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BISPO- FUNDAMENTOS HISTÓRICO FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

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FUNDAMENTOS 
HISTÓRICO –
FILOSÓFICOS DA 
EDUCAÇÃO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jorge Bispo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
COLEÇÃO FORMANDO EDUCADORES 
EDITORA NUPRE 
2009 
FUNDAMENTOS 
HISTÓRICO –
FILOSÓFICOS DA 
EDUCAÇÃO
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REDE DE ENSINO FTC 
 
William Oliveira  
PRESIDENTE 
 
Reinaldo Borba 
VICE‐PRESIDENTE DE INOVAÇÃO E EXPANSÃO 
 
Fernando Castro 
VICE‐PRESIDENTE EXECUTIVO 
 
João Jacomel  
COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO 
 
Cristiane de Magalhães Porto 
EDITORA CHEFE 
 
Francisco França Souza Júnior  
CAPA 
 
Mariucha Silveira Ponte  
PROJETO GRÁFICO 
 
Jorge Bispo 
AUTORIA 
 
Israel Dantas da Silva 
DIAGRAMAÇÃO 
 
Israel Dantas da Silva 
ILUSTRAÇÕES 
 
Corbis/Image100/Imagemsource/Stock.Xchng 
IMAGENS 
 
Hugo Mansur 
Márcio Melo 
Paula Rios 
REVISÃO 
 
 
 
 
COPYRIGHT  © REDE FTC  
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98.  
É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios, sem autorização  
prévia, por escrito, da REDE FTC ‐ Faculdade de Tecnologia e Ciências. 
www.ftc.br 
 
 
SUMÁRIO 
1  UMA VISÃO CRÍTICA DA EDUCAÇÃO DA ANTIGUIDADE À CONTEMPORANEIDADE..................... 8 
1.1 TEMA 1. A EDUCAÇÃO DA ANTIGUIDADE E DA IDADE MÉDIA: EM BUSCA DA ESSÊNCIA DO 
HOMEM.....................................................................................................................................10 
1.1.1 CONTEÚDO 1. A TRADIÇÃO GREGA ................................................................................10 
1.1.2 CONTEÚDO 2.  A TRADIÇÃO ROMANA ...........................................................................27 
1.1.3 CONTEÚDO 3. A TRADIÇÃO MEDIEVAL ..........................................................................37 
MAPA CONCEITUAL...........................................................................................................................52 
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................53 
QUESTÕES ENADE .............................................................................................................................55 
1.2 TEMA 2. A EDUCAÇÃO DO MUNDO RENASCENTISTA À CONTEMPORANEIDADE: EM BUSCA 
DO RACIONALISMO...................................................................................................................59 
1.2.1 CONTEÚDO 1. O HUMANISMO CRISTÃO NO PROCESSO EDUCATIVO ...........................59 
LEITURA COMPLEMENTAR ................................................................................................................64 
1.2.2 CONTEÚDO 2. O RENASCIMENTO E A EDUCAÇÃO MODERNA.......................................65 
1.2.3 CONTEÚDO 3. O ILUMINISMO E O PROCESSO EDUCATIVO ...........................................73 
ATIVIDADES COMPLEMENTARES ......................................................................................................82 
ESTUDO DE CASO ..............................................................................................................................82 
QUESTÕES ENADE OU SIMILARES .....................................................................................................83 
2  FILOSOFIA E EDUCAÇÃO: EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA ............................................................ 87 
2.1 TEMA 3. FILOSOFIA E EDUCAÇÃO .............................................................................................89 
2.1.1 CONTEÚDO 1. ENTENDENDO A ORIGEM E O CONCEITO ...............................................89 
2.1.2 CONTEÚDO 2. O PAPEL DO FILÓSOFO E O ATO DE FILOSOFAR......................................96 
2.1.3 CONTEÚDO 3. O QUE É EDUCAÇÃO E PARA QUE SERVE? ..............................................98 
2.1.4 CONTEÚDO 4. FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO.................................................................... 100 
ATIVIDADE COMPLEMENTAR......................................................................................................... 116 
CASO PARA ENSINO........................................................................................................................ 117 
QUESTÕES DO ENADE ADAPATADAS OU SIMILARES DO ENADE................................................... 118 
2.2 TEMA 4. A FORMAÇÃO CRÍTICA E A NECESSIDADE DE UMA POSTURA ÉTICA DO EDUCADOR121 
2.2.1 CONTEÚDO 1. EDUCAÇÃO E IDEOLOGIA: A LUTA PELO PODER .................................. 121 
2.2.2 CONTEÚDO 2. A NECESSIDADE DE UMA NOVA ÉTICA NA EDUCAÇÃO ....................... 135 
ATIVIDADE COMPLEMENTAR......................................................................................................... 144 
CASO PARA ENSINO........................................................................................................................ 144 
QUESTÕES ENADE, OU ADPTADAS DO ENADE .............................................................................. 145 
GLOSSÁRIO ................................................................................................................................. 149 
REFERÊNCIAS............................................................................................................................... 152 
SITES ...........................................................................................................................................154 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
Caro (a) Aluno (a), 
 
