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OS CONCEITOS CIENTÍFICOS NA BNCC ETAPA 1 Autor Lucas Peres Guimarães Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS OS CONCEITOS CIENTÍFICOS NA BNCC ETAPA 1 1 INTRODUÇÃO A elaboração da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sofreu algumas mudanças no decorrer do processo, iniciou-se nos anos 2015 e 2016, com comissão de assessores e de especialistas, até o impeachment da então presidenta Dilma Rousseff, quando o processo foi interrompido e uma outra equipe elaborou a terceira versão do documento (MARCONDES, 2018). Em 2017, a terceira e última versão da BNCC correspondente às etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental foi publicada e homologada. O processo de elaboração contou com a participação do terceiro setor, que define as organizações da iniciativa privada, sem fins lucrativos e que prestam serviços de caráter público. O período em que esse documento foi elaborado pode ser lembrado pelos intensos embates que aconteciam em nosso país, com troca de presidentes e mudanças abruptas e significativas na/da educação nacional. É necessário ressaltar que nos anos de 2015 e 2016 muitos estudantes do nível médio e universitários brasileiros ocuparam escolas e universidades como manifestação contrária às medidas do Governo Federal – como a Medida Provisória (MP) nº 746/2016, da Reforma do Ensino Médio, e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº 241/2016, do congelamento das despesas públicas por até 20 anos – e de governos estaduais, além de outras pautas locais que se relacionavam à educação. Em meio a protestos e embates, muitas dessas propostas eram apresentadas pelo Governo como medidas de proteção do direito à educação e à formação para o exercício pleno da cidadania, entre outras. Branco et al. (2018) analisam todo o contexto da reforma educacional que a BNCC trouxe ao país e discutem em que medida poderia contribuir para transformações reais e eficientes na educação brasileira. Consideram que a forma como foi construída apresentou-se, muitas vezes, contraditória ao que se anunciava como um documento elaborado democraticamente. CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normativo novo e relevante no contexto educacional brasi leiro, agregando em torno de suas normas expectativas e críticas. Expressa ideias para regular conhecimentos, aprendizagens e habilidades mínimas a serem oportunizadas em toda a Educação Básica, numa evolução linear e sequencial em todo o território nacional. Esse documento responde a uma necessidade da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB nº 9.394/96), dos Parâmetros Curriculares Nacionais e das Diretrizes Curriculares. Nesse contexto, a Base Nacional Comum Curricular foi aprovada, tornando-se objeto de análise de acordo com múltiplas perspectivas. Partindo do pressuposto de que a BNCC está publicada e a ser implementada, esse primeiro módulo analisará a terceira versão do documento do Ensino Fundamental e Médio na área de Ciências da Natureza e os ideais assumidos: o letramento científico. O primeiro capítulo analisa os conceitos de alfabetização científica e letramento científico, assumindo seu significado para a educação, na formação dos indivíduos e sua importância para a sociedade nos conceitos que são colocados para o estudo de Biologia, Física e Química. O segundo capítulo apresenta as relações conceituais entre ciência e tecnologia nas habilidades do Ensino Fundamental e Médio da área de Ciências da Natureza, relacionando a proposta de formação integral por meio de uma educação equitativa. 2 AS RELAÇÕES ENTRE OS CONCEITOS DE CIÊNCIAS DA NATUREZA E O LETRAMENTO CIENTÍFICO NA BNCC A BNCC é um documento normativo que se apresenta como “o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica” e indicarão uma formação humana e integral de modo a construir uma “sociedade justa, democrática e inclusiva” (BRASIL, 2017a, p. 7, grifos originais da obra). Entre os seus objetivos, pode-se citar a garantia da equidade da educação, afiançando o básico comum sem deixar de atender à diversidade. A BNCC busca contemplar cada sistema de ensino, cada ambiente escolar, por uma parte diversificada exigida pelas características regionais e locais. A ação desse documento normativo