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Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 1 APG IV A VIDA NÃO PRESTA Objetivos: 1. Revisar a morfofisiologia da hipófise e seus respectivos hormônios. 2. Entender a fisiopatologia do pan-hipopituitarismo e correlacioná-lo com o quadro clínico da doença. 3. Estudar os critérios diagnósticos e tratamento dessa patologia. Morfofisiologia da Hipófise A glândula hipófise é uma estrutura ovoide, de tonalidade vermelho – acizentada, contínua com o infundíbulo e que se encontra na fossa hipofisial, ou sela túrcica, do osso esfenoide; É coberta superiormente pelo diafragma da sela, derivado da meninge dura-máter, que apresenta um furo centralmente para a passagem do infundíbulo, além de separar a face superior da hipófise do quiasma óptico; A hipófise possui dupla origem embriológica e é, consequentemente, dividida com base na funcionalidade de cada componente; A parte epitelial é denominada adeno- hipófise, localizada na porção anterior da glândula, sendo frequentemente denominada lobo anterior; É composta de três partes: a pars distalis (cerca de 90% da adeno-hipófise), a pars tuberalis (circunda a haste infundibular) e a pars intermedia (separa a parte epitelial da nervosa, pouco desenvolvida em humanos). A parte neural da pituitária é a neuro- hipófise, cuja porção mais inferior é chamada de pars nervosa ou lobo posterior. Além disso, inclui a haste infundibular e a eminência mediana do túber cinéreo; A glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo, contínua com a rede de fibras reticulares, que suporta as células do órgão; Embriologicamente, a adeno-hipófise se desenvolve de uma evaginação do ectodema oral (bolsa de Rathke) que reveste a cavidade oral primitiva. O teto da boca primitiva cresce em direção cranial, formando a bolsa de Rathke e uma constrição na base dessa bolsa acaba separando-a da cavidade bucal; Ao mesmo tempo, a parede anterior da bolsa se espessa, diminuindo a cavidade Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 2 APG IV da bolsa a uma pequena fissura. Enquanto isso, a neuro-hipófise se desenvolve do neuroectoderma, como uma evaginação do diencéfalo. Eixo Hipotálamo-Hipófise Quase toda a secreção hipofisária é controlada por sinais hormonais e nervosos vindos do hipotálamo. A secreção efetuada pela região posterior da hipófise é controlada por sinais neurais que têm origem no hipotálamo; Por outro lado, a secreção da adeno- hipófise é controlada por hormônios, chamados hormônios (ou fatores) estimuladores e hormônios (ou fatores) inibidores, secretados pelo hipotálamo e levados para a adeno-hipófise pelos vasos sanguíneos. Pan-Hipopituitarismo O hipopituitarismo é uma patologia que tem como condição básica a deficiência na produção ou na ação de qualquer um dos hormônios da glândula adeno-hipófise. Quando isto ocorre em dois ou mais hormônios, é denominado pan- hipopituitarismo (PH); O hipopituitarismo é uma doença pouco comum. Pode ser causado por inúmeros fatores, inclusive determinados distúrbios inflamatórios, um tumor da hipófise ou um suprimento insuficiente de sangue para a hipófise. Quadro Clínico Os sintomas do hipopituitarismo são variáveis e dependem de qual ou quais setores celulares foram acometidos, intensidade da deficiência hormonal, tempo desde o início desta afecção, e da idade do paciente; Uma história clínica detalhada, associada a exame clínico apropriado e a avaliação laboratorial e de imagem direcionadas, conduz ao diagnóstico e, provavelmente, à etiologia; Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 3 APG IV Causas agudas como apoplexia hipofisária e síndrome de Sheehan podem causar hipopituitarismo agudo, que, se não tratadas, têm um alto risco de mortalidade, geralmente secundária à perda de ACTH e subsequente hipoadrenalismo; Nesses casos, os pacientes apresentam cefaleia severa aguda, geralmente retro-orbital, devendo alertar para a possibilidade de danos agudos da hipófise pituitária aguda; O aumento da pressão na sela turca, na hipófise, como resultado de hemorragia, infarto, ou inflamação gera dor, também está associado com sinais neuro-oftalmológicos em até 70% dos pacientes; Além disso, outros sintomas inespecíficos, mas comuns, são náuseas, vômitos, hipotensão e hiponatremia causada por uma perda aguda de ACTH e hipocortisolismo subsequente; O diabetes insipidus pode ocorrer principalmente em etiologias específicas como craniofaringioma, o diagnóstico deve ser suspeito se poliúria, urina diluída e polidipsia estão presentes; Hipocortisolismo pode mascarar