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Compreensão Oral em Língua Inglesa

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COMPREENSÃO ORAL 
EM LÍNGUA INGLESA
UNIASSELVI-PÓS
Autoria: Clarita Gonçalves de Camargo
Indaial - 2021
1ª Edição
CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI
Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito
Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC
Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090
Copyright © UNIASSELVI 2021
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri
 UNIASSELVI – Indaial.
C172c
 Camargo, Clarita Gonçalves de
 Compreensão oral em Língua Inglesa. / Clarita Gonçalves de 
Camargo. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 142 p.; il.
 ISBN 978-65-5646-301-8
 ISBN Digital 978-65-5646-300-1
1. Língua Inglesa. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo 
da Vinci.
CDD 820
Impresso por:
Reitor: Prof. Hermínio Kloch
Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol
Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: 
Carlos Fabiano Fistarol
Ilana Gunilda Gerber Cavichioli
Jóice Gadotti Consatti
Norberto Siegel
Julia dos Santos
Ariana Monique Dalri
Marcelo Bucci
Jairo Martins
Marcio Kisner
Revisão Gramatical: Equipe Produção de Materiais
Diagramação e Capa: 
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Sumário
APRESENTAÇÃO ............................................................................5
CAPÍTULO 1
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL......................................7
CAPÍTULO 2
BREVE HISTÓRICO DAS ABORDAGENS DE ENSINO ...............51
CAPÍTULO 3
A PRÁTICA DE ENSINO DE CO ....................................................99
APRESENTAÇÃO
Você sabia que a compreensão oral é uma das habilidades comunicativas 
mais complexas no ensino de uma língua estrangeira? Isso ocorre devido às 
características do discurso oral, que pode sofrer influência do contexto cultural 
onde a língua é falada. Além disso, fatores, como velocidade da fala, ruído e 
aspectos fonéticos e fonológicos característicos de uma língua podem também 
contribuir com a dificuldade. 
Estudos em compreensão oral (doravante CO) envolvendo a língua inglesa 
têm mostrado que existem vários conhecimentos necessários no momento em 
que processamos a informação. Dos conhecimentos que influenciam a CO temos 
os conhecimentos gramaticais, que englobam aspectos fonéticos, fonológicos, 
lexicais, sintáticos e semânticos da língua. Há também fatores cognitivos, como a 
percepção, a memória e a atenção do indivíduo durante a compreensão. 
Fatores discursivos e pragmáticos também estão presentes, inclusive 
relacionados ao contexto da situação discursiva e à função social do texto oral. É 
importante lembrar que a compreensão oral é uma das habilidades comunicativas 
mais necessárias em contextos comunicativos, por isso, compreender a sua 
natureza pode contribuir para facilitar o ensino dessa habilidade. 
Você pode pensar: como posso aprimorar a minha CO? Bem, para termos 
sucesso nessa habilidade, podemos encontrar estratégias de aprendizagem que 
possam contribuir para o entendimento do discurso oral. Além disso, conhecer as 
características do discurso e as particularidades das estratégias de ensino pode 
facilitar, principalmente em aprendizagens iniciantes. Vejamos um exemplo para 
entender o processo no uso de estratégias:
Prestar atenção no contexto para identificar o assunto (estratégia de 
inferência).
Prestar atenção na ocorrência de uma palavra em diferentes contextos 
(estratégia de memória). 
 
Nota-se, no exemplo 1, que a estratégia de inferência é uma estratégia 
cognitiva que envolve a maneira como o indivíduo irá agir para facilitar a sua 
compreensão, uma forma de conectar as informações prévias com a mensagem 
ouvida para facilitar o entendimento. Já a estratégia de memória é uma forma de 
tentar estocar algumas informações para serem recuperadas quando necessárias. 
Vejamos algumas considerações: 
A abordagem baseada em estratégias é uma metodologia 
ancorada no ensino da estratégia. Ela tem como objetivo 
ensinar aos alunos a ouvir. Isso se faz, primeiramente, 
conscientizando os alunos de como a língua funciona e, 
num segundo momento, conscientizando-os das estratégias 
que eles utilizam, isto é, desenvolvendo sua “consciência 
metaestratégica”. Na sequência, a tarefa do professor é instruir 
os alunos no uso de estratégias adicionais, que os ajudarão a 
lidar com a tarefa de compreensão oral (CAMARGO, 2012, p. 
51).
Perceba que algumas atitudes podem melhorar a aprendizagem, inclusive 
quando identificamos nossas dificuldades e depois agimos para aprimorá-las. A 
compreensão oral envolve perceber o som, reconhecer a palavra ou o enunciado, 
conectar a parte linguística e a não linguística para então compreender o conteúdo 
da mensagem. Esse processo ocorre em tempo real, exigindo do aprendiz um 
conhecimento prévio da situação na qual o discurso ocorre e do conhecimento 
linguístico da língua estrangeira. 
Diante disso, conclui-se que a CO é um processo ativo de reconstrução de 
significados construídos socialmente. “Vale ressalvar que as características da 
oralidade, como hesitações, falsos começos, informalidade, traços da fala, entre 
outras ocorrências, são desafiadoras para qualquer contexto de aprendizagem 
que envolva uma língua estrangeira” (ROST, 1990, p. 28). 
 
Neste livro, você encontrará três capítulos. O Capítulo 1 apresentará dois 
importantes processos cognitivos (os processos descendentes e ascendentes); 
algumas características marcadas no discurso oral; tipos de amostras na pronúncia 
e no vocabulário da língua britânica e americana e algumas considerações sobre 
língua, cultura e aprendizagem. 
O Capítulo 2 trará um levantamento a ser discutido envolvendo as três 
principais abordagens de ensino de inglês ao longo da história (abordagem 
audiolingual; abordagem natural e abordagem comunicativa). Além disso, quatro 
abordagens voltadas à CO (abordagem por sub-habilidade, abordagem por 
estratégia, abordagem por compreensão e abordagem por gênero oral) também 
serão dialogadas. 
Por último, o Capítulo 3 trará a complexidade do ensino da compreensão 
oral, modelos de atividades e o conceito do inglês como língua internacional – 
Língua Franca. 
 
Esperamos que você goste desse aprofundamento, pois acreditamos que 
este material servirá tanto para o seu conhecimento teórico como para você 
refletir sobre a teoria e a prática de ensino de CO.
CAPÍTULO 1
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL
A partir da perspectiva do saber-fazer, são apresentados os seguintes 
objetivos de aprendizagem:
• Descrever as características da habilidade da compreensão oral, incluindo 
características que envolvem a aprendizagem da habilidade.
• Reconhecer os processos ascendentes e descendentes como forma de 
entender a natureza cognitiva da linguagem.
• Identifi car os objetivos que estão implícitos nas atividades de ensino como 
forma de sensibilizar a prática dessa habilidade.
• Verifi car as características do discurso oral e a relação com a aprendizagem.
8
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
9
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Nesta seção, será apresentada a natureza da compreensão oral, envolvendo 
dois processos cognitivos: os processos descendentes (top-down) e os 
ascendentes (bottom-up). Também serão mostrados a prática da habilidade e o 
conceito de língua e aprendizagem.
2 COMPREENSÃO ORAL: UMA 
HABILIDADE COMUNICATIVA
A compreensão oral é uma habilidade complexa, porque o ouvinte precisa 
discriminar o som, buscar a relação com o signifi cado (vocabulário), conectar 
com a estrutura sintática e tentar uma interpretação coerente com o discurso, 
considerando o contexto e as relações construídas pela interação. Isso nos leva 
a compreender que é necessário o conhecimento da situação discursiva e do 
sistema linguístico. Na Figura 1, veremos a primeira etapa desse processo: a 
decodifi cação.
FIGURA 1 – PROCESSO DE DECODIFICAÇÃO
FONTE: Field (2008, p. 128)
10
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESAConforme a fi gura, o primeiro momento da compreensão é marcado pela 
percepção do som (match to knowledge of sounds). Esse processo envolve a 
habilidade para identifi car as distinções do som e, após, a busca pela palavra 
(match to knowledge of words), para então recuperar o signifi cado (retrieve 
word meaning). Isso dependerá do conhecimento do indivíduo sobre o conteúdo 
fonológico e também sobre o conhecimento do léxico, que poderá sofrer alterações 
conforme a situação discursiva. 
É nesse sentido que o ouvinte assume um papel ativo no processo de 
compreensão, pois ele terá que ativar seus conhecimentos implícitos sobre o 
conteúdo linguístico, para então tentar construir uma interpretação precisa do que 
foi ouvido. O problema é que o ouvinte não consegue prever o que será dito e, 
dada a velocidade da fala, fi ca difícil conectar todas as informações ao mesmo 
tempo. 
FIGURA 2 – TYPES OF LISTENING
FONTE: <https://www.aconsciousrethink.com/9861/types-
of-listening/>. Acesso em: 18 jan. 2021.
Outro conhecimento que implica o desempenho em CO é o aspecto 
pragmático, que envolve o contexto da comunicação, ou seja, a construção de 
sentido dentro de um evento comunicativo. Por isso, pode-se dizer que o ouvinte 
terá que lidar, em primeiro lugar, com as características do discurso oral, que 
envolve hesitações, falsos começos, entonações, entre outros traços da oralidade, 
para só depois iniciar o processo da informação semântica na memória. 
É importante lembrar, num contexto comunicativo, que o indivíduo também 
precisará dar uma resposta (output) coerente com a situação apresentada, 
atribuindo ao ouvinte um papel importante na fl uidez do discurso. Rost (1990), 
importante pesquisador em CO, afi rma que essa habilidade envolve também 
testar hipóteses, perceber as intenções do falante, fazer inferências, associar 
ideias, entre outros procedimentos que são importantes para a aprendizagem. Por 
isso, entendemos que a CO não ocorre pela decodifi cação isolada de palavras ou 
11
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
sentenças, mas na interpretação de enunciados, o que signifi ca retomar um olhar 
pragmático no uso da língua.
