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Abdome Agudo Aula I - Habilidades Clínicas V Revisão, Compilação de Informações e Questões Valdemberto Campos Objetivos 1) Entender o quadro de abdome 2) Saber sua gravidade 3) Identificar os exames necessários 4) Conhecer o manejo do abdome agudo Introdução 1. Definição ● Condição clínica de afecção abdominal súbita ● Características marcantes: - Dor aguda e súbita abdominal - Procura imediata ao serviço de emergência 2. Geral ● Exige rápida identificação diagnóstica e mais precisa possível ● É uma das principais emergências médicas ● Tem alta incidência e alto risco de gravidade/óbito: - Maior parte por diagnóstico incorreto ou não feito a tempo - Agrava estado geral rapidamente ● Maior decisão de situação cirúrgica ou não é pela semiologia clínica ● Exames laboratoriais em segundo plano, mas se possível realizá-los. ● Na maior parte das vezes não é possível localizar víscera inflamada clinicamente. 3. Pontos importantes na semiologia médica e investigação do episódio atual ● Identificação - Idade - Sexo - Religião ● História clínica detalhada ( o ponto mais importante para diagnóstico e decisão cirúrgica) - Valorizar todo sintoma referido pelo paciente - Características da dor - Tempo de evolução - Alterações intestinais - Febre - Vômitos ● História pregressa - Cirurgias e doenças anteriores - Doença abdominal prévia: úlceras, de doenças intestinais, de calculose vesicular, de cálculos renais e quadros de hemorragia pregressa - Operações abdominais anteriores: doenças benignas e malignas - Doenças sistêmicas associadas: diabete melito, hipertensão, hipo ou hipertireoidismo, cardiopatias, hepatopatias, pneumopatias e doenças neurológicas - Uso de medicamentos (principalmente): uso de anticoagulantes, de ácido acetilsalicílico e antiinflamatórios não esteroidais - Antecedentes gineco obstétricos: (ciclo menstrual, tempo de puerpério, número de gestações e abortos anteriores ● Exame físico geral - Mucosas - PA - FC - Hidratação - Temperatura ● Exame físico específico do abdômen - Palpar delicadamente os quadrantes - Avaliar local (ais) mais dolorosos - Caracterizar a dor - Irradiação - Presença ou não de rigidez abdominal - Presença de tumorações - Dor a descompressão - Distensão abdominal - Distensão abdominal - Toque vaginal e retal - Ruídos hidroaéreos (variação e intensidade) - SInais de irritação peritoneal ● Exames complementares: laboratoriais e de imagem (quando possível) - Servem para comprovar ou não a hipótese diagnóstica, obtida pela história clínica e exame físico. 4. Médico da emergência + cirurgião Etiologia 1. Etiopatogenia (5 grupos) ● Inflamatório - Apendicite aguda, colecistite, diverticulite, pancreatite e outras. - Mais comum ● Perfurativo - Úlcera perfurada, diverticulite perfurada e outras perfurações ● Vascular - Obstrução arterial e venosa de AA. mesentéricas superior ou inferior ● Hemorrágico - Gravidez ectópica rota, traumas hepático, esplênico e intestinal ● Obstrutivo - obstrução intestinal secundária a neoplasias, volvos, bridas e aderências intestinais. 2. Causas importantes ● Trauma abdominal fechado - São fortes pancadas contra o abdome - Ex.: Acidente automobilístico ● Algumas lesões de baço - Desenvolvimento por horas ou dias - Podem levar a hemorragia intra-abdominal ● Lacerações intestinais pequenas - Vazamento de conteúdo fecal, sem identificação correta, leva a peritonite generalizada 3. Atenção às afecções que simulam Abdome Agudo ● Pleuropulmonares - pneumonia de base, pleurite e derrame pleural ● Geniturinárias - infecção de vias urinárias, pielonefrite aguda, calculose urinária ● Cardíacas - infarto agudo do miocárdio, angina e pericardite constritiva ● Gastrointestinais - gastroenterocolite, tuberculose