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O USO DA MÚSICA NO ENSINO SOBRE A DITADURA MILITAR (1964-1985) NAS AULAS DE HISTÓRIA DO 9° ANO

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1
O USO DA MÚSICA NO ENSINO SOBRE A DITADURA MILITAR (1964-1985) NAS AULAS DE HISTÓRIA DO 9° ANO
 SANTOS, Sandra, 1540832
SOBRENOME, Nome do orientador 
RESUMO O presente trabalho aborda sobre a música popular brasileira (MPB) como um veículo eficaz para atrair a atenção dos educandos para as aulas de História, possibilitando-lhes reflexão, diálogo e interação, ou seja, levar a música até a sala de aula por meio de temas instigantes, tais como a ditadura, para informar e debater questões sociais de maneira atrativa na sala de aula. A canção, no período da Ditadura na história brasileira (1964-1985), foi usada como forma de comunicação e de registro. Havia sentimentos de falta, de saudade, de perda, de desespero, de sofrimento e de luta compartilhada por todos que sofreram exílio, torturas, prisões e por quem queria acabar com aquele regime. Por isso a importância de trabalhar a música no ensino do conteúdo sobre a ditadura nas aulas de história. Um tema tão importante para o entendimento e conhecimento da História do Brasil se faz amplamente necessária e se dá de várias maneiras, por isso é interessante que o professor de história tente se valer e aproveitar as diversas manifestações da sociedade e representações desta época como, por exemplo,Passeata dos Cem Mil, e assim realizar discussões, seminários fazendo com que o aluno tenha contato e manifeste sua opinião em relação à época estudada.
Palavras-chave: Ensino de História. Ditadura Militar. Música Popular Brasileira
1. INTRODUÇÃO 
Atualmente o professor de História tem enfrentado muitos desafios em sala de aula, o maior deles é tornar os conteúdos da disciplina mais atrativos e inteligíveis nos diversos níveis escolares. Este desafio vem acompanhado de outro ainda maior que está inseparável ao próprio objetivo do ensino de história na sala de aula que é formar as identidades sociais e individuais na formação do cidadão e contribuindo na sua formação intelectual. 
Essa busca incessante por resultados tem gerado a necessidade da utilização de tentativas didáticas que possam estimular e acender nos alunos o empenho pelo ensino e aprendizagem da história.
Para tanto os professores se utilizam de meios como tentativa de despertar o interesse desses educandos, tais meios são as novas tecnologias, que trazem para a sala de aula o vídeo, o filme, a produção de imagens, sons e músicas, como recurso didático importante no enriquecimento do aprendizado escolar, didática estaque favorece a aceitação e compreensão deste conteúdo. 
A sala de aula constitui um grande desafio para qualquer professor na atualidade. Levar o aluno à reflexão, obter maior domínio da história, despertar sua criticidade, processos complexos, que devem ser encaminhados de forma agradável e produtiva.
Deste desafio surge a música como recurso didático, pois ela tem a capacidade de melhorar o ensino-aprendizagem de história em sala de aula e de propor uma metodologia de ensino que busque o aprendizado do aluno por meio da sensibilidade intelectual e emotiva “por intermédio de um compromisso de criação de instrumentos cognitivos para o desenvolvimento de um pensamento crítico” (BITTENCOURT, 2009, p. 122).
Sendo assim o presente trabalho aborda a música popular brasileira (MPB) como um veículo eficaz para atrair a atenção dos educandos nas aulas de História, possibilitando-lhes reflexão, diálogo e interação. Um dos principais objetivos é levar a música até a sala de aula por meio de temas instigantes, tais como a ditadura, informando, discutindo questões sociais e ainda servindo como ferramenta importantíssima para a aprendizagem descontraída de História nos diferentes contextos em que ela se apresenta.
2. MÚSICA POPULAR BRASILEIRA E A DITADURA MILITAR NA SALA DE AULA
Quando o assunto é MPB (Música Popular Brasileira), fica difícil não relacionar a fatos que marcaram a história brasileira. Como grandes movimentos embalados pela música popular, que causaram impactos, e a ditadura militar que reprimiu e censurou a liberdade de expressão, dos anos 1968 a 1981, muitos cantores surgiram no cenário, lutando através da música contra a ditadura, compondo-as com duplo sentido, num confronto marcado por violência, prisões e exilo.
2.1. REFERENCIAL TEÓRICO