[...] O processo de compreensão do texto obedece a regras 
de interpretação pragmática porque a coerência textual não 
consegue se estabelecer sem atribuir crenças, desejos, 
preferências, normas e valores que permeiam o momento 
discursivo dos interlocutores (CAMARGO, 2012, p. 16).
De fato, a CO exige muito mais processo de interpretação do que 
decodifi cação, mesmo que ambas aconteçam simultaneamente durante a 
comunicação. Isso se explica devido a nossa capacidade cognitiva de processar 
as informações na busca pelo signifi cado. Vejamos: ao ouvirmos a frase: What´re 
you doing here? Pelo tom, sabemos que é uma pergunta e se soubermos o valor 
semântico do verbo, já sabemos do que se trata, sem necessariamente decodifi car 
toda a frase. O contexto ajudará muito nesse processo. No Quadro 1, veremos um 
esquema de conhecimentos que envolvem a CO. 
QUADRO 1 – FATORES QUE ENVOLVEM A CO 
FONTE: Field (2008, p. 126, tradução nossa)
· insumo (também referido aqui como fl uxo de voz ou sinal do som): os sons que chegam ao 
ouvido do ouvinte; e as sílabas, palavras e clause que esses sons representam;
· conhecimento linguístico: conhecimento dos sons, vocabulário e gramática da língua (in-
cluindo o conhecimento do signifi cado das palavras);
· contexto: que inclui (a) conhecimento geral e experiência pessoal que o ouvinte fornece; (b) 
conhecimento do que foi dito até o momento da conversa. 
É possível notar que esses três elementos são necessários à aprendizagem, 
uma vez que as atividades de CO podem contribuir para o aprimoramento de 
várias sub-habilidades, como lidar com a pronúncia, com a linguagem coloquial, 
com o aspecto prosódico, com o item lexical, entre outros conhecimentos, que 
serão aprofundados a seguir. Vejamos cinco conhecimentos gramaticais que 
envolvem a CO: 
· Phonological knowledge of the sound system of the 
language, including phonemes, phonological rules, prosodic 
elements; ability to process speech quickly.
· Syntactic knowledge of sentence - and discourse-level rules, 
structures, and cohesion; ability to perform accurate parsing 
quickly.
· Semantic knowledge of words, lexical phrases, word 
categories, semantic relationships between lexical items; ability 
to perform semantic calculations (e.g. identifying synonyms 
and superordinate relationships between words) quickly.
· Pragmatic knowledge of how fl uent users of the language 
12
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
communicate, including use of formulaic expressions, gambits, 
indirectness, and ellipsis (omission of mutually understood 
information).
· General knowledge of commonly discussed topics and 
common human relationships, and the general knowledge of 
the world (history, geography, science, math), knowledge of 
how to utilise one’s knowledge intesting situation.
· (For the interview portion of tests) interactive pragmatic 
knowledge, including activation of phonological, syntactic, 
semantic knowledge in real-time interactions, real-time 
inferencing and updating representations; responding to 
interlocutor questions and feedback without lengthy pauses, 
employing repair strategies for misunderstanding (ROST, 2011, 
p. 212). 
Vejamos também na descrição a seguir:
FIGURA 3 – MODELO DE ESQUEMA 
FONTE: Rost (2011, p. 212) 
Diante desses componentes linguísticos, as atividades de compreensão oral 
podem ser divididas em tarefas de natureza pedagógica (pedagogic tasks) ou 
desenhadas para refl etir o mundo real (real-world tasks). As tarefas pedagógicas 
são aquelas que servem para apoiar o aprendizado, como ouvir um texto para 
discriminar o som (foco na gramática). 
Já as tarefas de mundo real envolvem um propósito comunicativo, como 
ouvir uma reportagem para escrever um artigo de opinião (foco no signifi cado 
da língua). As tarefas do mundo real, por sua vez, “refl etem os contextos 
externos à sala de aula” e quando transportadas para este ambiente “podem 
gerar uma situação comunicativa artifi cial ou não” (XAVIER, 1999, p. 3). Assim, 
quando o indivíduo assume um papel refl exivo na aprendizagem, ele poderá 
usar estratégias de aprendizagem. No Capítulo 2, veremos a contribuição de 
estratégias metacognitivas para a CO. 
13
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
Na sequência, exploraremos dois processos importantes que envolvem a 
habilidade e que estão presentes em muitas práticas de ensino. 
Você poderá pesquisar mais sobre o assunto no livro a seguir:
ROST, M. Teaching and Researching Listening. 2nd ed. 
Boston: Pearson, 2011.
FONTE: <https://repository.dinus.ac.id/docs/ajar/(Applied_Linguistics_
in_Action)_Michael_Rost-Teaching_and_Researching__Listening-
Pearson_Education_ESL_(2011).pdf>. Acesso em: 16 jun. 2021.
CAMARGO, C. G. de. O desempenho dos alunos de inglês em 
prática repetida de tarefa e compreensão oral apoiada em vídeo. 
Dissertação (Mestrado em Linguística). Florianópolis: UFSC, 2012. 
Disponível em: https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/103393. 
Acesso em: 16 jun. 2021.
14
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
2.1 A COMPREENSÃO ORAL: O 
PROCESSO DESCENDENTE E 
ASCENDENTE
A compreensão oral é uma habilidade comunicativa que deve ser ensinada 
por considerar que ela não é adquirida naturalmente, ou seja, não adianta expor 
o indivíduo apenas ao material linguístico por meio de fi lme, música, fala gravada 
etc., sem o objetivo de aprimorar algum conhecimento. É nesse sentido que 
surgem as atividades de ensino em CO, conforme Quadro 2:
QUADRO 2 – ATIVIDADES DE ENSINO DE CO
- Ouça para detalhar: 
Entender e identifi car uma informação específi ca do texto, por exemplo, 
palavras-chave, números e nomes. 
- Ouça para um entendimento global:
 Entender a ideia geral do texto, por exemplo, o tema, o tópico e a visão geral do 
locutor.
- Ouça para ideiasprincipais:
 Entender os pontos-chave ou proposições de um texto: por exemplo, pontos de 
apoio a um argumento ou partes de uma explicação. 
- Ouça e infi ra:
Demonstrar compreensão, preenchendo informações omissas, não claras ou 
ambíguas, e fazer conexões com o conhecimento prévio, “ouvir nas entrelinhas”, 
por exemplo, usando pistas visuais para avaliar o propósito do falante.
- Ouça e preveja:
Antecipar o que o falante vai dizer antes e durante a compreensão oral. Por 
exemplo, usar o conhecimento do contexto de uma interação para tirar uma 
conclusão sobre a intenção do falante antes de ele/ela expressar isso.
- Ouça seletivamente:
Prestar atenção em partes específi cas de uma mensagem e ignorar outras 
partes menos importantes, a fi m de alcançar um objetivo específi co [...].
FONTE: Vandergrift e Goh (2012, p. 169)
Como visto no Quadro 2, esses modelos ocorrem em muitos materiais 
pedagógicos e têm por objetivo o treino de algum aspecto da língua. Vejamos o item 
“Ouça e preveja”: é uma forma de lidar com algum desconhecimento linguístico, ou 
seja, se tivermos difi culdade em reconhecer uma palavra num discurso não signifi ca 
que não possamos entendê-la, podemos usar informações do nosso conhecimento 
pessoal para conectar as informações. Isso deve ser trabalhado com o uso de 
estratégias, o qual veremos detalhadamente no Capítulo 2. 
15
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
Agora, você deve estar se perguntando: e os processos descendentes e 
ascendentes, onde eles se encaixam? Veja, quando ouvimos um discurso oral 
e ativamos nosso conhecimento de mundo para tentar entender a mensagem, 
usamos o processo descendente. 
Entretanto, quando buscamos apenas entender o que signifi ca uma palavra 
naquele contexto, usamos o processo ascendente. Explicando melhor: muitas 
vezes, ao ouvir uma mensagem em inglês, temos a preocupação em prestar 
atenção somente naquilo que é dito, sem recorrer a nossa experiência anterior. 
Essa atitude chamamos de processo ascendente, porque não usamos nossa 
experiência ou conhecimento contextual para entender a mensagem. 
É relevante relacionar nosso conhecimento de mundo com o discurso do 
outro, porque as relações sociais em qualquer língua são as mesmas. Enfatizando, 
num contexto comunicativo, temos vários recursos que ajudam no entendimento 
da mensagem, sem necessariamente recorrer à parte linguística. 
Em resumo: a decodifi cação linguística é um processo 
ascendente (de baixo para cima), que inclui perceber o som e 
reconhecer uma palavra, mas podemos vincular essa informação 
com algo que já ouvimos antes. Usamos o processo descendente 
(de cima para baixo) porque queremos relacionar a informação com 
algo que já temos conhecimento. É importante considerar que a 
aprendizagem ocorre em um processo contínuo e, por isso, devemos 
relacionar nossa bagagem (conhecimento de mundo) para construir 
a aprendizagem. Entenda como funciona os dois processos: 
[...] processos bottom up (de baixo para cima) são 
processos que iniciam no nível sensorial, passando 
pelos vários níveis até chegar à cognição [...]. Os 
processos top down (de cima para baixo) percorrem 
o caminho inverso: da cognição até os movimentos 
articulatórios, onde se produz o material bruto (SCLIAR-
CABRAL, 1991, p. 36).
16
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
Segundo Richards (2008), são exemplos de atividades que envolvem 
o processo ascendente: reconhecimento de um referencial temporal de um 
enunciado, identifi cação de marcadores discursivos, diferenciação de verbos e 
suas características e a percepção de uma palavra-chave. Já as atividades que 
envolvem os processos descendentes são: identifi car o propósito da mensagem e 
perceber os objetivos de um locutor, suas intenções e propósitos comunicativos. 