diabetes insipidus, e, portanto, os sintomas de diabetes insipidus podem não se manifestar até se iniciar a substituição de cortisol; O início do hipopituitarismo é geralmente insidioso e a apresentação clínica é inespecífica com atraso importante no diagnóstico. O padrão de sintomas e sinais dependem da ordem e da extensão da perda hormonal. Sintomas Associados a Deficiência Hormonal Embora às vezes o início dos sintomas do hipopituitarismo ocorra de maneira súbita e drástica, o início geralmente ocorre de maneira gradativa e eles podem passar despercebidos por muito tempo; Os sintomas dependem de quais hormônios da hipófise estão deficientes. Em alguns casos, a produção da hipófise de um hormônio simples diminui ou a concentração de vários hormônios diminui ao mesmo tempo (pan-hipopituitarismo). Deficiência do Hormônio do Crescimento (GH) Em crianças, a ausência do hormônio do crescimento costuma resultar em crescimento total insuficiente e uma estatura baixa; Em adultos, a deficiência de hormônio do crescimento não afeta a estatura, pois os ossos pararam de crescer. Normalmente, os adultos não apresentam sintomas, exceto eventual diminuição da energia. Deficiência das Gonadotrofinas (Folículo-estimulante e luteinizante) No caso de mulheres na pré- menopausa, uma deficiência desses hormônios provoca a interrupção da menstruação (amenorreia), infertilidade, secura vaginal e a perda de algumas características sexuais femininas; https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-hormonais-em-crian%C3%A7as/defici%C3%AAncia-de-horm%C3%B4nio-do-crescimento-em-crian%C3%A7as#v42289898_pt https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/problemas-de-sa%C3%BAde-infantil/dist%C3%BArbios-hormonais-em-crian%C3%A7as/defici%C3%AAncia-de-horm%C3%B4nio-do-crescimento-em-crian%C3%A7as#v42289898_pt Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 4 APG IV Nos homens, as deficiências desses hormônios resultam em diminuição do tamanho (atrofia) dos testículos, diminuição da produção de esperma e consequente infertilidade, disfunção erétil e perda de algumas características sexuais masculinas. Em crianças, as deficiências desses hormônios resultam em atraso da puberdade. Deficiência do Hormônio estimulante da Tireóide (FSH) A deficiência de hormônio estimulante da tireoide leva a uma hipoatividade da tireoide (hipotireoidismo), o que resulta em sintomas como confusão, intolerância ao frio, ganho de peso, constipação e pele seca; A maioria dos casos de hipotireoidismo, no entanto, é causada por um problema originado na própria tireoide, e não nos níveis baixos de hormônios hipofisários. Deficiência do Hormônio Adrenocorticotrófico (ACTH) A deficiência do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) dá origem à hipoatividade da glândula adrenal (doença de Addison), que resulta em fadiga, hipotensão arterial, níveis baixos de glicose no sangue e uma baixa tolerância ao estresse; Esta é a mais grave deficiência do hormônio hipofisário. Deficiência de Prolactina A deficiência de prolactina diminui ou suprime a capacidade de a mulher produzir leite após o parto; Uma das causas de uma baixa concentração de prolactina e de deficiência de outros hormônios hipofisários é a síndrome de Sheehan, uma complicação rara do parto; A síndrome de Sheehan frequentemente resulta de perda excessiva de sangue e de choque durante o parto, dando origem à destruição parcial da hipófise; Os sintomas incluem cansaço, perda de pelos púbicos e das axilas e a incapacidade de produzir leite. Deficiência do Hipotálamo O hipotálamo é uma pequena região no cérebro que fica próxima à hipófise. Ele gera hormônios e impulsos nervosos que controlam a hipófise; Assim, os tumores que afetam o hipotálamo podem causar deficiências dos hormônios hipofisários. Eles também podem afetar os centros que controlam o apetite, resultando em obesidade. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-tireoide/hipotireoidismo https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-hormonais-e-metab%C3%B3licos/dist%C3%BArbios-da-gl%C3%A2ndula-adrenal/doen%C3%A7a-de-addison https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-do-cora%C3%A7%C3%A3o-e-dos-vasos-sangu%C3%ADneos/hipotens%C3%A3o-arterial-e-choque/choque Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 5 APG IV Diagnóstico O diagnóstico do pan-hipopituitarismo somatiza uma boa história clínica e exame físico associado a exames laboratoriais e de imagem, quando necessário; Assim, geralmente, a avaliação tem início com a dosagem de hormônios produzidos pela