Cada civilização, cada grupo social tem sua expressão musical própria. Respeitando-se os diversos contextos e características específicas, a música guarda a qualidade própria de veículo de comunicação e de relacionamento, o que lhe concede um referencial que, além de uma arte que se combina sons, e La dá sentido de expressão e representação. 
Para Fischer, “A experiência de um compositor nunca é puramente musical, mas pessoal e social, isto é, condicionada pelo período histórico em que ele vive e que pode afetá-lo de muitas maneiras” (1984, p. 207). Então, música e homem se identificam no tempo e no espaço.
Na história brasileira, a cultura atrela-se como causa e efeito a um estado de dominação que se estende desde a colonização. Desse modo, sendo o Brasil um país de economia dependente, a própria cultura dominante revela-se cultura dominada (TINHORÃO, 1990). Para Marilena Chauí, a cultura popular brasileira revela-se: 
[...] como um conjunto disperso de práticas, representações e formas de consciência que possuem lógica própria (o jogo interno do conformismo, do inconformismo e da resistência) distinguindo-se da cultura dominante exatamente por essa lógica de práticas, representações e formas de consciência (CHAUÍ, 1994, p. 25).
A música tem facilidade de romper com o óbvio, levantando novas questões, problemáticas e abordando temas até então pouco debatidos em sala de aula. “A musica é um elemento capaz de informar, expor ou explicitar as ações humanas, sua história, existências, angústias e necessidades” (Madeira, 2008).
Para Madeira (2008), um exemplo típico da música como forma de retrato social esteve presente no período da Ditadura Militar no Brasil, uma época de repressão e resistência. Muitos compositores brasileiros utilizaram essa forma de expressão como meio de tornar públicas suas discordâncias políticas e sociais.
De acordo com Viana (2005) em seu texto “Dura Travessia: a importância da música popular na mobilização pelas Diretas Já e na comoção pela morte de Tancredo Neves” a música é um tipo de produção simbólica contextualizada, ou seja, carrega traços de contextos culturais, políticos e econômicos da sociedade em que foi produzida e ainda tem o poder de formar opiniões e até influenciar, pois, move com o subjetivo do indivíduo, a partir do momento em que reflete sua realidade. Assim, diz:
Este sentido extra musical reconhecível possibilita a associação da música a elementos da vida cotidiana ou a elementos da identidade coletiva da qual o indivíduo faz parte. Quando esta música é utilizada em campanhas políticas, pode-se contribuir para a identificação da existência de uma vontade popular pertencente a esta identidade coletiva, pois, a canção constrói e, quando compreendida, dá a conhecer questões essenciais, tais como nossa identidade coletiva, nossa soberania, a alegria, a dor, o amor. A música popular, ao ser utilizado em tais campanhas, seria capaz de evidenciar a vontade popular e ao, mesmo tempo, mobilizar a população a fim de concretizá-la.(VIANA, 2005, p. 2).
Essas músicas “canções de protesto” com mensagens subliminares como: “Cálice” de Chico Buarque de Holanda, “Pra não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré, ganham um poder histórico pouco valorizado no que diz respeito ao seu estudo histórico, ou superficialmente abordados, como forma de expressão artística.
NAPOLITANO (2002), em seu artigo “A produção do silêncio sob suspeita: A violência do regime militar contra há MPB nos anos 70”, diz que:
A partir de fontes pesquisadas junto às coleções documentais da censura federal e da polícia política ligadas ao regime militar brasileiro, podemos vislumbrar não apenas o impacto do autoritarismo na cena musical brasileira, entre 1970 e 1979, mas também a lógica da repressão e docontrole do Estado autoritário sobre os músicos. Neste período, o controle da circulação das canções e da realização de shows com cantores esquerdistas (ou simpatizantes) marcaram a atuação dos órgãos de censura e repressão, voltados principalmente, mas não apenas, contra o gênero MPB. A ação repressiva dos órgãos do regime tornou-se parte da cena musical do período, entrando em conflito com um momento de grande expansão da indústria fonográfica nacional.
Pretende-se assim não só resgatar o uso da música importante como documento histórico, mas utilizá-lo de maneira ainda mais proveitosa, visto que, segundo Moscovici, 1979 conforme citado por Abdu (2005):
A observação, a leitura, a audição de documentos aleatórios, informais, são importantes para as representações sociais dos alunos que são intimamente ligadas aos conceitos espontâneos desenvolvidos nas interações sociais imediatas, transformados, em situações formais de aprendizagem, em conceitos científicos. (1979 apud ABDU, 2005).