Independente de quais processos usamos, o importante é desenvolver práticas 
que levem à refl exão e ao aprimoramento da habilidade, sabendo que o 
processamento linguístico acontece:
[...] por mecanismos independentes que agem na memória e que 
são responsáveis por organizar esses dados, recuperando-
os quando necessário. O processo de reconhecimento do 
léxico durante a compreensão pode ser comparado a um 
sistema computacional, em que o indivíduo segmenta a entrada 
sensorial percebida em unidades linguísticas isoladas. A 
identifi cação lexical envolve desde o acesso ao código fonético 
(som e identidade dos fonemas) até o código semântico ou 
nível de signifi cado (CAMARGO, 2012, p. 14-15).
O processamento cognitivo é responsável pela memória de curto e longo 
prazo. Geralmente, quando ouvimos uma mensagem, guardamos apenas algumas 
partes importantes, por isso não é necessária a compreensão do todo, apenas 
das informações consideradas relevantes. Na próxima seção, estudaremos a 
prática de CO, com o objetivo de termos maior detalhamento sobre o processo de 
aprendizagem.
 
2.2 A PRÁTICA DE ENSINO DA 
COMPREENSÃO ORAL 
As práticas de CO, produção oral e análise linguística devem ser 
organizadas de forma integrada, já que numa situação comunicativa elas ocorrem 
simultaneamente. Vejamos: quando ouvimos uma notícia, podemos querer anotar 
alguma informação (listening + writing) ou podemos ouvir a notícia e depois 
confi rmar a informação na internet (listening + reading). Podemos também ouvir a 
notícia e contar para alguém (listening + speaking). Essas são situações rotineiras 
que envolvem as quatro habilidades comunicativas. 
A prática num contexto de aprendizagem pode ser abordada por um tema 
de forma a prevalecer a relação social da linguagem, mas a pouca relevância 
aos assuntos pertencentes à complexidade dos acontecimentos da vida cotidiana, 
quando não aprofundados, aparece como fragilidade numa proposta que deve 
trazer uma dimensão crítica do uso da língua. Nessa perspectiva, o ensino da 
17
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
CO mostra-se importante no sentido de valorar a heterogeneidade discursiva e a 
participação ativa do ouvinte como sujeito. 
Você precisa conhecer dois assuntos importantes: o tratamento da língua 
como discurso e o conceito de letramento crítico. 
A linguagem enquanto discurso não constitui um universo de 
signos que serve apenas como instrumento de comunicação 
ou suporte de pensamento; a linguagem enquanto discurso é 
interação e um modo de produção social; ela não é neutra, 
inocente e nem natural, por isso o lugar privilegiado de 
manifestação da ideologia [...]. A linguagem é um lugar de 
confl ito, de confronto ideológico, não podendo ser estudada 
fora da sociedade, uma vez que os processos que a constituem 
são histórico-sociais (BRANDÃO, 2013, p. 11).
BRANDÃO, N. H. H. Introdução à análise do discurso. São 
Paulo: Unicamp, 2013.
FONTE: <https://www.amazon.com.br/Introdu%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-
An%C3%A1lise-do-Discurso/dp/8526809911>. Acesso em: 2 jul. 2021.
Nota-se que a perspectiva da linguagem como discurso é perceber como 
os indivíduos se relacionam na tentativa de alertá-los dos possíveis problemas 
que implicam suas condições sociais. O discurso é construído pela interação e, 
por isso, pode envolver confl itos da sociedade, como desigualdade, preconceito, 
status, poder, entre outros. No contexto do ensino de língua estrangeira, muitos 
alunos têm bloqueios na produção oral por acreditar que não possuem uma 
boa pronúncia ou por não terem uma boa fl uência, isso acaba prejudicando o 
desenvolvimento da aprendizagem. 
18
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
Por sua vez, o conceito de letramento surgiu na perspectiva de que a 
linguagem carrega um viés ideológico, cuja manifestação com a língua abrangerá 
o conhecimento do contexto onde a língua é usada, desenvolvendo a capacidade 
de usar a língua criticamente e não apenas reproduzir a língua de forma passiva. 
Neste livro, não aprofundaremos esse conceito, mas você poderá encontrar o 
assunto nas indicações a seguir.
CARBONERI, D.; JESUS, D. M. de (Orgs.). Práticas de 
multiletramentose letramento crítico: outros sentidos para a sala 
de aula de línguas. Campinas: Pontes, 2016.
EDMUNDO, E. S. G. Letramento crítico no ensino de inglês 
na escola pública: planos e práticas nas tramas da pesquisa. 
Campinas: Pontes Editores, 2013.
Por sua vez, compreende-se que a falta de avanços da transposição entre 
teoria e prática em CO ocorre pela fragilidade na orientação em manuais de 
ensino, os quais trazem amostras de uso da língua que não condizem mais com 
as práticas sociais da atualidade. As práticas de CO geralmente seguem o mesmo 
formato, conforme mostra o Quadro 3: 
QUADRO 3 – FORMATO DE ATIVIDADES DE CO
1. Pré-escuta (Pre-listening) 
Ensino do vocabulário “para assegurar o máximo do entendimento”.
2. Atividades de Compreensão oral (Listening Activities)
Compreensão oral extensiva permite questões de compreensão geral.
Compreensão oral intensiva permite questões de compreensão detalhada. 
3. Pós-escuta (Post-Listening) 
Ensino do novo vocabulário.
Análise da língua (Why did the speaker use the Present Perfect here?).
Reprodução do áudio: alunos ouvem e repetem.
FONTE: Field (2008, p. 14)
19
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
Nota-se que o primeiro momento é destinado à preparação para a escuta, 
ou seja, perceber as informações lexicais, permitindo refl etir sobre o tópico da 
mensagem, com o intuito de criar certa familiaridade com o discurso. No momento 
da escuta, questões de compreensão geral e específi ca do texto podem ser 
manipuladas ou apenas atividades de compreensão auditiva, como a percepção 
do som, por exemplo. 
Vejamos outro exemplo com a prática de repetição: (Students are asked to 
repeat short phrases or complete utterances said by the teacher or recorded). Essa 
é uma abordagem que pode parecer tradicional, mas quando usada para aprimorar 
um determinado conhecimento linguístico, pode benefi ciar o conhecimento. O 
problema ocorre quando muitas dessas práticas acontecem mecanicamente, 
sem um objetivo. Além disso, a prática deve envolver atividades contextualizadas, 
permitindo compartilhar ideias, fazer comparações e discussões.
Nessa perspectiva, a abordagem comunicativa surgiu com o conceito de 
competência comunicativa de Hymes (1972). As habilidades comunicativas 
começavam a ser ensinadas de forma integrada, justifi cadas pela função social 
da linguagem. “A língua assume, portanto, papel social, funcional, ideológico e 
propositado na interação (XAVIER, 2012, p. 23). 
Por que é tão importante o contexto para as atividades de CO? Uma das 
justifi cativas ocorre porque quando o indivíduo conhece as relações entre os 
personagens, suas intenções e o ambiente daquela interação, consegue entender 
com mais precisão o texto oral. Isso também ocorre no contexto comunicativo, 
quando o aluno sabe o real propósito de um diálogo. Você se lembra dos processos 
descendentes? Então, eles são responsáveis por ativar nosso conhecimento 
prévio para suprir um possível desconhecimento linguístico. 
2.3 O CONCEITO DE LÍNGUA E 
APRENDIZAGEM 
Alguns conceitos sobre a língua/linguagem vêm infl uenciando a aprendizagem 
de língua estrangeira ao longo da história. Na literatura, encontram-se três 
principais perspectivas que tiveram forte impacto no ensino. Na primeira, a língua 
é vista como um sistema (structure view), em que os componentes gramaticais 
são responsáveis por defi nir o uso da língua. 
Segundo Richards e Rodgers (1986, p. 17), “o alvo da aprendizagem de 
línguas é o domínio de elementos desse sistema, geralmente defi nidos em termos 
de unidades fonológicas (por exemplo, fonemas); unidades gramaticais (por 
20
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
exemplo, cláusulas, frases, sentenças)” (the target of language learning is seen 
to be mastery of elements of this system, which are generally defi ned in terms 
of phonological unites (e.g. phonemes); grammatical units (e.g. clauses, phases, 
sentences)), entre outros. Esse conceito foi infl uenciado na aprendizagem por 
teorias cognitivistas, que defendiam o ensino por meio de estímulo e resposta. 
No segundo momento, a língua foi compreendida pelo aspecto funcional 
(functional view), ou seja, a aprendizagem passa a ser organizada por conteúdos, 
eventos comunicativos, categorias e não pelas regras do sistema linguístico 
(RICHARDS; RODGERS, 1986). Aqui, o objetivo é situar o sujeito socialmente e 
usar a língua para uma determinada função. 
Nessa perspectiva, o estudo da língua possui uma relação com a função 
social a ser desenvolvida de acordo com o uso. Por último, a visão interacional 
(interactional view), em que a língua funciona como um veículo das relações 
interpessoais, envolvendo questões políticas, econômicas e culturais que fazem 
parte da construção social do indivíduo. Nessa vertente, “o conteúdo do ensino 
da língua [...] pode ser deixado sem especifi cação, para ser moldado pelas 
inclinações dos aprendizes como interatores” (RICHARDS, RODGERS, 1986, p. 
17). 
Nessa concepção, a CO é vista como uma habilidade que necessita de um 
propósito real que possa motivar o ouvinte a participar de questões que envolvem 
a sociedade. Isso deve prevalecer, uma vez que:
[...] os efeitos de sentidos existem a partir de construções 
discursivas, das quais o sujeito “não é a fonte de seu dizer”, 
uma vez que se constitui, de modo dinâmico, com a instituição 
histórico-social. Em outras palavras, o sujeito e os sentidos 
constroem-se discursivamente nas interações verbais na 
relação com o outro, em uma determinada esfera de atividade 
humana (DI FANTI, 2003, p. 98).
Conforme a citação, a linguagem por ser construída socialmente, fazer 
parte do processo histórico e deve ser aprendida de forma a construir um sujeito 
refl exivo das suas relações sociais. Vejamos: quando assistimos a um jornal, 
quantas questões podem ser problematizadas? Será que apenas compreender 
uma reportagem é o sufi ciente para o indivíduo assumir um papel na sociedade? 
