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Otites 1 Otites OTITES EXTERNAS A orelha externa é compreendida pelo pavilhão auricular (hélix, anti-helix, tragus, anti-tragus e lóbulo) e meato acústico externo (osteocartilaginoso, revestido por pele, contêm pelos, glandulas sudoríparas, sebáceas e ceruminosas) Tipos: otite externa difusa aguda, otite externa localizada, circunscrita ou furunculosa, otomicose, otite externa maligna, otite externa herpética e eczematosa. Otite externa difusa aguda (otite do nadador) Na otoscopia, não enxergamos a membrana por conta da pele edemasiada e vermelha (processo inflamatório no meato acústico externo). É muito comum no Brasil, pois práticas aquáticas são comuns (calor) O processo se inicia com estagnação de água no meato acústico externo (MAE). Muitos usam o cotonete, que fere a pele. Isso gera uma porta de entrada para Pseudomonas aeruginosa, Proteus miabilis, S. aureus. Quadro clínico: prurido, plenitude auricular, desconforto, otalgia, otorreia escassa, hipoacusia Tratamento: Aspiração Gotas tópicas: com associação de antibióticos e corticoide por 7 a 10 dias (Cipro ou aminoglicosídeos + hidrocortisona) Cuidados locais/analgésicos Corticoide ou AINEs sistêmicos por 3 a 5 dias caso tenha edema e dor importante ATB sistêmico (cipro) se febre, dor intensa e/ou linfadenopatia Otite externa localizada, circunscrita ou furunculosa Traume local ou obstrução do folículo piloso (1/3 distal do MAE) Infecção por bactérias Gram+, especialmente S. aureus É um processo muito doloroso, que pode cursar com hipoacusia (obstrução do MAE pelo furúnculo), celulite em tecidos adjacentes e linfadenopatia Tratamento: Analgésicos, calor local (bolsa de água quente/toalha, para reduzir a dor) Cremes ou pomadas com ATB (clindamicina) e corticoide ATB sistêmico (cefalosporina) por 7 a 10 dias Drenagem cirúrgica em casos de flutuação Otomicose Comum em regiões tropicais Começa com traumatismos locais, estagnação de água no MAE, uso prolongado de gotas otológicas com ATB ou pacientes imunossuprimidos. Etiologia: Candida albicans e Aspergillus sp. Quadro clínico: prurido intenso, otalgia, pressão aural, otorreia, edema, eritema, descamação epitelial, placas leveduriformes, pontilhado de coloração e formas variadas Tratamento: Otites 2 Limpeza cuidadosa do MAE Cuidados locais Analgésicos Antifúngicos tópicos em gotas, solução ou creme por 14 a 21 dias (ciclopirox olamina e isoconazol). Otite externa maligna/necrosante Quadro infeccioso grave, letal em 20% dos casos. Diabéticos, imunossuprimidos. Pseudomonas aeruginosa Quadro clínico: prurido, otalgia, dor em ATM, supuração piossanguinolenta, tecido de granulação em assocalho de MAE - Complicações: paralisia facial, osteomielite, meningite, abscesso cerebral, trombose, septicemia e morte Avaliação: TC de ossos temporais para avaliar erosões ósseas, RM de ossos temporais para verificar acometimento intracraniano, cintilografia com tecnécio 99 (detecção de osteíte ou osteomielite), cintilografia com gálio 67 (acompanha resposta ao tratamento). Tratamento: Controle da condição imunossupressora Limpeza total e debridamento Biópsia para afastar neoplasia Leucograma e VHS: antibioticoterapia IV com ceftazidime e ciprofloxacino por 2/3 semanas + manutenção domiciliar com cipro 400 mg/dia até normalização da cintilografia Otite externa herpética (Herpes Zoster) Reativação do vírus da varicela latente em gânglios neurais (estresse/imunossupressão/após 6ª década). Vesículas dolorosas se rompem em pavilhão auricular e meato acústico externo, formando crostas Pode causar paralisia facial, hipoacusia e vertigem: Sd. de Ramsay Hunt (acometimento do VII e VIII pares) Tratamento: Aciclovir e valaciclovir por 7 dias Complexo B e corticoides discutíveis (prevenir neuralgia pós herpética) - avaliar até que ponto o corticoide não vai prejudicar o paciente Cuidados oculares Internação quando o quadro é mais grave Analgésicos Cerume impactado Cerume é o produto da secreção de glândulas sabáceas e sudoríparas + descamação. Sua produção é no 1/3 distal do MAE. Possui papel protetor (contra oleosidade, odor e pH ácido) Quando acumulado, pode causar Hipoacusia, pressão aural, zumbido, otalgia e vertigem Remoção com lavagem, cureta e aspiração OTITES MÉDIAS Otite média com efusão Líquido acometendo orelha média - principal sintoma é a pressão aural. Otites 3 Efusão não purulenta da orelha média. Principal causa de perda auditiva leve e transitória na infância. Não tem sinais de infecção. "Glue ear" - secreção viscosa Fluido na orelha média é associado a hipoacusia e aumento do risco de infecção aguda. Pode ser aguda ou crônica. 