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(1) (2) (3) Simone Gonçalves de Assis Renata Pires Pesce Joviana Quintes Avanci Kathie Njaine PESQUISADORES Simone G. Assis (coordenação) Renata Pires Pesce Joviana Quintes Avanci Kathie Njaine Liana Furtado Ximenes Luciene Patrícia Câmara Lucimar Câmara Marriel Gabriela Franco Dias Lyra APOIO TÉCNICO Marcelo da Cunha Pereira Marcelo Silva da Motta Jerônimo Rufino dos Santos Júnior ISBN: 85-88026-29-5 Este texto é fruto de uma pesquisa financiada pelo Programa de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação em Saúde Pública – PDTSP-SUS, da Fundação Oswaldo Cruz. É continuidade de um trabalho sobre resiliência desenvolvido pelo Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli em conjunto com o Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF. Também contou com bolsistas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico/CNPq; do Programa PIBIC do CNPq/Fiocruz; e do Programa de Técnicos/ Tecnologistas (Tec-Tec) - Convênio FIOCRUZ-FAPERJ. Capa, projeto gráfico e editoração: Carlota Rios; Ilustração: Marcelo Tibúrcio; Revisão: Mara Lúcia Pires Pesce; Fotos: Gutemberg Brito Ficha catalográfica 305.23 A848e Assis, Simone Gonçalves de Por que é importante ajudar os filhos a “dar a volta” por cima?: conversando com pais de crianças e adolescentes sobre as dificuldades da vida/ Simone Gonçalves de Assis; Renata Pires Pesce; Joviana Quintes Avanci; Kathie Njaine. — Rio de Janeiro: FIOCRUZ/ENSP/CLAVES/CNPq, 2006. 44 p. 1. Criança. 2. Adolescente. 3.Resiliência. 4.Promoção da saúde. 5.Família. I.Fundação Oswaldo Cruz. II. Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde “Jorge Careli”. III.Fundo das Nações Unidas para a Infância. IV. Pesce, Renata. V.Avanci, Joviana Q. VI. Njaine, Kathie. AGRADECIMENTOS Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias-RJ Secretaria Municipal de Saúde de São Gonçalo/RJ. Pais e mães que participaram dos grupos focais que deram origem ao livro. Secretaria Municipal de Educação de São Gonçalo/RJ. SUMÁRIO Apresentação 5 Capítulo 1: DÁ PRA SUPERAR OS PROBLEMAS? 9 Capítulo 2: COMO A VIDA FICA DIFÍCIL, QUANDO APARECEM OS PROBLEMAS 11 Capítulo 3: PROBLEMAS QUE MAIS AFETAM A VIDA DOS FILHOS E DA FAMÍLIA 17 Capítulo 4: PROTEGENDO OS FILHOS ENSINAMOS A SUPERAR PROBLEMAS 31 Capítulo 5: BUSCANDO AJUDA PARA A FAMÍLIA E OS FILHOS 41 PRA DAR UMA FORÇA NAS HORAS DIFÍCEIS 43 (6) (7) Este livro foi feito a partir de conversas com mães, pais e outros responsáveis por crianças e adolescentes que procuravam vários tipos de ajuda para seus filhos nos serviços públicos de saúde de Duque de Caxias e São Gonçalo, no Estado do Rio de Janeiro, em 2005. Queríamos entender como os pais se sentiam em relação aos problemas que eles e seus filhos estavam enfrentando naquele momento. E também saber como buscavam forças para enfrentar e superar as dificuldades que viviam. APRESENTAÇÃO Vamos falar sobre a capacidade que temos de nos reequilibrar quando enfrentamos dificuldades na vida. Isso é resiliência! Essa capacidade de “dar a volta por cima” nos problemas é também chamada de resiliência. Em 2004 procuramos ouvir também as opiniões de adolescentes de escolas públicas e particulares de São Gonçalo que nos falaram sobre como faziam para superar seus problemas. Foram quase 2000 adolescentes entrevistados. Nesse livro, queremos falar com a família sobre a importância de perceber que todos nós temos capacidade para (8) superar as dificuldades da vida. E que, quanto mais cada um conseguir encarar e enfrentar os problemas, mais capacidade terá de ajudar crianças e adolescentes que estão sob nossa responsabilidade a também superarem suas dificuldades. De fato, a gente tem grande capacidade de aprender a vencer as dificuldades na infância e na adolescência. Este é o principal foco da nossa conversa. Queremos falar com vocês – mãe, pai, avô, avó, tios ou outros adultos, sobre a importância de apoiar as pessoas durante os problemas. Assim construímos adultos mais fortes e mais capazes também de educar seus filhos. Sabemos o quanto é difícil criar um filho. Nem sempre é possível educar da maneira que sonhamos e que pensamos ser a melhor. Muitas vezes as dificuldades financeiras impedem de colocar a criança em uma boa escola, de conseguir bom atendimento em serviços de saúde e até de alimentar os filhos bem. Às vezes também não nos relacionamos com os filhos da maneira que gostaríamos ou que sonhamos. Algumas conversas sobre uso de drogas, comportamento sexual e violência costumam ser difíceis e nem sempre conseguimos ser sinceros e abertos o suficiente. Então, como orientar os filhos? Esse é um motivo de angústia para muitos pais e responsáveis, que costumam se sentir inseguros sobre o melhor caminho a seguir. Sabemos que nenhum de nós é perfeito e que ninguém é super-homem ou super-mulher. Em casa, todos nós temos momentos em que não conseguimos agir como deveríamos. Nesses instantes, o mais importante é tentar se acalmar, pensar um pouco e depois, se possível, procurar conversar sobre o assunto buscando uma saída melhor. Negociar com os filhos é importante, desde que tenhamos firmeza para sustentar nossas opiniões. É bom lembrar que a gente pode aprender muito com os erros que comete! (9) Queremos refletir com vocês sobre como crianças e adolescentes podem aprender a viver com as cicatrizes deixadas pelos problemas que viveram, levando a vida com mais leveza e satisfação. A família toda é muito importante porque é um exemplo para as crianças e adolescentes aprenderem a ser mais fortes e seguras. Este livro é uma primeira busca para esse nosso diálogo. Esperamos que ele possa apoiar você e sua família. (10) (11) 1 Minha mãe morreu quando eu entrava na adolescência. Ela teve um AVC de repente e, sem mais nem menos, ficamos sozinhos, meu pai, eu e Pedro, meu irmão, ainda uma criança. Foi um tempo difícil pra gente. Eu tentei ajudar meu irmão, mas logo depois, uns dois ou três anos, meu pai também faleceu. Ficou muito complicado com meu irmão, que tinha ficado muito apegado a meu pai. Com a ajuda de parentes, fomos crescendo e eu sempre olhando meu irmão. Mas não deu pra segurar muito ele não. Ele se soltou de vez da gente. Tá impossível, muito agressivo, se metendo em confusão toda hora. Eu não tava agüentando mais ele, aí pedi auxílio pro Conselho Tutelar perto da minha casa. Aí, eles me encaminharam pra este serviço aqui. Ele agora está fazendo tratamento. Foi aqui, que acabamos chegando à conclusão que ele era muito apegado a meu pai e meu pai faleceu. Ele teve duas perdas muito cedo... Percebemos que ele precisava de ajuda pra além da que eu consigo dar. Acho que eu tive mais sorte do que ele. Tive o carinho do meu pai e da minha mãe por mais tempo. Quando minha mãe ficou doente, ela ficou impossibilitada de dar atenção pro meu irmão, do modo como fazia antes. E ele tinha só uns 2-3 anos. Com meu DÁ PRA SUPERAR OS PROBLEMAS? (12) pai também, meu irmão ficou muito pouco tempo próximo dele. Conforme ele foi crescendo, foi perdendo. Tá sendo muito difícil pra ele superar tanta coisa. Pra mim tem sido mais fácil. (Marta, jovem