Então, o que é o ensino da língua numa visão interacionista? 
A linguagem numa posição interacionista tem em vista a 
aproximação dos indivíduos e suas relações pragmáticas na 
construção do signifi cado, com uma abordagem em que a 
língua não é colocada como um sistema engessado, mas está 
em constante movimento e na dependência de seus usuários 
(CAMARGO; MARSON; KONDO, 2016, p. 89).
21
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
O ensino de línguas também contou com estudos da vertente cognitiva de 
Vygotsky, que defendia que “a linguagem adquire signifi cado pela sua tendência 
intencional, isto é, pela tendência à signifi cação” (COELHO; PISONI, 2012, p. 31). 
Para o teórico, a aprendizagem é concebida socialmente por meio da linguagem 
que, por sua vez, pode ser mediada, compartilhada e construída em contato com 
o outro. 
1 Conforme o material estudado, classifi que V para as sentenças 
verdadeiras e F para as falsas:
( ) O processo de CO envolve compreender o signifi cado da palavra 
antes da sua decodifi cação.
( ) O papel ativo do ouvinte na aprendizagem é justifi cado porque 
ele tem que ativar seus próprios conhecimentos para conseguir 
compreender a mensagem. 
( ) A CO não deve ser ensinada porque é aprendida naturalmente 
durante a conversação. 
( ) O conhecimento pragmático refere-se ao conhecimento do 
contexto da situação discursiva.
2 Leia o texto e responda:
 A listener (whether in L1 or L2) engages in two different types of 
listening behaviour. Firstly, she has to deal with the signal that 
reaches her ear. It comes in the form of a set of acoustic cues 
which have to be translated fi rst into the sounds of the target 
language and then into words and phrases in the listener’s 
vocabulary and then into an abstract idea. The operation is 
basically one of changing information from one form into another; 
and it is therefore often referred to as decoding. 
 What the listener derives from the decoding operation is just the 
literal meaning of what thespeaker has said. Clearly, this is not 
enough. If the speaker says Fair enough or What a pity! The 
sentence is meaningless without some kind of earlier context. So 
the listener then has to bring external information to bear on what 
she has heard. She might draw upon her knowledge of the world 
or upon her recall of what has been said so far in the conversation. 
She also has to make important decisions as to the importance 
22
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
and relevance of the sentences she has just heard. This whole 
operation will be referred to as meaning building. 
FONTE: FIELD, J. Listening in the language classroom. 
Cambridge: Cambridge University Press, 2008.
A) O texto trata de duas etapas importantes que envolvem a CO. O 
primeiro parágrafo explica sobre a decodifi cação, que envolve o 
processo ascendente. O segundo parágrafo mostra a construção 
do signifi cado, que se refere ao processo descendente. Explique 
o que são esses processos:
R.:____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
____________________________________________________
___________________________________________________.
B) O texto explica que a decodifi cação não é o sufi ciente para 
garantir a compreensão do signifi cado. Qual outro conhecimento 
é mencionado como importante? 
R.:____________________________________________________
___________________________________________________.
3 Relacione as colunas de acordo com os parágrafos explicativos 
referentes às três concepções de língua:
a) Língua como estrutura.
b) Língua como função.
c) Língua como interação.
A) ( ) A relação pragmática do discurso é mais importante do que 
a construção estrutural da língua, tendo por objetivo principal a 
construção do signifi cado. 
B) ( ) O ensino do sistema linguístico deve prevalecer em relação 
aos aspectos sociais, priorizando as normas que regem a 
gramática da língua.
C) ( ) Aprender a língua é reconhecer que ela deve atender a um 
determinado objetivo, ou seja, tem que haver uma fi nalidade, 
como ouvir uma notícia e reportar a informação. 
23
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
3 ASPECTOS DO DISCURSO ORAL 
Por muito tempo, as marcas da oralidade eram problemas enfrentados no 
ensino da CO. Havia a crença de que a representação da fala deveria adequar-
se à escrita, uma vez que a supremacia de valores culturais atribuía ênfase ao 
discurso orientado pelos padrões estruturais da língua. A partir da década de 
1980, a visão de dicotomia entre fala e escrita começa a perder espaço para a 
compreensão de que fala e escrita são processos diferentes. 
Os recursos orais são diferentes dos da escrita, por isso, aprender a CO é 
reconhecer que traços da fala, como entonação, agrupamento de sons, elisão 
e aspectos prosódicos têm implicação no ensino da habilidade. Além disso, a 
variação linguística, incluindo pronúncia, dialetos e determinadas construções 
sintáticas são peculiares no discurso oral. Quer dizer, as condições de produção 
da oralidade e da escrita são diferentes, por isso a escrita não pode ser entendida 
como uma representação da fala que, por sua vez, é adquira em situações mais 
naturais e em espaços menos formais. 
As características da oralidade, como a interação simultânea, também 
permitem uma comunicação diferente do da escrita, a qual a falta da presença 
do interlocutor pode gerar difi culdades na comunicação, caso o discurso não seja 
contextualizado.
Neste capítulo, aprenderemos algumas características da oralidade e breves 
aspectos na diferença de vocabulário entre americanos e britânicos. 
FIGURA 4 – CARACTERÍSTICAS DA ORALIDADE
FONTE: <https://www.glassdoor.com.br/blog/como-transformar-
feedbacks-negativos-em-crescimento/>. Acesso em: 18 jan. 2021.
24
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
3.1 CARACTERÍSTICAS DA 
ORALIDADE
As modifi cações lexicais e fonológicas podem correr pelas regras da língua 
ou por diversas outras situações, inclusive por diferenças culturais e o uso da 
língua em situações menos formais. Vejamos um exemplo: Hello, how are you? 
(formal) ou Hey, man! What’s up? (informal). Existem muitas relações envolvidas 
no discurso, idade, escolaridade, contexto, familiaridade entre as pessoas, entre 
outros fatores, que implicam na característica do discurso. Em inglês, algumas 
modifi cações fonológicas podem acontecer por: 
· Assimilação: quando um som infl uencia a pronúncia do 
segmento do som adjacente. Por exemplo, “won´t you” é 
geralmente pronunciado como “wonchoo”.
· Elisão: quando os sons são eliminados. Por exemplo: “next 
day” é usualmente pronunciado “nexday”. 
· Intrusão: quando um novo som é introduzido em outros sons. 
Por exemplo: no inglês britânico, o som /r/ no fi nal da palavra 
“far” não é normalmente pronunciado, mas se a palavra é 
seguida por uma vogal, como em “far away”, então é inserido 
entre as palavras (BUCK, 2001, p. 33, tradução nossa).
De acordo com Buck (2001), a habilidade da compressão oral exigirá que 
o aprendiz saiba lidar com o sotaque, com as características prosódicas, a 
entonação, a velocidade da fala e a estrutura do discurso. Vejamos alguns 
exemplos: a expressão: “beach” /biytsh/ (praia) e “bitch” /bitsch/ (cadela) podem 
ser confundidas em aspectos de pronúncia, mas nunca dentro de um contexto 
comunicativo. 
Você sabia que muitas palavras podem ser confundidas devido 
a sua pronúncia e que é possível entendê-las se estivermos atentos 
ao contexto?
Vejamos: The sheep /shiyp/ is sick.
25
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
The ship /ship/ is broken.
FONTE: <https://suburbanodigital.blogspot.com/2018/02/navio-
desenho-para-imprimir-e-colorir.html>. Acesso em: 25 jan. 2021.
Não fi ca claro quando estamos falando de uma ovelha ou de um 
navio?
As diferenças de signifi cado entre uma língua e outra ocorrem devido: 
a) ao sotaque (marcas regionalistas), b) à regra ortográfi ca (ex.: diferença do 
inglês britânico e americano), c) ao vocabulário (léxico, envolve o contexto) e, 
principalmente, d) aos aspectos culturais (marcados por grupos sociais). 
Além disso, para um aprendiz de língua estrangeira, aparece como 
difi culdade a entonação. A entonação refere-se à tonicidade de uma 
palavra ou sentença, ou seja, o tom da voz de um locutor, sendo ela ora 
mais alta, ora mais baixa. Notamos, por exemplo, que nas sentenças 
interrogativas, que exigem uma resposta mais detalhada, geralmente a 
marcação ocorre no fi nal. Já em sentenças que exigem uma resposta 
curta, a entonação cai no início. Ex. Do you speak English? Ex.: Where 
were you born?
A entonação refere-
se à tonicidade de 
uma palavra ou 
sentença, ou seja, 
o tom da voz de um 
locutor, sendo ela ora 
mais alta, ora mais 
baixa.
26
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
Outros seis fatores podem ocorrer: 
1. emocionais: como entusiasmo e dúvida;
2. gramaticais: como marcadores na formulação de uma 
pergunta;
3. informativo: quando o falante quer marcar um ponto do 
enunciado; 
4. textual: quando marcamos parágrafos para ajudar a manter 
a coerência num discurso; 
5. psicológico: quando encaixamos informações mais 
complexas dentro de estruturas mais simples, por exemplo, 
agrupamento de um número de telefone; 
6. local: quando marca a característica de um determinado 
grupo social (ROST, 2011, p. 34).
Retomando o problema com a entonação: a entonação também recai no 
‘tom’ de um discurso, que pode ser notado explicitamente. Vejamos: 
“a. Jane said, “Is that Mister Fogg?”
b. Jane said, “Is that mist or fog?”
Question: What was Jane talking about?” (GILBERT, 2008, p. 3).
O autor analisa que mesmo as duas frases terem uma única pronúncia, o que 
contribuirá com a construçãodo signifi cado será o padrão do tom que será usado 
pelo locutor, chamado de melodia. Vejamos que o ritmo da fala pode modifi car a 
percepção de uma palavra ou discurso, prejudicando a CO: 
“1. Yest’day I rent’ ‘car. (Yesterday I rented a car.)
2. Where’ ‘book? (Where is the book?)
3. We’ been here’ long time. (We’ve been here a long time” (GILBERT, 2008, 
p. 5).
