Buscar

Material de Apoio - D Penal - Cleber Masson - Aula 03

Prévia do material em texto

1
 
MP E MAGISTRATURAS ESTADUAIS PRIME 
Disciplina: Direito Penal 
Prof.: Cleber Masson 
Aula: 03 
Monitora: Stephanie 
 
 
MATERIAL DE APOIO - MONITORIA 
 
 
Índice 
 
I. Anotações da aula 
II. Lousas 
 
 
ANOTAÇÕES DA AULA 
 
Continuação de Lei Penal no Tempo – Conflito de leis no tempo (...) 
 
- Quem aplica a lei benéfica? � Juiz (qual juiz?) 
Resposta: Depende do grau em que estiver a persecução penal 
a) Juiz de 1º grau 
b) Tribunal: 
- Recurso 
- Competência originária 
c) Trânsito em julgado: 
- Juiz da execução – LEP, art. 66, I e Súmula 611 do STF. 
*Pouco importa a origem da condenação. 
 
Combinação de Leis Penais (“lex tertia”/lei híbrida) 
 
Combinar partes da lei nova com partes da lei velha? 
 
No Brasil, temos 2 posições: 
 
1C – Não: Nélson Hungria. O juiz deve usar toda a lei nova, ou toda a lei velha. Argumento: a 
combinação de leis penais ofende o princípio constitucional da separação dos poderes � Em 
Portugal, essa teoria é chamada de Teoria da Ponderação Unitária ou Global. 
 
2C – Sim: José Frederico Marques. Se o juiz pode aplicar toda a lei nova e toda a lei velha, poderia 
ele também aplica-las em partes, visto que beneficiam o réu. Em Portugal, essa teoria é chamada 
de Teoria da Ponderação Diferenciada. 
 
Posição atual da jurisprudência: não é possível a combinação de leis penais. 
- Plenário do STF: RE 600.817 – INFO 727: 
 
Ementa: RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. PENAL. 
PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. CRIME COMETIDO NA 
VIGÊNCIA DA LEI 6.368/1976. APLICAÇÃO RETROATIVA DO § 4º DO ART. 33 DA LEI 
11.343/2006. COMBINAÇÃO DE LEIS. INADMISSIBILIDADE. PRECEDENTES. RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO. I – É inadmissível a aplicação da causa de diminuição prevista no art. 
33, § 4º, da Lei 11.343/2006 à pena relativa à condenação por crime cometido na vigência da Lei 
6.368/1976. Precedentes. II – Não é possível a conjugação de partes mais benéficas das referidas 
normas, para criar-se uma terceira lei, sob pena de violação aos princípios da legalidade e da 
separação de Poderes. III – O juiz, contudo, deverá, no caso concreto, avaliar qual das 
mencionadas leis é mais favorável ao réu e aplicá-la em sua integralidade. IV - Recurso 
parcialmente provido. 
 
 
 
 
2
(RE 600817, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 
07/11/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-213 DIVULG 
29-10-2014 PUBLIC 30-10-2014) 
 
- STJ: Súmula 501 � é cabível a aplicação retroativa da Lei 11.343/06, desde que o resultado da 
incidência das suas disposições, na íntegra, seja mais favorável ao réu do que o advindo da 
aplicação da Lei 6.368/76, sendo vedada a combinação de leis. 
 
O CP não trata dessa matéria, mas o COM DL 1001/1969 – proíbe expressamente a combinação de 
leis penais – art. 2º, §2º. 
 
Lei Penal Intermediária 
 
 Para falarmos em lei penal intermediária, precisamos ter 3 leis. 
 
 
 
 
 Pergunta: O juiz poderá aplicar a lei mais favorável? 
 
 Resposta: Sim – STF RE 418.876: 
 
EMENTA: Recurso extraordinário: prequestionamento e embargos de 
declaração. A oposição de embargos declaratórios visando à solução de 
matéria antes suscitada basta ao prequestionamento, ainda quando o 
Tribunal a quo persista na omissão a respeito. II. Lei penal no tempo: 
incidência da norma intermediária mais favorável. Dada a garantia 
constitucional de retroatividade da lei penal mais benéfica ao réu, é 
consensual na doutrina que prevalece a norma mais favorável, que tenha 
tido vigência entre a data do fato e a da sentença: o contrário implicaria 
retroação da lei nova, mais severa, de modo a afastar a incidência da lei 
intermediária, cuja prevalência, sobre a do tempo do fato, o princípio da 
retroatividade in melius já determinara. III. Suspensão de direitos políticos 
pela condenação criminal transitada em julgado (CF, art. 15, III): 
interpretação radical do preceito dada pelo STF (RE 179502), a cuja revisão 
as circunstâncias do caso não animam (condenação por homicídio qualificado 
a pena a ser cumprida em regime inicial fechado). IV. Suspensão de direitos 
políticos pela condenação criminal: direito intertemporal. À 
incidência da regra do art. 15, III, da Constituição, sobre os 
condenados na sua vigência, não cabe opor a circunstância de ser o fato criminoso anterior à 
 