mãe, acompanhando seu irmão ao Posto de Saúde) Marta aprendeu a “dar a volta” por cima, a se tornar mais forte emocionalmente e a superar as situações difíceis que vive. Ela nos mostra com clareza a força interior que todos nós temos para seguir em frente, apesar dos problemas que a vida nos coloca. Superar dificuldades – ou ser resiliente – significa encontrar uma forma construtiva de reorganizar a vida após um problema. Mas, nem todos têm a mesma habilidade de Marta. Seu irmão Pedro é um exemplo de pessoa com mais dificuldades para continuar se desenvolvendo bem após passar por problemas. Sabemos que não é possível apagar as cicatrizes deixadas pelas tristezas e dores que enfrentamos. Elas sempre deixam marcas, mais ou menos profundas. Mas,os traumas podem ser encarados como desafios, que motivam a melhorar e a seguir em frente, como fez Marta; ou então como um destino do qual não se pode fugir, como começa a fazer Pedro, mesmo ainda tão novo. Neste livro, falaremos várias vezes sobre a importância de construirmos caminhos construtivos, apesar das dificuldades, lembrando que pais, familiares, vizinhos, escola e comunidade podem ajudar muito nesta tarefa. (13) COMO A VIDA FICA DIFÍCIL, QUANDO APARECEM OS PROBLEMAS Todos os pais e adolescentes que conversamos tinham passado por vários tipos de problemas em suas vidas. Adolescentes de escolas públicas e particulares, mães e pais mais pobres ou mais ricos, com mais ou menos anos de estudo, todos passaram por traumas que deixaram algumas cicatrizes. 2 Desemprego, pobreza, problemas devidos ao alcoolismo e drogas, doenças e internações de familiares são alguns dos problemas comentados. Muitas famílias também vêm enfrentando conflitos como separações dos pais e desestruturação familiar. Situações de violências na família, prisão de pessoas amadas, morte de algum dos pais ou de outros queridos são alguns dos problemas difíceis de serem enfrentados. Além desses, os sentimentos de rejeição e abandono que os filhos podem sofrer em relação aos pais são outras dificuldades que as famílias às vezes têm que enfrentar. Para muitos adolescentes, os problemas no namoro, as mudanças de casa e as transformações próprias da idade são também experiências às vezes difíceis de serem vividas. Mas, vimos na história de Marta e Pedro, bem como na de muitas outras famílias, que cada pessoa lida com os problemas de uma forma (14) diferente. Algumas pessoas às vezes conseguem “dar a volta” por cima de problemas muito difíceis. Algumas tornam o problema muito maior do que ele realmente é, por terem pouca confiança em si mesmas e por terem pouco apoio de outras pessoas. AS FORMAS COMO AS PESSOAS ENFRENTAM OS PROBLEMAS, DEPENDEM DE: • Tipo de problema enfrentado • Capacidade que a pessoa tem para enfrentar a dificuldade • Quantidade de problemas enfrentados • Momento da vida em que aparece o problema • História de vida de cada um – as cicatrizes que trazemos • Apoio recebido de outras pessoas, de outros profissionais e instituições Muitos pais que entrevistamos falaram que existem problemas mais fáceis de serem enfrentados e outros mais difíceis. O desemprego e a falta de trabalho foram muito lembrados. Se por um lado, esses problemas transtornam toda a vida familiar, por outro, eles podem, em parte, serem encarados usando alguma criatividade para suprir as necessidades mais imediatas. Mas as doenças, o consumo de álcool e drogas, as mortes ou suicídios na família são considerados por quase todos como problemas muito difíceis de serem superados. Embora pareça claro que há problemas mais fáceis e mais difíceis de serem enfrentados, o jeito de cada pessoa entender, enfrentar e superar o problema faz com que ele seja mais simples ou mais complexo. Podemos dar como exemplo dois adolescentes cegos: o de família rica se sente incapaz, não consegue apoio de seus familiares e vizinhos e não consegue superar suas dificuldades. O de família pobre supera melhor este problema, tendo sua auto- estima “lá em cima” e recebendo intensamente o apoio da família e dos amigos. (15) Todos os problemas são difíceis. Existem pessoas que têm a capacidade de superar o problema mais rápido e outros não. (Mãe, com filho na Unidade de Saúde) Acho que são as pessoas que fazem os problemas ficarem mais difíceis. (Tia de adolescente no Programa Saúde Escolar) A atitude diante dos problemas dá dicas sobre como cada pessoa e sua família podem ser afetadas pelas adversidades da vida. A cegueira pode ser encarada como um problema que paralisa e destrói a vida. Ou então, como um problema que desafia a busca por novos caminhos e traz desafios: a pessoa pode continuar seu desenvolvimento de uma nova forma e descobrir atividades em que se sinta capaz e útil. A quantidade de problemas e o momento em que eles ocorrem também podem deixar uma pessoa mais frágil. Em algumas famílias muitos problemas aparecem ao mesmo tempo ou um atrás do outro. Isso pode criar um sentimento de peso e cansaço com a própria vida. A vida é igual a um jogo... Eu fiquei órfã de pai e mãe. Vivia com a minha irmã. Ela me expulsou de casa aos 13 anos. Pra mim foi um obstáculo, um atrás do outro. Se eu fosse fraca eu não estava nem viva... Eu levo a minha vida como um jogo, cada obstáculo que ele bota na minha vida, eu falo: eu tenho que ultrapassar! (Mãe com filho internado no Hospital Infantil) Problemas como perda dos pais, violências severas e doenças graves na família podem ter efeitos mais sérios à criança e ao adolescente. Essas experiências difíceis vividas nos primeiros anos de vida podem deixar fortes cicatrizes nas crianças. Muitos problemas vividos pelas famílias não afetam diretamente crianças e adolescentes, mas fazem-nas sofrerem muito. Isso acontece, por exemplo, quando a mãe ou o pai ficam muito abatidos por alguma dificuldade. (16) Vimos que uma criança muito pequena e um adolescente vivem de forma diferente os problemas, mas todos os dois acabam sofrendo. Os pais que entrevistamos também falaram um pouco dessas diferenças. FALAS DAS MÃES E PAIS SOBRE A IDADE DOS FILHOS QUANDO VIVERAM OS TRAUMAS Criança mais nova esquece mais rápido, esquece logo. O pai faz... Não é fazer a cabeça, mas, impõe idéias que fazem esquecer rápido. (Mãe com filho em Centro de Apoio Psicossocial à Infância e Juventude) Pra criança é mais difícil. A criança guarda pra si. Um mundo imaginário dentro dela mesma. Eu já passei por isso e eu sei. Criei um mundo pra mim, me isolei nesse mundo, pra me soltar eu tive que ir por mais de cinco anos numa psicóloga, pra conseguir... Eu não conseguia chorar, porque eu não chorei quando a minha mãe morreu. O adolescente já está com a cabeça mais formada. (Mãe com filha no Hospital Infantil) Com adolescente é mais difícil. Já tem aquilo difícil na cabeça dele e a criança a gente já pode ir trabalhando. Com a criança também é complicado, é difícil você tirar aquilo da cabeça. (Mãe com filho no Centro de Atenção Total ao Adolescente) É importante observar que os adultos também vivenciam problemas. A maneira como os adultos lidam com os problemas pode ajudar ou não os filhos a enfrentarem as