O exemplo anterior mostra que se o indivíduo não está acostumado com o 
ritmo da fala, pode cometer erros de compreensão. Isso só consegue ser suprido 
quando há familiaridade com as características do discurso oral. Na manifestação 
da fala, muitos padrões de pronúncia impostos pelas regras da gramática 
fonológica não ocorrem, difi cultando a aprendizagem em língua estrangeira. 
Por isso que a exposição da fala em contextos naturais é tão necessária à 
aprendizagem. 
É importante saber que a representação do som pode ser acessada pelo 
Alfabeto Fonético Internacional (AFI), mas nem sempre é o que acontece em 
situações reais. Explicando melhor: geralmente em inglês a letra (a) é pronunciada 
[ei], como exemplo de ‘name’. Isso também ocorre na língua portuguesa, como é 
o caso da palavra ‘queijo’, muitas vezes pronunciada ‘quejo’. [′kej.ʒʊ] conforme 
27
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
a transcrição. Vamos entender melhor: um segmento sonoro tem diferentes 
pronúncias, dependendo, por exemplo, dos sons que lhe são adjacentes na 
cadeia. O segmento [n] do inglês não é foneticamente o mesmo em tenth e em
ten. 
Saiba mais em: https://www.uniasselvi.com.br/extranet/layout/
request/trilha/materiais/livro/livro.php?codigo=22868.
ALENCAR, F. B. de. As regras completas da pronúncia do 
inglês: regras da fonologia inglesa para uso didático. Rio de Janeiro: 
Alta Books, 2019.
Outro problema é com alguns sons que não aparecem, como em /sprint/, 
que muitas vezes não é pronunciado o fonema /t/. Esse exemplo ocorre com 
frequência, o que pode confundir o ouvinte. 
Você sabia que o inglês tem 25 letras e mais de 40 sons? É uma língua 
que precisa de um estudo sobre os aspectos fonológicos. Vejamos outras 
características da língua oral para CO:
28
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
QUADRO 4 – CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM ORAL
Características Exemplos
A linguagem oral contém reformulação de 
tópicos.
The people in this town – they’re not as friendly 
as they used to be.
A fala é marcada por unidades gramaticais 
incompletas, falsos começos, estruturas incom-
pletas/abandonadas.
“I was wondering if... Do you want to go 
together? It’s not that I...I mean, I don’t want to 
imply...”.
Os falantes costumam usar exclusões, 
omitindo elementos gramaticais conhe-
cidos.
“Are you) Coming (to dinner)? (I’ll be there) In a 
minute”.
Os falantes usam as palavras mais frequentes 
do idioma, resultando em uma linguagem mais 
fracamente marcada e geralmente imprecisa.
“the way it’s put together (v. its structure)”.
Os falantes usam muitos preenchimentos, mar-
cadores interativos e expressões evocativas.
“That’s not a good idea. (The topic is that, the 
action referred to earlier, but never explicitly 
mentioned)”.
Os falantes empregam referências exofóricas 
frequentes e contam com gestos e pistas não 
verbais.
“And, well, um, you know, there was, like, a 
bunch of people... And I’m thinking, like, what 
the hell’s that got to do with it?”.
Os falantes usam velocidades variáveis, acen-
tos, recursos paralinguísticos e gestos.
“that guy over there this thing why are you 
wearing that?”.
FONTE: Rost (2011, p. 29)
Nota-se que a oralidade é diferente da escrita, inclusive há outros fatores, por 
exemplo: a fala muitas vezes não é planejada quanto à escrita, a fala não é tão 
dependente nas regras gramaticais quanto à escrita, a fala pode ser fragmentada 
e não completa como deve ser a escrita. Na escrita, predomina a norma padrão, 
cujo componente linguístico precisa de adequação. Já a oralidade pode envolver 
variedades menos controladas, como uma linguagem coloquial. 
A relação da aprendizagem da leitura (reading approach) com a compreensão 
oral (listening approach) tem mostrado que essas habilidades exigem um 
comportamento diferente por parte do aprendiz. Vejamos: na oralidade, nem 
sempre o ouvinte pode retomar o discurso, também precisa enfrentar a velocidade 
da fala e lidar com a falta de previsão do que será dito. Sintetizando, o indivíduo 
precisa discriminar o som, reconhecer a estrutura da palavra, buscar o signifi cado, 
identifi car o propósito do falante, suas ideias e entender informações que muitas 
vezes estão implícitas. 
 
Resta claro para Brown (2007) que a aprendizagem da oralidade pode 
diferenciar da escrita pelas características do discurso oral, que exige uma 
demanda cognitiva maior, principalmente relacionada aos níveis de atenção 
29
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
e à memória. Outros autores também compreendem dessa forma, vejamos 
considerações:
Entre as muitas diferenças na relação do texto falado x 
escrito podemos lembrar a seguinte: a) a fala tende a ser 
plurissistêmica, com fatores organizacionais verbais e não 
verbais, tais como a prosódia e a gestualidade [...]. A fala, 
sobretudo a conversação, envolve uma interação mais direta, 
face a face, no mesmo tempo social, em contextos comuns e 
imediatos, com troca de falantes, pouca fi xidez temática, maior 
espontaneidade, [...] a organização textual da fala exige maior 
frequência de redundâncias, repetições, elipses, anacolutos, 
autocorreções, marcadores elocutórios e elementos 
metacomunicativos (MARCUSCHI, 1998, p. 42-43). 
Para a autora, o fato de a fala acontecer naturalmente e de forma mais 
fragmentada pode exigir maior atenção ao signifi cado, sentido da informação, já 
que ele não poderá retomar o discurso, como pode ocorrer no texto escrito. A 
discussão anterior sugere também que o ouvinte presencie diversas situações 
discursivas e esteja atento às modifi cações do discurso oral. 
Na sequência, trataremos alguns aspectos do inglês britânico e do inglês 
americano como forma de entendermos a infl uência desses discursos no processo 
de ensino. 
3.2 DISCURSO ORAL: O INGLÊS 
BRITÂNICO E O AMERICANO 
No Brasil, muitas escolas que ensinam a língua inglesa recebem a infl uência 
britânica ou americana. No entanto, muitas dessas infl uências podem prejudicar 
a aprendizagem da língua caso o aluno não perceba que há muito mais contato 
com falantes de outras nacionalidades do que com falantes nativos. Você já parou 
para pensar que a comunicação na língua inglesa ocorre muito mais em contextos 
externos à língua nativa? Exemplos: usamos o inglês numa viagem à Europa, 
numa entrevista de emprego no Brasil, em um bate-papo na internet etc. Por isso, 
mesmo que necessitamos conhecer o sistema linguístico, ainda não podemos 
deixar de reconhecer a grande diversidade linguística que não está no âmbito da 
cultura inglesa ou americana. 
Para o estudante de inglês é muito mais importante saber os aspectos 
culturais de uma língua usada em outros territórios do que variação de pronúncia 
ou memorização de vocabulário (britânico ou americano), já que o motivo de uma 
variedade pode ser devido a vários fatores como: idade (jovens usam expressões 
que os mais velhos não usam), localização (o vocabulário do Sul difere ao uso no 
30
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
Norte). Há regiões mais preservadas, predominando um dialeto mais regional, há 
também diferentes grupos sociais (pessoas escolarizadas usam expressões mais 
formais do que grupos com menos escolarização), por exemplo. O importante é 
estar exposto a diversos contextos onde a língua é usada, inclusive fora do país 
do falante nativo. 
Certamente, a língua inglesa vem assumindo uma perspectiva global, ou 
seja, uma língua intercultural que não aceita um modelo ideal ou a noção de 
um único modelo. Exploraremos mais esse assunto no Capítulo 3, no qual será 
aprofundado o conceito do inglêscomo Língua Franca/Língua Internacional. 
Neste momento, dialogaremos com algumas curiosidades que envolvem as duas 
línguas para pensarmos que nada ocorre por acaso. Vejamos a diferença da 
palavra Cinema (inglês britânico) e Movie theather (inglês americano). 
Cinema é uma palavra do ano de 1899, de origem francesa 
Cinéma, que signifi ca “sala de fi lmes”. É a forma reduzida da palavra 
cinématographe. Essa palavra foi criada em 1890 pelos irmãos 
Lumiére, que foram os inventores do cinematógrafo, máquina de 
fi lmar e projetar fi lmes. Cinématographe originou-se da palavra grega 
kinema, que signifi ca “movimento”, que oriunda do verbo kinein, que 
signifi ca “mover”. A palavra foi adotada pelo vocabulário inglês sem 
nenhuma alteração na escrita; houve apenas a supressão do acento 
gráfi co, já que nenhuma palavra na língua inglesa é acentuada 
grafi camente. 
Movie é uma palavra de 1912. É a forma reduzida da palavra 
moving picture, que signifi ca “imagem em movimento”. A palavra 
theater foi registrada, no vocabulário inglês, em 1374, derivada 
do vocábulo theatre, do francês arcaico, que se originou do latin 
theatrum. A palavra sofreu várias alterações semânticas através 
dos tempos. O primeiro signifi cado apresentava o seguinte conceito: 
“lugar ao ar livre para sessão de espetáculos”. Em 1577, seu sentido 
evoluiu para “edifício onde peças teatrais são apresentadas”. Já em 
1668, seu signifi cado alterou-se para “peças, escritos, produção 
ou palco”. A ortografi a da palavra permaneceu com o fi nal “re” na 
região da Bretanha, depois do ano de 1700, mas o inglês americano 
conservou ou reviveu a ortografi a com o fi nal “er” e o seu sentido 
genérico como “lugar de ação”, que é do ano de 1581. A união das 
duas palavras pelos norte-americanos movie + theater deu origem à 
palavra movie theater. 
31
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
FONTE: MARZARI, K. G.; VARGAS, C. J. Diferenças lexicais 
entre o inglês britânico e o inglês americano e suas implicações para 
a língua-alvo. Artes, Letras e Comunicação, Santa Maria, v. 16, n. 
1, p. 75-93, 2015.