 
 
3
promulgação dela a fim de invocar a garantia da irretroatividade da lei penal 
mais severa: cuidando-se de norma originária da Constituição, obviamente 
não lhe são oponíveis as limitações materiais que nela se impuseram ao 
poder de reforma constitucional. Da suspensão de direitos políticos - efeito 
da condenação criminal transitada em julgado - ressalvada a hipótese 
excepcional do art. 55, § 2º, da Constituição - resulta por si mesma a perda 
do mandato eletivo ou do cargo do agente político. 
 
(RE 418876, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira 
Turma, julgado em 30/03/2004, DJ 04-06-2004 PP-00048 EMENT 
VOL-02154-04 PP-00662) 
 
Conceito: Não é a lei que estava em vigor, nem ao tempo da sentença, mas é a lei mais favorável 
ao réu. A lei intermediária goza de retroatividade. Retroage para alcançar um fato passado e ao 
mesmo tempo ela goza de ultratividade, ela continua aplicável mesmo depois de vogada. 
 
Neocriminalização: é a nova lei que cria um crime, que até então não existia. “Novatio legis” 
incriminadora. 
 
 Novatio legis in pejus (“lex gravior”): É a nova lei que de qualquer modo prejudica o réu. O crime 
já existia, mas essa nova lei vem para agravar o tratamento penal dispensado ao réu (aumenta a 
pena, regime criminal mais severo, etc). 
 
A “novatio legis” incriminadora e a “novatio legis in pejus” nunca retroagem e só se aplicam a fato 
futuros (desdobramento lógico do princípio da anterioridade). 
 
TEMPO E LUGAR DO CRIME 
 
 
 
1. Tempo do crime 
 
Art. 4º, CP �Teoria da Atividade (momento da conduta – ação ou omissão). 
 
Cuidado: no tocante à prescrição, o CP adota a Teoria do Resultado (a partir da data em que o 
crime se consumou). 
 
Consequências: 
 
a) Imputabilidade: deve ser analisada ao tempo da conduta. Pouco importa a data do resultado. 
*Crimes materiais e causais. 
b) Crime permanente: é aquele cuja consumação se prolonga no tempo, pela vontade 
do agente. Súmula 711 do STF. 
 
 
 
4
c) Crime continuado – art. 71, CP. 
Súmula 711 do STF � A LEI PENAL MAIS GRAVE APLICA-SE AO CRIME CONTINUADO OU AO 
CRIME PERMANENTE, SE A SUA VIGÊNCIA É ANTERIOR À CESSAÇÃO DA CONTINUIDADE OU 
DA PERMANÊNCIA. 
 
2. Lugar do crime 
 
Art. 6º � Teoria da Ubiquidade (mista). 
 
Somente se aplica aos crimes à distância ou de espaço máximo: são aqueles que a conduta e o 
resultado acontecem em países diversos. 
 
Países diversos � Soberania. 
Pergunta: Ele pode ser processado nos dois países? 
Resposta: Sim! 
 
Pergunta: Não haveria “bis in idem”? 
Resposta: Art. 8º, CP. 
 
Crimes à distância Crimes Plurilocais 
“Países diversos” “Comarcas diversas” – de um mesmo país 
Soberania Competência 
Teoria da Ubiquidade “Art. 70, “caput”, CPP 
Teoria do Resultado 
 
 
CONFLITO APARENTE DE LEIS PENAIS 
 
Conceito: é a situação que se verifica a um único fato praticado pelo agente, duas ou mais leis 
penais, se revelam aparentemente aplicáveis. 
 
 Requisitos: 
 
a) Unidade de fatos �concurso de crimes. 
b) Pluralidade de normas aparentemente aplicáveis. 
c) Vigência simultânea de todas as normas � conflito de leis de tempo. 
 
 
Conflito aparente de normas penais é um tema ligado a interpretação da lei penal. 
 