dificuldades. Um exemplo disso é quando ocorre separação dos pais ou mortes na família. A forma como pais e familiares transmitem às crianças e adolescentes suas emoções serve para acalmar ou deixar elas mais aflitas. Quando a família se abala demais e não se recupera do problema, quando estimula o sentimento de raiva e ressentimento ou quando finge que nada aconteceu, pode criar traumas mais fortes na criança do que aquele causado pela própria adversidade. (17) É desejável que os pais ajudem a criança ou o adolescente a lidar com as experiências difíceis, a lidar com suas emoções, porém sem deixá- los perder suas crenças no futuro. Essa forma de estar mais perto dos filhos é um grande passo para ajudá-los a lidar com as dificuldades que surgirão ao longo de suas vidas. Nem toda situação difícil acarreta problemas para a criança e o adolescente. O que mais importa nessas situações é se o problema altera o ambiente em que a criança e o adolescente vivem. Se o problema se arrasta por muito tempo ou é muito grave, as conseqüências poderão ser mais negativas. Mesmo nessas situações, a existência de pessoas dando apoio durante o processo de superação dos problemas pode reduzir o seu impacto para a criança e o adolescente. (18) (19) Como vimos até aqui a atuação da família é crucial para diminuir as conseqüências dos traumas nas crianças e adolescentes. No nosso trabalho, adolescentes e pais nos falaram dos muitos momentos difíceis que viveram e de como esses momentos marcaram suas vidas. Alguns períodos da vida podem ser mais difíceis. O PERÍODO DA GESTAÇÃO Uma pessoa começa a se desenvolver antes mesmo de respirar.Ainda na barriga, o bebê se comunica com o mundo, através da mãe biológica. Já tem um jeito de ser que é seu mesmo e que depende da relação com sua mãe. Mesmo sem pensar, sofre influências que alteram o meio em que está sendo gerado, do qual é totalmente dependente. As agressões, os gritos, a rejeição, a depressão da mãe, o consumo de cigarro, de bebida alcoólica ou drogas podem afetar o bebê na barriga da mãe. Por isso, é preciso que a mãe faça o pré-natal corretamente e que a família tente manter o ambiente familiar tranqüilo e estável. 3 PROBLEMAS QUE MAIS AFETAM A VIDA DOS FILHOS E DA FAMÍLIA (20) Transmitir afeto e segurança ao bebê em gestação é condição importante para o bom desenvolvimento da criança. O nascimento também é um momento difícil para o bebê. Ele recebe pressões sobre seu corpo, ouve sons fortes e diferentes e sente uma temperatura distinta da que estava acostumado. Neste momento, diferentes traumas podem afetar a vida futura da criança, como problemas congênitos do próprio bebê e dificuldades para respirar na hora do parto. Apesar disso, os problemas ocorridos nessa fase da vida podem ser enfrentados e transformados com ajuda da própria criança, da família e de várias instituições como escola e serviço de saúde. O TRABALHO E AS CONDIÇÕES DE VIDA Aí faz o diferencial entre a classe alta, a média e os pobres. É um diferencial muito grande. Porque você não tem condição de dar o melhor pros seus filhos. Não te abre uma porta, não te dá oportunidade, uma chance pra você começar. (Mãe de adolescente atendido em Posto Sanitário) Viver em condições financeiras precárias é um problema difícil de ser enfrentado pela maioria das famílias. Muitas vezes, nas famílias pobres mais problemas podem ocorrer porque uma dificuldade facilita o aparecimento de outra. Isso acontece porque a pobreza e o desemprego deixam a família mais vulnerável. Os desentendimentos, atitudes violentas, falta de cuidado com a saúde e moradia inadequada são problemas freqüentes nas famílias em dificuldade financeira. (21) O QUE MÃES E PAIS FALAM SOBRE OS PROBLEMAS TRAZIDOS PELO DESEMPREGO E PELA FALTA DE OPORTUNIDADE DE TRABALHO O desemprego... Não é brincadeira, não. Esse é o leão que tá assombrando a metade da população... A família fica desestruturada... Começa o desentendimento porque não tem verba, não tem como fazer nada. A pessoa fica nervosa, perde um pouco o equilíbrio... Começa a discutir com marido, começa a discutir com a mãe... Aquilo passa pros filhos... Aí, destrói a família. É difícil superar. Têm uns homens que são fracos... Ele desempregado, vê a família passando necessidade. A maioria ainda pega e abandona a família... Mas é pior o pai cometer o suicídio. Vai se matar porque não se sente digno. Um homem não ter capacidade de sustentar sua família! Como a gente vê por aí acontecendo. É muito triste... O problema é mais do que isso, é a falta de oportunidade. (Pais de crianças e adolescentes no Posto Sanitário) Eu acho que desemprego ainda é menos porque o desemprego, você ainda pode fazer um cabelo, fazer uma unha. Vender uma revista (Mães com filhos no Centro de Atenção Total ao Adolescente) A gente [esposa] quer ver o marido bem... ainda mais quando está desempregado. Aí que dá mais nervoso... A gente sofre por quê? É filho pra gente tomar conta, e o marido pra gente tentar reagir. E aí... o marido não ajuda a gente... (Mãe com filho no Centro Municipal de Saúde) A falta de emprego ou de algum trabalho que ajude a suprir as necessidades básicas da vida pode deixar os responsáveis pela família com a dignidade abalada. As mulheres podem se sentir muito sozinhas, tendo que reunir forças para animar seus companheiros e lidar com os problemas que surgem em casa. A tensão familiar e outros problemas decorrentes das dificuldades econômicas podem prejudicar o desenvolvimento da criança e do adolescente. Todas essas dificuldades podem levar alguns adolescentes a consumir mais drogas, ter mais baixa auto-estima, ter dificuldade para se relacionar com as pessoas e ter menor participação na escola. São jovens que (22) merecem cuidado especial da escola e da família. Ser pobre, no entanto, não significa que não possamos lidar com os problemas difíceis da vida. As pesquisas mostram que por mais pobre que seja uma família, pais e filhos têm tanta capacidade de superar dificuldades quanto pessoas de famílias mais ricas. A CHEGADA DOS IRMÃOS A família muda quando chegam os filhos. Para crianças e adolescentes, a chegada de um irmão mais novo pode provocar dificuldades e os pais podem ajudar muito se percebem logo o problema. São vários os rearranjos que acontecem: muda a arrumação da casa, abrindo espaço para mais uma cama; aumentam as disputas entre as crianças pelo afeto e tempo dos pais. O filho mais velho enfrenta maior número de proibições, especialmente para proteger o bebê mais frágil. O relacionamento entre os pais também muda a cada novo filho que nasce. Aumentam as dúvidas sobre como lidar com as diferenças de cada filho, dividindo ainda mais o salário e a casa. Cresce a insegurança frente aos conflitos entre os filhos. Aumenta a sensação de culpa dos pais quando não conseguem dar atenção a todos da forma como cada um precisa. O relacionamento entre irmãos é muito importante de ser cuidado pelos pais. É com os irmãos que as crianças aprendem a se relacionar com pessoas de sua idade. E isso eles aprendem para toda a vida. Quando existem muitas agressões e humilhações entre irmãos, são esperadas