Você percebeu o quanto de um conceito pode haver por trás de uma 
palavra? É nesse sentido que nós devemos olhar a língua, valorizando o seu 
conhecimento histórico e cultural para então pensar nos aspectos linguísticos. 
Em compreensão oral, você deve saber que a habilidade envolve muito além 
dos aspectos estruturais da gramática, mas principalmente aspectos cognitivos, 
sociais e socioculturais que estão presentes nas práticas comunicativas. 
Rost (1990) alerta que a busca pelo signifi cado (sentido do texto) envolve 
conhecer as intenções dos falantes, testar hipóteses, fazer inferências, associar 
ideias, entre outros procedimentos, que envolvem uma demanda extraverbal 
de conhecimentos. Esses conhecimentos englobam o contexto da situação 
discursiva:
[...] as membership in a discourse community that shares a 
common social space and history, and common imaginings. 
Even when they have left that community, its members may 
retain, wherever they are, a common system of standards for 
perceiving, believing, evaluating and acting. There standards 
are what is generally called their culture (KRAMSCH, 1998, p. 
10).
Para Kramsch (1998), o indivíduo mesmo fora de seu habitat de origem 
carregará as características de sua comunidade, sejam elas no nível linguístico 
ou cultural. A linguagem é marcada por uma identidade, um valor cultural, uma 
construção social.
Na sequência, por curiosidade, compararemos o léxico do inglês britânico 
e americano, que tem vocabulário e uso signifi cativamente diferente. Existem 
palavras diferentes para o mesmo conceito, ou a mesma palavra tem signifi cados 
diferentes. Mais de mil palavras têm diversos signifi cados ou diferentes usos no 
inglês britânico e americano. Aqui estão algumas palavras com seus signifi cados:
32
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
QUADRO 5 – DIFERENÇAS DE VOCABULÁRIOS
Americano Britânico Tradução
apartment fl at apartamento
candy sweets doce
cookie/cracker biscuit biscoito
french fries chips Batata frita
sidewalk pavement calçada
vacation holiday(s) férias
oven cooker fogão
fall autumn outono
solicitor lawyer profi ssional de justiça
for rent to let Para alugar
rest-room, bathroom (public) toilet
toalete, banheiro (em restau-
rantes, hotéis etc.)
FONTE: <https://www.solinguainglesa.com.br/conteudo/
brit_amer2.php>. Acesso em: 21 jan. 2021.
É importante saber que as diferenças entre as línguas ocorrem por questões 
gramaticais, como o uso de verbos, adjetivos, preposições etc., mas também por 
fatores culturais. Vejamos um exemplo: o inglês britânico prefere o uso de formas 
irregulares do verbo, diferente do americano, que prefere a forma regular. Ex.: the 
house burned (USA); The house burnt (GB). Isso acontece também com verbos 
no particípio quando aparece ‘have’. Vejamos: His tenis has gotten (USA) e his 
tennis has got (GB). Outro exemplo ocorre no uso do sufi xo (ed) para marcar um 
adjetivo (SAFAA, 2015). 
Para fi nalizar, as diferenças de pronúncia também recaem na marcação 
do inglês britânico e americano. Vejamos um exemplo: nem sempre ocorre 
a pronúncia do [r] no inglês britânico, como em ‘car’, mas diante de vogais 
é obrigatório. Já no americano não há essa diferença. No americano, diante 
de vogais, a consoante [t] é pronunciada como [d], o que não ocorre entre os 
britânicos. As diferenças também recaem na preposição: Ex. ‘Stay home’ (US) 
‘stay at home’ (GB) ou ‘on a team’ (USA) ‘in a team’ (GB). 
33
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
1 As características da oralidade podem difi cultar a habilidade da 
CO. Escolha uma das alternativas que justifi que corretamente 
essa afi rmação.
A) ( ) A entonação é um processo que pode expressar uma ironia 
ou surpresa por parte do locutor, mas que não prejudica a 
compreensão da mensagem por parte do ouvinte. 
B) ( ) A oralidade é diferente da escrita porque contém diferentes 
características, como falsos começos, repetições, frases 
incompletas e recursos paralinguísticos, por isso o ouvinte precisa 
prestar atenção no contexto da situação discursiva. 
C) ( ) A diferença mais relevante entre fala e escrita ocorre porque a 
fala é planejada e a oralidade é espontânea. 
2 A compreensão oral envolve alguns tipos de conhecimentos. 
Relacione as colunas corretamente:
A) Conhecimento cognitivo.
B) Conhecimento linguístico.
C) Conhecimento cultural.
( ) A compreensão oral envolve a decodifi cação da palavra.
( ) A compreensão oral envolve reconhecer uma expressão dentro 
de um contexto. 
( ) A compreensão oral envolve a percepção e a atenção do som.
4 BREVE CONTEXTO HISTÓRICO: 
INGLÊS BRITÂNICO/AMERICANO
O surgimento da língua inglesa ocorreu com a invasão dos celtas na Grã-
Bretanha. Esses povos habitaram por muito tempo também outros países, como 
a Inglaterra, a França, a Alemanha e a Espanha, tornando-se importantes grupos 
a colonizar a Europa. Entretanto, não foram somente eles que estiveram por lá, 
os romanos, que invadiram a região e trouxeram características latinas, também 
infl uenciaram a língua. 
34
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
Decorrente de grandes revoluções, as tribos germânicas, a princípio, se 
aliaram aos celtas, logo após foram derrotados e suas infl uências apagadas. 
Nesse contexto, a língua passou a ter traços anglo-saxônicos. A expansão da 
colônia trouxe importantes avanços para o comércio, o que favoreceu o uso do 
inglês tanto para assuntos administrativos como para o comércio em geral. 
É importante destacar que a língua inglesa teve três importantes momentos, 
marcando principalmente as mudanças linguísticas, tanto na forma sintática, 
semântica morfológica ou fonológica. Esses três momentos foram chamados de: 
1) Fase inicial “Old English”. Quando o sistema linguístico foi marcado por 
diferentes dialetos, ou seja, diferentes povos tinham certas identidades 
linguísticasque infl uenciavam a comunicação. Nessa época, o inglês 
não era tratado como língua ofi cial. Com a infl uência da conquista dos 
normandos, o dialeto francês denominado Norman French ganhava 
espaço. Nesse período, a língua inglesa era caracterizada pela 
fl exibilidade de criar novos sentidos às palavras já existentes, surgindo 
também a derivação com o uso de afi xos ou prefi xos. Alguns dialetos 
surgiram: Northumbrian e Mercia na região Norte, West Saxon na região 
Sul e Kentish ao Sudeste. Isso mostrou que sempre houve diferenças 
linguísticas regionais, por isso é impossível sistematizar a língua 
completamente. 
2) Fase do “Middle English”. Por volta do fi nal do século XI, diante da batalha 
de Hastings, com a derrota dos anglo-saxões, predominando a cultura 
franco-normanda no contexto anglo-saxônico. Vejamos como exemplo: 
a palavra ‘house’ – “casa, habitação” (anglo-saxão) e mansion (francês). 
Vejamos considerações:
O período do inglês médio (Middle English) pode ser 
considerado como tendo iniciado com a invasão normanda de 
1066 e a subsequente conquista de toda a Inglaterra. O francês 
normando substituiu o inglês como língua da aristocracia e da 
igreja. Já em fi ns do século XI, o alto clero e a nobreza ingleses 
haviam sido substituídos pelos franceses. No Domesday Book 
(1086), um detalhado registro de propriedades de terras na 
Inglaterra, proposto por Guilherme e executado em seu nome, 
não existe virtualmente nenhum proprietário inglês mencionado 
– os mais altos escalões da sociedade inglesa haviam sido 
eliminados (OLIVEIRA, 2013, p. 2).
Nessa época, houve inúmeros empréstimos do francês normando ao inglês. 
Infl uência essa decorrida da conquista normanda da Inglaterra, colocando Londres 
como sua capital. Assim, o vocabulário do inglês anglo-saxônico permanecia 
35
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
com esses novos dialetos do francês normando. A Inglaterra após a Revolução 
Industrial obteve um processo importante para o desenvolvimento econômico e 
social, colocando o país em destaque na Europa. 
3) Fase do “Modern English”. No século XV e XVI, em decorrência de muitas 
transformações socioeconômicas, a ciência, a cultura e a arte foram 
ganhando representatividade, contribuindo para a riqueza linguística. 
Diante de tal diversidade linguística, foi o momento de tentar uma 
padronização com a introdução de dicionário e regras que descreveriam 
a estrutura linguística. No âmbito da produção do som, houve algumas 
modifi cações: a pronúncia /fi :ne/ (fi ne) passou para /fayn/. Outro exemplo: 
a pronúncia /hu:s/ (house) passou para /haws/. Há vários exemplos de 
mudança na pronúncia, mas o importante nesse estudo é reconhecer 
a diversidade linguística como um processo histórico que não pode ser 
deixado de lado no aprendizado de uma língua estrangeira (SCHÜTZ, 
2020). 
Você sabia que Shakespeare foi um grande escritor a infl uenciar a língua 
inglesa? A readaptação de obras clássicas, o enredo dramático, o vocabulário que 
atraía as pessoas e o comportamento dos personagens traziam da literatura uma 
refl exão para a sociedade. Com certeza, ele foi um grande dramaturgo e poeta 
que infl uenciou o teatro, o cinema e a literatura com obras famosas, como Hamlet 
e Romeu e Julieta. 
FIGURA 5 – SHAKESPEARE
FONTE: <https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Shakespeare>. Acesso em: 17 jun. 2021.
36
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
A língua britânica continuava na tentativa de padronização, mas com a perda 
de hegemonia da Inglaterra para outros países da Europa e o surgimento dos 
Estados Unidos como uma grande potência após a Segunda Guerra Mundial, 
o inglês passa a ser percebido como uma língua internacional. A fl exibilidade 
linguística também motivara o modo de falar dos britânicos, como a redução de 
morfemas gramaticais, omissões de preposição etc. Vejamos um exemplo: the 
car I had bought is cheap em troca de ‘the car that I had bought is cheap’ (nesse 
caso ocorreu a omissão do pronome). Inúmeras ocorrências foram surgindo, 
justifi cadas pelas relações sociais e aspectos culturais. 
