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Fundamentos da Arquitetura - Análise Casa Valéria Cirell (Lina Bo Bardi)

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UNIVERSIDADE SALVADOR – UNIFACS 
BACHARELADO DE ARQUITETURA E URBANISMO 
 
 
 
BRUNO KAUAN PINTO OLIVEIRA 
FELIPE TROCOLI HOHLENWERGER SOUSA 
GABRIELE MIRANDA DE OLIVEIRA SILVA 
MARIA HELENA DE JESUS VIANA 
PAULA MAIA SOUZA DA SILVA 
 
 
 
 
 
RELATÓRIO CRÍTICO DA CASA VALÉRIA CIRELL: 
PROJETO DA ARQUITETA LINA BO CARDI 
 
 
 
 
 
 
 
SALVADOR 
2021 
 
2 
 
 
1. Introdução 
Lina Bo Bardi (1914) nasceu em Roma, onde cursou sua faculdade de Arquitetura. 
Mudou-se para Milão em 1940, lugar em que inaugurou seu primeiro escritório com o 
Arquiteto Carlo Pagani. 
Figura 1: Lina Bo Bardi 
 
Fonte: Bob Wolfenson. Imagem via Instituto Lina Bo e P. M. Bardi 
 
Seus planos para o futuro foram destruídos pelo bombardeio de seu escritório 
e caos da Segunda Guerra Mundial. Insatisfeita, aliou-se à resistência italiana contra 
os alemães e fundou a revista (A Cultura Della Vita), com o também arquiteto Bruno 
Zevi. 
No fim da Segunda Guerra, após todas as adversidades, ela então decide 
começar uma vida nova e em 1951, já casada com Pietro Maria Bardi, torna-se cidadã 
brasileira. Além de arquiteta, Lina também era artista plástica, cenógrafa, professora, 
dentre outros. Seu desejo era morar no Rio de Janeiro, pois era apaixonada pela 
arquitetura da cidade, mas seu destino acabou sendo São Paulo, onde ganhou muito 
reconhecimento pelas suas obras arquitetônicas. 
Por ser uma arquiteta modernista, prezava pela simplicidade e convívio das 
pessoas. Por fugir do tradicionalismo, torna-se uma grande influência, encontrando no 
 
3 
 
Brasil o território ideal para prática de suas ideias. Suas habilidades e características 
únicas foram o prato chefe para o futuro brilhante que estava por vir. Lina teve 
importância em 3 obras que representam o valor para a nossa cultura, sendo elas: o 
MASP — Museu de Arte de São Paulo — o Teatro Oficina e o SESC Pompeia. 
Lina não ficava só nos edifícios, mas também projetou muitas residências, 
durante sua infância e adolescência. Porém apenas sete residências chegaram a ser 
construídas: a Casa de Vidro (1950-1951), a Casa Valéria Cirell (1957-1859), a Casa 
do Chame-Chame (1958), a casa de hóspedes La Torraccia (1962) e três edifícios 
residenciais da Ladeira da Misericórdia (1987). 
A arquiteta gostava de colocar o nome dos donos nas residências que 
projetava. Em vista disso, a Casa Valéria Cirell pertencia a Valéria Piaccentini Cirell e 
seu filho Renato Cirell Czerna, professor de filosofia do direito da USP, que 
encomendaram sua casa para Bardi. 
 Ao longo da sua carreira profissional, desenvolveu a concepção de que o 
homem pode viver em harmonia com a natureza e que um complementa o outro. 
Utiliza-se de técnicas construtivas mais avançadas às próprias do país, visto na 
relação madeira e concreto, relacionando o moderno com o popular brasileiro. 
A casa sofreu duas grandes reformas. A primeira, em 1970, para fazer a 
ampliação da cozinha e assim ter mais quartos na casa e a segunda, em 1997, para 
cessar um vazamento que tinha na Torraccia (casa de hóspedes), pois não tinha a 
devida inclinação necessária. 
Para a montagem de ambientes, Lina tinha como inspiração os aspectos 
culturais, singulares de ambos os países. Assim, com o uso de peças, itens 
decorativos e materiais de construção rústicos ou regionais, enaltecendo os 
costumes italianos e brasileiros. E foi isso que Lina deixou de inspiração para a 
nova geração de arquitetos: o simples é de fato belo. 
 
