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Psicologia medica Deisy Gonçalves Mendes – XLI Maria Clara Conti – XLI Professor Diogo Nonato Reis Pereira 3° período – 2021/1 22/03/2021 “O sujeito é algo que vai se construir, não é algo que já está aí”. - Precisamos compreender que de acordo com a psicanálise, a constituição de um sujeito é algo que acontece ao longo da vida desse indivíduo. Então, para a psicanálise não existe efeitos da vida intrauterina. A pessoa não nasce com uma personalidade pré-determinada, ou algo do tipo. - Sujeito = refere-se as coisas subjetivas, não relacionado com instintos. - Para a psicanálise nascemos com as mesmas características de um animal, ainda não é constituído como um alguém, um ser. Então, a personalidade não tem influência da vida intrauterina. - O ser vai se constituindo a partir das relações que passam a surgir. O sujeito é construído nas relações com o grande outro. “Antes de ser sujeito, o ser humano é objeto, objeto do desejo de um outro”. - Quando a pessoa nasce, para a psicanálise ele ainda não é um sujeito. Freud vê o bebe como um “legume”, um “pedaço de carne”. Para ele, no início ainda não existe nada. - Para a psicanálise as relações se dão pela existência de um sujeito com um objeto. Algumas pessoas estão na posição de comando (atividade) e outro comandado (passividade). - Atividade e passividade não são para sempre, nós vamos oscilando nessas duas posições. Exemplo: no momento da aula, o professor é sujeito da relação e os alunos são objetos. Para o professor, ele considera o objeto um único, o terceiro período. Quando algum aluno faz uma pergunta, ele se torna sujeito e o professor se torna objeto. - Então, quando bebê ainda somos objetos. A vida intrauterina não interfere na personalidade, pois ao nascer o bebe é objeto do desejo de um grande outro. GRANDE OUTRO - Na nossa vida, relacionamos com muitas pessoas desde que nos “entendemos por gente”. - Mas sempre existem aqueles com quem tivemos um desenvolvimento afetivo maior e eles são considerados os grandes outros. * Outros = são outras pessoas, qualquer pessoa. - Os grandes outros, não são outros quaisquer, eles são destacados. - Essas pessoas que se destacam, não se destacam à toa. - Na medicina, vamos encontrar vários pacientes (outros). Mas, para eles, não seremos pequenos outros, mas sim grandes outros. Eles vão entregar muitas informações de intimidade, de sofrimento e eles só se abrem pois acreditam que nós possuímos um saber que pode ajuda- los. - As pessoas que cuidaram de nós primeiro, nos deu segurança só com o olhar, são os nossos pais. O nosso grande outro primordial é a nossa mãe. - O grande outro é aquele que cuida, protege, no início da vida. Com isso, ele assume uma importância extrema para nós. - O grande outro faz do bebê, no início, um objeto do seu desejo próprio: a mãe escolhe o nome, compra a roupa (já imaginando a criança nela), já planeja em qual escola ela vai estudar, qual faculdade vai fazer, onde morar, etc. “O sujeito se apresenta numa estrutura que já existia antes dele”. - O sujeito entra no mundo e já recebe instruções que não são criadas a partir dele, elas já existiam: ele não escolhe seu nome, as formas que temos de nos relacionar já existia. - Freud tem um texto chamado “O mal-estar na civilização”. Nesse texto ele fala que a nossa cultura, civilização existe há um tempo e diz que quando estamos vivendo nessa civilização, nós não somos felizes, nem tristes. Mas sim, estamos tentando fugir dessa tristeza e isso dá a sensação de que estamos felizes, - Para ele o sofrimento vem por 3 vias: O corpo – ele envelhece e falha Intempéries da natureza – chuva, calor, frio, terremoto O outro – o pequeno outro com quem encontramos na vida e nos organizamos para dar “conta” de tudo. - Para sair desse sofrimento, a sociedade propõe algumas coisas: Estudos Trabalho Religião Drogas Loucura - Tudo que já existe na nossa cultura, começa a ser absorvido pelo recém-nascido. Ele começa a esboçar algumas tentativas de comunicação a partir disso. Por exemplo: o bebê nasce e chora. Ele chora por reação à alguma coisa, que não sabemos o que é. Mas nós deduzimos que seja fome, medo, dor, procurando atenção. Com isso, já estamos ensinando linguagem para aquela criança: a mãe coloca ele para mamar. Então, ele entende que quando sentir aquilo, ele vai receber o leite. Mesmo não sabendo o que é fome, leite, peito, tem alguma pessoa que nos mostra o que é que “devemos” querer naquele momento. - As mães dão significância para a criança dentro da sociedade, quando coloca uma foto dela nas redes, apresentando-a à “civilização”. - A estrutura que se apresenta para a criança é simbólica. A criança é como se fosse um falo da mãe. * Falo = palavra que Freud usa e, inicialmente, significaria “pênis”. * Nessa época, a sociedade era diferente. A mulher não era independente, não tinha voz ativa, não se destacava na sociedade, não podia ser uma grande profissional, não era valorizada. Já