peritoneal e febre tifoide ● Processos infecciosos - herpes zóster e tabes dorsalis ● Metabólicos - diabete melito, uremia, saturnismo, anemia e porfiria aguda ● Hematológicos - anemia falciforme e outras neoplasias ● Colagenoses - lúpus sistêmico e poliarterite nodosa ● Outras- pacientes portadores de HIV, com regime de quimioterapia, com doenças neurológicas e intoxicações exógenas Classificação por localização da dor abdominal Quadro clínico 1. Evolução: ● Caracterização da dor ● Antecedentes de náuseas e vômitos ● Parada de evacuação (gases e fezes) ou não, assim como suas características 2. Informações de história pregressa a serem obtidas 3. Evolução do quadro clínico ● Inflamação - Atinge do peritônio parietal (altamente inervado) - dor - Ativação da defesa muscular (defesa e contratura muscular) ● Dor - Imediatamente a manipulação, palpação e descompressão - Identifica: irritação peritoneal e a provável víscera envolvida - Sensibilidade: a) Maior: anterior e lateral b) Menor: posterior e pélvica ● Atenção: - Inflamação próxima ou junto ao diafragma (irritação do nervo frênico): a) Dor no ombro ou pescoço 4. Quadro clínico por tipo ● Infamatório: febre, intervalo entre o início dos sintomas e o atendimento médico, dor súbita ou insidiosa, sinais de infecção ou sepse, quadro abdominal de peritonite evidente, hemograma e radiografia simples do abdome. ● Perfurativo: dor súbita de forte intensidade localizada, que se torna difusa com o passar das horas, intervalo entre o início da dor e o atendimento médico, sinais de infecção e sudorese, hipotensão arterial e taquicardia, sinais evidentes de peritonite à palpação e descompressão, radiografias de tórax e abdome mostrando pneumoperitônio. ● Vascular: intervalo entre o início da dor e o atendimento médico, arritmias cardíacas e doenças arteriais prévias, distensão abdominal, tendência à hipotensão arterial e ao choque, ruídos hidroaéreos ausentes à ausculta. ● Obstrutivo: náuseas e vômitos, parada de eliminação de gases e fezes, dores abdominais em cólicas e episódicas, peristaltismo abdominal visível, distensão abdominal, sinais de peritonite (acompanhados de isquemia intestinal), ruídos hidroaéreos aumentados à ausculta, radiografias simples de abdome mostrando distensão de alças intestinais e níveis hidroaéreos característicos. ● Hemorrágico: traumas anteriores, dor súbita localizada tornando-se generalizada, hipotensão, taquicardia, mucosas descoradas, choque hemorrágico, alteração significativa das dosagens de hematócrito e hemoglobina, sinais de peritonite Exames subsidiários Realizados de acordo com a hipótese diagnóstica. O diagnóstico conclusivo é, maior parte, durante as cirurgias. 1. Laboratoriais a) Hemograma ● Contagem global e específica de leucócitos - leucocitose = processo inflamatório (necrose tubular ou infecção bacteriana grave) - Leucopenia = infecção grave de mau prognóstico b) Urina tipo I ● Processos urológicos e urinários ● Ajuda a excluir outros processos infecciosos ● Leucocitúria - Infecção do trato urinário - Ou de vísceras com contato anatômico com o ureter (apendicite aguda) ● Pigmentos biliares - obstrução de vias biliares ● β-HCG - Suspeita de gestação ectópica ● Hematúria - Anemia falciforme - Cálculos urinários - necrose tubular aguda (NTA) - Cistite necrosante - Traumas renais c) Amilase e lipase ● Pancreatite aguda (evolução, recidiva aguda da forma crônica) ● Solicitadas quando histórico de etilismo ● Hiper Amilase - Urge nas primeiras horas da pancreatite tem pico e redução no tempo de 2 a 5 dias - Presente entre 5 a 10% dos casos - Falso baixo nível quando infusão intravenosa de glicose - Pode surgir em: cetoacidose diabética, infarto agudo do miocárdio (IAM), obstrução intestinal, trombose