visa principalmente aprendizagens, habilidades e desenvolvimento essenciais para uma educação integral, para construir uma sociedade “ideal” aos apregoados interesses de justiça, democracia e inclusão. O que se espera da BNCC é a igualdade em aprendizagens de todos os cidadãos brasileiros, com necessidade da construção de um consenso a nível nacional, sendo efetivada em outras instâncias e por diferentes intérpretes (BRASIL, 2017a). CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Contudo, a BNCC não é um currículo, tendo em vista que esse deve refletir a especificidade da comunidade escolar e um documento nacional tem esse limite. Para tanto, programa-se um percurso para elaborarem currículos, cujo alvo seja a Base, “organizada por: eixos, áreas, dimensões, competências, componentes curriculares, unidades temáticas, objetos de conhecimentos e habilidades” (BRANCO et al., 2020, p. 202). Em suma, indica as aprendizagens essenciais que o aluno deverá saber e saber-fazer e propõe a constituição de currículos articulados, mas não é apresentada como um currículo nacional. O currículo não é constituído de conhecimentos válidos, mas socialmente válidos, dessa maneira, o currículo constrói socialmente as pessoas. No currículo há a representação cultural, mas o que ensinar em um país multicultural? A resposta para essa pergunta está na BNCC. Cossetin (2017) aponta que uma das críticas recorrentes à BNCC foi a de que ela se pautaria em pretensões universais, o que ocasionaria na perda das peculiaridades do contexto no processo de ensino-aprendizagem. Por outro lado, há a necessidade de que a escola pública busque a equidade e atenda de modo que os alunos tenham o conhecimento independente do seu contexto. O desafio da BNCC é chegar ao consenso nessas duas visões. Em outro ponto de vista, esse documento pode “contribuir para possibilitar o direito a aprendizagens a todos os estudantes de saberes que constituem nosso patrimônio cultural e se possa avançar na qualidade da educação, tendo em vista as especificidades que caracterizam os diferentes contextos escolares de nosso país” (MARCONDES, 2018, p. 270). Macedo (2016, p. 62) aponta que há dois discursos em disputa sobre a BNCC: “conhecimento para fazer algo e conhecimento em si, mas pode- se considerar que acabam se articulando na proposta de atendimento da demanda por justiça social e de igualdade democrática”. Nessa disputa, é avaliada a produção de uma lista (de conteúdos e de habilidades, competências e padrões de aprendizagem) com ideias reguladoras (BRANCO et al., 2020). Portanto, podemos observar que embora tenha título, características e forma de um currículo, é apresentada como se não fosse. Assim, embora seja negada a imposição de um currículo nacional, a BNCC traz elementos de um currículo preestabelecido (conteúdos, etapas, turmas/anos, organização, níveis, metas de aprendizagem, componentes curriculares, entre outras orientações que não deixam de caracterizar um currículo) na sua implantação na sala de aula, conforme podemos observar na Figura 1. CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS FIGURA 1 – ESTRUTURA DA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR – 3ª VERSÃO FONTE: Branco et al. (2020, p. 204) A partir do mapa conceitual, podemos notar que a BNCC possui uma constituição integrada, com a intenção de garantir as chamadas aprendizagens essenciais, indicadas como comportamentos, habilidades, conhecimentos e vivências. Prosseguimos onosso estudo para a área de Ciências da Natureza. Marcondes (2018) destaca a importância dos conhecimentos científicos e tecnológicos, defendendo que seu ensino seja através da alfabetização científica, nas múltiplas particularidades em que possui. A perspectiva da alfabetização científica defendida pelo autor foi foco nas duas primeiras versões, conforme aponta: Dessa maneira, a educação escolar na área das ciências da natureza deveria ser estruturada, nos 12 anos escolares, de forma a que a leitura do mundo através das lentes das ciências da natureza fosse se tornando mais complexa, à medida que os aprendizes fossem reconhecendo a presença dos conhecimentos em seu ambiente, fossem explorando fenômenos, seus próprios saberes e outros a eles apresentados, fossem formulando perguntas, hipóteses e fazendo