2. Ficha Técnica 
Nome original: Casa Valéria Cirrel Czerna 
Nome atual: Casa Jardim Cristal 
Arquiteta: Lina Bo Bardi 
Localização: Rua Brigadeiro Armando Trompowsky, nº 65, Bairro Morumbi – São 
Paulo, SP. 
 
4 
 
Figura 2: Localização da Casa Valéria Cirell 
 
Fonte: Google Maps, 2021 
 
Proprietários originais: Valeria Piacentini Cirrel e Renato Cirrel Czerna 
Data de construção: 1957-1959 
Reformas: 
▪ Casa principal (pavilhão próximo): Lina Bo Bardi (1964) 
▪ Casa principal (anexo da cozinha): Ricardo Ramenzoni e Eduardo Suarez 
(1970) 
▪ La Torracia: André Vainer e Marcelo Carvalho Ferraz (1997) 
Área do terreno: 1913 m² 
Área construída: 810 m² 
Estado de conservação: Parcialmente conservada 
 
3. Qualificadores da Arquitetura 
Estando dentre os elementos essenciais da arquitetura, a luz e a sombra são 
básicas para produzir o efeito de volume nos objetos e no ambiente, podendo dar a 
sensação de profundidade ou altura a depender de como são utilizados, promovendo 
uma boa experiência para as pessoas no lugar em questão. 
 
 
5 
 
A iluminação na casa principal e Torraccia são trabalhadas de formas 
diferentes. Na primeira, a arquiteta usa de artifícios como muxarabi (janela), portas e 
abertura zenital, trabalhando a entrada de luz equilibrada, trazendo funcionalidade ao 
lugar sem necessitar de acessórios como cortinas - que reduzem a iluminação. 
É importante frisar que na segunda reforma, em 1970, os materiais foram 
modificados para vidro, transformando a abertura zenital em claraboia e as janelas e 
portas, antes de muxarabi. Tal alteração redefiniu o conceito inicial de luz equilibrada. 
Figura 3: Iluminação Zenital 
 
Fonte : Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Figura 4: Claraboia (1970) 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
6 
 
Já na Torraccia, seu formato de um cilindro, porém com recorte frontal reto– 
inspirado em ruínas antigas – Lina utilizou de materiais mais modernos como janelas 
de vidro para receber a iluminação natural e reduzir a quantidade de lâmpadas 
necessárias no interior da casa de hóspedes. As paredes do cilindro fecham um pouco 
as laterais do fachada Norte que aparenta diminuir a incidência solar diretamente na 
sala de jantar e sala de estar, entretanto, não diminui a iluminação natural matutina. 
 
Figura 5: Demonstração das janelas em muxarabi 
 
Foto: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Assim como a iluminação, cores e texturas podem dar diversas sensações ao 
ambiente como calma e acolhimento ou totalmente ao contrário, deixando desânimo 
e frustação. Isto acontece porque o cérebro humano tem percepções e sentimentos 
diferentes com cada cor e cada contraste feito. 
Nas construções, não houve pintura intencional da fachada, sendo estas todas 
produzidas pelas texturas provenientes das pedras, cacos de cerâmica, cimento e 
madeira (Casa Principal e Fachada Sul da Torraccia), além das vegetações como 
musgos e trepadeiras que ocultam as paredes. Entretanto, na fachada Norte da casa 
de hóspedes, houve coloração da fachada através da técnica de caiação (pintura a 
base de Cal), intencionalmente usada para contribuir na entrada de luz natural do 
ambiente 
 