mesentérica, gravidez ectópica rota, insuficiência renal e broncopneumonias. - Material: líquido ascítico (suspeita de pancreatite), 2. Imagem ● Radiografias simples de tórax e abdome (RX - Raio X) ● Ultrassonografia (USG) ● Tomografia computadorizada. (TC) 3. Outros ● Punção abdominal ● Lavagem peritoneal ● Vídeo laparoscopia ● Laparotomia exploradora. Tratamento 1. Pontos gerais ● Urgência/emergência ● Cirúrgico- Maior parte, sempre avaliar vísceras e órgãos ● Diagnóstico conclusivo: maior parte durante as cirurgias ● Depende do diagnóstico correto e precoce ● Ações cirúrgicas com o paciente na melhor condição ● Cuidados pós-operatórios, respiratórios, metabólicos, hidroeletrolíticos, nutricionais e antibioticoterapia ● Equipe multidisciplinar 2. Abdome agudo Inflamatório ● Controle da infecção e fonte contaminante ● Exérese órgão ou víscera comprometida ● Drenagens ● Suturas ● Guia da World Society of Emergency Surgery 3. Abdome agudo perfurativo ● Depende de: - Etiologia - Local - Tempo de evolução - Contaminação - Condições clínicas do paciente ● Tratamento operatório, maioria das vezes ● Lavagem ● Drenagem ● Ressecção de segmento (exérese): úlcera de intestino delgado perfurada. ● Ostomias: diverticulite do sigmóide perfurada ● Evitar anastomoses e suturas 4. Abdome agudo vascular/isquêmico ● Depende da extensão ● Diagnóstico difícil - Intervenção cirúrgica indicada - Com o passar do tempo, tecidos e órgãos podem ter necrose total ou quase total ● Fase irreversível: Alta necrose ● Ressecção segmentar e anastomose para reconstrução ● Duvida sobre integridade visceral - Manter peritoneostomia - Relaparotomia em 24 ou 48h (second-look) ● Em obstrução da A. mesentérica superior - Exploração de vaso com cateter balão - Se não desobstruir = realizar revascularização 5. Abdome agudo hemorrágico ● Imediato ● Sem tratamento = alto risco de choque e instabilidade hemodinâmica ● Depende da víscera lesada ● Exérese total ou parcial do órgão ● Tratamento clínico conservador de fígado e baço traumatizado ● Tratamento e observação hospitalar Mapas para revisão e fluxogramas Fluxogramas do congresso de cirurgia 2005 Painel interativo de conduta do congresso de cirurgia de 2005 (Abdome agudo) 1. No abdome agudo inflamatório qual o primeiro exame de imagem a ser solicitado? • RX abdome agudo – 78% • Ultrassom – 22% • Tomografia computadorizada 2. Caso o exame escolhido não esclareça sua suspeita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação aos exames de imagem no abdome agudo inflamatório? ● RX abdome agudo ● Ultrassom – 76% ● Tomografia computadorizada – 24% 3. No abdome agudo perfurativo qual o primeiro exame de imagem a ser solicitado? ● RX abdome agudo – 97% ● Ultrassom – 3% ● Tomografia computadorizada 4. Caso o exame escolhido não esclareça sua suspeita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação aos exames de imagem no abdome agudo perfurativo? ● RX abdome agudo – 3% ● Ultrassom – 25% ● Tomografia computadorizada – 72% 5. No abdome agudo obstrutivo qual o primeiro exame de imagem a ser solicitado? ● RX abdome agudo – 94% ● Ultrassom • Tomografia computadorizada – 6% 6. Caso o exame escolhido não esclareça sua suspeita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação aos exames de imagem no abdome agudo obstrutivo? ● RX abdome agudo – 6% ● Ultrassom – 9% ● Tomografia computadorizada – 84% 7. No abdome agudo vascular/isquêmico qual o primeiro exame de imagem a ser solicitado? ● RX abdome agudo – 63% ● Ultrassom – 13% ● Tomografia computadorizada – 23% 8. Caso o exame escolhido não esclareça sua suspeita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação aos exames de imagem no abdome agudo vascular/ isquêmico? ● RX abdome agudo – 7% ● Ultrassom – 20% ● Tomografia computadorizada – 73% 9. No abdome agudo hemorrágico qual o primeiro exame de imagem a ser solicitado? ● RX abdome agudo – 24% ● Ultrassom – 70% ● Tomografia computadorizada – 6% 10. Caso o exame escolhido não esclareça sua suspeita diagnóstica, qual a próxima etapa em relação aos exames de imagem no abdome agudo hemorrágico? ● RX abdome agudo – 3% ● Ultrassom – 24% ● Tomografia computadorizada – 73% 11. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agudo inflamatório? Sim – 90% Não – 10% 12. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agudo perfurativo? Sim – 50% Não – 50% 15. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agudo obstrutivo? Sim – 34% Não – 66% 16. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agudo vascular/isquêmico? Sim – 83% Não – 17% 13. A videolaparoscopia tem lugar no abdome agudo hemorrágico? Sim – 69% Não – 31% 14. Na suspeita de abdome agudo isquêmico, sem que haja evidência inequívoca de indicação cirúrgica, qual o exame de imagem que deve ser solicitado? • Ultrassom com doppler – 27% • Angiografia – 38% • Angio-Tomografia – 23% • Angio-Ressonância – 12% Questões de revisão 1. Mulher de 35 anos dá entrada em unidade de pronto-atendimento com quadro de dor abdominal de início súbito há 30 minutos, intensa, inicialmente em epigastrio irradiando- se para todo o abdome, associada a náuseas sem vômitos. Como antecedentes, refere hipertensão arterial em uso de captopril e “gastrite” de longa data em uso irregular de ranitidina. Ao exame clínico, o médico verifica taquicardia, desidratação, abdome rígido (“em tábua”) com sinais de peritonismo e sem ruídos hidroaéreos. Radiografia de abdome ortostática evidenciou pneumoperitônio. A principal hipótese diagnóstica e a conduta, respectivamente, são: a) abdome agudo vascular; solicitar angiotomografia de abdome. b) abdome agudo hemorrágico; solicitar beta-HCG, amilase e ultrassonografia de abdome total. c) abdome agudo perfurativo; estabilização clínica seguida de tratamento cirúrgico. d) abdome agudo hemorrágico; solicitar hemograma, amilase, função hepática. e) abdome agudo perfurativo; estabilização clínica seguida de endoscopia digestiva alta. 2. (sanarflix) O abdome agudo perfurativo é fortemente sugerido pela presença de: a) Náuseas, vômitos e alças intestinais “em pilha de moedas” b) Dor abdominal em cólica e parada de eliminação de gazes e fezes c) Dor abdominal mal definida e choque hipovolêmico. d) Dor abdominal difusa e “silêncio abdominal” e) Abdome “em tábua” e pneumoperitôneo Abdome Vascular 1. (2016 - SURCE) Um homem de 68 anos, encaminhado da zona rural, com história de dor abdominal de início súbito há 2 dias, com piora importante nas últimas 6 horas e aparecimento de náuseas e vômitos, ao exame físico está consciente, orientado, hipotenso, desidratado, taquicárdico com ritmo irregular e taquipneico. O abdome está bastante distendido, porém flácido, apesar de referir dor intensa à palpação profunda, com ruídos hidroaéreos ausentes. O toque retal evidencia ausência de fezes na ampola, com raios de sangue na luva. Os exames laboratoriais, por sua vez, revelam leucócitos = 18.000/mm3, amylase = 300 UI, lipase = 100UI, lactato = 5 mmol/L e pH = 7,1. Quais são o diagnóstico mais provável e a conduta? a) pancreatite aguda; solicitar tomografia de abdome para confirmar o diagnóstico e avaliar as complicações b) isquemia mesentérica; encaminhar para o centro cirúrgico para cirurgia de emergência devido à gravidade do quadro c) pancreatite aguda; estabilizar o paciente corrigindo a acidose e encaminhá-lo para o centro cirúrgico para cirurgia de urgência d) isquemia mesentérica; estabilizar o paciente corrigindo a acidose e encaminhá-lo para o centro cirúrgico para cirurgia de urgência 2. (2015 - FMUSP-RP) Um