Prednisona é um corticosteroide farmacologicamente inerte que requer biotransformação hepática para produzir prednisolona, sua forma terapeuticamente ativa. Obs.: Para os pró-fármacos a biotransformação, adquirindo a forma ativa, pode ocorrer ao mesmo tempo em que ocorre o metabolismo de primeira passagem. Inativação: As drogas, na sua maioria, e seus metabólitos são inativados ou transformados em produtos menos ativos. Ex. Morfina, clorafenicol, propranolol e muitas outras. Metabólito Ativo: Droga parcialmente transformada em um ou mais metabólitos ativos. Ex. Fenacetina (paracetamol - NPBQ); fenilbutazona (oxifenilbutazona); diazepam (desmetildiazepam, oxazepam) Ativação de droga inativa: Pró-drogas → Levodopa (dopamina); prednisona (prednisolona); enalapril (enalaprolat) Ausência de metabolismo: Penicilinas e anestésicos gerais são excretados sem sofrer metabolismo. FASES DO METABOLISMO REAÇÕES DE FASE I (FUNCIONALIZAÇÃO) A fase 1 envolve reações (não sintéticas ou catabólicas) de oxidação, redução, hidrólise, ciclização, desciclização: Geralmente formam produtos quimicamente mais reativos,que podem ser farmacologicamente ativos, tóxicos ou carcinogênicos Com frequência, envolvem um sistema de monoamino-oxigenases, no qual o citocromo P450 desempenha papel fundamental. Preparam as drogas para sofrer as reações de fase II. Citocromo P450: Enzimas microssomais hepáticas Encontrados nos hepatócitos. Família de isoenzimas oxidorredutoras. Responsável pela duração do efeito da grande maioria dos fármacos. Fonte importante de variabilidade interindividual e intravindividual na resposta aos fármacos. Fonte de muitas interações com alimentos e medicamentos. A indução das enzimas P450 pode acelerar acentuadamente o metabolismo hepático de fármacos. Em decorrência, pode haver aumento da toxicidade de fármacos que possuem metabólitos tóxicos, e é uma causa importante da interação fármaco-fármaco como na inibição enzimática. Variabilidade genética 12 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN REAÇÕES DE FASE II Reações (Sintéticas ou Anabólicas) de Conjugação A droga ou o metabólito de fase I conjuga-se com uma substância endógena (geralmente um derivado de carboidrato ou aminoácido) formando um produto polar altamente ionizado, inativo ou de maior peso molecular, o qual é facilmente excretado pela urina ou bile. As reações de fase 2: Conjugação com glicuronídio Acetilação Metilação Conjugação com sulfato Conjugação com glicina Conjugação com glutationa Enzimas: transferases Ex.: Penicilina não passa por metabolismo Alguns fármacos que não passam pela fase 1 podem produzir de metabólitos tóxicos. FATORES QUE AFETAM A METABOLIZAÇÃO DE FÁRMACOS Fisiológicos: idade, polimorfismo, nutrição (dieta, tipo de alimentação, níveis de proteínas), espécie (condições genéticas), sexo (fatores inerentes) Idosos: Maior quantidade de tecido adiposo/ disfunção hepática e renal Crianças: sistemas enzimáticos imaturos/composição corporal com maior quantidade de água nos tecidos/ redução do metabolismo e da eliminação Farmacológicos: Indução e Inibição enzimática Estado Patológico: Hepatopatia (↓metabolização) INTERAÇÕES FARMACOLÓGICAS INDUÇÃO ENZIMÁTICA Elevação na expressão do citocromo ou na velocidade de processamento enzimático, resultando em um metabolismo acelerado do xenobiótico. Dessa maneira, a biodisponibilidade é menor. Na presença de um indutor (fármaco indutor): Aumenta atividade da enzima CYP Aumenta a velocidade do metabolismo do substrato Aumenta a velocidade da excreção Diminui a concentração do substrato no sangue CYP 1A2 – Fenobarbital (gardenal), cigarro, cafeína, omeprazol, fenitoína, carbamazepina. CYP 2C9 – Rifampicina, Carbamazepina, Etanol. CYP 2E1 – Etanol, Isoniazida. CYP 3A4 - Carbamazepina, Prednisona, Dexametasona, Fenobarbital, Fenitoína, Hormônio do Crescimento. INIBIÇÃO ENZIMÁTICA Queda na velocidade de metabolização de um fármaco, resultando em efeitos farmacológicos prolongados e maior incidência de efeitos tóxicos. Dessa maneira, a biodisponibilidade é maior. Na presença de um inibidor: Diminui a atividade da enzima Diminui a velocidade de metabolismo do substrato Diminui a velocidade da excreção Aumenta a concentração de substrato no sangue, podendo atingir níveis tóxicos Se administramos um fármaco que é substrato de uma determinada enzima e o inibidor da enzima estiver presente, o inibidor favorece o aumento da concentração do fármaco. CYP 1A2 - Ciprofloxacina, Fluoxetina. CYP 2C9 – Amiodarona, Clopidogrel, Fluconazol, Miconazol. CYP 2E1 – Cimetidina. CYP 3A4 – Cetoconazol, Itraconazol, Fluoxetina, Omeprazol, Claritromicina, Verapamil. 