7 
 
Figuras 6: Fachada Noroeste 
 
Fonte: Pedro Vannucchi, 2010 
 
Figura 7 e 8: Fachada Norte e Fachada Sul da Torraccia 
 
 
8 
 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Já na parte interior, Lina optou por tons e texturas que se sobressaem, ao 
contrário do exterior que se camufla nos elementos vegetais e naturais. Por se tratar 
de uma arquitetura contemporânea e funcional, a casa principal traz um pé direito 
duplo com teto branco, alinhado a iluminação natural das aberturas, promove uma 
sensação de que a casa é mais alta do que realmente é. Na Torraccia, o telhado antes 
de barro e, posteriormente, mudado para tijolo de barro carrega uma tonalidade 
avermelhada que rebaixa o teto produzindo um sentimento de ninho e proteção. 
Em 1958, com suas técnicas avançadas, ela fez uso também de materiais 
vernaculares para o local, trazendo tijolos de barro, troncos de madeira, pedras, cacos 
de cerâmica, vigotas de concreto e blocos cerâmicos. Misturando o novo com o 
insigne, a arquiteta criou um modelo híbrido que conseguia trazer o novo, mas ao 
mesmo tempo se prendendo aos costumes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
 
 
Figura 9: Pé direito duplo da Casa PrincipalFonte: Pedro Vannucchi, 2010. 
 
Figura 10: Telhado de barro 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
10 
 
4. Sustentabilidade da Arquitetura 
4.1. Quais elementos construtivos são sustentáveis? 
Sustentabilidade na construção civil é descrita como os processos realizados 
antes, durante e após a obra que visam minimizar os impactos desta no meio 
ambiente, ao mesmo tempo que são possíveis de serem realizadas (custo de 
produção viável) e ainda, promovem uma boa qualidade de vida aos usuários ou 
residentes. 
Em vista disso, pode-se citar como exemplo de sustentabilidade da Casa a 
presença de gárgulas de drenagem. Isto é, peças pensadas por Lina para o 
escoamento de água pluvial (da chuva) nos jardins de ambas as lajes. Com isso, há 
um aproveitamento dessa água escoada para outros fins. 
Figura 11: Gárgulas de Drenagem 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
4.2. Qual a relação da obra com a natureza? 
É possível observar várias referências à natureza desde a repetição de formas 
naturais já existentes, como na escolha dos materiais (no âmbito da própria 
construção), até a sua finalização (através de elementos decorativos). 
Como, por exemplo, as plantas que ornam toda a estrutura, juntamente com o 
uso de pequenas pedras, conchas, cacos de cerâmica, madeira e nas decorações de 
artesanato, sempre remetendo à simplicidade e objetividade, possibilitando uma 
integração da casa com o ambiente externo. 
 
11 
 
Figura 12:Detalhe nos cacos de cerâmica e pequenas pedras. 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Figura 13: Detalhe da platibanda com pequenas pedras. 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileira, 2015 
 
Igualmente visto na singularidade de preferência ao uso de tijolos de barro, 
originário de uma técnica antiga e muito comum nas áreas rurais brasileiras. Sendo, 
portanto, sustentável ao: utilizar como base a própria terra para a criação de peças; é 
mais econômico (se comparado aos tijolos de cimento); o barro é um material 
reutilizável (pois, quando não cozido, pode ser despedaçado e umedecido para voltar 
ao estado inicial); passa por um processo natural (sol) de “cozimento” para ficar apto 
ao uso. 
 
12 
 
Desse modo, tal técnica também faz referência ao trabalho manual e artesanal, 
visto que é fabricado de forma individual (um a um), por pequenos produtores, gerando 
tijolos com tamanhos e formas diferentes. 
Figura 14: Processo de fabricação do tijolo de barro (cozimento). 
 
Fonte: Revista AdNormas, 2020 
 
E, claro, a existência da piscina remete à ideia de água e lago (ambiente 
natural), sendo o formato arredondado, escolhido pela arquiteta, uma alusão à 
movimentação da água. 
 
Figura 15: Piscina com forma curvada. 
 
Fonte: Marcelo Ferraz,1993 
 
13 
 
4.3. Como a Casa se encaixa em meio ao verde? 
A Casa se conecta com o ambiente exterior natural de árvores, flores e mata 
ao trazer tais elementos, ou uma nova versão deles para seu interior, visto em: 
1. Paredes verdes – trazem a ideia de verticalidade, pois são grandes jardins 
verticais, onde toda essas gramíneas “sobem” na estrutura, tomando-a por 
inteira. Com isso, entende-se que há uma “camuflagem” da edificação, 
causando a sensação de aconchego, possibilitada pela natureza do entorno. 
2. Jardins na laje – estão presentes em ambos os módulos (casa principal e La 
Torracia), funcionando como mais uma das formas encontradas por Lina de 
integrar o verde à casa. 
 
