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Samara Pires- MED25 �siologi� Sensações vestibulares e manutenção do equilíbrio (Guyton cap. 56) 1. Sistema vestibular ● Labirinto membranoso: composto por cóclea, três canais semicirculares, utrículo e sáculo. Os 5 últimos têm mais relação com o equilíbrio; - Mácula do utrículo: plano horizontal; - Mácula do sáculo: plano vertical (sinaliza em decúbito); - A mácula é recoberta por cristais de carbonato de cálcio (estatocônias) e possui células ciliadas (formadas por estereocílios e por um cinocílio), cujas bases e lados fazem sinapses com as terminações sensoriais do nervo vestibular; - Quando os estereocílios e o cinocílio se curvam na direção do cinocílio, o movimento abre canais na membrana celular neuronal, conduzindo íons positivos para o interior da célula e levando à despolarização. Quando o movimento acontece na direção oposta, ocorre hiperpolarização do receptor (fechamento dos canais iônicos). - Funcionamento da crista ampular: quando a cabeça se move, a inércia faz com que, inicialmente, a endolinfa permaneça em estado estacionário enquanto o canal semicircular gira com a cabeça. O líquido, depois, flui do Samara Pires- MED25 ducto semicircular para a ampola, deformando a cúpula para um lado. Essa deformação é transmitida às células ciliadas da crista ampular, o que despolariza as células, envia sinais para o nervo vestibular e informa sobre a alteração da rotação da cabeça e a velocidade de alteração. - Funcionamento do utrículo e do sáculo: as estatocônias com inércia maior do que o líquido circunjacente se deslocam para trás quando o corpo é empurrado para frente (isto é, acelerado) → os cílios das células ciliadas se movem → os centros nervosos recebem informação de desequilíbrio, pois o indivíduo se sente como se estivesse caindo para trás. Então, ele se inclina para frente até que o desvio anterior das estatocônias se iguale. - Mácula: opera para manter o equilíbrio durante a aceleração linear e não detectam a velocidade. Seus otólitos se movimentam. Na mácula, os cílios estão de forma desordenada. - Crista ampular: sensível ao movimento angular da cabeça. A endolinfa se movimenta e os cílios estão ordenados. No início, o fluxo de líquido do canal semicircular deve vencer a inércia e, depois, a cúpula da ampola retorna à posição de repouso (se adapta). Inicialmente, o ducto se movimenta e a endolinfa permanece estacionada, mas depois a situação se inverte, pois o canal semicircular para e a endolinfa continua se movimentando. Isso provoca a deformação da cúpula na direção oposta e a célula ciliada para de descarregar, então o canal semicircular transmite sinais quando a cabeça começa a girar e quando ela para. Samara Pires- MED25 - O mecanismo dos canais semicirculares prediz se o desequilíbrio vai ocorrer e faz com que os centros do equilíbrio realizem ajustes preventivos antecipatórios apropriados. - Quando a cabeça está inclinada em uma direção por curvatura do pescoço, impulsos dos proprioceptores cervicais impedem que o aparelho vestibular envie informações de que o corpo está desequilibrado. No entanto, quando o corpo inteiro está inclinado, os impulsos do aparelho vestibular não recebem oposição dos proprioceptores do pescoço. ● Conexões neuronais do sistema vestibular com o SNC - A maior parte das fibras nervosas vestibulares termina nos núcleos vestibulares do tronco cerebral (localização: bulbo e ponte), onde estão os segundos neurônios da via. Já os neurônios de terceira ordem estão no cerebelo, na medula espinhal e nos núcleos reticulares, indo por meio dos fascículos vestibulocerebelares e dos tratos vestibuloespinhais e reticuloespinhais, respectivamente. Há fibras que vão em direção ao fascículo longitudinal medial, o qual transmite informações dos núcleos vestibulares ao tronco cerebral e causam movimentos dos olhos toda vez em que a cabeça gira, a fim de manter a fixação do olhar. Samara Pires- MED25 - Por meio do fascículo longitudinal medial ou de tratos reticulares, os sinais também ascendem para o córtex cerebral, informando sobre as condições de equilíbrio do corpo. - Algumas fibras passam direto para a formação reticular ou para os núcleos fastigiais e lobos uvular e floculonodular cerebelares. Esses, por sua vez, são importantes para o equilíbrio estático e dinâmico. Contribuições do cerebelo e dos gânglios da base para o controle motor global (Guyton cap. 57) 1. O cerebelo e suas funções motoras ● O cerebelo é extremamente importante para atividades musculares rápidas, como correr, tocar piano e digitar; ● Opera em nível subconsciente; ● Função de monitorar a sequência de atividades motoras, de fazer ajustes corretivos e de receber informações atualizadas sobre a sequência das contrações musculares, comparando o movimento real com o plano motor. Se o movimento não ocorre como esperado, o circuito cerebelar aprende aquela atividade motora para realizá-la de forma mais forte