dificuldades de relacionamento no futuro. Percebemos entre os adolescentes que entrevistamos, que o nascimento de irmãos pode dificultar a capacidade de superar problemas. Por isso, os pais precisam tomar muito cuidado para tratar igualmente os filhos e procurar enfrentar os conflitos entre eles como um bom juiz de futebol que não toma partido por nenhum time. A união entre os irmãos é um bom sinal para tranqüilizar os pais. (23) PROBLEMAS DE SAÚDE NA FAMÍLIA A doença, se for em mim, eu consigo superar. Se eu souber que eu estou com aquela doença eu vou tentar me ajudar, melhorar, me esforçar para lutar por ela. Derrubar também não me derruba não. Lá no hospital tem mulheres que são mais velhas e choram com medo de tirar o útero... Ficar oprimida, não é o caso, você se entrega pra doença... Se você não tentar reagir ela te derruba mais rápido. O negócio é esquecer e lutar. Mãe com suspeita de câncer no colo do útero,acompanhando o filho no Centro Municipal de Saúde As doenças, os acidentes e os problemas de deficiência física ou mental na família podem prejudicar o crescimento da criança e do adolescente. Esses problemas de saúde podem trazer muito sofrimento. Nas famílias mais pobres, as angústias costumam se agravar pela dificuldade em conseguir atendimento médico, para comprar remédios e fazer exames mais caros. É importante que a criança, o adolescente e sua família encontrem forças em si mesmos e nos outros para ajudarem-se mutuamente. Os hospitais e os centros de atendimento, médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais podem orientar a família, deixando-a mais confiante para lidar com as doenças. Quando os problemas de saúde surgem, não adianta fugir deles ou fazer de conta que eles não existem. A maior parte das doenças tem tratamento e, mesmo nas situações mais graves, o sofrimento pode ser menor quando existe uma equipe de profissionais capacitados dando apoio. As crianças e os adolescentes têm mais dificuldade para lidar com problemas de saúde das pessoas que elas gostam quando elas se sentem inseguras na família e quando não encontram o apoio de amigos, vizinhos, outros parentes e profissionais de saúde ou de educação que podem conversar com ela sobre o assunto. (24) Mesmo quando os filhos é que estão doentes, é bom equilibrar a atenção que damos a eles e aos irmãos que não estão doentes, e tentar conversar com eles sobre a doença como uma fase da vida e como momento de desafio, do qual as crianças e adolescentes podem sair mais fortes,mostrando que têm capacidade de superação. Também não é demais lembrar que os pais sofrem muito ao verem seus filhos doentes. Às vezes é preciso que nos afastemos um pouco para recobrar as forças, achando algum amigo, parente ou vizinho que possa nos ajudar a cuidar um pouco do filho doente. Não é vergonha fraquejar ou chorar diante dos filhos em alguns momentos. Mostra que amamos muito e que queremos o melhor para eles. É sempre bom que os pais possam ouvir as dúvidas dos filhos sobre seu problema de saúde e a eles responder da forma mais aberta possível, dividindo com eles as angústias da situação. Podemos ainda recorrer a parentes ou a profissionais de saúde para essa conversa, quando os pais se encontram tão frágeis que não conseguem falar sobre o assunto. Abraço e carinho são também muito importantes, pois o contato físico e o afeto ajudam a dar mais forças e a curar muitos males do corpo e do coração. MORTE DOS PAIS E DOS IRMÃOS Minha mãe faleceu quando eu tinha dezessete anos. Pra mim foi o maior problema do mundo. Foi muito difícil pra eu conseguir superar... Mas o pior ficou a minha tia, entrou numa depressão tão grande. Ela chegou a tomar remédio pra se matar, pra poder encontrar com a irmã lá no céu. São coisas assim... Uma tenta ter uma vida melhor; a outra, tenta se matar porque perdeu a irmã. Isso passa o sofrimento para as crianças que ficaram. Mãe com filho em enfermaria do Hospital Infantil (25) Uma perda é uma perda, ninguém quer perder. Quem ama não quer perder... Você não quer perder um pai, uma mãe, um irmão.... Infelizmente é a vida, conseqüência da vida... A perda é uma coisa muito profunda. (Avó com criança em Posto Sanitário) É muito difícil para uma criança ou adolescente perder por morte irmãos, pais ou outras pessoas importantes que cuidem dele. Em crianças pequenas, a dor da perda pode parecer menor, mas pode ter efeitos graves e visíveis quando elas se tornarem adolescentes ou adultas. A perda dos pais pode atrapalhar o crescimento do bebê, principalmente se faltarem pessoas para dar o carinho necessário que o pai e uma mãe devem dar. O mais importante é que a criança receba apoio e se sinta segura. Se a família que irá cuidar da criança e do adolescente se mantiver afetuosa e continuar a protegê-los, eles retomam mais facilmente o seu crescimento e se adaptam ao novo arranjo familiar. Nessas difíceis situações, o que mais importa é o que acontece antes e depois desses momentos. É bom que a criança ou adolescente possa colocar para fora seus sentimentos desenhando, jogando, inventando personagens como num filme ou falando para as pessoas sobre a tristeza que está sentindo. É também importante passar para a criança ou adolescente informações exatas e sinceras sobre a morte, oferecendo apoio. Mas, é preciso que o adulto se sinta capaz de tolerar a saudade, o sofrimento e a angústia da criança ou adolescente. (26) USO DE ÁLCOOL OU DROGAS Perdi meu pai quando tinha dez anos. Completei meus onze anos já trabalhava e pagava o aluguel da minha mãe. Minha mãe tinha uma doença que não era muito conhecida, era década de setenta. Eu que levava ela pro hospital... Ela foi melhorando, depois veio o problema no coração. Mas ela viveu até noventa e oito. Vivi aquilo ali desde os onze anos. Quando eu me casei ainda tive que fazer uma casa. Passei um sufoco danado. Chegou um ponto que eu larguei a cerveja de lado e fui melhorar minha situação. Tentar arranjar mais dinheiro para comprar minha casa própria e aí vieram os meninos e o problema deles de sistema nervoso, e ainda desempregado. (Pai, acompanhando filho no Centro de Apoio Psicosocial à Infância e Juventude) O depoimento do pai acima nos mostra que um problema muito difícil para família e que costuma deixar conseqüências graves nas crianças e adolescentes é o consumo de álcool e drogas. Quando pessoas da família abusam da bebida ou das drogas, a relação entre esses membros fica complicada, muitas vezes ocorrendo agressão com palavras ou com força física. Pais e parentes queridos das crianças e adolescentes servem de modelo para eles. Por isso, quando o pai ou mãe consomem muito álcool ou drogas, é comum que os filhos tenham baixa auto-estima, que sejam mais insatisfeitos com suas vidas e que não se relacionem bem com outras pessoas. O consumo de álcool e drogas pelos filhos deixa os pais muito abalados emocionalmente. A família fica muito abalada, mais do que o filho drogado. Na maioria das vezes ela não sabe nem como começar a ajudar o filho. Aí o problema fica pior, porque ela fica no fundo do poço. Sem força pra ajudar os filhos ela vai afundando cada vez