Figuras 16 e 17: Jardim na laje da casa principal. 
 
Fonte: Peter C. Sheler. Acervo Instituto Lina Bo e P M Bardi, 2012-2013 
 
 
Fonte: Peter C. Sheler. Acervo Instituto Lina Bo e P M Bardi 2012 -2013 
 
14 
 
4.4. Área do terreno X área construída 
A Casa conversa com o terreno original a todo tempo. É percebido, incialmente, 
com a quantidade de área original do terreno preservada: são cerca de 2 mil m² de 
terreno para 810 m² de área construída, atualmente. Tal fator se deve pela inspiração 
de Lina ao estilo purista (advindo do Cubismo) que defende a apreciação das artes, 
incluindo a Arquitetura. Dessa forma, a obra pode ser vista como uma forma de 
apreciação do homem aos seus mínimos detalhes construtivos, tornando-a única. 
Além disso, o projeto é pensado para acompanhar a declividade do terreno, 
diferentemente de outras obras arquitetônicas que optam pela técnica de 
“nivelamento”. 
 
Figura 18: Modelo de situação da casa no entorno. 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
 
 
 
 
15 
 
Figura 19: Situação topográfica do Terreno
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Isso é percebido também na piscina que tem sua parte mais rasa na frente 
(próximo às colunas de concreto) e mais profunda ao andar em direção a La Torraccia. 
 
Figura 20: Profundidade da piscina em relação à declividade natural do terreno. 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
16 
 
Figura 21: Corte transversal da piscina 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileira, 2015 
 
5. Componentes da Arquitetura e Articulações Espaciais 
5.1. Estrutura 
A casa principal e o anexo são compostos por formas puras, o primeiro, um 
quadrado e o segundo, um retângulo, sendo ambos rodeados de toras que atuam 
como pilastras. Na piscina, sobre bases de concreto submersas (lembrando um pouco 
as palafitas), essas toras operam como sustentação para a parte suspensa do deck. 
 
Figura 22: Estrutura de sustentação na piscina 
 
Fonte: Peter C. Sheler. Acervo via Lina Bo e P. M. Bardi 
 
 
17 
 
A casa de morar é constituído por um pé direito duplo com mezanino – ambiente 
situado entre o térreo e o primeiro andar – construído acima da sala de jantar, sendo 
usado como biblioteca e escritório. As paredes dos dois volumes (casa principal e 
dependência de empregada) são estruturas de tijolos de barro com finalização interna 
em Cal. 
O ambiente suspenso possui uma estrutura toda de madeira: 
• Sustentação - Tronco de madeira posicionado na diagonal do quadrado com 
colunas de madeira dispostos ortogonalmente. 
• Piso – Tacos de Madeira. 
A escada, em estilo caracol ou helicoidal, também composta em madeira, foi 
apoiada na viga que vai do teto ao chão, causando a sensação de flutuação dos 
degraus. Tal percepção também é observada no corrimão, constituído de aço. 
 
Figura 23: Estrutura da Escada e do Mezanino 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Lina emprega um elemento externo chamado Platibanda – tem função de 
ocultar o telhado promovendo noção de linearidade da fachada. Porém essa estrutura 
na casa foi usada de forma decorativa (pois o telhado não é composto por águas, mas 
sim, uma laje), trazendo uma altura maior do que a concepção atual da arquitetura 
 
18 
 
(platibandas de, no mínimo, 80cm). A reforma em que foi feita o anexo da cozinha 
(1970), emprega-se a altura padronizada, mostrando nitidamente que esse 
“puxadinho” não foi da obra original. 
 
