ARTIGO-EA E COLETA SELETIVA

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EDUCAÇÃO AMBIENTAL: PROCESSO DE COLETA SELETIVA NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA
Edilza Lima
Juliane Ribeiro
Mariana Silva
Saulo Roberto
Thalita Isabeli
RESUMO:
PALAVRAS-CHAVE: Educação Ambiental, Coleta Seletiva, 
INTRODUÇÃO
:
1. EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A COLETA SELETIVA.
Os debates referentes a Educação Ambiental são recentes, com início na década de 70. Em 1972 ocorreu a Conferencia de Estocolmo e em 1977 ocorreu a Conferencia Intergovernamental de Tbilisi, nesse evento foi elaborado o documento contendo recomendações mundiais sobre Educação Ambiental. A partir de então, a Educação Ambiental ficou conhecida como elemento crítico para o combate à crise ambiental. O evento foi considerado um grande marco sobre o tema no mundo todo.
A partir desse momento houve várias conferências sobre as questões ambientais, onde foram elaborados documentos e diretrizes sobre a educação ambiental. No Brasil temos a Lei 9.795/1999 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA).
Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental em seu artigo 1º a educação ambiental é apresentada da seguinte forma, 
Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (LEI n° 9.795, de 27 de abril de 1999).
Nesse sentido, a educação ambiental é um componente essencial para todos e que deve ser atendido em esfera municipal, regional, nacional e global, tanto formal quanto não formal. Além disso, a educação ambiental orienta o ser humano a ser um cidadão mais consciente frente às questões sociais e ambientais. 
Para Ab’Saber (1991), a Educação Ambiental é:
Um processo que envolve um vigoroso esforço de recuperação de realidades, nada simples. Uma ação, entre missionária e utópica, destinada a reformular comportamentos humanos e recriar valores perdidos ou jamais alcançados. Um esforço permanente na reflexão sobre o destino do homem – de todos os homens – face à harmonia das condições naturais e o futuro do planeta ‘vivente’, por excelência. Um processo de Educação que garante um compromisso com o futuro. Envolvendo uma nova filosofia de vida. E, um novo ideário comportamental, tanto em âmbito individual, quanto na escala coletiva.
De fato, a Educação Ambiental possui uma certa complexidade e muitos desafios a serem solucionados, porém a sua pratica é essencial, tanto para esta geração quanto para as gerações futuras. É necessário pensar hoje, como manter as próximas gerações. 
Dentro dessa perspectiva, a Educação Ambiental pode nos proporcionar práticas sustentáveis e de consciência ambiental, que irão ajudar, juntamente com a responsabilidade de cada cidadão, a solucionar os problemas ambientais. Porém, é preciso de um trabalho em conjunto, do governo de modo geral, do poder público, da população, para que essas práticas sustentáveis aconteçam. 
Um forte exemplo da ação sustentável é a Coleta Seletiva, mas para que essa ação se torne realidade, o poder público deve incentivar, os programas de coleta seletiva e a participação da população. É imprescindível orientar a população sobre a necessidade de adotar hábitos mais sustentáveis, tendo uma preocupação maior, em gerar pouco lixo, combatendo as formas de consumismo desenfreado. 
É necessária uma ação em conjunto principalmente quando o objetivo é fomentar nas pessoas a consciência para atos de sustentabilidade, desse modo convém citar:
A aprendizagem e a auto-organização geralmente pedem reenquadramento de atitudes, enfatizando a importância de uma ação ativa, autônoma, flexível e colaborativa, o que para muitas organizações pode significar uma “mudança de personalidade” a ser obtida somente após longo período de tempo. (MATURANA & VARELA, citados por MORGAN, 1995, p.74).
Dessa forma, implantação de programas de Coleta Seletiva deve transitar pela Educação Ambiental, pois é por meio dela, que as ações de sustentabilidade são efetivadas, objetivando a conscientização da população, para mudanças de hábitos e comportamentos mais sustentáveis. Portanto, Educação Ambiental tem um papel fundamental no programa de coleta seletiva, a mobilização da população frente a necessidade, da redução do consumo, da reutilização, da separação prévia dos resíduos e da reciclagem.
2. O PROCESSO DE COLETA SELETIVA NO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA.
Atualmente a quantidade de lixo produzido no mundo tem sido grande e o seu mau gerenciamento, tem provocado consideráveis danos para a maioria dos municípios brasileiros. Segundo a Abrelpe (Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), 2007, 61% dos municípios brasileiros destinavam seus resíduos de forma inadequada. Dessa forma, a maior parte do lixo gerado é encaminhado diretamente para os lixões, aterros controlados e aterros sanitários.
 A coleta de resíduos no município de Abaetetuba, localizada no Estado do Pará, faz parte da "Agenda 2030 - Nosso Compromisso com o presente e o futuro". Esse é um compromisso global assumido em 2015 por 193 países, incluindo o Brasil. A agenda é coordenada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e propõe a ação de governos, instituições, empresas e a sociedade em geral para o enfrentamento dos maiores desafios do mundo contemporâneo. Nesse acordo Foram eleitos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), relacionados com a efetivação dos direitos humanos e a promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões social, econômica, ambiental e institucional. 