mais. (Mãe, com filho em Centro que atende jovens que consomem drogas) (27) Mas, a fraqueza e a apatia não podem tomar conta dessas famílias no enfrentamento desse problema. Facilita muito quando a família se une para ajudar o adolescente. A busca de ajuda em serviços de saúde e em centros especializados é outro passo muito importante de ser dado. Dessa forma, a família se torna mais forte e consegue pensar numa melhor forma de lidar com esse problema. BRIGAS E SEPARAÇÃO DOS PAIS Discussões familiares são comuns, mas, algumas vezes elas se acumulam e se transformam em grandes problemas que podem causar a separação do casal. Nesses momentos de brigas e separações dos pais, os filhos sofrem bastante. O sofrimento aumenta mais se, após a separação dos pais, o pai ou a mãe tiver dificuldade em dar carinho e em controlar os filhos. Quando os pais não se falam fica ainda mais difícil para educar as crianças. Muitas mães podem ficar deprimidas e angustiadas, dando pouco apoio e sendo autoritárias. Os pais também podem ter dificuldade em colocar limites e em estarem presentes no dia-a-dia dos filhos. Aí é comum que eles fiquem agressivos com os irmãos ou na escola, que tirem notas baixas ou que fiquem muito tristes e chorosos. E isso tudo piora quando se tem que trabalhar mais tempo para conseguir sustentar os filhos e a casa. Sobra ainda menos tempo para os filhos. Mas a separação dos pais nem sempre atrapalha as crianças e os adolescentes. Também não tira a capacidade delas de superarem as dificuldades. Pelo contrário, quando a separação diminui as brigas, melhora a vida na família e o relacionamento entre os pais, os filhos saem do problema mais seguros. O mais importante na separação é tentar manter uma boa relação entre o pai e a mãe e deles com a criança. (28) AGRESSÕES NA FAMÍLIA Quando ocorrem agressões na família, os filhos sentem muito, porque é muito difícil sofrer violência por parte de pessoas de quem se espera afeto e proteção. Uma das violências mais comuns na família é a psicológica. TIPOS DE VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA NA FAMÍLIA (OU AGRESSÃO VERBAL) * Humilhar e depreciar a criança/adolescente; * Mostrar desinteresse pela criança/adolescente; * Criticar o tempo todo a criança/adolescente sem ver suas qualidades; * Culpar a criança/adolescente por tudo; * Desencorajar a criança/adolescente a melhorar; * Ignorar os sentimentos da criança/adolescente; * Cobrar muito da criança/adolescente, além de sua capacidade. A violência psicológica na família pode ocorrer com todos os membros. Mas, crianças e adolescentes que crescem se sentindo rejeitados, sofrendo humilhações e outras formas de agressão verbal costumam apresentar muitos problemas, como agressividade, depressão e baixa auto-estima. Os pais precisam prestar muita atenção se algum filho é tratado assim e se esforçar para que mude o jeito da família cuidar dele. Adolescentes que vivenciam alguma forma de violência psicológica na família costumam ter menos capacidade pra enfrentar os problemas. A violência entre os pais é ocorre em muitas famílias. Muitas crianças e adolescentes testemunham a humilhação de um pai sobre o outro e assistem a desentendimentos e agressões entre eles. Mesmo em famílias em que os pais se agridem um ao outro e nunca agridem os filhos, são comuns os problemas de comportamento nessas crianças e adolescentes. Filhos que presenciam agressõesfísicas entre os pais têm mais dificuldade pra resolver os problemas. (29) Aprendem em casa uma forma ruim de resolver as dificuldades: através da violência. Alguns desses comportamentos são agressividade e depressão, que começam ainda na infância e seguem por toda a vida. Por isso, é importante que os pais percebam que a sua forma de relacionar como casal tem influência no tipo de vida dos filhos. A violência física dos pais contra os filhos é outra forma ruim de estabelecer disciplina na casa. Os filhos aprendem que a força física é um jeito comum de agir dos adultos. E costumam levar esse aprendizado para toda vida, seja na escola, com os amigos ou mesmo na família que vão formar um dia. Pensar em outras formas de disciplinar os filhos é muito importante. Ter regras claras na família do que os filhos podem e do que não podem fazer; combinar recompensas e punições de acordo com o comportamento apresentado por eles; aprender a negociar com os filhos quando os problemas surgirem são algumas estratégias que os pais podem fazer. A violência sexual é um grave problema familiar que pode acontecer com crianças e adolescentes. FORMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NA FAMÍLIA * Estimulação e contato com a criança ou adolescente para ter prazer sexual. * Uso de força ou de sedução para com a criança ou adolescente. * Exibição das partes íntimas de criança ou adolescente (pornografia). * Facilitação da prostituição de criança ou adolescente. * Usar palavras e gestos de conteúdo erótico. * Nem sempre a violência sexual é acompanhada por contato corporal. Quando acontece alguma forma de violência sexual de familiares sobre os filhos, as conseqüências costumam ser mais graves. A criança ou o adolescente que sofre violência sexual de alguém da família pode (30) demonstrar sentimentos de angústia, medo, ansiedade, culpa, vergonha e depressão, que podem permanecer até a vida adulta. Também pode ter sintomas como tensão, dor de cabeça, insônia, pesadelos, dificuldade para se alimentar e náuseas. Adolescentes que tiveram uma experiência de violência sexual com um dos pais têm mais dificuldades de superar problemas. A quebra de confiança nos pais destrói fontes de proteção que os filhos necessitam pra crescer. Outros efeitos desse tipo de violência também pode aparecer na vida adulta como dificuldade no relacionamento sexual, uso de drogas e álcool, pensamento e tentativa de suicídio. Para evitar que essa violência marque a vida dos filhos, os pais e familiares precisam rever o jeito da família se relacionar, repensar os rumos da família e, principalmente, procurar ajuda em serviços especializados, como os da saúde. PROBLEMAS NA ESCOLA É na escola que as crianças e adolescentes passam boa parte do dia. Nesses momentos, os pais deixam com os professores, os funcionários e o diretor a responsabilidade pelo cuidado dos filhos. Quando os filhos encontram muitos conflitos na escola, o desenvolvimento deles fica prejudicado. Por isso, é sempre bom estar atento para perceber como o filho se sente na escola e como se relaciona com os outros na escola. Ser ameaçado por alguém na escola pode fazer com que o adolescente tenha mais dificuldade para enfrentar os problemas da vida. Se a escola for um local desagradável, injusto e inseguro para as crianças e os adolescentes, eles costumam ter mais dificuldades para aprender. (31) Formas de humilhação vividas na escola muitas vezes levam a criança e o adolescente a terem uma auto-estima baixa. A humilhação pode ser praticada tanto por funcionários, professores como pelos colegas. Quando os filhos não tiram boas notas e estão prestes a perderem o ano, costumam mostrar sofrimento e a sentirem-se incompetentes. É