80% das tem pelo menos um episódio até os 10 anos Prevalência é alta até os dois anos e cai após os 6. A incidência é igual entre os secos Teoria clássica: uma disfunção tubária (tuba auditiva/trompa de eustáquio - hipertrofia adenoideana, alergia, IVAS, malformações, defeitos anatômicos) leva a uma pressão negativa na orelha média, que é pouco ventilada (redução de O2 e aumento de CO2). Ocorre hipoventilação, prejuízo na drenagem das secreções, transudato, exsudato e metaplasia. Funções da tuba auditiva: proteção da orelha média, drenagem de secreções, ventilação da orelha média. Na infância, é curta, mais aberta e mais horizontalizada. Assim, um quadro infeccioso de rinofaringe pode causar um quadro inflamatório na orelha média das crianças mais facilmente. O tratamento ocorre durante a resolução de otites médias agudas. 45% das crianças com OMA mantém efusão após 1 mes, e 10% permanecem após 3 mesesm. Pode ocorrer por conta de uma falha no mecanismo de clearence (disfunção ciliar, edema de mucosa, hiperviscosidade, gradiente pressórico desfavorável). Fatores de risco: tabagismo passivo, crianças "institucionalizadas", uso de chupeta, história familiar positiva, prematuridade, IVAS recorrentes, DRGE e alergias respiratórias. Quadro clínico: perda auditiva (percebida por pais e professores), desatenção, prejuízo escolar, irritabilidade, aumento do volume da TV, falar alto, plenitude auricular ou pressão aural, egofonia Diagnóstico: anamnese (quadro clínico), otoscopia pneumática (padrão ouro), otoscopia (membrana timpânica opacificada, retraída ou abaulada, nível hidroaéreo, bolhas, aumento da vascularização), audiometria (disacusia condutiva), timpanometria (curva topo B, ausência de reflexo do estapédio), nasofibroscopia/raio x de cavum Tratamento Expectante: watchful waiting - avaliação trimestral Controlar fatores de risco (tabagismo passivo, escolinha, natação) Evitar corticosteroides sistêmicos ou tópicos, evitar ATB sistêmicos e anti-histamínicos e descongestionantes Cirurgia: timpanotomia com colocação de tubo de ventilação com ou sem adenoidectomia em maiores de 4 anos e sem adenoidectomia em menores de 4 anos. Indicações: Fluido por 3 meses ou mais em ambas as orelhas Fluido por 6 meses ou mais unilateral Propensão para OMA (4 em 1 ano ou 3 em 6 meses) Distúrbio de linguagem Falha terapêutica Malformações crânio faciais (sd. de Down, fissura palatina) Otite média aguda Até 70% das crianças apresentarão um episódio de OMA até os 2 anos. O pico de incidencia é dos 6 aos 24 meses. Antes dos 6 meses há uma imunidade natural, dada pelo aleitamento materno Otites 4 Quadro clínico: otalgia (sinais: criança bate, esfrega, segura a orelha), febre, inapetência, otorreia, alterações na otoscopia, hipoacusia. Fatores de risco: anatomia (da tuba, presença de hipertrofia adenoideana), IVAS, rinite, idade, aleitamento materno (protetor), tabagismo passivo, mais comum no sexo masculino, aglomerações (creche), malformações, síndromes, desnutrição, imunodeficiências, quimioterapia, AIDS. Etiologia: 96% dos pacientes têm bactérias, vírus ou ambos S. pneumoniae ou Haemophilus influenzae Influenza, parainfluenza, rinovírus, adenovírus, VSR - vacinação Diagnóstico: Otoscopia pneumática Timpanometria Abaulamento moderado/grave da MT ou otorreiarecente na ausência de otite externa Abaulamento leve com piora recente (<48h) da otalgia ou intensa hiperemia da MT Tratamento: Manejo da dor (analgésicos), que é frequentemente negligenciada. Novalgina xarope, ibuprofeno, paracetamol - principalmente nos 3 primeiros dias. Não usar gotas. Antibióticos: prescritos para OMA com maior frequência, as vezes de forma excessiva. A evolução da OMA é favorável na maioria dos casos (82%), mesmo sem uso de ATB. A maioria dos pacientes com complicações estava usando ATB, e os efeitos colaterais devem ser levados em consideração, além do risco de aumento de resistência microbiana. Indicações: Crianças com menos de 6 meses de idade Crianças > 6 meses com otalgia moderada/grave por pelo menos 48h ou T > 39ºC Crianças entre 6 e 23 meses com sintomas moderados e OMA bilateral Crianças entre 6 e 23 meses com quadro unilateral leve a moderado podem ser tratadas com ATB ou observação Crianças com masi de 23 meses com quadro de OMA uni/bilateral leve a moderado podem ser tratadas com ATB ou observação. Amoxicilina 90 mg/kg/dia Clavulin: Amoxicilina + clavulannato de potássio: Uso de amoxicilina > 30 dias Presença de conjuntivite purulenta História de OMA recorrente refratária ao uso de amoxicilina Alergia a penicilina: claritromicina, cefuroxima, ceftriaxone Crianças devem ser avaliadas na ausência de resposta à medicação ou piora do quadro após 48 - 72 horas Otoscopia C ou D Short course: tratamento de curta duração (< 7 dias) - menos efeitos colaterais, melhor aderência, piores resultados em crianças < 2 anos Long course: meos falha terapeutica, menos chance de recorrencia no primeiro mes Otites 5 Timpanotomia: em OMA recorrente, para alívio da dor Medidas complementares: spray nasal de corticoide tópico, corticoide oral, zinco e suplementação com vitamina D
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