investigações para poderem aprofundar suas explicações sobre o mundo físico e social, reconhecendo situações que demandam reflexões e ações (MARCONDES, 2018, p. 273). CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS No entanto, Marcondes (2018) explica que esse processo sofreu enorme alteração devido ao contexto político, o que culminou em uma terceira versão, que foi homologada, distante do pensamento inicial das duas primeiras versões, já que foi elaborada por outro grupo, assumindo-se outros princípios formativos – sem dizer quais seriam. Na BNCC, o conceito de ciências e tecnologia é apresentado com referência à dualidade, como as influências positivas e/ou negativas que ocasionam para o meio ambiente, sociedade e qualidade de vida. O desenvolvimento científico e tecnológico influencia a vida e a organização social, em qualquer contexto e em diferentes momentos históricos. Para debater e tomar posição sobre alimentos, medicamentos, combustíveis, transportes, comunicações, contracepção, saneamento e manutenção da vida na Terra, entre muitos outros temas, são imprescindíveis tanto conhecimentos éticos, políticos e culturais quanto científicos. Isso por si só já justifica, na educação formal, a presença da área de Ciências da Natureza, e de seu compromisso com a formação integral dos alunos. Portanto, ao longo do Ensino Fundamental, a área de Ciências da Natureza tem um compromisso com o desenvolvimento do letramento científico, que envolve a capacidade de compreender e interpretar o mundo (natural, social e tecnológico), mas também de transformá-lo com base nos aportes teóricos e processuais da ciência. Em outras palavras, apreender ciência não é a finalidade última do letramento, mas, sim, o desenvolvimento da capacidade de atuação no e sobre o mundo, importante ao exercício pleno da cidadania (BRASIL, 2017a, p. 273). No Ensino Médio, espera-se, de certo modo, que o letramento científico continue de modo mais aprofundado, no que diz respeito à interpretação e à análise dos fenômenos naturais. Nesse cenário, a BNCC da área de Ciências da Natureza e suas Tecnologias – integrada por Biologia, Física e Química – propõe ampliar e sistematizar as aprendizagens essenciais desenvolvidas até o 9º ano do Ensino Fundamental. Isso significa, em primeiro lugar, focalizar a interpretação de fenômenos naturais e processos tecnológicos de modo a possibilitar aos estudantes a apropriação de conceitos, procedimentos e teorias dos diversos campos das Ciências da Natureza. Significa, ainda, criar condições para que eles possam explorar os diferentes modos de pensar e de falar da cultura científica, situando-a como uma das formas de organização do conhecimento produzido em diferentes contextos históricos e sociais, possibilitando-lhes apropriar-se dessas linguagens específicas (BRASIL, 2017b, p. 537). O documento do Ensino Médio exemplifica esse aprofundamento com relação ao Ensino Fundamental quando afirma que os: Estudantes também começam a se apropriar de explicações científicas envolvendo as temáticas Vida e Evolução e Terra e Universo no Ensino Fundamental. Eles exploram aspectos referentes tanto aos seres humanos (com a compreensão da organização e o funcionamento de seu corpo, da necessidade de autocuidado e de respeito ao outro, das modificações físicas e emocionais que acompanham a adolescência etc.) quanto aos demais seres vivos (como a dinâmica dos biomas brasileiros e questões ambientais atuais). Também procedem análises do sistema solar e dos movimentos da Terra em relação ao Sol e à Lua (BRASIL, 2017b, p. 537). CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Seja no Ensino Fundamental ou no Ensino Médio, a BNCC coloca como indispensável que os indivíduos tenham conhecimentos científicos mínimos, para que aconteça uma imersão maior na cultura científica e tecnológica. Para isso, enriquecer o currículo para o ensino de Ciências é uma alternativa positiva e imprescindível (PRAIA; GIL-PÉREZ; VILCHES, 2007). A aprendizagem de conceitos científicos não é algo prioritário na proposta apresentada pela BNCC, entretanto, denota que o conhecimento científico é indispensável para a formação integral. Neste intermédio, conta que a área de Ciências da Natureza deve democratizar o acesso a esse conhecimento através da Educação