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RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO Kelviane Gomes Martins¹ Renaud Ponte Aguiar² 1 Discente do Curso de Direito - Faculdade Luciano Feijão 2 Docente do Curso de Direito – Faculdade Luciano Feijão RESUMO: O presente trabalho apresenta considerações e trata os principais aspectos da responsabilidade extracontratual do Estado. Quando a responsabilidade não deriva de um contrato, diz-se que ela é extracontratual. Nessa responsabilidade extracontratual o agente infringe um dever legal, não havendo vínculo jurídico entre o causador do dano e a vítima, quando ocorre a prática do ato ilícito. Sendo assim, uma responsabilidade civil extracontratual por ser fora de uma relação jurídica de um contrato. Não existe contrato particular do Estado nessa situação. O particular que sofre um dano em razão de uma conduta do Estado e mesmo não havendo nenhum tipo de vínculo contratual entre o particular e a administração, o Estado deve responder pelo dano, tendo que indenizar aquele particular. Conforme Maria Sylvia Zanella Di Pietro, não se pode falar em responsabilidade da Administração Pública, tendo em vista que esta não tem personalidade jurídica; a capacidade é do Estado e das pessoas jurídicas públicas ou privadas que o representam no exercício de parcela de atribuições estatais. Sendo esta responsabilidade sempre civil. Identifiquei quatro teorias de responsabilidade civil do Estado. A primeira sendo a teoria do risco administrativo e essa aparenta ser adotada na maioria das situações. Conforme estabelece o parágrafo 6º do art. 37 da Constituição Federal, as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado que prestam serviços públicos respondem pelos danos que seus agentes causarem a terceiros. Quem responde objetivamente é quem está prestando serviços públicos. O Estado responde por todos os danos que seus que agentes causarem a terceiros. Fundamenta-se o princípio da igualdade dos ônus e encargos sociais, ou seja, os benefícios e prejuízos devem ser repartidos igualmente entre os membros da sociedade. O particular tem que demonstrar que sofreu aquele dano em razão de uma conduta de um agente do Estado ou dessas instituições que prestam serviços públicos, e que existe um nexo de causalidade, sendo a conduta do agente responsável por aquele dano. Para receber uma indenização devida o particular não precisa comprovar se o agente agiu com dolo ou culpa, pois isso não é levado em consideração já que os elementos subjetivos não são essenciais nesse caso. Haja vista que a atividade administrativa é de risco, o Estado quando assumiu, também assumiu o risco de reparar danos inerentes aquela prestação de atividades. Qualquer dano que decorra da atuação de um agente público no exercício da função pública, o Estado e pessoas jurídicas que estão prestando os serviços públicos devem assumir, indenizar e reparar o dano causado objetivamente. Já na teoria do risco integral, o Estado na maioria das situações atua como um verdadeiro garantidor universal, mesmo que não tenha nenhuma conduta do agente público, o mesmo indeniza o particular. Ele entra reparando o dano sofrido pelo particular em algumas situações. Alguns exemplos são: dano decorrente atentados terroristas e crime ocorrido em aeronave que esteja sobrevoando o território brasileiro, dano ambiental e dano nuclear. Nesses casos o Estado repara o particular independentemente das atuações de qualquer agente público. A terceira teoria fala dos danos que o particular sofre em razão de uma omissão do Estado. Neste caso o agente público não atuou mas tinha o dever legal de realizar uma conduta de ajudar o particular em determinada situação, não havendo assim o cumprimento de um dever legal. Nessa teoria, como as demais, também cabe indenização do Estado porque existe omissão e enseja uma responsabilidade que têm natureza subjetiva e nesse caso a culpa é da má prestação do serviço. A quarta teoria responde a questão do risco criado, pois em algumas situações o Estado tem sob a sua custódia o cuidado de pessoas e bens. Vale ressaltar que neste caso o Estado cria uma situação de risco, pois ele coloca sob o seus cuidados o dever de cuidar de pessoas e bens. Ainda que não tenha conduta do agente público em razão daquela situação de risco o Estado responde objetivamente pelos danos causados aquela pessoa ou bem, cabendo indenização e responsabilidade objetiva em razão da teoria do risco criado. Quando o direito aborda responsabilidade, logo existe o entendimento de que alguém, responda em razão de um fato precedente a uma relação jurídica. Existe três elementos efetivos para a caracterização da responsabilidade, sendo: a conduta lícita ou ilícita, o dano e o nexo de causalidade. Esses elementos são ligados ao conceito de responsabilidade civil, e conclui-se que deve haver uma reparação do dano causado por uma pessoa à outra, havendo a possibilidade de retornar ao estado. Neste sentido, a professora Maria Helena Diniz (2015, p. 50) diz que “a responsabilidade civil é a aplicação de medidas que obriguem uma pessoa a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros, em razão de ato por ela mesma praticado, por pessoa por quem ela responde, por alguma coisa a ela pertencente ou de simples imposição legal”. A https://jus.com.br/tudo/dano-moral responsabilidade extracontratual refere-se a várias atividades do poder público sem marca contratual, sendo uma prática ilícita, por parte do Estado ou de seus agentes públicos, ante a um particular, também com a obrigatoriedade de indenizar, restituir ou recompor, conforme o caso concreto. Destaco o entendimento da doutrinadora Maria Sylvia Di Pietro, que, aborda o assunto com muita propriedade e traz seu comentário a respeito do assunto: “Trate-se de dano resultante de comportamentos do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário, a responsabilidade é do Estado, pessoa jurídica; por isso é errado falar em responsabilidade da Administração Pública, já que esta não tem personalidade jurídica, não é titular de direitos e obrigações na ordem civil. A capacidade é do Estado e das pessoas jurídicas públicas ou privadas que o representam no exercício de parcela de atribuições estatais. E a responsabilidade é sempre civil, ou seja, de ordem pecuniária.” (DI PIETRO, 2016, p. 788). Sendo responsabilidade extracontratual do Estado o dever do poder público ou de quem faz o papel de servidor público, de indenizar os danos causados a terceiros, em virtude do comportamento de seus agentes, sendo este comportamento de ação ou uma omissão. Assim, o dever de indenizar pode surgir tanto de um ato material ou jurídico, como de um ato lícito ou ilícito. Para complementar este breve resumo, trago os entendimentos doutrinários sobre o tema em comento, como da professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2016, p. 790), que nos diz que “a responsabilidade extracontratual do Estado corresponde à obrigação de reparar danos causados a terceiros em decorrência de comportamentos comissivos ou omissivos, materiais ou jurídicos, lícitos ou ilícitos, imputáveis aos agentes públicos”. Concluo este resumo entendendo que a responsabilidade extracontratual do Estado é uma responsabilidade objetiva do Estado. A vítima para conseguir uma indenização não precisa se preocupar com dolo ou culpa por parte do agente público. Palavras-chave: Responsabilidade. Estado. Extracontratual. Referências Bibliográficas DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro, 7 vol. 29 ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2015. DI PIETRO. Maria Sylvio Zanella. Direito Administrativo. 29 ed. São Paulo, SP: Editora Atlas, 2016.