Nota-se no pensamento de Moscovici, a importância da espontaneidade no processo de assimilação da aprendizagem por parte do aluno, e com a musicalidade traz-se um novo estímulo ao aprendizado, pois, a música utiliza-se da espontaneidade no processo de assimilação dos conteúdos pré-estabelecidos pelo docente. Entretanto, se estudada uma formação ainda mais global da música não se adquire somente conhecimentos lingüísticos e história, mas desenvolve-se a musicalidade, a atenção, cultura, socialização, o civismo..., como nos explica:
As chamadas linguagens alternativas para o ensino de história mobilizam conceitos e processam símbolos culturais e sociais, mediante os quais apresentam certa imagem do mundo. Imagem esta que acarreta outras instâncias de referências, como comportamentos, moda, vocabulário. Elas provocam uma atividade psíquica intensa feita de seleções, de relações e com representações criadas e expressas por outras formas de linguagem. Donas de identidades próprias, as linguagens exigem uma proposta didática e instrumental adequada para sua exploração nas aulas de história. (apud Moniot, 1993, p. 21).
Também Abdu, professora de Metodologia de Ensino de História Na USP, afirma em seu texto “Registro e representação do cotidiano: A música popular na aula de História”, que a música popular é uma linguagem alternativa que tem sido utilizada como um importante recurso didático para a aprendizagem de história e que tem ocupado espaço, como instrumento reveladouro, registro da vida cotidiana, na visão de autores de acordo com o contexto social. Abdu ainda defende a música como evidência do passado que pode facilitar a compreensão histórica pelos alunos.
Para Abdu (2005):
As letras das músicas se constituem em evidencias, registros de acontecimentos a serem compreendidos pelos alunos em sua abrangência mais ampla, ou seja, em sua compreensão cronológica, na elaboração e re-significação de conceitos próprios da disciplina. Mais ainda, a utilização de tais registros colabora na formação dos conceitos espontâneos dos alunos e na aproximação entre eles e os conceitos científicos.(Abdu, 2005,p. 316)
Diante da real dificuldade de romper com os ideais positivistas ainda contidos no ensino brasileiro e dos livros didáticos que possuem traços euro centristas, a música popular brasileira no ensino de história apresenta-se como uma rica fonte cultural, capaz de levar a compreensão da realidade cultural popular e desvendar detalhes ainda fragmentados. 
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNS) buscam renovar o currículo escolar com proposta de abertura de utilização de metodologias de ensino e avaliação que estimulem a iniciativa dos estudantes. (PCNS art. 36 – II).Abordar os temas propostos pelos PCNS a partir de música popular brasileira do passado e do presente contribui com a construção da identidade do aluno.
E ainda, segundo BITTENCOURT (2004):
As propostas de renovação dos métodos de ensino pelos atuais currículos organizam-se em torno de dois pressupostos. Um pressuposto básico e fundamental é a articulação entre o método e o conteúdo... O segundo pressuposto é que atuais métodos de ensinos tem de se articular as novas tecnologias para a produção do conhecimento, e tal constatação interfere em qualquer proposta de mudança dos métodos de ensino.
Levando em consideração a mudança no comportamento social, que o aluno de hoje convive e obtém mais informação devido às inovações tecnológicas que não estavam presentes nas décadas anteriores, os professores precisam buscar meios para despertar o interesse desses alunos, utilizando esses meios tecnológicos com a qual os alunos se identificam em favor do ensino; computadores, MP3, Pen Drive, etc. E através deles, aprofundar a análise da música em sala de aula.
Diante desse fato, torna-se possível a utilização de músicas em sala de aula, fazendo uso de diferentes momentos históricos, confrontando e relacionando, passado-presente. Abordando assuntos propostos pelos PCNS e dando ênfase a acontecimentos atuais dentro da realidade do aluno.A apropriação de noções, métodos e temas próprios do conhecimento histórico, pelo saber histórico escolar, com a intenção que ele desenvolva a capacidade de observar, de extrair informações e de interpretar algumas características da realidade, de estabelecer algumas relações e confrontações entre informações atuais e históricas, de datar e localizar as suas ações e as de outras pessoas no tempo e espaço.
2.1.1 A MÚSICA