o homem era visto ao oposto. A cultura se estruturava com algumas regras e valores e isso influencia na estrutura da teoria de Freud. * Anatomicamente falando, o que diferencia o homem da mulher, visualmente é o pênis e a vagina. * Freud já sabia que ter ou não um pênis, não diz em nada a pessoa ter voz na sociedade. Então, ele usa um termo simbólico, o falo, que não é o fato de possuir um pênis, mas sim possuir um falo. * Para Freud, falo seria poder. E ele diz que muitas mulheres têm mais falo que homens e elas não tem pênis. * O que era colocado para as mulheres grávidas, pela sociedade, era que ela tinha que ter esse filho e após isso, ela estaria realizada. O filho completaria a sua vida. Mas isso nem sempre é real: nem todas as mulheres querem ser mãe. Mas, na época, ser mãe dava um “poder” para as mulheres. * Uma mulher que deseja ser mãe, se ela não tem o filho ele torna um objeto de desejo. Quando a criança entra na vida de alguém, ela abole a pessoa de desejar outra coisa. A pessoa se sente completa. * A criança entra na posição de poder para a mãe, mas isso não dura muito tempo. * “Deve existir na mãe um desejo que não possa ser satisfeito pelo filho”. Isso é chamado de entrada da representação paterna. É a entrada da função paterna. A mãe vai querer trabalhar, estudar, ficar mais tempo com seu parceiro (a), sair com as amigas. Ela vai querer alguma coisa que o filho não pode dar. Isso é importante, pois mostra para a criança que do mesmo jeito que ele não satisfaz a mãe o tempo todo, ela também não satisfaz ele. * A mãe precisa olhar para coisas além do filho e nesse momento ela cai em si. Ela percebe que não é completa. * O filho precisa se perguntar sobre o desejo da mãe, quem satisfaz ela. * É nesse momento que a criança cai do lugar de falo. Sair desse local de importância e de poder é sofrido para a criança: ela chora, faz birra. * Eles se questionam se serão deixados de serem amados. E isso dói. * A maternidade não é sempre positiva, e nós romantizamos muito essa relação. A certeza da completude A ausência da fala A abolição do desejo “Não há como retornar. Não há como sair” - Uma vez que a criança sai da posição de falo, não tem como ela retornar. Porque é justamente essa queda, esse rompimento da relação mãe x filho que fará o filho se tornar neurótico ou psicótico. - Ser psicótico ou neurótico tem um prazo de validade. Se a criança fica por muito tempo como objeto de desejo da mãe, ela psicotiza. - O pai entra nessa relação. * Pai e mãe = relacionados as suas funções. Alguém exerce função de mãe e alguém exerce a função de pai. * Função da mãe = dar muito amor, carinho, afeto, acolhimento, promessa de amor eterno, proteger o filho. * Função de pai = possibilita a mãe não alienar o filho ao seu desejo, desvincula ofilho do excesso de desejo que a mãe tem por ele. É tudo que tira a mãe de uma relação prejudicial para com o filho. * A mãe não vincula com o filho de forma excessiva, por maldade. Ela faz isso inconscientemente, achando que está fazendo o certo, dando o máximo de amor que ele precisa. Qualquer coisa que tire a mãe do vínculo excessivo com o filho, pode fazer a função de pai. * A mãe que apresenta a função paterna para o filho, por meio da sua ligação com o meio externo. * A figura paterna vai impedir a “fusão” da mãe com o filho. * Figura paterna é algo simbólico. Se o grande outro olha para a figura paterna, o filho começa a olhar para essa outra relação também. Isso salva o filho de uma relação psicótica com a mãe. A relação paterna salva a criança de ter uma relação doentia com a mãe. Na psicanálise, essa é a única forma da pessoa se tornar psicótica, falando da psicose de origem psíquica. O excesso do vínculo com a mãe, faz com que a mãe não mostra para o filho o mundo que existe além. Em outras palavras, o pai corta o chamado “Complexo de Édipo”. Em psicanálise leva-se em conta a constituição do sujeito. Então, não existe, mas ao mesmo tempo existe uma idade certa para isso acontecer. Freud e Lacan falam que o complexo de Édipo tem um tempo para se prescrever. É necessário a entrada da figura paterna o quanto antes, porque se isso não acontecer até a idade em que a criança se torna curiosa (entre os 3 aos 6 anos de idade), isso já não vale mais nada. 12/04/2021 - Existe uma ideia que a mãe e criança no início da vida tentam fazer um ser só, devido à falta de proteção. Então, para conseguir se garantir, faz-se um só. A saída dessa situação se faz longe. - Tem uma espécie de cordão, que prende a mãe ao filho, o filho se aventura mas sabe que sempre pode voltar. - O adulto dá uma segurança. Ele nos oferece tudo, alimento para a vida e para os sonhos. Eles nos permitem sonhar. - Nós percebemos que não tem lugar para todo mundo no nosso sonho, e para ir atrás deles temos que deixar coisas e até mesmo pessoas para trás. - Quando percebemos que temos que caminhar sozinhos, vem a frustração e temos que fazer o pacto do acordo que achávamos que era para