Básica, aproximando gradativamente a sociedade da discussão e produção do conhecimento científico (BRASIL, 2017a; 2017b). Sua terceira versão está dividida em três seções. A primeira seção descreve os fundamentos do currículo de ciências do Ensino Fundamental, o processo de ensino-aprendizagem, as competências específicas de ciências e os principais focos a serem abordados de forma articulada no Ensino Fundamental, “o acesso à diversidade de conhecimentos científicos produzidos ao longo da história, bem como a aproximação gradativa aos principais processos, práticas e procedimentos da investigação científica” (BRASIL, 2017a, p. 321). A segunda seção é dedicada à apresentação das três unidades temáticas: Matéria e Energia, Vida e Evolução e Terra e Universo. As unidades temáticas constituem a principal mudança proposta para o currículo de ciências, já que o componente curricular foi organizado em três unidades temáticas que se repetem ao longo de todo o Ensino Fundamental, o que não acontecia anteriormente, quando cada nível de escolaridade trabalhava um único tema (BRASIL, 2017a). A terceira seção é dividida em duas: a primeira parte constitui-se nos objetos de conhecimento e as habilidades dos anos iniciais do Ensino Fundamental e a segunda parte diz respeito aos objetos de conhecimento e habilidades dos anos finais desse segmento (BRASIL, 2017a). Ambas seções possuem um texto de abertura antes da apresentação dos objetos de conhecimento e habilidades. Nos primeiros anos do Ensino Fundamental é destacado que “se investe prioritariamente no processo de alfabetização das crianças, as habilidades de Ciências buscam propiciar um contexto adequado para a ampliação dos contextos de letramento” (BRASIL, 2017a, p. 331). Na segunda parte desse segmento é destacado que quando os alunos estão próximos de atingirem o fim desse nível de escolaridade eles já serão capazes de “estabelecer relações ainda mais profundas entre a ciência, a natureza, a tecnologia e a sociedade, CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS o que significa lançar mão do conhecimento científico e tecnológico para compreender os fenômenos e conhecer o mundo” (BRASIL, 2017a, p. 343). Os conhecimentos conceituais pertinentes à área de Ciências da Natureza no Ensino Médio também são divididos nessas seções, de maneira que: São sistematizados em leis, teorias e modelos. A elaboração, a interpretação e a aplicação de modelos explicativos para fenômenos naturais e sistemas tecnológicos são aspectos fundamentais do fazer científico, bem como a identificação de regularidades, invariantes e transformações. Portanto, no Ensino Médio, o desenvolvimento do pensamento científico envolve aprendizagens específicas, com vistas a sua aplicação em contextos diversos (BRASIL, 2017b, p. 545). Podem-se citar as seguintes habilidades comosendo conceituais no ensino de Ciências da Natureza da BNCC: “(EM13CNT201) Analisar e discutir modelos, teorias e leis propostos em diferentes épocas e culturas para comparar distintas explicações sobre o surgimento e a evolução da Vida, da Terra e do Universo com as teorias científicas aceitas atualmente” (BRASIL, 2017b, p. 557). “(EM13CNT209) Analisar a evolução estelar associando-a aos modelos de origem e distribuição dos elementos químicos no Universo, compreendendo suas relações com as condições necessárias ao surgimento de sistemas solares e planetários, suas estruturas e composições e as possibilidades de existência de vida, utilizando representações e simulações, com ou sem o uso de dispositivos e aplicativos digitais (como softwares de simulação e de realidade virtual, entre outros)” (BRASIL, 2017b, p. 557). “(EM13CNT301) Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experimentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfrentamento de situações-problema sob uma perspectiva científica” (BRASIL, 2017b, p. 559). “(EM13CHS306) Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros)” (BRASIL, 2017b, p. 575). “(EF06CI06) Concluir, com base na análise de ilustrações e/ou modelos (físicos ou digitais), que os organismos são um complexo arranjo de sistemas com diferentes níveis de organização” (BRASIL, 2017a, p. 345). “(EF08CI12) Justificar, por meio da construção de modelos e da observação da Lua no céu, a ocorrência