homem de 65 anos, diabético e hipertenso, é trazido ao pronto-socorro de um hospital terciário por familiares com queixa de dor abdominal há 10 dias e piora nas últimas 4 horas. Ao exame físico, encontra-se desidratado, com FR = 28 irpm, FC = 100 bpm, PA = 100 x 90 mmHg e T = 38°C. Nas últimas horas, urinou menos de 0,3mL/kg/h. O abdome revelou sinais de peritonismo. Exames laboratoriais – gasometria arterial: pH = 7,2, pCO2 = 30 mmHg, pO2 = 80 mmHg, HCO3 = 15 mEq/L, BE = -3, SaO2 = 90% e amilase = 210U/L. Após o início da reanimação volêmica, a melhor sequência de conduta para o paciente é: a) complementar investigação com tomografia de abdome, coletar hemocultura e aguardar diagnóstico etiológico para iniciar antibioticoterapia b) coletar hemocultura, iniciar antibioticoterapia empiricamente para peritonite secundária e encaminhar o paciente para laparotomia c) complementarinvestigação com ultrassonografia de abdome, co letar hemocultura, iniciar droga vasoativa e iniciar antibioticoterapia empiricamente para peritonite secundária d) coletar hemocultura, iniciar droga vasoativa, realizar laparotomia para controle do foco de infecção e aguardar diagnóstico etiológico para iniciar antibioticoterapia 3. (2014 - SES-RJ)Na avaliação de um paciente com abdome agudo apresentando dor de forte intensidade que provoca agitação no leito, sem sinais de peritonite ao exame físico, uma das principais hipóteses diagnósticas é: a) colecistite aguda b) cisto roto de ovário c) isquemia mesentérica d) úlcera péptica perfurada 4. (2014 - AMP) Um homem de 65 anos dá entrada no pronto-socorro com quadro de dor abdominal leve, periumbilical, sem irradiação, de i nício súbito, com 24 horas de evolução, associado a anorexia e náuseas. Relata evacuação normal hoje pela manhã e está em uso de ácido a cetilsalicílico e anticoagulante para tratamento de fibrilação atrial crônica. O exame laboratorial revela leucocitose leve, acidose metabólica e creatinina elevada. A principal hipótese diagnóstica é: a) oclusão mesentérica arterial aguda b) insuficiência mesentérica crônica c) perfuração de víscera oca d) tumor do cólon esquerdo e) pancreatite aguda 5. (2013 - HSPE) Um paciente de 65 anos apresenta dor abdominal em cólica de forte intensidade após o almoço, com piora progressiva, s ensação de plenitude e aumento do volume abdominal. No pronto-socorro, apresentou náuseas, vômitos e abdome distendido e doloroso. O toque retal revelou pequena quantidade de sangue. E ainda: P = 130bpm arrítmico, PA = 80x60mmHg, diminuição da pO2, aumento do lactato, palidez c utânea, pele fria, aumento do tempo de enchimento capilar e hemograma com 22.000 leucócitos. O quadro clínico sugere: a) cisto de ovário torcido b) úlcera péptica perforada c) apendicite aguda d) colecistite aguda e) trombose mesentérica RESPOSTAS Questão 1. Trata-se de um paciente com quadro de dor abdominal, que pode corresponder a quadro de abdome agudo obstrutivo ou vascular. O dado de sangue “em dedo de luva”, associado a acidose metabólica, tornam mais provável o diagnóstico de i squemia mesentérica. A conduta é a cirurgia de urgência, mas obviamente que é válido o que puder ser corrigido enquanto o paciente é encaminhado para o centro cirúrgico. Gabarito = B Questão 2. Trata-se de quadro arrastado, já com repercussões sistêmicas importantes. Ainda que a radiografia esteja com resolução baixa, sugere distensão de alças sem sinais de peristaltismo (alças carecas), o que corrobora a hipótese clínica de abdome agudo vascular. O paciente deve ser submetido a medidas rápidas de reanimação no pronto-socorro e, logo após, encaminhado para o centro cirúrgico para realizar laparotomia exploradora. Gabarito = B Questão 3. A dissociação entre a queixa de dor abdominal intensa