Privilegiar a linguagem musical no ensino de História significa construir conhecimento, por meio de um recurso didático motivador e prazeroso que envolve ampla possibilidade de abordagem metodológica. Para tanto, faz-se necessário, reconhecer que a música é arte e conhecimento sociocultural, portanto, uma experiência cotidiana na vida do homem.
Diariamente o educando convive com diferentes gêneros musicais, tais como o sertanejo universitário, funk, rock, gospel, MPB entre outros sons de música. Ela faz parte de suas vidas, pois pode fazê-los refletir sobre algo, viajar em pensamentos, relembrar o passado, enfim ela pode remeter a sensações e, lembranças boas ou ruins, ou simplesmente deixar a imaginação fluir. 
As letras das músicas muitas vezes trazem mensagens que influenciam gerações, ditam regras de comportamentos, emocionam. Diante destas constatações é notório seu poder de disseminar idéias e sua importância na preservação da memória coletiva de uma “sociedade”. É inegável também sua importância como recurso didático pedagógico que possibilitará a compreensão histórica dos “povos”, seus sentimentos, sua cultura.
A partir da leitura do autor Marcos Napolitano (2002), PCNS, Diretrizes Curriculares, entre outros, tendo como conteúdo estruturante a Música engajada, música popular brasileira, propõe uma análise em torno das quais a letra de música “cálice” será trabalhada com o intuito de realmente fazer de sua prática, uma interessante maneira de se aprender.
A música com referência ideológica existe há muito tempo, e no Brasil foi a partir da década de 1960 por conta do contexto de ditadura militar que muitos artistas se uniram pela mesma causa. A música “Cálice” foi escrita em 1973 por Chico Buarque e Gilberto Gil, sendo lançada apenas em 1978. Devido ao seu conteúdo de denúncia e crítica social, foi censurada, sendo liberada cinco anos depois. Cálice tornou um dos mais famosos hinos de resistência ao regime militar. Trata-se de uma canção de protesto que ilustra, através de metáforas e duplos sentidos, a repressão e a violência do governo autoritário.
Música e letra
Cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morte
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afastade mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça
A música começa com a referência de uma passagem bíblica: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice" (Marcos 14:36). Lembrando Jesus antes do calvário, a citação convoca também as idéias de perseguição, sofrimento e traição.
Usada como forma de pedir que algo ou alguém permaneça longe, a frase ganha um significado ainda mais forte na sonoridade entre "cálice" e "cale-se", o sujeito lírico pede o fim da censura.
A temática usa a paixão de Cristo como analogia do tormento do povo brasileiro nas mãos de um regime repressor e violento. Se, na Bíblia, o cálice estava repleto do sangue de Jesus, nesta realidade, o sangue que transborda é o das vítimas torturadas e mortas.
Na Primeira estrofe Infiltrada em todos os aspectos da vida, a repressão se fazia sentir, pairando no ar e atemorizando os indivíduos. O sujeito expressa a sua dificuldade em beber essa "bebida amarga" que lhe oferecem, ou seja, banalizar o seu martírio aceitá-lo como se fosse natural.Refere também que tem que "engolir a labuta", o trabalho pesado e mal remunerado, a exaustão que é obrigado a aceitar calado.No entanto, "mesmo calada a boca, resta o peito" e tudo o que ele continua sentido, ainda que não possa se expressar livremente.
Mantendo o imaginário religioso, o eu lírico se diz "filho da santa" o que, neste contexto, entende-se como a pátria, retratada pelo regime como intocável, inquestionável, quase sagrada. Ainda assim, e numa atitude desafiadora, afirma que preferia ser "filho da outra".
Pela ausência de rima, concluiu-se que os autores queriam incluir um palavrão, mas foi necessário alterar a letra para não chamar a atenção dos censores. A escolha de outra palavra que não rima deixa implícito o sentido original.
Nos versos da segunda estrofe, nota-se a luta interior do sujeito poético para acordar em silêncio a cada dia, sabendo das violências que aconteciam durante a noite. Sabendo que, mais cedo ou mais tarde, também se tornaria vítima.Chico faz alusão a um método bastante usado pela polícia militar brasileira. Invadindo casas durante a noite, arrastava "suspeitos" das suas camas, prendendo uns, matando outros, e fazendo sumir os restantes.Perante todo esse cenário de horror, confessa o desejo de "lançar um grito desumano", resistir, combater, manifestar sua raiva, na tentativa de "ser escutado".Apesar de "atordoado", declara que permanece "atento", em estado de alerta, pronto para participar da reação coletiva.