13 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Portanto, na administração dos fármacos é importante que saibamos se são inibidores ou indutores enzimáticos, e se essa interação vai alterar a concentração de um dos dois fármacos. Devido a características genéticas existem indivíduos metabolizadores lentos e rápidos, nesse sentido há a necessidade de regulação da dose. (farmacogenética) Meia vida plasmática: tempo necessário para que a quantidade original da dose seja reduzida à metade. Serve para avaliar em quanto tempo será a excreção total da droga EXCREÇÃO DE FÁRMACOS Pulmões: Anestésicos gerais gasosos, substâncias voláteis. Fezes: Substâncias ingeridas VO não absorvidas Pele: Substâncias que se depositam na queratina Secreções externas: Saliva, lágrima, secreção nasal, suor, leite materno Rim: Filtração glomerular, secreção tubular ativa, reabsorção tubular passiva. Hidrofílicas: Se a droga é hidrofílica vai ser absorvida no duodeno fígado (não sofre biotransformação) sangue distribuída Rins: eliminada. Lipofílica (não sofreu metabolismo o suficiente para transformá-la em hidrofílica) absorvida circular mecanismo de ação mas não elimina pelos rins! Recirculação enterohepática fezes, sais biliares. Lipofílica (sofreu metabolismo lento): a parte hidrofílica gerada pelo metabolismo é excretada pelo rins e a lipofílica que não sofreu passa pela recirculação no fígado para que sofra novo metabolismo e se transforme em uma droga totalmente hidrofílica. Lipofílico (metabolismo rápido): metabolizada na primeira passagem, circula no sangue e é totalmente eliminada pelos rins. MECANISMO RENAIS DE EXCREÇÃO A maioria dos fármacos atravessa livremente o filtro glomerular, a não ser que apresentem uma extensa ligação com proteínas plasmáticas. Muitos fármacos, especialmente ácidos e bases fracas, são secretados ativamente para o interior do túbulo renal, sendo eliminados mais rapidamente. Fármacos lipossolúveis são reabsorvidos passivamente por difusão no túbulo, não sendo eficientemente eliminados na urina. Filtração Glomerular Droga circulante chega no glomérulo > atravessa a cápsula de Bowman > se possuir tamanho suficiente para atravessar os poros Capilares glomerulares permitem a difusão de moléculas com PM inferior a 20.000 no filtrado glomerular. A albumina (68.000) é quase totalmente retida. Drogas que se ligam fortemente à albumina tem dificuldade de excreção. 20% da eliminação de drogas Secreção Tubular Até 20% do fluxo plasmático renal são filtrados pelo glomérulo. 80% das substâncias passam pelos capilares peritubulares do túbulo proximal. Túbulo contorcido distal: drogas lipossolúveis são reabsorvidas Substâncias que não sofreram filtração > Mecanismo de transporte ativo Transferência para a luz tubular por 2 sistemas de transporte (ácidos e bases orgânicas) Excreta fármacos ligados à proteínas e moléculas grandes 14 Jordana Oliveira | Turma XX | Medicina UERN Difusão através do Túbulo renal Substâncias muito lipossolúveis são excretadas lentamente. Excreção Devido à partição pelo pH, ácidos fracos são eliminados mais rapidamente em urina alcalina e vice-versa. Composto ácido – neutraliza a urina para aumentar o nível de excreção Composto básico – acidifica a urina para aumentar o nível de excreção Efeito do pH urinário na eliminação de fármacos. [A] Depuração do fenobarbital no cão em função do fluxo urinário. Como o fenobarbital é ácido, a alcalinização da urina aumenta sua eliminação em aproximadamente 5 vezes. [B] Eliminação da anfetamina em seres humanos. A acidificação da urina aumenta a velocidade de eliminação renal da anfetamina, reduzindo sua concentração plasmática e seus efeitos no estado mental do paciente. Depuração (Clearance) Taxa de eliminação de um fármaco. É extremamente relevante para estabelecer a dose da droga em tratamento de longo prazo. É inversamente proporcional a meia-vida de eliminação. EXCREÇÃO BILIAR Em que casos? Fármacos lipofílicos que não foram biotransformadosem hidrofílicos. Alguns produtos conjugados são eliminados pela bile, reativados no intestino e depois reabsorvidos (“circulação êntero-hepática”). São reabsorvidos (95%) e 5% são excretados com as fezes. Tempo de ação é maior. Ex: anticoncepcionais Diversos fármacos importantes são removidos predominantemente por eliminação renal, podendo causar toxicidade em idosos e pacientes com doença renal. Existem aspectos de interações fármaco-fármaco clinicamente importantes, provocadas por um fármaco reduzir a eliminação renal de outro (os exemplos incluem diuréticos/lítio e indometacina/metotrexato), mas são menos frequentes que as interações provocadas por alteração do metabolismo dos fármacos.
Compartilhar