O Programa Cidades Sustentáveis, está inserido nos objetivos 11 e 12 da Agenda 30, que abordam Cidades e Comunidades Sustentáveis e Consumo e Produção Responsáveis. Os três maiores tipos de resíduos gerados na cidade são o lixo orgânico, o hospitalar e o reciclável. Esses são resíduos gerados em maiores quantidades e para cada tipo de resíduo, uma empresa é responsável, desde a sua coleta, armazenamento e destino final.
Esses processos ocorrem de três maneiras distintas. O resíduo orgânico, também chamado de lixo doméstico, é coletado de porta em porta, e levado para o aterro controlado, onde é compactado e enterrado. A empresa responsável por esse processo chama-se CIDADE LIMPA. O resíduo hospitalar é coletado pela empresa PRESERVE AMBIENTAL, essa empresa realiza a coleta dos resíduos hospitalares e os levam à outra cidade para serem incinerados. Já os resíduos recicláveis ficam por conta da empresa RECICLE, essa empresa trouxe uma inovação para a cidade com os Pontos de Entrega Voluntário (PEVs) para materiais recicláveis que se encontram espalhados em pontos da cidade e é a própria empresa que faz a reciclagem ou a reutilização dos resíduos chegados ali.
Os PEVs recolhem os resíduos e fazem uma triagem, separando-os e encaminhando-os para o aterro controlado da região. No entanto segundo os relatos dos catadores da cooperativa, existem duas grandes dificuldades para que os resíduos cheguem até o aterro, a primeira refere-se a falta da cooperação da população na coleta do lixo domiciliar, onde os mesmos deveriam separar esse lixo e leva-lo até um Ponto de Entrega Voluntario mais próximo, já que o intuito desse pontos é a coleta a partir do voluntariado, e em segundo encontram-se a falta de apoio do poder público, que não oferece um meio de transportes para a locomoção desses resíduos até o seu destino. (Figura 1)
Um dos catadores da cooperativa ratifica:
"Se o centro comercial ajudasse, aqueles uns que tem as condições, que tem uma estrutura melhor, que tenho carro né. Mas eles preferem trazer aqui do que levar pra cooperativa, mas pra nós aqui se torna mais ruim, por que quando isso aqui enche a gente não tem transporte, não tem transporte, a gente perde trabalho por que fica tudo cheio esse material aqui”. E diz ainda “o que precisamos é o apoio da prefeitura, do poder público”.
Figura 1: Residuos orgânicos
Fonte: Produzidapelo autores 
Figura 2: Triagem dos resíduos domiciliar
Fonte: Produzida pelos autores
Toda Coleta no município é realizada por sua respectiva empresa, porém sempre em parceria com a Secretaria Municipal de Obras e Viação (SEMOB), e pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMEIA). Na coleta dos resíduos domésticos, a respectiva empresa recolhe e leva todo o resíduo domiciliar coletado para o aterro sanitário da cidade. 
(figura 3) localizado na zona rural do município (PA 151) na estrada de Igarapé - Miri.
Figura 3 - Entrada do aterro controlado da cidade.
 Vale ressaltar que o aterro sanitário, apesar de receber esse nome atende parcialmente às normas de engenharia sanitária e ambiental, pois não foi realizada a impermeabilização do solo na base e também não possui sistema de tratamento de chorume ou de disposição dos gases gerados.(figura 4)
Figura 4 - caminhão coletor despejando lixo no aterro
No aterro o lixo do município é apenas depositado em células e recebe uma camada diária de terra que é posteriormente compactada. Na realidade o aterro apresenta características que se enquadram melhor na classificação de aterro controlado. ( figura 5 e 6)
Figura - 5 e 6 lixo aguardando para ser compactado 
O aterro controlado da cidade está associado a coleta seletiva, porém a população ainda é ignorante no que tange à separação adequada desses resíduos, segundo o relato do Gari Marcenildo Costa da Silva, atuante na coleta domiciliar há 8 anos na cidade, ratifica: 
" O povo dessa cidade é muito mal educado, eles misturam todo tipo de lixo, restos de comida, plásticos, e até lixos de hospitais. _ um dia meu colega de trabalho até se feriu com uma seringa usada. Na maioria das vezes o lixo quando chega no aterro está todo misturado, a gente faz a compactação tudo junto porque não é viável para a empresa separar aqui o lixo orgânico do reciclável, depois de ter pontos de coleta espalhados na cidade (...). Quando vem alguns catadores eles levam o reciclado para vender, mais na maioria das vezes é tudo compactado e enterrado".
Segundo Gonçalves (2003), é um grande desperdício quando no aterro se enterra toneladas de materiais que poderiam ter sido desviados deste destino pelo programa de separação na fonte, através da coleta seletiva. 
A coleta seletiva é essencial para que o lixo possa ser reaproveitado. Ela consiste na separação prévia dos materiais recicláveis do restante dos resíduos. Dessa forma, a participação da população é fundamental para a limpeza urbana da cidade, visto que evita a disseminação de doenças e contribui para que os resíduos se encaminhem para os seus devidos lugares. Além disso, a conscientização das pessoas contribui para acabar com poluições tóxicas que contaminam solos e águas de rios, trazendo malefícios imensuráveis ao longo do tempo. 