sempre. Cada frustração é um rearranjo desse pacto. - A presença dos adultos passa de física para emocional. Eles sempre vão nos amar e ajudar, mas agora o apoio será de maneira diferente. - Quando o adulto sinaliza para a criança que existem coisas além da vida do adulto, o adulto sabe que a criança vai se lançar para o mundo e ele consegue suportar (no sentido de dar suporte e de aguentar ficar longe da criança). - A posição da mãe em relação ao pai, é o que vai determinar a função do pai. A pessoa que faz a função materna olha as coisas da vida de que maneira? Olha com admiração o seu trabalho? O pai da criança? Olha com admiração para ela mesma? - Nome-do-pai: usado por Lacan. Em francês, a palavra “não” é parecido como “nome”. O não do pai para essa fusão de mãe e bebe e bebe e mãe. A dimensão simbólica do não, faz você desejar alguma coisa na vida. Exemplo: se você já tem alguma coisa, você não vai deseja-la. Agora, se existe uma negação para aquilo, há a possibilidade de desejar. - Se o pai mostra para a criança, que as suas necessidades não podem ser realizadas pela mãe, o bebe passa a buscar alguma outra forma de satisfação. - A falta que é aberta na nossa vida nesse momento, é responsável por nos movimentar. - Na nossa vida, o que nos movimenta são as faltas que são abertas em cada momento. O sujeito começa a se constituir numa divisão entre o que ele quer e a realidade na qual ele está inserido. E isso nos frustra a ponto de começar a manifestar sintomas como ansiedade, dificuldade de concentração, tristeza. E começamos a recorrer a alguns recursos para lidar com essas adversidades da vida. - O sujeito que consegue controlar as adversidades da vida é neurótico. - O psicótico ao ter contato com as adversidades, ele não consegue gerar um arranjo do que está errado, eles vão delirar. Então os psicóticos não conseguem lidar com essa divisão. Quando algo muito imponente é colocado nas suas vidas, eles não têm recursos para lidar com isso, porque eles achavam que na figura materna eles teriam uma satisfação plena. - Os psicóticos deparam com situações que desencadeiam delírio principalmente no relacionamento amoroso e no trabalho. Os delírios desencadeiam por volta dos 14/15 anos até os 30 anos. Nessa fase que a psicose vai aflorar, antes ela estava sendo controlada. - Neuróticos conseguem lidar com situações que os psicóticos não conseguem. - Essa constituição do sujeito que se dá por uma divisão, no início nos pega quando percebemos que há diferença ente os sexos. A criança começa a perceber que não é todo mundo que possui um pênis. - Através da falta do pênis que a criança percebe que há homens e mulheres e isso começa a posicionar a criança no mundo como sujeito masculino ou feminino. - Eles percebem que esses seres distintos têm funções distintas na sociedade. A partir disso a criança percebe que não é mais o falo da mãe e vai começar a ver quem tem e quem não tem o falo na sociedade. - Socialmente, os homens têm mais privilégios sociais do que as mulheres. Muito do que é permitido ou não para as mulheres fazerem, tem criação cultural. - O que distingue o homem de uma mulher são os genitais. Freud fala disso, que a princípio existe uma observação entre o que é ser homem e mulher, e isso parte justamente da observação anatômica, da existência ou não de um pênis no corpo. - A criança começa a ver quem tem mais falo, quem assume maior papel de importância dentro da casa, e começa a se identificar na busca desse falo. - É isso que permite a estruturação da neurose. Se o psicótico não dá conta dessa divisão, o neurótico que percebe, vai se estruturar a partir dessa divisão. E isso é o que fazemos pelo resto da nossa vida. Nós vamos basear na nossa figura primordial. - Isso explica a sexualidade: a pessoa pode ter um pênis, mas não se identificar como homem. Do mesmo jeito que a mulher tem uma vagina e pode não se identificar como mulher. - Embora a pessoa tenha pênis, ela pode se identificar com a pessoa que não tem. A partir disso, Freud fala também da divisão da libido. Enquanto crianças, nós nos posicionamos como alguém que deve se satisfazer com o que recebe. - Libido do eu: você investe energia de vida (libido) do eu. Ela serve para identificação (com o pai ou com a mãe). A decisão depende de com quem ele vai se identificar mais. - Após estabelecido a libido do eu, a criança começa a precisar investir libido em algo fora do eu. Ao mesmo tempo que você investe em você, porque está se identificando com alguém, você também começa a eleger o seu objeto de amor/desejo na vida. - O pai tem como objeto de amor a mãe e vice-versa. Se você se identifica com o pai, a libido do eu é tornar-se semelhante ao pai, então como objeto de amor você tem que procurar alguém como a mãe. - Dentro de uma casa, começamos a perceber as funções que existem lá dentro. Começamos a aprender sobre o amor e o ódio. Os pais nos ensinam o que devemos amar e valorizar.
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