importante que familiares, professores e amigos apóiem a criança e o adolescente, supervisionando o estudo e procurando ajuda de outras pessoas e instituições, sempre que possível. VIOLÊNCIA NA COMUNIDADE A violência da cidade também está presente no local onde as pessoas vivem. Nos bairros mais pobres a situação se agrava porque, muitas vezes, neles faltam serviços de saúde, educação, boas condições de moradia e segurança. A violência coloca a criança, o adolescente e toda a família em risco e muitas vezes, a família fica impedida de ir e vir a qualquer hora do dia ou da noite, pela violência no local. Os adultos da família podem ajudar, na medida do possível, os filhos para lidarem com essa situação. Ter alguém para supervisionar ajuda muito, especialmente quando os pais trabalham fora. Saber a companhia dos filhos, combinar horários de chegada e saída também ajuda. Um relacionamento familiar problemático facilita que os filhos se afastem mais da família e se envolvam mais na violência comunitária. Atitudes como estas podem prevenir que os filhos se envolvam em situações de violência na comunidade. Mas, não podemos esquecer que a sociedade e os governos têm uma parcela importante de responsabilidade nesses casos: creches e escolas de horário integral e de boa qualidade, áreas de lazer na comunidade e ausência de narcotráfico e armas na comunidade, são ações que ajudariam muito as famílias a criarem seus filhos saudavelmente. (32) (33) 4 PROTEGENDO OS FILHOS ENSINAMOS A SUPERAR PROBLEMAS Eu tive uma infância difícil. Meus pais tinham morrido e eu vivia com meus avós, junto com minha prima com dois anos de diferença de mim. Depois de uns doze anos juntos, minha avó faleceu com câncer de útero. Ela é que cuidava de mim. Então meu avô começou a beber ... ele já bebia ... me batia. Quando minha avó era viva ela brigava com ele. Depois que ela morreu, ele passou a beber mais, não comprava as coisas pra dentro de casa, me batia, batia na minha prima. O que aconteceu? Eu peguei, tinha um namorado, fui morar com meu namorado e tive dois filhos. Depois passei outra dificuldade que eu separei dele. Minha prima foi morar com uma família, não deu certo. Hoje em dia ela mora com um cara lá na favela, que é um fogueteiro. Tá com a vida arruinada. Eu não. Eu tive a minha vida. Me separei, arrumei trabalho, passei por dificuldades. Meus amigos me deram conselhos para eu trabalhar e melhorar de vida. Nem pela dificuldade que eu tive, eu fui ser garota de programa. Hoje em dia eu sou casada tem seis anos. Casei de novo, tenho minha família e mais essa filhinha. E eu não fui pela cabeça dos outros. Tive gente pra me ajudar. (34) Essa história foi contada por uma das mães com quem conversamos para escrever este livro. A vida de Elisa nos mostra como é possível vencer as dificuldades e ficar de cabeça erguida. Ela contou com a força dada pela avó e por amigos que a ajudaram ao longo de sua vida. Sua prima, que também passou por problemas parecidos na infância, parece estar vivendo um caminho mais problemático. O que faz com que uns superem os problemas melhor que outros? Mais do que as dificuldades enfrentadas, a resposta está na proteção que nós recebemos desde o nascimento até a vida adulta. Afinal, se os problemas podem influenciar a vida das pessoas, as coisas boas também podem! TRÊS FORMAS DE PROTEÇÕES QUE FAZEM DIFERENÇA Apoio da família: dá estabilidade, suporte, confiança e ensina o respeito às pessoas. Apoio de instituições: por exemplo, escola, igreja e posto de saúde. Aprende-se a ter bom relacionamento com amigos, professores ou outras pessoas importantes e que são referências seguras e que reforçam o sentimento de ser querido e amado. Capacidade de cada um: há pessoas mais decididas, independentes, equilibradas, flexíveis, afetuosas e com auto-estima mais elevada. Meu avô pô, me batia. Nem por isso eu roubei, nem matei. (Elisa, mãe acompanhando a filha no Centro Municipal de Saúde) (35) APOIO DA FAMÍLIA Dentre os adolescentes que entrevistamos, percebemos que um grupo se diferenciava dos demais: os que tinham passado por muitas dificuldades na infância e se mostravam adolescentes muito capazes de superar os problemas. O que todos eles tinham em comum era o grande apoio de suas famílias. Quanto mais uma criança ou adolescentevive experiências positivas com sua família, mais chance ele tem de se sentir seguro. Este sentimento de segurança costuma ser forte mesmo ao se tornar adulto. Para que uma família consiga apoiar e proteger as crianças e adolescentes, ela precisa ser criativa em encontrar formas de enfrentar os conflitos. O primeiro passo necessário é que as pessoas da família tenham um bom relacionamento, umas com as outras. Não importa se moram juntos o pai e a mãe biológicos ou se a família é formada por mãe e padrasto, só pela mãe ou pela avó. Perceber que os pais se respeitam e que não se agridem faz com que os filhos se sintam mais seguros diante dos problemas. Ter bom relacionamento com irmãos também ajuda muito, pois as crianças aprendem desde cedo a negociar, ouvir e fazer críticas, melhorar as falhas e pedir desculpas. O apoio da família também significa supervisão. É preciso conversar com os filhos, colocar limites, saber onde vão e quem são suas companhias. É preciso controlar, mas sem apelar para o medo. Fazer medo na criança e no adolescente não ajuda em nada a crescer e a ter responsabilidade. A opinião que os pais têm dos filhos é muito importante porque indica o afeto e o estímulo que eles dão aos filhos. Algumas vezes notamos que os pais vêem muitas coisas positivas em um filho e negativas em outro. Entre os adolescentes que superam mais facilmente as dificuldades da vida, a visão positiva que os pais têm deles é muito comum. (36) A maior parte dos pais que entrevistamos concordou que o apoio que dão aos filhos é o principal fator para ajudar na forma como eles vivem os problemas. Esse apoio, segundo os pais, deve ser oferecido na forma de carinho, amor, orientação e diálogo. OPINIÕES DAS MÃES SOBRE SEUS FILHOS Você deve sempre estar conversando com a criança. Mostrar as dificuldades, o certo e o errado... Pra criança ter uma base, você tem sempre que falar a verdade, sempre mostrando o certo e o errado. Como deve ser, como não deve. (Mãe – Posto de Saúde) Tem que orientar os filhos. Tem que ensinar direitinho. Eu vou estar sempre orientando meu filho, vou estar sempre do lado dele para que ele tenha forças para lutar. (Mãe – Centro Municipal de Saúde) Tem que ajudar eles em tudo o que eles precisarem. Não é a gente pegar e fazer para eles. É ensinar. Porque hoje em dia não dá pra gente pegar e fazer... Mas a gente tem que ensinar, mostrar o certo ou o errado. Igual a minha tia fez comigo. Minha tia falou várias vezes pra mim, aí eu acreditei. Bater, agressividade não adianta. (Mãe – Centro Municipal de Saúde) Eu tenho uma filha mais velha de três anos. Eu falei: Se você arriar a cabeça pro mundo e para todos, todo mundo vai pisar em cima de você. Se a vida botar um obstáculo na sua frente e você não falar: “eu vou dar a volta”, não adianta que aquele obstáculo vai