A penúltima estrofe retrata a ganância simbolizada pelo pecado capital da gula, com a da porca gorda e inerte como metáfora de um governo corrupto e incompetente que não consegue mais operar.A brutalidade da polícia, transformada em "faca", perde seu propósito, pois está gasta de tanto ferir e "já não corta", sua força vai desaparecendo, o poder vai enfraquecendo.
Contrastando com as anteriores, a última estrofe traz um resquício de esperança nos versos iniciais, com a possibilidade do mundo não se limitar apenas àquilo que o sujeito conhece.Percebendo que sua vida não é "fato consumado", que está em aberto e pode seguir diversas direções, o eu lírico reclama seu direito sobre si mesmo.Para isso, tem que derrubar o sistema opressor, a que se dirige, no desejo de cortar o mal pela raiz: "Quero perder de vez tua cabeça".Sonhando com a liberdade, demonstra a extrema necessidade de pensar e se expressar livremente. 
Sempre que se fala no período do regime militar instalado no Brasil, não se pode deixar de mencionar a música popular brasileira. A MPB representou, durante aquele período, um dos maiores e mais fortes instrumentos de reflexão, comunicação e formação de opinião. Numa época que a imprensa estava sujeita à censura prévia, o povo brasileiro sentiu a necessidade de buscar novas formas de expressar e registrar o que sentia.
3. METODOLOGIA
A análise meticulosa, crítica e ampla das publicações correntes em determinada área do conhecimento é denominada por Trentini e Paim uma revisão bibliográfica ou revisão da literatura (TRENTINI e PAIM, 1999). E a pesquisa bibliográfica explica e discute um tema com referências teóricas publicadas em periódicos, livros, revistas entre outros, e ainda, procura conhecer e analisar conteúdos científicos de determinado tema. (MARTINS, 2001). A revisão bibliográfica tem como finalidade colocar o pesquisador em contato direto com o que foi retratado, filmado ou escrito a respeito do assunto (MARCONI e LAKATOS, 2007).
Sendo assim, de acordo com os escritores supracitados a revisão de literatura não é uma cópia do que já foi escrito sobre algum assunto, todavia é sim uma forma de examinar um novo olhar sobre o assunto, podendo chegar a novas conclusões. Segundo DEMO (2000) a pesquisa proporciona a indução de um contato pessoal do aluno com as teorias, e assim ele ter favorável interpretação.
Para a realização deste trabalho adotou-se a estratégia metodológica a revisão bibliográfica, pois assim há a possibilidade de acesso à experiências de autores que já pesquisaram sobre o ensino da Ditadura Militar por meio da Música Popular Brasileira nas aulas de história. Silva et. al. (2002)relata que a revisão narrativa jamais tem imparcialidade, pois permite o relato de outros trabalhos, a partir da compreensão do pesquisador sobre como os outros fizeram.
Trentini e Paim (1999) afirmam que:
A seleção criteriosa de uma revisão de literatura pertinente ao problema significa familiarizar-se com textos e, por eles, reconhecer os autores e o que eles estudaram anteriormente sobre o problema a ser estudado.
Na elaboração deste trabalho, portanto foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica em: fontes documentais como bibliotecas, bancos de dados, trabalhos impressos de outros autores, que compõem o acervo de bibliotecas, sites de periódicos científicos, etc. Os textos pesquisados são livros, teses, dissertações, artigos ou outra produção científica impressa.
Desta forma segue alguns autores relevantes que foram utilizados para a elaboração deste trabalho:Circe Maria Fernandes Bittencourt historiadora, brasileira, possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (1967), pós-graduação em Metodologia e Teoria de História pela faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (1969), mestrado em História Social pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - USP (1988) e doutorado em História Social pela Universidade de São Paulo (1993);Pedro Demo, brasileiro tem formação básica em teologia e filosofia e doutorado em sociologia pela Universidade de Saarbrucken, na Alemanha. Professor titular da Universidade de Brasília tem atuação acadêmica destacada na política social e na metodologia científica;João Martins Ferreira é doutor em literatura pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, acaba de lançar o livro Como usar a Música em Sala de Aula. A obra, que tem como objetivo principal propor ou ampliar o uso da música em sala de aula.