Figura 24: Estrutura da Platibanda na Casa Principal e no anexo 
 
Fonte: Pedro Vannuchi, 2010 
 
5.2. Planos e Coberturas 
No interior da casa principal, tem-se dois níveis: 
• Térreo - onde se situam a sala de estar, a sala de jantar e a cozinha 
(posteriormente, transferida para anexo). 
• Mezanino - com vista para a sala de estar, encontram-se a biblioteca/quarto e 
uma casa de banho. 
A dependência de empregada, outro volume situado no mesmo nível da casa 
principal, compreende somente térreo e consiste em dois quartos com banheiro entre 
eles. Após reforma, essa extensão se converte em quartos utilizados por hóspedes. 
Em outro nível, um pouco mais baixo do terreno, encontra-se a casa de 
hóspedes ou ateliê (Torraccia). O terceiro volume contém um banheiro, uma sala de 
estar, uma sala de serviço e um quarto. 
 
 
Platibanda da 
casa original 
Platibanda 
Padronizada 
 
19 
 
 
 
Figura 25 e 26: Planta Térreo e Mezanino20 
 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Tanto a cobertura da casa Valéria Cirell, quanto da Torraccia possuem 
cobertura em laje de concreto com teto jardim, sendo o da primeira acessível por uma 
escada situada na fachada sudoeste. 
Em 1997, é realizada uma reforma na Torraccia, pelo arquiteto André Vainer, 
que teve como principal objetivo sanar o vazamento do telhado que antes, coberto por 
sapé, foi substituído por uma laje de concreto feita sobre forma de tijolos e revestida 
 
21 
 
por tijolos, mantendo a inclinação da cobertura original do projeto de Lina. Foi 
transformado em um terraço inclinado, visitável, de onde se tem a melhor vista para o 
jardim. 
Figura 27: Planta da Cobertura 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
5.3. Aberturas 
Abertura é definida como todo e qualquer rasgo feita na construção. Dessa 
forma, na casa principal, esse elemento se dá em forma de janelas, portas e claraboia 
que aparentam terem sido propositalmente posicionadas nas fachadas colaterais 
(Nordeste, Sudeste, Noroeste e Sudoeste), recebendo a iluminação do nascer e do 
pôr do sol lateralmente, conforme figura 6. 
O posicionamento das aberturas coopera também para a ventilação da casa. 
Nesta, a arquiteta utiliza da ventilação natural cruzada, ou seja, as janelas se dispõem 
em paredes contrárias as portas, contribuindo para a fluidez do vento e utilizando de 
um recurso natural e renovável. 
 
22 
 
 
Figura 28 e 29: Esquemas da ventilação cruzada 
 
 
 
 
Fonte: Magdalena Reches Peressotti, 2009 
 
 
 
 
23 
 
 A dependência de empregada possui duas portas (acesso aos quartos), duas 
janelas e a porta do banheiro adentradas pelo Sudoeste da casa. Aberturas bem 
localizadas, visto que se colocadas em outra posição, provavelmente, seriam 
encobertas pela altura da casa principal. 
Por fim, na Torraccia, as aberturas consistem em: portas, janelas fixas -uma 
mais alta, junta ao telhado, e outras duas mais baixa, vista na direção Oeste e Leste 
- e janelas de abrir (fachada Sul). Essas janelas fixas direcionadas ao ponto Cardeal 
Norte foram postas entre o telhado e a parede com acabamento em vidro, recebendo 
diretamente a luz solar, mas reduzido pela parede circular que envolve o miolo da 
residência, como visto na figura 7. 
 
Figura 30: Janela fixa entre telhado e parede na Torraccia 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
Figura 31 e 32: Varanda visada na direção Leste e Oeste 
 
 
24 
 
 
 
Fonte: Acervo Pesquisa Casas Brasileiras, 2015 
 
5.4. Dimensões e Proporções 
As dimensões da obra consistem em: 
 
 
Figura 33 e 34: Planta Baixa da Térreo e do Mezanino 
 
 
25 
 
 
 
 
 
Fonte: Madgdalena Reches Peressotti , 2009 
 
 
Tendo isso em vista, infere-se que a Casa Valéria Cirrel é um símbolo de 
residência atemporal que, curiosamente, diverge do estilo usado por Lina em suas 
ilustres e prestigiadas produções. Ela se distingue por conceber a natureza como 
parte da Arquitetura. Além disso, equitativamente, a arquiteta consegue trazer isso 
para o interior do lar, finalizando a partir de elementos artesanais, conferindo 
originalidade à Casa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
Referências Bibliográficas 
 