Finalidades: 
 
a) manter a unidade lógica e a coerência do DP. 
b) evitar o “bis in idem”. 
 
Princípios: 
 
- Especialidade 
- Subsidiariedade � Pacíficos na doutrina e na jurisprudência 
- Consunção/Absorção 
 
- Alternatividade: polêmico. A grande maioria da doutrina e da jurisprudência não aceitam o 
princípio da alternatividade. 
 
Princípio da Especialidade 
 
A lei especial exclui a aplicação da lei geral. 
 
Lei especial = lei geral + elementos especializantes.5
O princípio se manifesta no plano abstrato, pouco importa a gravidade das normas em conflito. 
 
A norma geral e a norma especial, podem estar previstas no mesmo diploma legislativo ou ainda 
em diplomas legislativos diversos. 
 
 
Princípio da Subsidiariedade 
 
A lei primária exclui a aplicação da lei subsidiária. 
 
Temos que identificar qual é: 
 
- Lei primária: crime que prevê o crime mais grave. 
- Lei secundária: crime que prevê o crime menos grave. Nélson Hungria chamava a lei subsidiária 
de “soldado de reserva”, tentamos aplicar a lei primária que prevê o crime mais grava, me se isso 
não for possível, aplicamos a lei subsidiária. 
 
Enquanto a especialidade era utilizada no plano abstrato, pouco importando a gravidade dos fatos, 
o princípio da subsidiariedade deve ser utilizado no caso concreto. 
 
Espécies de subsidiariedade: 
 
- Expressa ou explícita: a própria norma penal se apresenta como subsidiária. Ex.: Dano 
qualificado (art. 163, parágrafo único, II, CP). 
 
- Tácita ou implícita: a norma penal não se apresenta como subsidiária, mas esta característica é 
extraída da sua interpretação. 
 
 
Princípio da Consunção/Absorção 
 
A lei consuntiva exclui a aplicação (absorve) a lei consumida. 
 
Origem: consunção � consumir. 
 
 
Lei consultiva � fato mais amplo *todo* 
Lei consumida � fato menos amplo *parte* 
 
Hipóteses 
 
a) Crime progressivo: é aquele que para ser cometido o agente deve necessariamente também 
praticar um crime menos grave. 
*delito de ação de passagem* - é o crime menos grave no contexto do crime progressivo. – 
Itália. 
b) Progressão criminosa: a diferença entre crime progressivo e progressão criminosa é a mudança 
do dolo. O agente pratica o crime menos grave e posteriormente pratica um crime mais grave. 
Ex.: o agente queria bater na vítima (dolo de lesionar), ele bate na vítima, e depois de bater 
nela, encerrado o crime menos grave, ele decide mata-la. Aqui, o agente só responde pelo 
crime mais grave. 
c) Atos impuníveis (mesmo contexto fático): 
a. Prévios: “antefactum” impunível. São aqueles anteriores a um fato principal, e 
funcionam como meio de preparação ou de execução deste. 
No crime progressivo o crime menos grave é imprescindível, obrigatório, para a prática 
do crime mais grave. 
b. Simultâneos: são aqueles que ocorrem concomitantemente ao fato principal e 
funcionam com o meio de execução deste. Não são punidos porque são absorvidos por 
um fato principal. 
c. Posteriores: são aqueles que ocorrem após a prática do ato principal, que 
funcionam com o mero desdobramento deste. “post factum” impunível. 
 
 
 
6
 
Princípio da Alternatividade 
 
a) Própria: ocorre nos chamados tipos mistos alternativos (crimes de ação múltipla ou de 
conteúdo variado). São aqueles tipos penais que contém mais de um núcleo e se o agente 
praticar mais de um núcleo contra o mesmo objeto material, ele responde por um único 
crime. 
 
b) Imprópria: o mesmo crime é disciplinado por dois ou mais tipos penais � Falta de 
técnica legislativa. 
 
 
II. LOUSAS 
 
 
 
 
 
 
 
7
 
 
 
 
 
 
 
8
 
 
 
 
 
 
 
9
 
 
 
 
 
 
 
 
10
 
 
 
 
 
 
 
11
 
 
 
 
 
 
12
 
 
 
 
 
 
13
 
 
 
 
 
 
14
 
 
 
 
 
 
 
15
 
 
 
 
 
 
 
16
 
 
 
 
 
 
 
17
 
 
 
 
 
 
 
18
 
 
 
 
 
19
 
 
 
 
 
 
 
20
 
 
 
 
 
 
 
21
 
 
 
 
 
 
22

Continue navegando