4. CONSIDERAÇÕESFINAISEste trabalho procurou abordar o uso da “Musica popular brasileira no ensino de História, e teve como principal preocupação e a necessidade de utilização das inovações metodológicas no ensino de história, tornando assim a aula mais atrativa e possibilitando a compreensão do educando quanto à sua história.
A canção, no período da Ditadura brasileira, foi usada como forma de comunicação e de registro. Havia sentimentos de falta, de saudade, de perda, de desespero, de sofrimento e de luta compartilhada por todos que sofreram exílio, torturas, prisões e por quem queria acabar com aquele regime. Através dela era possível passar as idéias que não eram permitidas pelo regime.
A ditadura militar brasileira foi um período da História do Brasil de muita luta do povo e resistência. A necessidade de legitimação do governo fez com que este estabelecesse normativas ao seu favor em todos os campos, inclusive na área da educação, por ser considerado o ambiente mais favorável à formação do pensamento crítico.
Cabe portanto maior estudo sobre o uso da música nas aulas de história. E que este uso não seja pretexto, mas para que o docente seja atraído ao conteúdo a ser estudado, e que ele apreenda tal assunto, por meio de uma tecnologia que bem contextualizada e bem elaborada pode-se obter uma aprendizagem favorável.
REFERÊNCIAS
ABDU, Kátia Maria. Registro e representações do cotidiano: A música popular na aula de história. Cad. Cedes, Campinas, vol. 25, n. 67, p. 309-317, set./dez. 2005. Disponível em http://www.cedes.unicamp.br. Acesso 20 de agosto de 2019.
BITTENCOURT, Circe. Ensino de História: fundamentos e métodos. 2ª ed. - São Paulo: Cortez, 2008.
BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Media e Tecnológica. Brasília: MEC, 2008.
CHAUÍ, Marilena. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. 6. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
CROSS, Milton; EWEN, David. Los grandes compositores: Su vida y su música desde Bach hasta Nuestros dias. Buenos Aires: Fabril Editora, 1963. v. 1, 417 p. 
DEMO, P. Pesquisa: Princípios científicos e educativos. 7ª edição, São Paulo: Cortez, 2000.
DUBUC, Alfred. História e cultura, ou defesa do ensino de história. In: DUBUC, Alfred. A história e seu ensino. Tradução de Gustavo de Fraga. Coimbra: Almedina, 1976. 
FERREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. 7 ed. São Paulo: Contexto, 2008.
FISCHER, Ernest. A necessidade da arte. 5. ed. Rio de Janeiro: Zahar; Imprensa Nacional, Casa da Moeda, 1984. GIL, Gilberto. Expresso 2222. Rio de Janeiro: Polygram/Philips, 1972. 1 disco sonoro. 
MADEIRA Cristiane de Oliveira Silva, A música popular brasileira em sala de aula, Disponível: www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/505-4.pdf. Acesso 20 de agosto de 2019.
MARCONI, M. A. e LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados. 6ª edição, São Paulo: Atlas, 2007.
MARTINS, G. A. e PINTO, R.L. Manualpara elaboração de trabalhos acadêmicos. São Paulo: Atlas, 2001.
MORAES, José Geraldo Vinci de. História e Música: canção popular e conhecimento histórico. IN: Revista Brasileira de História, ANPUH/Humanitas/FAPESP, 2000, 20/39, São Paulo 2000. 
NADAI. Elza. “O ensino de História no Brasil: Trajetória e perspectiva.” Revista Brasileira de História, n° 25/6. São Paulo: Anpuh, 1993.
NAPOLITANO, Marcos. A música popular brasileira (MPB) dos anos 70: resistência política e consumo cultural. Acta del IV Congresso Latino americano de la asociación Internacional para el estudio de La Música Popular(Cidade do México, abril, 2002: Disponível: www.hist.puc.cl/historia/iaspm/mexico/articulos/Napolitano.pdf. Acesso em 20 de agosto de 2019.
NAPOLITANO, M. Cultura brasileira: utopia e massificação (1950-1980). 2º ed. São Paulo: Contexto, 2004. (Repensando a História).
SANTOS, Adriana Regina de Jesus. VAGULA Edilane, RAMPAZZO Sandra Regina dos Reis. Didática: História. – São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2009.
SCHIMIDT, Maria Auxiliadora; CAINELLI, Marlene. Ensinar História. São Paulo: Scipione, 2004.
SILVA, Marcos. História: o prazer em ensino e pesquisa. São Paulo: Brasiliense, 1995.
SILVA, Denise Guerreiro Vieira da; TRENTINI, Mercedes. Narrativas como técnica de pesquisa. Revista latino Americana. Maio/junho. 2002.
TRENTINI M.; PAIM, L.Pesquisas em Enfermagem. Uma modalidade convergente-assistencial. Florianópolis: editora da UFSC, 1999.
VIANA, Graziela Valadares Gomes de Mello. Dura Travessia: a importância da música popular na mobilização pelas Diretas Já e na comoção pela morte de Tancredo Neves. Artigo, Belo Horizonte, MG 2005.
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O USO DA MÚSICA NO ENSINO SOBRE A DITADURA
 