CARRANZA, Edite Galote. Casa Valéria Cirell: uma obra alternativa. 2010. 
Disponível em: http://revista5.arquitetonica.com/index.php/magazine-
1/arquitetura/casa-valeria-cirell-uma-obra-alternativa . Acesso em: 10 mar. 2021. 
XX, Casas Brasileiras do Século. CASA CIRELL-CZERNA Arquiteto Lina Bo 
Bardi. 2010. Disponível em: http://www.casasbrasileiras.arq.br/csaczerna.html . 
Acesso em: 10 mar. 2021. 
BARDI, Lina Bo. Casas de Vilanova Artigas. Revista Habitat, São Paulo, n°.1, 
out.dez., p.2-16, 1950. 
CASA VALÉRIA CIRELL: SAIBA O SIGNIFICADO DESSE CLÁSSICO DA 
ARQUITETURA. ArchTrends Portobello. 2017. Disponível em: 
<https://archtrends.com/blog/casa-valeria-cirell/>. Acesso em 09 de março de 2021. 
RECHES, Magdalena. Casa Valeria Cirell. 2010. Disponível em: 
https://www.urbipedia.org/hoja/Casa_Valeria_Cirell . Acesso em: 10 mar. 2021. 
CASA CIRREL-CZERNA. Casas Brasileiras. 2015. Disponível em: 
<http://www.casasbrasileiras.arq.br/csaczerna.html>. Acesso em 09 de março de 
2021. 
A SUSTENTABILIDADE DE SE CONSTRUIR COM O ADOBE (TIJOLO DE 
BARRO). Revista AdNormas. 2020. Disponível 
em:<https://revistaadnormas.com.br/2020/03/17/a-sustentabilidade-de-se-construir-
com-o-adobe-tijolo-de-barro>. Acesso em 10 de março de 2021. 
FERRAZ, Marcela. Clássicos da Arquitetura: Casa Valéria Cirell / Lina Bo Bardi. 
ArchDaily. 2020. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/800798/classicos-
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SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL: ENTENDA A IMPORTÂNCIA E 
COMO APLICAR. Mobuss Construção. 2020. Disponível em: 
https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil/ . 
Acesso em 10 de março de 2021. 
GÁRGULA. Engenharia Civil. Disponível em: 
https://www.engenhariacivil.com/dicionario/gargula . Acesso em 10 de março de 
2021. 
http://revista5.arquitetonica.com/index.php/magazine-1/arquitetura/casa-valeria-cirell-uma-obra-alternativa
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https://www.archdaily.com.br/br/800798/classicos-da-arquitetura-casa-valeria-cirell-lina-bo-bardi
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https://www.mobussconstrucao.com.br/blog/sustentabilidade-na-construcao-civil/
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27 
 
LINA BO BARDI- BIOGRAFIA, CURIOSIDADES, PRINCIPAIS OBRAS E O 
LEGADO DO MASP. Viva Decora. 2017. Disponível em: 
https://www.vivadecora.com.br/pro/arquitetos/lina-bo-bardi/ . Acesso em 10 de março 
de 2021. 
BARATTO, Romullo. Lina Bo Bardi, entre o moderno e o primitivo. Archdailly. 2020. 
Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/758576/em-foco-lina-bo-bardi . 
Acesso em 10 de março de 2021. 
PEREIRA, Maria Teixeira. As casas de Lina Bo Bardi e os sentidos de Habitat. 
Brasília. 2014. 649 páginas. Disponível em: 
https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/16420/1/2014_MairaTeixeiraPereira.pdf . 
Acesso em 10 de março de 2021. 
LINA BO BARDI. Pedro Vannucchi. 2010. Disponível em: 
http://www.pedrovannucchi.com/site/ensaio_en.php?id=112 . Acesso em 14 de 
março de 2021. 
AVILA, Matheus Almeida. O que é Platibanda: Vantagens, Desvantagens e Modelos. 
2020. Disponível em: https://www.totalconstrucao.com.br/platibanda/ . Acesso em 16 
de março de 2021. 
PEREIRA, Matheus. Ventilação Cruzada? Efeito chaminé? Entenda alguns 
conceitos de ventilação natural. ArchDaily. 2020. Disponível em: 
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