e um exame físico inocente é altamente suspeita de abdome agudo vascular. Abdome inflamatório 1. (2016 - FMUSP-RP) Uma mulher de 59 anos comparece ao serviço de urgência c om quadro de dor abdominal na fossa ilíaca esquerda há 3 dias, com piora há 1 dia, hiporexia e 2 episódios de febre de 38°C nas últimas 24 horas. Ao exame físico, apresenta bom estado geral, FC = 88bpm, abdome plano, doloroso à palpação profunda da fossa ilíaca esquerda, com defesa local e descompressão brusca e positiva, e raio x de abdome simples, ortostático e tórax com cúpulas que não mostrou alterações. O hemograma, por sua vez, apresenta 16.000 gl óbulos brancos com 5% de bastões. A função renal está normal. O exame mais adequado para comprovação diagnóstica é: a) enema opaco b) colonoscopia c) tomografia de abdome d) ultrassonografia de abdome 2. (2016 - SANTA CASA-SP) Uma mulher de 42 anos, dialítica, é admitida no pronto-socorro com quadro de dor abdominal no hipogástrio e na fossa ilíaca direita há 3 dias, com piora nas últimas horas. Relata febre e vômitos acompanhando o quadro. Ao exame, apresentava -se desidratada, taquicárdica e febril. Exame abdominal revelou dor à palpação de todo o abdome e descompressão brusca positiva na fossa ilíaca direita. E mais: leucocitose = 17.000mm³, PCR = 32 mg/dL e ultrassonografia que mostrava líquido livre na cavidade além de um bloqueio de alças junto à fossa ilíaca direita. Com relação ao caso, é correto afirmar que: a) trata-se de uma provável apendicite aguda, sendo indicada operação por incisão de McBurney, que é menos invasiva b) o quadro clínico sugere peritonite resultante do acometimento direto do peritônio por via hematogênica c) o quadro clínico sugere apendicite aguda, e, nesse caso, a peritonite é considerada secundária d) o quadro clínico sugere peritonite terciária causada por germes hospitalares, pois se trata de uma paciente dialítica e) por tratar -se de uma paciente dialítica independente da causa, uma vez feito o diagnóstico f) de peritonite, o tratamento é clínico 3. (SMS - SP) A apendicite aguda é a causa mais comum de abdome agudo não traumático. Devido à sua configuração anatômica, a obstrução apendicular evolui rapidamente para uma obstrução em alça fechada. Essa condição favorece o crescimento bacteriano no local. Quais são os principais micro-organismos identificados nessas situações? a) Escherichia coli e Bacteroides fragilis b) Escherichia coli e Clostridium difficile c) Escherichia coli e Clostridium perfringens d) Enterococcus faecalis e Clostridium perfringens 4. (FMJ - 2016) Uma gestante de 22 anos, na 25ª semana gestacional, queixa-se de dor abdominal em todo o baixo-ventre há 3 dias, associada a febre e hiporexia. Ao exame físico, apresenta FC = 110bpm, PA = 110x70mmHg, T = 38,5°C e abdome g ravídico, doloroso à palpação difusamente, com peritonismo. Além disso, o exame g inecológico não tem alterações, e o leucograma revela 18.500 leucócitos, com 5% de bastões. Foi realizada ultrassonografia de abdome, que mostrou líquido livre na cavidade abdominal sem conseguir estabelecer uma hipótese diagnóstica. Também foi colhido sangue para hemocultura. A melhor conduta envolve antibioticoterapia empírica e: a) retorno ambulatorial para conferir hemocultura b) ultrassonografia transvaginal c) tomografia computadorizada d) videolaparoscopia e) observação clínica com a doente internada 5. (IFF - 2016) O sinal de Rovsing corresponde a: a) dor no quadrante inferior direito após compressão manual do quadrante inferior esquerdo do abdome b) dor no quadrante inferior esquerdo após compressão manual do quadrante inferior direito do abdome c) dor no quadrante inferior direito após compressão manual do quadrante inferior direito do abdome d) dor no quadrante inferior