Por sua vez, no contexto americano, os primeiros imigrantes europeus que 
infl uenciaram os Estados Unidos foram certamente os ingleses. Eles fundaram 
treze colônias, chamadas de Treze Marias. Logo, foram agrupadas em três 
importantes colônias: 1) Colônia do Norte: Connecticut, Rhode Island, Nova 
Hampshire e Massachusetts; 2) Colônia Central: Nova York, Pensilvânia, Nova 
Jersey e Delaware e 3) Colônia do Sul: Virgínia, Maryland, Carolinas do Sul e do 
Norte e a Geórgia. Entretanto, somente em 1776 ocorreu a independência dos 
Estados Unidos da Inglaterra. Isso foi reconhecido só em 1783 por um acordo 
internacional chamado de Tratado de Paris. 
A república federalista foi o modelo adotado como proposta à liberdade 
do comércio, mas a elite colonial, a qual teve maior infl uência, acabava não 
aceitando os valores da metrópole. Nesse período, o dialeto norte-americano já 
tinha maior representatividade do que o vocabulário do inglês britânico. A partir da 
Segunda Guerra Mundial, com a infl uência econômica e cultural dos americanos, 
caracterizava-se o poder linguístico da língua e sua expansão pelo mundo. 
A infl uência política e cultural dos Estados Unidos ocorreu após a guerra, 
período em que grandes empresas americanas começavam a se expandir 
pela Europa. A expansão do inglês americano cresce ao longo da história, 
infl uenciando a música, a moda, o cinema, a tecnologia, entre outros, inclusive o 
Brasil no vocabulário. Nós utilizamos palavras do inglês, principalmente no âmbito 
tecnológico. 
Você sabia que a língua inglesa é infl uenciada por 29% da língua francesa, 
29% da língua latina, 26% da língua germânica e 16% de outras infl uências? Isso 
mostra a semelhança entre as línguas, podendo contribuir com o aprendizado. 
Vamos pensar um pouco: o que faz uma língua ser mundial? Retornaremos 
ao século XIX, quando houve o crescimento do poder econômico nos Estados 
Unidos: o poder econômico, cultural e tecnológico tiveram infl uência nesse 
processo. 
37
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
4.1 AS INFLUÊNCIAS CULTURAIS DO 
INGLÊS NO CONTEXTO BRASILEIRO
O termo cultura envolve uma complexa relação com as crenças, os valores 
e os aspectos que entrelaçam a construção de uma identidade nacional. É nesse 
sentido que compreendemos que a língua não existe sem a cultura. Então, qual 
é a relação da língua com a cultura? Para Kramsch (1993), a linguagem não é 
um agrupamento de formas linguísticas aplicadas a uma determinada realidade, 
mas sim a construção de signifi cados construídos ao longo do tempo, em que os 
signifi cados vão ganhando sentido à medida que a sociedade age por meio dela. 
Com a expansão territorial e a globalização, as culturas americana e britânica 
ganharam maior representatividade para o modelo de ensino de inglês no Brasil. 
Isso representou um olhar hegemônico para o tratamento da língua. Explicando 
melhor: quando aprendemos inglês, muitas vezes temos a ideia de que precisamos 
falar como um falante nativo, nos comportando como um nativo, incorporando 
características dessa língua e, consequentemente, afetando a nossa identidade. 
Vejamos um exemplo: muitos cursos de idioma adotam um material britânico, 
outros o americano, mostrando estereótipos culturais que acabam desvalorizando 
a nossa cultura local, o nosso modo brasileiro de falar inglês, de compreender 
a nossa realidade. A padronização da norma também pode ocultar a realidade 
linguística e enfatizar uma crença de que há um ideal linguístico que deve ser 
alcançado pelo aprendiz (HOLLIDAY, 2005). Nesse sentido, surgiram certas 
ideologias capazes de legitimar a expansão de uma determinada língua (aquela 
pertencente ao falante nativo). 
Nesse processo, surgiu o termo ‘linguicismo’, marcado para expressar a 
imposição da regra e valores culturais advindos dessa língua, aparentemente 
idealizada. Otermo linguicismo refere-se às normas linguísticas e culturais 
impostas pelos países da língua nativa, atribuindo um certo status dessas línguas 
na sociedade. Vejamos outras considerações:
As relações de comunicação linguísticas são relações de força 
simbólica (já que a língua é um bem simbólico), ou relações de 
força linguística; elas é que explicam por que determinados 
falantes exercem poder e domínio sobre outros, na 
interação verbal, determinados produtos linguísticos recebem 
mais valor que outros. Assim, as relações de força simbólicas 
e presentes na comunicação linguística defi nem quem 
e como; atribuem valor e poder à linguagem de uns e 
desprestígio à linguagem de outros (OLIVEIRA, 1999, p. 56, 
grifos nossos). 
38
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
Nessa perspectiva, as infl uências culturais de países hegemônicos 
acabam colocando o inglês num status de supremacia, ou seja, intrinsecamente 
ligado ao poder militar, econômico e cultural de um país (CRYSTAL, 2005). 
Por isso é importante refl etirmos o quanto que o período histórico refl ete na 
representatividade de uma língua. 
A difusão da língua se fortifi cou no início do século XIX quando 
a Inglaterra era a maior potência econômica e industrial, e no 
século XX quando os Estados Unidos se tornaram o país com 
a economia que mais crescia no mundo. Logo, enquanto no 
século XIX o imperialismo político britânico era o responsável 
por disseminar a língua inglesa pelos continentes, durante o 
século XX, esta presença mundial era mantida e promovida 
quase que unicamente através da supremacia econômica da 
nova superpotência americana (HAUS, 2018, p. 18).
A globalização capitalista manteve forte decisão na divulgação dessas 
culturas por trás de um discurso hegemônico. É preciso ter em mente que a 
profi ciência linguística de uma língua estrangeira não capacita o indivíduo para 
agir criticamente com ela, por isso é necessária a construção refl exiva das 
diferentes realidades para melhor compreender a cultura do outro. 
Para Santos (2006, p. 15), “a diversidade das culturas existentes acompanha 
a variedade da história humana, expressa possibilidades de vida social organizada 
e registra graus e formas diferentes de domínio humano sobre a natureza”. Por 
esse motivo, ele defende que:
As culturas e sociedades humanas se relacionam de modo 
desigual. As relações internacionais registram desigualdades 
de poder em todos os sentidos, os quais hierarquizam de fato 
os povos e as nações. Este é um fato evidente da história 
contemporânea e não há como refl etir sobre cultura ignorando 
essas desigualdades. É necessário reconhecê-las e buscar 
sua superação (SANTOS, 2006, p. 17-18).
Para o autor, não há a relação de superioridade entre as diferentes culturas, 
mas conhecer o processo histórico pode contribuir para o enfrentamento de 
julgamentos de valor. Um exemplo disso é o cinema americano, que acaba 
infl uenciando num estilo de vida, num modelo de moda ou até de um certo 
comportamento social, mas isso pode marcar negativamente o cinema brasileiro. 
Tudo vai depender da formação do indivíduo para lidar com os discursos 
dominantes da sociedade. 
Notamos que, no Brasil, algumas infl uências ocorrem na comida fast food, 
nos festivais, como Halloween, Sant Patrick Day, na música, como no Rock, entre 
muitos outros, sem haver prejuízo para a nossa cultura. Entretanto, em contexto 
39
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
de aprendizagem, ocorrem algumas ideologias linguísticas, como ‘pronúncia 
correta’, ‘o inglês britânico é melhor’, ‘a cultura americana é mais evoluída’ etc., 
criando certos olhares preconceituosos em relação a outros países, inclusive o 
Brasil. É preciso cuidar com esses discursos para não afetar a nossa identidade. 
Por sua vez, algumas infl uências ocorrem no vocabulário, chamadas por 
alguns linguistas de estrangeirismo. Esse termo, segundo Bechara (2009), 
são construções linguísticas realizadas pelos empréstimos lexicais de línguas 
estrangeiras. Vejamos: sale (liquidação), delivery (entrega) e off (desconto). É 
um processo de empréstimo da língua inglesa, formando uma heterogeneidade 
linguística. Isso ocorre porque a globalização aproximou as línguas, colocando o 
inglês como uma língua global. 
 É importante destacar que quando uma palavra nova entra no vocabulário, 
nem sempre terá uma explicação semântica com base etimológica, mas com o 
momento onde ela acontece, “tem a ver com a coisa ou o fato que ela designa, 
com o mundo de referências ao qual ela remete” (FARACO, 2001, p. 73). 
Para fi nalizar, destacamos que na atualidade o aprendizado da língua inglesa 
deve estar a favor de alcançar inteligibilidade discursiva, ou seja, garantir uma 
comunicação fl uída sem estar engessada por motivos de padronização linguística. 
Para isso é importante desenvolver um conhecimento intercultural que possa 
interpretar os vários contextos onde o inglês é usado, sem deixar a sensibilidade 
crítica. É importante pensar a CO como uma habilidade que exigirá em menor 
grau os conhecimentos linguísticos, porque as interpretações dependerão mais 
do conhecimento intercultural que atravessa a linguagem. 
4.2 O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA 
NO BRASIL
A língua inglesa como disciplina obrigatória no Brasil ocorreu no início do 
século XVIII. Na época, um decreto de D. João VI (Príncipe Regente de Portugal) 
determinou o ensino da língua inglesa e francesa por motivos comerciais. A 
Inglaterra teve forte infl uência no comércio, o que exigiu o conhecimento da língua 
inglesa pelos brasileiros. Vejamos um trecho do decreto: 
Sendo, outrossim, tão geral e notoriamente conhecida a 
necessidade de utilizar das línguas francesa e inglesa, como 
aquelas que entre as vivas têm mais distinto lugar, e é de muita 
utilidade ao estado, para aumento e prosperidade da instrução 
pública, que se crie na Corte uma cadeira de língua francesa e 
outra de inglesa (OLIVEIRA, 1999, p. 26).