ou mais fraca da próxima vez; ● Segundo Guyton, 2017, parece que o plano motor sequencial começa nas áreas sensorial e pré-motora do córtex cerebral e, daí, é transmitido para as zonas laterais dos hemisférios cerebelares (cerebrocerebelo). Essa região parece estar envolvida no que acontecerá durante o próximo movimento sequencial. - As zonas laterais do cerebelo também são importantes para temporizar adequadamente a sucessão de movimentos, estabelecendo a coordenação. Podem também predizer a velocidade com que o indivíduo chegará ao objeto (ex: macacos preveem quando alcançarão o próximo galho). ● No verme cerebelar, está localizada a maior parte das funções de controle para movimentos musculares do corpo axial, pescoço, ombros e quadris; ● A zona lateral do cerebelo é importante para promover o sequenciamento, a coordenação e o ritmo dos movimentos; Samara Pires- MED25 ● As diferentes partes do corpo estão topograficamente representadas no verme e nas zonas intermediárias do cerebelo. Nesse caso, as partes axiais estão no verme e as extremidades + regiões faciais estão nas zonas intermediárias. No entanto, as zonas laterais não têm tal representação, porque recebem sinais aferentes quase que exclusivamente do córtex cerebral (áreas pré-motora do córtex frontal, área somatossensorial e áreas de associação sensorial do córtex parietal); ● Os sinais eferentes do cerebelo passam pelos núcleos profundos (núcleos centrais). Samara Pires- MED25 Obs.: a lesão nos núcleos cerebelares profundos, como o denteado e o interpósito, provoca diminuição do tônus da musculatura corporal periférica no mesmo lado da lesão cerebelar. ● Controle cerebelar dos movimentos balísticos: o cerebelo tem grande importância no controle de movimentos rápidos, como o dos olhos quando se está lendo. Isso acontece por meio dos circuitos de temporização do córtex cerebelar e da função bifásica excitatória/inibitória. ● Sinais eferentes do tipo liga/desliga do cerebelo - Ao mesmo tempo em que sinais do córtex cerebral são enviados diretamente para os músculos agonistas sem passar pelo cerebelo, sinais paralelos são enviados para o cerebelo por meio das fibras musgosas. Em seguida, o sinal passa para um núcleo cerebelar profundo (denteado por ex.) e um sinal excitatório é enviado de volta ao sistema motor corticoespinhal cerebral, seja para o tálamo, para o córtex cerebral ou para o tronco cerebral (ver imagem do circuito cerebelar). Assim, o sinal de “ligar” os músculos agonistas fica mais potente, pois torna-se a soma dos sinais corticais e cerebelares. - Após curto intervalo de tempo, o movimento é “desligado” pela mesma via em que foi ligado, pois o segundo ramo das fibras musgosas chega às células granulosas, depois às células de Purkinje e, por fim, as células nucleares profundas são inibidas. ● Conexões do cerebelo com a medula espinhal - Os sinais do órgão tendinoso de Golgi são transmitidos por meio de fibras tipo Ib para as áreas da medula espinhal. Após fazer sinapse no corno dorsal damedula, são direcionadas ao cerebelo por meio dos tratos espinocerebelares e para o córtex por outros tratos. - O trato espinocerebelar dorsal conduz informação instantânea dos fusos musculares e dos órgãos tendinosos de Golgi diretamente ao cerebelo, com velocidades próximas de 120 m/s na condução (mais rápida verificada em qualquer lugar do encéfalo e da medula espinhal). Samara Pires- MED25 2. Integração entre as muitas partes do sistema total de controle motor ● Nível espinhal: programação de reflexos de retirada e de movimentos rítmicos (ex.: andar). São padrões rígidos determinados pela genética; ● Nível rombencefálico: manutenção do tônus axial do corpo (postura) e modificação do grau de tônus para manter o equilíbrio; ● Nível cortical motor: exerce os comandos sequenciais e paralelos para colocar os padrões medulares em movimento (ação motora). Pode mudar a intensidade e a programação desses padrões, os quais também podem ser aprendidos. ● Cerebelo - Associado à medula espinhal: aumenta o reflexo de estiramento para resistir a cargas mais pesadas. Samara Pires- MED25 - Nível do tronco cerebral: movimentos posturais do corpo, equilíbrio, não fragmentados, contínuos e sem oscilações. - Nível do córtex cerebral: fornece a força motora para iniciar a contração no início de um movimento, ativa músculos antagonistas quando a meta do movimento é atingida e ajuda a programar as contrações musculares necessárias para a progressão de um movimento rápido que mudou de direção. Resumindo, o cerebelo é mais importante para movimentos musculares rápidos. ● Núcleos da base - Ajudam o córtex a executar padrões subconscientes de movimentos aprendidos; - Controle cognitivo da atividade motora (planejamento); - Importante para padrões de movimentos complexos, como escrever as letras do alfabeto. Modulam esses padrões, como por exemplo o ato de escrever grande/pequeno.
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