esquerdo após compressão manual do quadrante inferior esquerdo do abdome 6. l Gabarito Questão 1. Analisando as alternativas: a) Incorreta. A hipótese diagnóstica é de diverticulite aguda e, ainda que o enema possa confirmar a hipótese de doença diverticular, não deve ser indicado nesse caso, para evitar o acúmulo de contraste no cólon. b) Incorreta. A colonoscopia está proscrita na suspeita de diverticulite aguda, pelo risco de perfuração intestinal. c) Correta. A tomografia computadorizada é o exame padrão-ouro na investigação da diverticulite. d) Incorreta. Ainda que possa ser utilizada a ultrassonografia, a preferência nesses casos se dá, sempre, pela colonoscopia. Gabarito = C Questão 2. Trata-se de abdome agudo inflamatório, provavelmente secundário a apendicite aguda, mas já com sinais de peritonite secundária difusa. Está indicada a cirurgia, mas o acesso por incisão de McBurney pode ser insuficiente para o controle da peritonite em toda a cavidade. Gabarito = C Questão 3. Questão conceitual. As principais bactérias identificadas nos casos de apendicite aguda são E. coli e B. fragilis. Gabarito = A Questão 4. A causa mais comum de abdome agudo em gestantes é a apendicite aguda. A Laparoscopia é uma boa opção nesse caso e pode ser realizada na gestante, obviamente com cuidado na colocação dos trocartes. Gabarito=A Abdome agudo Perfurativo 2017 - UNIFAP 1. São doenças que entram no diagnóstico diferencial de abdome agudo inflamatório, exceto: a) apendicite aguda b) abscesso hepático c) herpes-zóster d) pielonefrite e) ferimento por arma de fogo no abdome 2016 - FMABC 2. Um homem de 63 anos foi admitido no hospital em que você trabalha com dor abdominal intensa, difusa, com 3 horas de duração. O exame físico revela abdome tenso, com defesa voluntária e doloroso à percussão. Além disso, apresenta PA = 100x50mmHg, FR = 30i rpm e FC = 110bpm. Qual dos itens a seguir sugere o diagnóstico mais provável para o caso? a) colecistite aguda b) úlcera duodenal perfurada c) pancreatite aguda d) apendicite perfurada 2015 - UFSC 3. O abdome agudo refere-se a sintomas e sinais de uma doença intra-abdominal, sendo causa frequente de atendimento nos serviços de emergência. A respeito do abdome agudo, assinale a alternativa correta: a) a peritonite primária, mais comumente causada por pneumococo ou Streptococcus hemolítico, ocorre com mais frequência em adultos do que em crianças b) nos diagnósticos tardios de apendicite aguda com abscesso e massa palpável, a drenagem percutânea de abscesso e a antibioticoterapia, deixando para realizar a apendicectomia em torno de 6 a 10 semanas, não são uma conduta segura. Deve-se sempre tentar realizar a apendicectomia precocemente c) o abdome agudo é sempre de tratamento cirúrgico d) A apendicite aguda e a colecistite aguda são causas frequentes de dor abdominal durante a gravidez. Em ambas as situações, deve ser evitado o tratamento cirúrgico devido ao risco de perda fetal e) cerca de 75% dos pacientes com úlcera duodenal perfurada apresentam pneumoperitônio radiologicamente detectável 2015 - UFG 4. A abordagem correta de um paciente com suspeita de abdome agudo é de fundamental importância para o diagnóstico precoce e a terapêutica eficaz. Devido à sua natureza potencialmente cirúrgica, uma investigação diligente é imperativa. A abordagem segue a ordem usual – anamnese, exame físico, exames laboratoriais e estudos de imagem. Durante a abordagem, é comum o aparecimento do "sinal de Rigler” na seguinte situação clínica: a) apendicite aguda b) colecistite aguda c) úlcera péptica perforada d) volvo de sigmóide 2014 - FHEMIG 5. Na UPA, você atendeu ao senhor A.D. T., de 60 anos, motorista, etilista e tabagista moderado, que se queixava de dor abdominal intensa há 8 horas. Ele