das fases da Lua e dos eclipses, com base nas posições relativas entre Sol, Terra e Lua” (BRASIL, 2017a, p. 349). CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS “(EF08CI13) Representar os movimentos de rotação e translação da Terra e analisar o papel da inclinação do eixo de rotação da Terra em relação a sua órbita na ocorrência das estações do ano, com a utilização de modelos tridimensionais” (BRASIL, 2017a, p. 349). “(EF09CI03) Identificar modelos que descrevem a estrutura da matéria (constituição do átomo e composição de moléculas simples) e reconhecer sua evolução histórica” (BRASIL, 2017a, p. 351). FONTE: BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2017a. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular – Ensino Médio. 2017b. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/ dezembro-2017-pdf/78631-pcp015-17-pdf/file. Acesso em: 15 maio 2021. As habilidades contextuais, expostas anteriormente, precisam surgir dos desafios e interesses dos próprios alunos, sendo colocadas em situações de aprendizagem, com estímulo à curiosidade. Para tanto, o estudante deve ser capaz dos seguintes passos: 1. Definição de problemas. 2. Levantamento, análise e representação. 3. Comunicação. 4. Intervenção (BRANCO et al., 2020). Esses passos representam as habilidades que os estudantes devem desenvolver para o processo de ensino-aprendizagem na área de Ciências da Natureza, que pode se dar através de uma metodologia e capacidade gerada a partir de seus estudos no decorrer do processo investigativo. Almeja-se que o estudante perceba e compreenda a relação com o mundo, saiba ler e formular hipóteses, testá-las, refutá-las e elaborar conclusões, ou seja, que haja o multiletramento, abrangendo os conceitos e saberes científicos (BRASIL, 2017a; 2017b). Para o letramento científico citado na BNCC é necessário: • preparar o aluno para observar; • ser curioso; • criar; • colaborar; • compreender o mundo, a natureza, a tecnologia, os conhecimentos, as linguagens e as práticas específicas do componente curricular; • os fenômenos devem ser compreendidos desde o seu contexto até outros mais amplos (BRANCO et al., 2020). CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS É evidenciado em ambos os documentos (BNCC Ensino Fundamental e Ensino Médio) que os estudantes compreendam, tomem decisões e intervenham com base nos postulados da sustentabilidade (BRASIL, 2017a; 2017b). Mamede e Zimmermann (2005) afirmam que, além de compreender o conhecimento científico, é preciso saber interagir com a natureza através dos recursos oferecidos pela ciência e tecnologia. Desse modo, aprender Ciências não é apenas memorizar conceitos sem significado ao contexto em que o aluno vive, mas compreender que esses conhecimentos fazem parte de seu cotidiano e da sociedade e, portanto, relacionam-se à formação do cidadão. Este capítulo não tem como objetivo questionar a eficácia da BNCC ou a ineficiência do Ministério da Educação ao propor esse documento, principalmente no tocante ao letramento científico, abordagem central de como se passam os conceitos de Ciências da Natureza nesse documento. Entendemos que a abordagem é um bom caminho para o ensino de Ciências, contudo, julga-se relevante considerar possíveis desafios. Há uma previsão no documento dos objetos do conhecimento, das habilidades e competências, mas não há nenhuma discussão de questões como: o tempo, a rotina, as condições, os recursos, a formação, as dificuldades de aprendizagem, o atendimento a necessidades educacionais específicas, as diferenças sociais, políticas e financeiras e de condições mínimas de qualidade. Parece ser terceirizado aos professores e às escolas, desconsiderando a sua realidade, um tipo de ‘receita de bolo’, com conhecimentos, habilidades e competências prescritas para revigorar a educação. Um desafio que também merece destaque são as escolas. Há equidade de recursos nas escolas brasileiras? A Tabela 1, a seguir, mostra disparidade, pois o percentual de estudantes com disponibilidade de recursos básicos é desigual, assim como as condições do trabalho pedagógico. O Laboratório de Ciências é o mais escasso em todos os níveis de ensino, o que se torna um desafio para a nossa área do conhecimento específica (INEP, 2017). TABELA 1 – RECURSOS DISPONÍVEIS