hipófise (normalmente, o hormônio estimulante da tireoide, a prolactina, o hormônio luteinizante e o hormônio folículo-estimulante) no sangue e, ao mesmo tempo, a dosagem do hormônio produzido pelos órgãos-alvo (normalmente, o hormônio tireoidiano, a testosterona em homens e o estrogênio em mulheres). T4 livre sérico: Pode apresentar-se baixo ou no limite inferior da normalidade (principalmente quando existem outras deficiências hormonais associadas); TSH: Pode estar normal, baixo ou mesmo discretamente elevado; Teste de estímulo com TRH para liberação de TSH: Pouco contribui para a elucidação diagnóstica, pois sua resposta é muito variável. Não deve ser realizado; Pesquisa de e hipocortisolismo secundário à insuficiência de ACTH: Cortisol sérico pela manhã (geralmente às 8h): - Quando < 4 µg/dl, praticamente confirma a deficiência de glicocorticoide; - Quando >17 µg/dl, praticamente descarta estapossibilidade; - Valores entre 4 e 17 µg/dl requerem teste de estímulo para avaliar a integridade do setor corticotrófico; O teste do ITT (metodologia semelhante ao teste para liberação de GH) tem por objetivo provocar um estresse (hipoglicemia) e observar se ocorre elevação do cortisol sérico. O nível da glicemia sérica para validar o teste deve ser menor que 40 mg/dl. A integridade do eixo é confirmada quando o cortisol sérico ultrapassa a concentração de 18 µg/dl, descartando a insuficiência adrenal; Teste da Cortrosina: O teste da cortrosina com baixa (1 µg) ou alta (250 µg) dose é indicado quando existe contraindicação ao ITT (cardiopatia, epilepsia, alteração nível de consciência). O padrão de resposta esperado é semelhante ao do ITT, com pico de resposta do cortisol aos 30 minutos após infusão endovenosa; Exames de Imagem: Após o exame de sangue determinar a existência de hipopituitarismo, a hipófise é frequentemente avaliada por meio de tomografia computadorizada (TC) ou por imagem por ressonância magnética (RM) para identificar a presença de anomalias estruturais. A TC ou a RM ajudam a revelar áreas individuais (localizadas) de crescimento de tecido anormal e o aumento ou redução do tamanho da hipófise. Os vasos sanguíneos que suprem a hipófise podem ser examinados com angiografia cerebral. https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/assuntos-especiais/exames-de-diagn%C3%B3stico-por-imagem-comuns/tomografia-computadorizada-tc https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/assuntos-especiais/exames-de-diagn%C3%B3stico-por-imagem-comuns/tomografia-computadorizada-tc https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/assuntos-especiais/exames-de-diagn%C3%B3stico-por-imagem-comuns/imagem-por-resson%C3%A2ncia-magn%C3%A9tica-rm https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/assuntos-especiais/exames-de-diagn%C3%B3stico-por-imagem-comuns/imagem-por-resson%C3%A2ncia-magn%C3%A9tica-rm https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/assuntos-especiais/exames-de-diagn%C3%B3stico-por-imagem-comuns/angiografia Fernanda Jorge Martins – 4º Período @fernandamartins.med 6 APG IV Tratamento O tratamento do pan-hipopituitarismo envolve: - Tratamento da causa: Quando a causa da deficiência de hormônios hipofisários for um tumor, a remoção cirúrgica de um tumor frequentemente é o primeiro tratamento mais adequado, outra possibilidade é a irradiação da hipófise por hipertensão ou por feixe de prótons para destruir os tumores maiores; - Reposição de hormônios deficiente: O tratamento também se concentra na reposição de hormônios deficientes, normalmente não pela reposição de hormônios da hipófise, mas pela substituição de seus hormônios-alvo. Dessa forma, o tratamento é direcionado à causa da hipoatividade da hipófise (quando possível) e à reposição de hormônios deficientes. Referências Bibliográficas 1. Diehl LA, Migliano Porto JNC. Endocrinologia. 1ed. São Paulo: Medcel; 2018. 2. MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. 3. NETTER: Frank H. Netter Atlas De Anatomia Humana. 5 ed. Rio de Janeiro, Elsevier, 2011. 4. “SÍNDROME METABÓLICA EM PACIENTES COM PAN- HIPOPITUITARISMO: CARACTERIZAÇÃO CLÍNICO- LABORATORIAL” http://repositorio.unicamp. br/jspui/bitstream/REPOSIP/308785/1/Rosell Castillo_Alejandro_M.pdf http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308785/1/RosellCastillo_Alejandro_M.pdf http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308785/1/RosellCastillo_Alejandro_M.pdf http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/308785/1/RosellCastillo_Alejandro_M.pdf
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