40
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
FIGURA 6 – VINDA DA FAMÍLIA REAL PARA O BRASIL
FONTE: <https://www.todamateria.com.br/dom-joao-vi/>. Acesso em: 17 jun. 2021.
Os trabalhadores precisavam do idioma para o mercado de trabalho, o que 
gerou algumas manifestações a favor do sentimento nacionalista. Entretanto, 
vendo a necessidade de incorporar o aprendizado da língua inglesa nos currículos 
de ensino, no século seguinte, houve a Reforma de Francisco Campos (1931), 
modernizando o sistema de ensino secundário com a implementação de aumento 
do “número de anos do curso secundário e sua divisão em dois ciclos, a seriação 
do currículo, a frequência obrigatória dos alunos às aulas, a imposição de um 
detalhado e regular sistema de avaliação discente e a reestruturação do sistema 
de inspeção federal” (DALLABRIDA, 2009, p. 185). 
Essa reforma exigiu a obrigatoriedade do ensino das línguas estrangeiras, 
como o inglês, o francês, o alemão e também o latim, explorando um método 
(Método Direto) que valorizava aspectos estruturais da língua.
A abordagem Direta (AD) é quase tão antiga quanto a AGT 
(Abordagem Gramatical). Surgiu como uma reação a esta e 
evidências de seu uso datam do início do século XVI. O caso de 
Montaigne, o famoso ensaísta francês, que já na década de 1530 
aprendeu latim pelo método direto, é citado pelos defensores da AD 
como um exemplo de seu sucesso. [...] O princípio fundamental da 
AD é de que a L2 se aprende através da L2; a língua materna nunca 
deve ser usada na sala de aula. A transmissão do signifi cado dá-se 
41
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
através de gestos e gravuras, sem jamais recorrer à tradução. O aluno 
deve aprender a “pensar na língua”. A ênfase está na língua oral, 
mas a escrita pode ser introduzida já nas primeiras aulas. O uso de 
diálogos situacionais (exemplo: “no banco”, “fazendo compras” etc.) 
e pequenos trechos de leitura são o ponto de partida para exercícios 
orais (compreensão auditiva, conversação“livre”, pronúncia) a 
exercícios escritos (preferencialmente respostas a questionários). 
A integração das quatro habilidades (na sequência de ouvir, 
falar, ler e escrever) é usada pela primeira vez no ensino de línguas. 
A gramática e mesmo os aspectos culturais da L2 são ensinados 
indutivamente. O aluno é primeiro exposto aos “fatos” da língua 
para mais tarde chegar a sua sistematização. O exercício oral deve 
preceder o exercício escrito. A técnica da repetição é usada para o 
aprendizado automático da língua. O uso de diálogos sobre assuntos 
da vida diária tem por objetivo tornar viva a língua usada na sala de 
aula. 
FONTE: LEFFA, V. J. Metodologia do ensino de línguas. In: BOHN, 
H. I.; VANDRESEN, P. Tópicos em linguística aplicada: o ensino de 
línguas estrangeiras. Florianópolis: UFSC, 1988. p. 211-236.
Por sua vez, foi em 1942, com outro documento chamado Reforma do 
Capanema (segunda reforma da Era Vargas), que houve um aumento signifi cativo 
de horas destinadas ao ensino das línguas estrangeiras, priorizando o ensino 
de quatro habilidades (leitura, compreensão oral, produção oral e escrita). Essa 
reforma preocupava-se com questões metodológicas de ensino ancoradas ainda 
no método direto, mas com a preocupação também de aspectos refl exivos da 
cultura estrangeira. 
O problema é que embora houvesse uma preocupação metodológica 
de ensino, nas salas de aula prevalecia a abordagem da leitura, difi cultando a 
aprendizagem de outras habilidades. Além disso, o sentimento nacionalista 
continuava incomodando os docentes, que entendiam esse decreto como um 
documento que enaltecia a língua estrangeira, desvalorizando a identidade 
nacional. É importante lembrar que esse período favorecia um aprendizado que 
valorizava a cultura clássica e deixava de lado a cultura popular. 
Somente após a Quarta República (1945-1964) é que se pode pensar numa 
educação mais democrática, principalmente com a vinda da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação (LDB), publicada em 1961. Para a língua inglesa, essa lei não 
trouxe tantas mudanças, mas após 10 anos, com a LDB de 1971, a carga horária 
42
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
de ensino da língua estrangeira foi reduzida, dando lugar ao ensino profi ssional. 
A redução de um ano na escolaridade da educação básica para dar lugar 
à educação profi ssional colocava a jornada destinada ao ensino de inglês de 
apenas uma hora por semana, prejudicando o aprimoramento da língua. Por fi m, 
na LBD de 1996, o ensino de primeiro e segundo grau foi substituído pelo Ensino 
Fundamental e Médio, atribuindo à escola a escolha da língua a ser ensinada 
(LEFFA, 1999). 
No Capítulo 2, você encontrará as diferentes abordagens de ensino de 
língua estrangeira após o método direto. É importante o conhecimento dessas 
abordagens para pensar como o inglês vem sendo manipulado nos contextos de 
ensino e, assim, pensar a sua representatividade. 
Para fi nalizar nossa compreensão sobre o percurso do sistema de ensino 
no Brasil, outro importante documento veio com a publicação dos Parâmetros 
Curriculares Nacionais (PCNs), cujo objetivo é baseado na diversidade cultural 
e linguística que abrange as diferenças sociais. Nessa proposta, as disciplinas 
se unem para desenvolver um conhecimento compartilhado, envolvendo uma 
abordagem transdisciplinar (ver Capítulo 2), que possa conduzir o indivíduo a 
um processo contínuo de aprendizagem. 
Essa abordagem leva em conta olhar para o objeto de estudo e encontrar 
um diálogo com as diferentes disciplinas (área de conhecimento). No caso da 
língua inglesa, o indivíduo pode aprender a língua junto da história do país, dos 
aspectos culturais, da formação geográfi ca, entre outros conhecimentos que 
agregam ao objeto a ser investigado. Vejamos algumas considerações, segundo 
as orientações de ensino:
Duas questões teóricas ancoram os parâmetros de Língua 
Estrangeira: uma visão sociointeracional da linguagem e da 
aprendizagem. O enfoque sociointeracional da linguagem 
indica que, ao se engajarem no discurso, as pessoas 
consideram aqueles a quem se dirigem ou quem se dirigiu a 
elas na construção social do signifi cado. É determinante nesse 
processo o posicionamento das pessoas na instituição, na 
cultura e na história. Para que essa natureza sociointeracional 
seja possível, o aprendiz utiliza conhecimentos sistêmicos, de 
mundo e sobre a organização textual, além de ter de aprender 
como usá-los na construção social do signifi cado via Língua 
Estrangeira. A consciência desses conhecimentos e a de seus 
usos são essenciais na aprendizagem, posto que focaliza 
aspectos metacognitivos e desenvolve a consciência crítica 
do aprendiz no que se refere a como a linguagem é usada 
no mundo social, como refl exo de crenças, valores e projetos 
políticos (BRASIL, 1998, p. 15).
43
A NATUREZA DA COMPREENSÃO ORAL Capítulo 1 
Notam-se alguns objetivos para o ensino de inglês, como o conhecimento 
histórico e cultural como forma de socialização entre os indivíduos, valorizando a 
refl exão do aluno sobre o processo de aprendizagem.
Você deve estar se questionando: será que com a vinda desse documento 
houve melhora na educação de língua estrangeira? Para refl exionarmos essa 
questão, é preciso pensar sobre o que entendemos por língua e o conceito de 
aprendizagem, pensar sobre o poder da língua inglesa na nossa sociedade e 
promover espaços de refl exão. Em resumo, a aprendizagem de uma segunda 
língua envolve técnicas de aprendizagem, refl exão sobre questões culturais, 
identidade linguística, política e econômica. Essas questões serão abordadas no 
próximo capítulo. 
1 Leia o trecho do texto a seguir e assinale a alternativa que 
corresponda com a ideia defendida pelo autor:
 Cultural information should be presented in a nonjudgmental 
fashion, in a way that does not place value or judgment on 
distinctions between the students’ native culture and the culture 
explored in the classroom. Kramsch (1993) describes the “third 
culture” of the language classroom – a neutral space that learners 
can create and use to explore and refl ect on their own and the 
target culture and language. Some teachers and researchers have 
found it effective to present students with objects or ideas that are 
specifi c to the culture of study but are unfamiliar to the students. 
The students are given clues or background information about the 
objects and ideas so that they can incorporate the new information 
into their own worldview. An example might be a cooking utensil. 
Students would be told that the object is somehow used for 
cooking, then they would either researcher be informed about how 
the utensil is used. This could lead into related discussion about 
foods eaten in the target culture, the geography, growing seasons, 
and so forth. The students act as anthropologists, exploring and 
understanding the target culture in relation to their own. In this 
manner, students achieve a level of empathy, appreciating that 
the way people do things in their culture has its own coherence.
FONTE: <http://media.startalk.umd.edu/workshops/2009/SeattlePS/sites/
default/fi les/fi les/CAL_%20Digests_%20Culture%20in%20Second%20
Language%20Teaching.pdf>. Acesso em: 25 jan. 2021. 
44
 ComPrEENSÃo OrAL Em LÍNGuA INGLESA
A) ( ) O autor preocupa-se com as relações culturais que envolvem 
o ensino da língua estrangeira e propõe que o professor discuta 
esses valores como forma de tentar fazer um comparativo da 
cultura da língua materna com a cultura da língua estrangeira.
B) ( ) O autor defende que a pesquisa é uma alternativa para 
entender os valores culturais da língua-alvo como forma também 
de refl etir sobre a própria língua materna. 
C) ( ) Para o autor, o ensino da cultura é um pré-requisito para 
aprender uma língua estrangeira. 
2 Assinale V para verdadeiro e F para falso:
 Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) em língua 
estrangeira defendem a língua numa visão sociointeracionista

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