sempre pintar na sua frente. Resolva o primeiro obstáculo para você passar adiante. É assim que eu ensino meus filhos. (Mãe – Hospital infantil) Os pais que oferecem supervisão e orientação aos filhos, sem usar força física e imposição, na verdade estão ajudando eles a se tornarem responsáveis pelos seus atos e a serem adultos independentes no futuro. Infelizmente nem todos os pais conseguem oferecer esse tipo de apoio aos filhos. E principalmente não conseguem dar apoio o tempo todo. Os motivos são diversos: não dispõem de tempo suficiente; não (37) sabem como fazer; ou estão tão frágeis que não conseguem cuidar de si próprios, ainda mais dos filhos. Mesmo pais que trabalham durante grande parte do dia são capazes de cuidar bem de seus filhos, especialmente quando contam com apoio de familiares ou amigos. O mais importante é estar realmente próximo e aberto a ouvir os filhos nos momentos em que estão juntos. Se os filhos sentirem que podem contar com o apoio de seus pais sempre que for preciso, certamente estarão mais fortes e seguros diante das dificuldades que existem na vida de todos nós, sejam elas grandes ou pequenas. APOIO DAS INSTITUIÇÕES A família que recebe apoio de instituições tem mais condição de ajudar os filhos a superarem as dificuldades. Há muitas pessoas que podem ajudar: professores, médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, pessoas religiosas e da associação de moradores. Esses profissionais exercem um papel de proteção muito grande quando são sérios, competentes e capazes de ajudar a criança, o adolescente e sua família a superarem as dificuldades com afeto, atenção e respeito. Outra fonte de apoio importante é a ajuda financeira que se obtém quando o dinheiro está pouco. Parentes, amigos ou auxílio em instituições religiosas ou do governo podem ajudar a família a se equilibrar nos momentos de dificuldades. Minha filha nasceu de cinco meses. Na época o meu ex- marido não estava trabalhando. A assistente social do hospital me falou: “vou te colocar no planejamento familiar para você receber o leite”. Aquilo ali foi uma ajuda pra mim porque eu não tinha da onde tirar o leite dela. Na época eu não tinha experiência com nada. Então quem me ajudou foi quem? Foi aquele leitezinho ali que ela me dava. Mãe – Centro Municipal de Saúde (38) Em nossa conversa, perguntamos aos pais se eles consideram que os profissionais de saúde (médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais) são capazes de ajudar as pessoas de alguma forma na superação dos problemas da vida. Vários pais contaram histórias de ajuda obtidas no serviço de saúde, como a dessa mãe, que conseguiu alimento para seu filho. Outros pais lembraram de médicos que se tornaram amigos da família, outro que ficou um tempo a mais com a paciente apenas para conversar ou uma psicóloga muito aberta para ouvir a criança e a família. Nem todos os profissionais têm essa capacidade de acolher a família. Alguns deles não percebem a importância de ouvir, apoiar e encaminhar a família. Eles podem dar mais atenção, mais carinho. Porque às vezes você chega num posto de saúde, num posto médico, e a gente grita pra ser atendida ... Às vezes você chega com um problema, aí a pessoa te trata na maior grosseria. A pessoa volta pior pra casa. Acho que deveria atender com mais carinho. Dê mais atenção à pessoa que aquela pessoa tá precisando de uma palavra, mesmo uma palavrinha. Aquilo vai ajudar e muito a pessoa. (Mãe com filho em Posto Sanitário) Tem médico... que você vai no médico, ele pergunta: O quê que você tem?O que é que você está sentindo? Não olha pra sua cara. Para quê? É só a pessoa falando e ele escrevendo lá. (Mãe, Hospital Infantil) Apesar de todas essas dificuldades, existem bons profissionais dispostos a ajudar e os pais devem insistir e lutar por seus direitos e de seus filhos serem bem atendidos. Os pais precisam conversar com o médico e outros profissionais que cuidam de suas crianças. Eles podem orientar sobre o comportamento de uma criança ou adolescente na idade em que eles se encontram. Podem ainda esclarecer dúvidas que os pais tenham em relação à saúde de seus filhos. Psicólogos e assistentes sociais podem ajudar a amenizar um sofrimento, conversando e oferecendo orientação nas situações difíceis. (39) Os profissionais de educação como os professores, diretores e outros funcionários da escola também podem ajudar. Os pais precisam fazer sua parte conversando sempre que possível com os professores sobre os filhos, procurando estar presente nos bons momentos e nos momentos de dificuldades. Devem também cobrar da escola e dos professores um tratamento respeitoso e aberto para com as crianças, os adolescentes e suas famílias. Quanto mais a escola trocar idéias com os pais e se abrir para a comunidade, mais cresce o desempenho e as notas dos alunos. Também a comunidade pode ajudar a proteger as crianças e adolescentes, se nela a família encontra bons serviços públicos como creches, escolas, postos de saúde, segurança e habitação, e se dificultar o acesso da população a drogas e armas de fogo. É claro que a comunidade sozinha não consegue fazer tudo isso. Ela precisa do apoio dos órgãos municipais, estaduaise federais, das organizações não governamentais (Ongs) e da população. A CAPACIDADE DE CADA UM PARA SUPERAR AS DIFICULDADES Desde bebê, cada filho mostra diferenças em suas reações a momentos de dor, raiva ou alegria. Desde então os pais percebem as diferenças do temperamento de cada filho. COMO OS PAIS VÊEM A CAPACIDADE DE CADA FILHO * A força de vontade de cada um *A maneira de pensar de cada um * A cabeça de cada um * As diferentes personalidades * A índole de cada pessoa * Os pensamentos diferentes (40) Pais que têm mais de um filho conseguem perceber diferenças, muitas vezes marcantes, entre eles. Muitos se perguntam: Se eu criei meus filhos da mesma maneira, como podem ser tão diferentes? Ao mesmo tempo, o tratamento que cada filho recebe dos pais é diferente, dependendo do momento que a família está vivendo quando a criança nasce. Podemos dar como exemplo de um momento complicado para se ter filhos quando as crianças nascem em fases difíceis em que o pai está desempregado ou quando não são planejadas pelos pais. Por isso, o temperamento da criança é como uma massa que a família molda, mas que tem um traço das características únicas daquela criança. É difícil separar o que já nasce com a pessoa daquilo que ela adquire em sua vida. Dentre essas características das crianças e adolescentes, algumas estão presentes entre aquelas que conseguem superar as dificuldades DE QUE CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS DE PROTEÇÃO ESTAMOS FALANDO? * auto-estima * sentimento de competência * fé * estratégias mais diretas pra enfrentar as dificuldades A auto-estima indica o quanto uma pessoa tem amor ou rejeição por si própria. Quem tem elevada auto-estima se considera uma pessoa de valor e capaz de enfrentar os problemas. A criança aprende a se valorizar e a se gostar na relação que tem com os pais e mais tarde com a escola. É importante que os pais reforcem diariamente as coisas boas