DE ACORDO COM AS MATRÍCULAS DO ENSINO FUNDAMENTAL. DADOS DE 2016 FONTE: Adaptada de INEP (2017) CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Quando mencionamos as avaliações externas, podemos destacar os resultados do Programa Internacional da Avaliação de Alunos (PISA). Em 2015, a avaliação teve ênfase em Ciências e os seus resultados sinalizaram que o desempenho dos alunos brasileiros estava abaixo da média de outros países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT) (OCDE, 2016). Apesar dos desafios listados, é importante mencionar que a escola não se isola da sociedade e tampouco é capaz de resolver sozinha todos os problemas que envolvem cidadania, sinergia e ação coletiva de diferentes setores que compõem a sociedade. Elaborar apenas um currículo seria uma tentativa ingênua (CURY; REIS; ZANARDI, 2018) e apenas criar uma base nacional não é o suficiente para melhorar a qualidade da educação, é preciso garantir o acesso e a permanência dos estudantes, assim como valorizar os professores e as escolas (MARCONDES, 2018). Portanto, voltando à questão da BNCC e do letramento científico, é admissível que se afronte contra a desigualdade, a injustiça e a exclusão enquanto o acesso à educação é direito inalienável e humano. Também é elogiável que se defendam aprendizagens mínimas e essenciais a todos, permitindo-lhes condições para participar de decisões, opinar, apresentar soluções para problemas sociais e que todos tenham conhecimento e saibam utilizá-lo para compreender sua realidade e sejam letrados cientificamente. Contudo, além de delinear aprendizagens e conhecimentos, é imperioso que a sociedade, para além da escola, se mobilize para dar respaldo a tamanha ação, buscando mecanismos e meios para a inserção, na sociedade,dos estudantes, seguindo uma equidade que combata à desigualdade. 3 A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA NA BNCC Existe no meio acadêmico e na pesquisa da educação em Ciências uma discussão sobre a concepção de ciência e tecnologia. Há ainda uma visão ingênua do que seria Ciência e Tecnologia e a relação que há entre elas. A pesquisa de DiGironimo (2011) apresenta uma revisão da literatura sobre a alfabetização científica e tecnológica, a filosofia da tecnologia e a história da tecnologia, com a intenção de desenvolver um quadro conceitual para a Natureza da Tecnologia (NdT). O referido autor identificou cinco dimensões gerais do conhecimento que caracterizam a NdT: CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS • tecnologia como artefatos; • tecnologia como um processo de criação; • tecnologia como uma prática humana; • o papel atual da tecnologia na sociedade; e • história da tecnologia. DiGironimo (2011) aponta que a Natureza da Tecnologia abrange ainda três perspectivas: histórica, filosófica e educacional. “As perspectivas, embora distintamente únicas, oferecem características comuns sobre a tecnologia que pode ser fundida para desenvolver uma sofisticada e consistente definição de tecnologia” (DIGIRONIMO, 2011, p. 1342). Ferreira-Gauchía, Vilches e Gil-Pérez (2012) e Gil-Pérez et al. (2005) apontam para uma falta de atenção dada à tecnologia na educação científica, visto que a consideram uma ciência aplicada, isto é, como algo que é o produto da ciência. Gil-Pérez et al. (2005) questionam essa visão simplista da relação ciência-tecnologia quando esta, historicamente enraizada na valorização desigual do trabalho intelectual e manual, tenta mostrar como a ausência da dimensão tecnológica na educação científica contribui para uma visão ingênua e distorcida da ciência e da tecnologia e que, por vezes, afeta profundamente a alfabetização científica e tecnológica necessária a todos os cidadãos. A pesquisa de Ferreira-Gauchía, Vilches e Gil-Pérez (2012) busca as concepções dos professores de Ciências sobre a NdT e os autores verificaram concepções distorcidas da tecnologia, concebida como ‘simples aplicação de conhecimentos científicos’. As concepções dos docentes se tornam obstáculos para o desenvolvimento de uma visão mais coerente da ciência e da tecnologia, principalmente quando se trabalha na sala de aula, levando os alunos também a terem concepções empobrecidas sobre a NdC&T. Com relação à concepção dos discentes sobre a tecnologia e sua relação