relatava que a dor Com base nessas informações e nesses resultados de exames, assinale a melhor opção para o paciente, dentre as condutas a seguir: a) solicitar tomografia computadorizada de abdome para esclarecer o diagnóstico b) realizar laparotomia exploradora imediatamente c) não realizar laparoscopia devido à instabilidade hemodinâmica d) transferir o paciente para CTI para tratamento clínico Gabarito Questão 1. Todas as situações, da alternativa “a” à “ d”, são exemplos de abdome agudo inflamatório. No trauma abdominal penetrante, não cabe a denominação de abdome agudo. Gabarito = E Questão 2. Analisando as alternativas: a) Incorreta. Dificilmente uma colecistite aguda teria evolução tão rápida. Além disso, espera-se a dor mais localizada no hipocôndrio direito. b) Correta. O quadro descrito é clássico de abdome agudo perfurativo, e, pelo enunciado, a A etiologia mais provável é uma úlcera perfurada. c) Incorreta. Também se espera um quadro mais arrastado e, de maneira geral, associado a vômitos. d) Incorreta. Raramente a apendicite tem como 1ª manifestação a perfuração. O habitual é o quadro inicial de peritonite localizada e, não sendo diagnosticada a tempo, pode evo luir com quadro de peritonite generalizada por perfuração. Gabarito = B Questão 3. A peritonite primária, também chamada peritonite bacteriana espontânea, é comum em ascíticos e normalmente causada po r agentes Gram negativos comuns à flora intestinal, como E. coli e K. pneumoniae. A apendicite hiperplásica, aquela diagnosticada com abscesso e massa palpável, pode ser tratada com drenagem percutânea e sem necessidade de apendicectomia a posteriori. Nem todo abdome agudo é de tratamento cirúrgico. A pancreatite aguda, ou a diverticulite Hinchey I, são exemplos de situações de tratamento clínico . A apendicite aguda e a colecistite na gravidez devem ser tratadas com cirurgia, sempre levando em consideração as peculiaridades da gestante. A maioria dos pacientes com abdome agudo perfurativo apresentaram pneumoperitônio ao raio x em posição ortostática. Gabarito = E Questão 4. O sinal de Rigler refere-se à visualização , na radiografia de abdome, da parede gástrica o u intestinal pela presença de gás na cavidade abdominal (pneumoperitônio). O O candidato deve estar atento para outra situação, chamada tríade de Rigler – obstrução de alças delgadas, pneumobilia e cálculo biliar ectópico – que sugerem íleo biliar. Gabarito = C Questão 5. Dor abdominal súbita, de caráter progressivo, associada a sinais de O comprometimento sistêmico sugere sempre quadro de abdome agudo perfurativo. O raio x, Apesar de pouco nítido, sugere pneumoperitônio, e o hemograma com leucocitose é mais um dado indireto que corrobora essa hipótese. A conduta, nesse caso, é a laparotomia exploradora imediata, sem necessidade de outros exames complementares. Gabarito = B Referências Livros/Fontes acadêmicas Tratado de gastroenterologia (drive) Doenças do Aparelho Digestivo ELEMENTOS PARA O DIAGNÓSTICO DO ABDÔMEN AGUDO - USP (drive) Comissão Científica do XXVI Congresso Brasileiro de Cirurgia, (2005 - não identifiquei atualizações - drive) http://production.latec.ufms.br/new_pmm/u2.html Extras e apoio: Sanarflix (mapas mentais + vídeo abdome agudo parte 1) Medicina Resumida (vídeos) ABDOME AGUDO: Você sabe como diagnosticar? Abdome agudo inflamatório - Questões resolvidas - Cirurgia Geral I Abdome agudo perfurativo - Questões resolvidas - Cirurgia Geral I https://academiamedica.com.br/blog/abdome-agudo-voce-sabe-como-diagnosticar https://www.passeidireto.com/arquivo/49600563/abdome-agudo-inflamatorio-questoes-resolvidas https://www.passeidireto.com/arquivo/49600573/abdome-agudo-perfurativo-questoes-resolvidas
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