que os filhos fazem e o jeito que são. Se uma criança cresce ouvindo que ela é ruim ou pior que os outros, ela passa a acreditar nisso e crescer sem confiança em si mesma. Quantos maiores forem os elogios sinceros e merecidos à criança por seu jeito de ser e agir, mais ela se sentirá valorizada e amada. (41) Os pais têm condições de perceber quando os filhos se sentem diferentes dos outros, dizendo-se “menos” inteligente ou “menos” bonito. Esses sentimentos trazem sofrimento e indicam insatisfação com o jeito de ser. São mais comuns em pessoas com dificuldade para superar problemas. O sentimento de competência de uma criança ou adolescente protege contra o surgimento de alguns problemas emocionais e de comportamento. Uma das formas de ver a competência dos filhos é pelo desempenho das crianças na escola. Repetidos fracassos podem comprometer ainda mais o sentimento de competência. Por isso, ficar atento ao comportamento dos filhos na escola é uma tarefa necessária aos pais. Saber o desempenho nas provas e como é o relacionamento da criança ou adolescente com os colegas, professores, diretores e funcionários, é uma forma de acompanhar como vem se desenvolvendo o sentimento de competência do filho. Outros sinais de baixa competência vêm de sentimentos de pouca confiança em si e fraca determinação para defender as idéias e opiniões, indo “atrás das idéias dos outros”. O desânimo em relação aos problemas e a dificuldade de “olhar para frente” estão presentes em crianças e jovens com menos competência. Ter fé na vida ou em Deus é mais comum entre pessoas que conseguem superar seus problemas. Participar de igreja pode ser bom para a família e para os filhos se na igreja encontrarem uma comunidade de apoio e estabilidade. A forma de lidar com os problemas é aprendida pelos filhos na relação com os pais e com o meio em que vivem, mas também depende da personalidade de cada um. As pessoas que mais superam problemas são as que enfrentam diretamente os problemas. Elas entram no “olho” do furacão. Procuram a raiz do problema pra agir prontamente. Falam diretamente com as pessoas envolvidas nos problemas. Buscam informações e apoio em pessoas ou instituições. (42) Ficar sempre pensando sobre os problemas e evitar enfrentar as dificuldades são outras formas de reagir, que quando muito utilizadas, costumam causar problemas. Uma forma ruim de enfrentar os problemas é usando drogas como álcool, cigarro, maconha e cocaína. Essas drogas servem para aliviar momentaneamente a angústia, mas não ajudam a resolver as dificuldades. É importante tentar muitas vezes tomar uma atitude de frente para solucionar as dificuldades. Outras pessoas lidam com os problemas fazendo trabalhos manuais e arte, praticando esporte, ou reagindo com bom humor. Agir dessa forma ajuda a mudar a idéia que a pessoa tem sobre o problema que viveu. (43) As pessoas que têm dificuldade para enfrentar os problemas são as que recebem menos apoio de outros, principalmente de familiares e amigos. Elas também têm mais dificuldade de pedir ajuda. É como se a gente quisesse sair do lugar e não conseguisse. Por mais difícil que o problema possa parecer, é sempre possível enfrentá-lo, seja ele do tamanho que for. A primeira coisa a fazer é pensar em você mesmo. Ser pai e mãe não é nada fácil. Para você ser um exemplo para seu filho, você precisa se sentir bem com seu jeito de ser e de decidir sua vida. Você precisa parar e pensar como você reage quando tem um problema difícil de resolver e como pode melhorar. Será que você está buscando e recebendo apoio de sua própria família, de seu trabalho, amigos e de algumas instituições? Será que você valoriza sua força e seu jeito de cuidar de você e de sua família? Será que você está agindo diretamente para resolver algumas dificuldades suas ou acaba sempre evitando pensar ou agir para resolver seus problemas? Procurar apoio é muito importante para aliviar o peso das responsabilidades que temos que dar conta na vida. 5 BUSCANDO AJUDA PARA A FAMÍLIA E OS FILHOS (44) Não tenha vergonha de buscar ajuda. É um direito seu! Procure sempre se informar sobre o problema e sobre locais que podem oferecer apoio. Converse com alguém de confiança, peça ajuda em instituições e persista se não conseguir logo uma solução. As pessoas que trabalham em serviços de saúde ou em escolas nem sempre sabem reconhecer o seu direito de receber ajuda. Por isso, procure lembrar a eles sua necessidade quantas vezes for necessário. Lembre que você, assim como todos nós, está aprendendo a criar seus filhos todo dia. E para aprender, passamos por dúvidas e inseguranças, mas também nos sentimos alegres e realizados quando somos bem sucedidos. Quisemos te falar neste livro que cada um de nós pode aprender a resolver os problemas e a viver de uma forma melhor. Isto serve para nós adultos e para crianças que educamos. Não podemos evitar as cicatrizes que a vida deixa nos nossos filhos. Podemos ajudar nossos filhos a lembrar das cicatrizes como marcas que lembram os desafios que enfrentamos e vencemos. (45) VOCÊ PODE PROCURAR SABER O TELEFONE E O ENDEREÇO DESSAS INSTITUIÇÕES EM SUA CIDADE. ELAS PODEM AJUDAR VOCÊ E SUA FAMÍLIA. • Conselhos Tutelares • Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente • Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente • Vara da Infância e Juventude • Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente • Defensoria Pública • Ministério Público • Disque-Denúncia • SOS-Criança • Abrigos para mulheres em situação de violência familiar • Serviços de atendimento a vítimas de violência. Perto de sua casa deve haver algumas dessas instituições para te ajudar: • Associação de moradores • Escola • Posto de Saúde • Programa de Saúde da Família • Hospital • Delegacia • Ong PRA DAR UMA FORÇA NAS HORAS DIFÍCEIS (46) Para quem quer saber mais sobre o assunto e sobre o CLAVES. O Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli – CLAVES vem trabalhando há alguns anos com o tema da resiliência. Veja outros livros e o nossoendereço, se quiser saber mais sobre o assunto. Outros textos: • Resiliência: enfatizando a proteção dos adolescentes. Porto Alegre: Artmed, 2006 • Resiliência na adolescência. Refletindo com educadores sobre superação de dificuldades. Rio de Janeiro. Fiocruz; ENSP; CLAVES; UNICEF; CNPq, 2005 • Encarando os desafios da vida. Uma conversa com adolescentes. Fiocruz; ENSP; CLAVES; UNICEF; CNPq, 2005 • Superação de dificuldades na infância e adolescência. Conversando com profissionais de saúde sobre resiliência e promoção da saúde. CLAVES, 2006 • O olho do furacão. Peça teatral escrita por Martha Ribeiro a partir dos originais dos livros. Dirigida por Marta Guedes e Johayne Hildefonso Nosso endereço: Centro Latino Americano de Estudos de Violência e Saúde Jorge Careli – CLAVES Escola Nacional de Saúde Pública – ENSP Instituto Fernandes Figueira – IFF Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz Av. Brasil, 4036, sala 700 Manguinhos – RJ. CEP: 21040-361 Tel/fax: 21-22904893 www.claves.fiocruz.br claves@claves.fiocruz.br (47) (48)
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