MILITAR (1964
-
1985) 
NAS AULAS DE HISTÓRIA
 
DO 
9° ANO
 
 
 
 
SANTOS
,
 
Sandra
, 
1540832
 
SOBRENOME, Nome do orientador 
 
 
RESUMO 
O presente trabalho aborda sobre a música popular brasileira (MPB) como 
um veículo 
eficaz para atrair a atenção dos educandos para as aulas de História, 
possibilitando
-
lhes reflexão, diálogo e interação, ou seja, levar a música até a sala 
de aula por meio de temas instigantes, tais como a ditadura,
 
para informar e debater 
qu
estões sociai
s de maneira atrativa na
 
sala de aula
. A canção, no período da 
Ditadura na história brasileira
 
(1964
-
1985)
, foi usada como forma de comunicação e 
de registro. Havia sentimentos de falta, de saudade, de perda, de desespero, de 
sofrimento e de luta compartil
hada por todos que sofreram exílio, torturas, prisões e 
por quem queria acabar com aquele regime. Por isso a importância de trabalhar a 
música no ensino do conteúdo sobre a di
tadura nas aulas de história. U
m tema tão 
importante para o entendimento e conhec
imento da História do Brasil se faz 
amplamente necessária e se dá de várias maneiras, por isso é interessante que o 
professor de história tente se valer e aproveitar as diversas manifestações da 
sociedade e representações
 
desta época
 
como
,
 
por exemplo
,Pass
eata dos Cem Mil
, 
e assim
 
realizar discussões
, seminários fazendo com que o aluno tenha contato e 
manifeste sua opinião em relação à época estudada
.
 
 
Palavra
s
-
chave:
 
Ensino de História. Ditadura Militar.
 
Música Popular Brasileira
 
 
 
1.
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
Atualmente
 
o
 
professor de História 
tem enfrentado
 
muitos desafios em sala 
de aula
, o maior 
deles 
é tornar os conteúdos da disciplina mais atrativos
 
e 
inteligíveis nos
 
diversos
 
n
íveis escolares
. Este 
de
safio vem
 
acompanha
do de
 
outro 
ainda maior q
ue está inseparável ao p
róprio 
ob
jetivo do ensino de história na
 
sala 
de aula que é
 
formar as identidades 
sociais e individuais na
 
formação 
do cidadão e 
contribuindo na
 
sua formação intelectual. 
 
Essa busca incessante 
por
 
resultados
 
tem 
gerado
 
a necessidade da 
utilização 
de tenta
t
ivas
 
didáti
ca
s que possam 
estimular
 
e 
acender
 
nos alunos o 
empenho 
pelo ensino e aprendizagem da história.

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