Entretanto, em decorrência dos fatos mencionados, a grande quantidade de lixo que poderia ser aproveitado para a reciclagem está sendo despejados no aterro controlado da cidade. Ademais, a implantação da coleta seletiva nem sempre é feita corretamente. Já que os gestores públicos não tenham familiaridade com os processos de gestão de resíduos mais modernos. Contudo, a coleta seletiva é extrema importante para toda a sociedade e gera emprego e renda para muitas famílias, além de diminuir a poluição dos solos e dos rios.
3. A COOPERATIVA DE CATADORES DE MARTERIAIS RECICLÁVEIS DE ABAETETUBA (COOCAMARA).
Segundo a Resolução do CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) N.º 275/2001, foi estabelecido um código de cores para diferentes tipos de resíduos na coleta seletiva. Dentre estes destacam-se:
	PAPEL
	PLÁSTICO
	VIDRO
	METAL
	NÃO RECICLÁVEL
	Papéis, revistas, caixas etc.
	Garrafas pet, embalagens plásticas, sacos etc.
	Copos, potes, frascos de medicamentos, perfumes etc.
	Latas de alumínio e de metal, materiais de aço em geral, clips etc.
	Todo material não reciclável, papel carbono, higiênico, fita crepe, etc.
Em Abaetetuba, a coleta seletiva é realizada pela Cooperativa de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis de Abaetetuba (COOCAMARA), essa cooperativa possui alguns Pontos de Entrega Voluntária (PEV) espalhadas em pontos estratégicos da cidade, que orientam a população juntamente com a Secretaria de Meio Ambiente (SEMEIA) sobre a importância e os benefícios de fazer a separação adequada dos resíduos. Segundo a cooperativa os benefícios são:
AMBIENTAL 
· Aumento de vida útil dos aterros sanitários.
· Aumento do ciclo de vida das matérias-primas.
SOCIAL
· Geração de trabalho e renda para os catadores
· Resgate da cidadania dos catadores por meio de cooperativas e associações
EDUCACIONAL
· Estimulo a mudanças de hábitos e valores no que diz respeito à proteção ambiental, conservação da vida e desenvolvimento sustentável.
CULTURAL
· Criação de novas práticas de separação dos resíduos.
ECONÔMICO
· Redução de gastos com aterramento dos resíduos e limpeza pública.
As duas entidades também trazem uma Política Ambiental, denominada " Política dos 5 Rs" para a prática de novos hábitos da população abaetetubense, essa política consiste em:
REPENSAR - Refletindo sobre seus hábitos e atitudes de consumo.
REUTILIZAR - Aumentando a vida útil dos produtos, dando a este uma nova função.
RECUSAR - Não consumindo produtos desnecessários e que geram impactos negativos ao meio ambiente.
RECICLAR - Transformando um produto em matéria-prima para a produção de novos produtos.
REDUZIR - A geração de resíduos (lixo).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o desenvolvimento desordenado das cidades, as grandes produções de produtos que ferem o ambiente cresceram cada vez mais. Por isso, é importante conscientizar a população sobre a importância da consciência ambiental, pois ao longo dos últimos anos e décadas, as questões sobre o meio ambiente cresceram, tornando-se cada vez mais visíveis, erguendo uma voz pelo desenvolvimento sustentável. A questão ambiental é ampla e muito complicada, mas aos poucos tem sido inserida nos diversos âmbitos sociais, e desse modo aos poucos a humanidade caminha para um desenvolvimento ambiental. A coleta seletiva traça uma estratégia de um novo dimensionamento mental e um conjunto de valores, que aumentarão a capacidade das pessoas de enfrentar as questões ambientais e de desenvolvimento. É importante que cada indivíduo da sociedade se conscientize em preservar o meio ambiente, mudando hábitos e assumindo novas atitudes que levem à diminuição da degradação ambiental, isso trará inúmeras melhorias em nossa qualidade de vida.
REFERÊNCIAS:
GONÇALVES, P. A. Reciclagem Integradora dos Aspectos Ambientais, Sociais e Econômicos. Rio de Janeiro: DP&A: Fase, 2003
AB’SABER, A. N. (Re) conceituando Educação Ambiental. RJ: CNPq, MAST, 1991.
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo, Atlas, 1995.
FURTADO, Clemildes. A IMPORTÂNCIA DA COLETA SELETIVA DO LIXO DOMICILIAR PARA A MELHORIA DA QUALIDADE SÓCIO-AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE ABAETETUBA-PA. Especialização em Gestão Ambiental –UFPA, Belém-PA, 2010.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL: por que ela é tão importante? In: Saneamento em pauta. 2019. Disponível em: https://blog.brkambiental.com.br/educacao-ambiental/. Acesso em: 03 de outubro de 2021.
https://www.abaetetuba.pa.gov.br/arquivos/623/MATERIAIS%20EDUCATIVOS_019_2021_0000001.pdf.