com a ciência, podemos citar os estudos de Constantinou, Hadjilouca e Papadouris (2010). Os resultados dessa pesquisa apontam que os alunos tendem a avaliar a tecnologia como um campo que busca a melhoria da qualidade de vida. Tendem a apontar apenas as tecnologias mais modernas e contemporâneas, como computadores, e excluem dispositivos antigos, como a catapulta e as caravelas. Os discentes também têm a ideia de reduzir a tecnologia em produtos finais e têm dificuldade em resgatar aspectos históricos da tecnologia, como a invenção e a criatividade do processo em desenvolver projetos (CONSTANTINOU; HADJILOUCA; PAPADOURIS, 2010). Com o objetivo de avaliar a compreensão dos alunos sobre a distinção entre ciência e tecnologia, Constantinou, Hadjilouca e Papadouris (2010) verificaram que os alunos (idades entre 11 e 15 anos), geralmente não conseguem separar os objetivos da ciência e da tecnologia. Constataram, CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS também, que possuem uma ideia vaga sobre esses dois domínios e que tendem a recorrer a uma grande variedade de critérios para distinguir a diferença, de uma forma não sistemática e inconsistente. Os referidos autores também apontam que a idade e o nível de escolaridade dos alunos não parecem ter um impacto significativo sobre a validade e a sistematização de padrões de resposta a respeito dessa distinção entre ciência e tecnologia. Segundo Acevedo et al. (2003), esta dificuldade de distinção entre ciência e tecnologia se caracterizou como uma sobreposição de objetivos e foi o que levou ao surgimento do conceito de “tecnociência”, bastante discutido entre alguns filósofos contemporâneos. Alguns autores apontam que a dificuldade da criança e do jovem de compreenderem a tecnologia está relacionada ao fato de essa palavra estar associada por vezes aos objetos que utilizam eletricidade e às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) (CHANG; TSAI, 2005; LEE et al., 2011). Esta dificuldade está relacionada ao advento da sociedade da informação, pois os alunos vivem numa ‘cultura digital’, em que a escola apresenta dificuldade em acompanhar e compartilhar desta realidade (PÉREZ-GOMEZ, 2012). Para entendermos melhor a relação de ciência e tecnologia, separamos as habilidades do Ensino Fundamental e Ensino Médio que fazem referência a essa relação de acordo com as cinco dimensões gerais defendidas por DiGironimo (2011), primeiro, no Ensino Fundamental e, após, no Ensino Médio. Observaremos se todas as dimensões estão sendo contempladas, não por sua frequência, mas por sua presença, exemplificadas com uma habilidade para cada dimensão. No Ensino Fundamental, apenas notou-se a dimensão do papel atual da tecnologia na sociedade e da história da tecnologia. Cabe ressaltar que essa situação se agrava um pouco mais pelo fato de ambas as habilidades estarem no mesmo nível de escolaridade, o 7° ano, o que significa dizer que o aluno ficaria dois anos sem perceber a relação entre ciência e tecnologia para que voltasse a perceber essa relação apenas quando chegasse ao Ensino Médio. Percebe-se, também, uma ausência da discussão da relação entre ciência e tecnologia nos anos iniciais do Ensino Fundamental (CONSTANTINOU; HADJILOUCA; PAPADOURIS, 2010). Mediante as análises realizadas nas habilidades da BNCC de Ciências da Natureza do Ensino Fundamental e Médio, no tocante à tecnologia, segundo as dimensões de DiGironimo (2011), temos: a) Tecnologia como artefatos: (EM13CNT102) Realizar previsões, avaliar intervenções e/ou construir protótipos de sistemas térmicos que visem à sustentabilidade, considerando sua composição e os efeitos das variáveis termodinâmicas sobre seu CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS funcionamento, considerando também o uso de tecnologias digitais que auxiliem no cálculo de estimativas e no apoio à construção dos protótipos (BRASIL, 2017b, p. 555, grifos nossos). Observa-se nessa habilidade a intenção da criação de um artefato específico que vise um sistema térmico para a sustentabilidade, encaixando- se na categoria da tecnologia como artefato, proposta por DiGironimo (2011). Deve-se considerar que a nossa interpretação relacionou a tecnologia com a construção de protótipos, contudo, na redação do texto é utilizado o termo ‘tecnologias digitais’ para auxiliar no cálculo de estimativas e no apoio à construção de protótipos, percebe-se, então, uma visão limitada de tecnologia na redação da habilidade. b) Tecnologia como um processo de criação: (EM13CNT309) Analisar questões socioambientais, políticas e econômicas relativas à dependência do mundo atual em relação aos recursos não renováveis e discutir a necessidade de introdução de alternativas e novas tecnologias energéticas e de materiais, comparando diferentes tipos de motores e processos de produção de novos materiais (BRASIL, 2017b, p. 560, grifos nossos). Observa-se que na redação da referida habilidade já há uma menção da tecnologia no seu conceito mais amplo, ou seja, como alternativa a dado problema ambiental e sem estar acompanhada do termo digital, que é muito comum na concepção dos alunos e da sociedade de um modo geral (CONSTANTINOU; HADJILOUCA; PAPADOURIS, 2010). c) Tecnologia como uma prática humana: “(EM13CNT308) Investigar e analisar o funcionamento de equipamentos elétricos e/ou eletrônicos e sistemas de automação para compreender as tecnologias contemporâneas e avaliar seus impactos sociais, culturais e ambientais”(BRASIL, 2017b, p. 560, grifos nossos). A tecnologia invadiu as nossas vidas e está presente cada vez mais no nosso dia a dia. Nessa habilidade podemos perceber a intenção do documento de discutir a tecnologia elétrica e eletrônica e a automatização de certos processos no mundo contemporâneo. d) O papel atual da tecnologia na sociedade: “(EF07CI06) Discutir e avaliar mudanças econômicas, culturais e sociais, tanto na vida cotidiana quanto no mundo do trabalho, decorrentes do desenvolvimento de novos materiais e tecnologias (como automação e informatização)” (BRASIL, 2017a, p. 347, grifos nossos). (EM13CNT304) Analisar e debater situações controversas sobre a aplicação CURSO LIVRE – BNCC DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS de conhecimentos da área de Ciências da Natureza (tais como tecnologias do DNA, tratamentos com células-tronco, neurotecnologias, produção de tecnologias de defesa, estratégias de controle de pragas, entre outros), com base em argumentos consistentes, legais, éticos e responsáveis, distinguindo diferentes pontos de vista (BRASIL, 2017b, p. 559, grifos nossos). O papel da tecnologia na sociedade atual é uma das dimensões que estão presentes no 7° ano do Ensino Fundamental. Observa-se uma relação com a automatização e todo o processo de múltiplas dimensões de mudanças ocorridas com a inserção da tecnologia digital no nosso cotidiano. No Ensino Médio, podemos exemplificar a biotecnologia como um processo de tecnologia na sociedade atual, que está sendo muito observada na mídia de um modo geral na produção de vacinas. Agora, cabe uma reflexão interessante para ser pensada no ambiente curricular local: será que só no último ano do Ensino Médio os alunos têm que ter contato com a biotecnologia, tendo em vista todo o processo e aproximação da ciência que a pandemia trouxe? e) História da tecnologia: “(EF07CI11) Analisar historicamente o uso da tecnologia, incluindo a digital, nas diferentes dimensões da vida humana, considerando indicadores ambientais e de qualidade de vida” (BRASIL, 2017a, p. 347, grifos nossos). Observa-se que a análise histórica é fundamental para a relação da ciência e tecnologia, contudo, pede-se um foco na tecnologia digital, o que pode acabar reforçando a ideia de que a tecnologia digital é a mais importante, ou a única que existe (CONSTANTINOU; HADJILOUCA; PAPADOURIS, 2010). Portanto, após o ano letivo de 2020 e o início de 2021, em que o nosso país ainda sofre com a pandemia, torna-se imperioso repensar as relações da ciência e tecnologia, seja como profissional que ensina ciências, ou até mesmo em sala de aula. É importante ressaltar que no tocante à tecnologia, a BNCC possui lacunas que devem ser vistas pelo professor quando for elaborar o seu planejamento curricular. REFERÊNCIAS ACEVEDO, J. A. et al. Creencias sobre la tecnología y sus relaciones con la ciencia. Revista Electrónica de Enseñanza de Las Ciencias, v. 2, n. 3, p. 353-376, 2003. Disponível em: http://reec.uvigo.es/volumenes/volumen2/ REEC_2_3_9.pdf. Acesso em: 14 maio 2021. BRANCO, A. et al. 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