Estamos dando início aos nossos estudos sobre os Fundamentos Histórico-Filosóficos 
da Educação que têm como objetivo geral analisar a Educação enquanto um objeto crítico e 
reflexivo. Enfocaremos historicamente seus aspectos sociais e políticos, da antiguidade oci-
dental até a contemporaneidade, em suas relações com o Estado, sociedade e cultura, bem 
como o estudo do desenvolvimento do processo educacional: práticas educativas, principais 
teóricos e a organização do ensino no contexto das sociedades. Abordaremos também as prin-
cipais interfaces da filosofia com a educação e seus principais teóricos, bem como os pressu-
postos filosóficos para a construção do conhecimento. 
Esse livro encontra-se dividido em dois grandes blocos temáticos, sendo que cada bloco 
serve como norteador das discussões propostas na obra. O primeiro bloco temático intitula-se 
"Uma Visão Crítica da Educação da Antiguidade à Contemporaneidade" e será desenvolvido a 
partir dos temas "A Educação da Antiguidade e da Idade Média: em Busca da Essência do 
Homem" e "A Educação do Mundo Renascentista à Contemporaneidade: em Busca do Racio-
nalismo". 
No segundo bloco temático, que recebe o nome de "Filosofia e Educação: em Busca da 
Consciência", estudaremos mais dois temas: "Filosofia e Educação" e "A Formação Crítica e a 
Necessidade de Uma Postura Ética do Educador". 
Todo o material didático dessa disciplina foi estruturado para potencializar sua aprendi-
zagem, por isso leia, atentamente, todos os textos e realize todas as atividades propostas, a fim 
de tirar um excelente proveito do nosso livro. 
A vida sempre nos oferece desafios, e a transposição das barreiras é a única forma de a-
tingirmos o sucesso. Assim, por maior que sejam as dificuldades. Não desistam nunca dos 
seus objetivos. 
Desejamos discernimento, iniciativa e realização! 
 
Prof. Jorge Bispo 
 
 
 
 
 
1 
UMA VISÃO CRÍTICA DA EDUCAÇÃO 
DA ANTIGUIDADE À 
CONTEMPORANEIDADE 
BLOCO  
TEMÁTICO 
 
 
 
10 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
UMA VISÃO CRÍTICA DA EDUCAÇÃO 
DA ANTIGUIDADE À 
CONTEMPORANEIDADE 
1.1  
TEMA 1. 
A EDUCAÇÃO DA ANTIGUIDADE E DA IDADE MÉDIA: EM 
BUSCA DA ESSÊNCIA DO HOMEM 
1.1.1  
CONTEÚDO 1. 
A TRADIÇÃO GREGA 
Que tipo de Homem a educação da Antiguidade grega pretendia formar? Entender esta 
e outras questões diz respeito à nossa cultura na atualidade que, em grande medida, é depo-
sitária da herança intelectual dessa época o que influenciou decididamente o saber ocidental. 
A civilizaçãogrega floresceu cercada de mares: Egeu, Jônico e Mediterrâneo, daí a natu-
ral vocação e necessidade de se relacionar com a navegação. De acordo com a maioria dos 
estudiosos, foi por volta do ano dois mil antes de Cristo 2000 a.C. que se organizou a Grécia. 
Isto tudo a partir das migrações de tribos nômades de origem indo-europeia, tais como: dó-
rios, aqueus, jônios e eólios. 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
JORGE BISPO 
 
MAPA DA GRÉCIA ANTIGA 
 
FONTE: HTTP://AMORA.CAP.UFRGS.BR/2001/PROJETOS/ROMA/MAPADAGRECIA.GIF 
As cidades-estado que se constituem na forma que mais caracterizou a vida política dos 
gregos antigos, surgiram por volta do século VIII a.C. No mundo ocidental, a Grécia é um país 
que se destaca pela sua importância cultural, pois é da cultura grega que se origina, em grande 
parte, nossa pedagogia e nossa educação. De uma maneira geral, as principais características 
da cultura grega, assim podem ser resumidas: 
• Valorização do Homem; 
• Exaltação da inteligência crítica; 
• Valorização do trabalho intelectual; 
• Valorização do ideal de cidadão; 
• Defesa de uma educação integral (física, intelectual, ética e estética); 
• Valorização da competição na sociedade. 
 
Desta forma tornasse impossível pensar no Ocidente sem as contribuições dos gregos, 
não porque a cultura grega seja superior ás demais, mas por seu inegável legado ao sistema 
cultural da Antiguidade. Tal sistema influenciou os colonizadores portugueses e, por conse-
guinte, o Brasil. Vejamos abaixo as marcas indeléveis que esse povo deixou na sociedade oci-
dental. 
• O ideal cívico - Mesmo não sendo uma pátria unificada, mas sim um país formado 
por várias federações, os gregos defendiam de maneira apaixonada as suas tradi-
ções e cultivavam, desde tenra idade, o amor à pátria. 
 
• O ideal esportivo - O sistema educacional dos gregos primava tanto pelo cui-
dado com o corpo quanto pelo cuidado com o espírito. Sendo assim, a beleza do 
 
 
12 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
corpo e a harmonia dos movimentos deviam ser procurados. Esta busca dava-se 
através de exercícios diários. Só para lembrar, ainda hoje são praticados nas Olim-
píadas e em outras competições, diversas modalidades esportivas criadas pelos 
gregos, como destaco: a luta livre, o lançamento de disco e a maratona. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Crescimento das ciências - O 
desenvolvimento das chamadas ciências puras 
no ocidente é depositário de toda uma tradição 
encetada pelos gregos, basta dizer que foi na 
Grécia que áreas específicas, tais como a 
astronomia e a matemática, ajudaram a 
alavancar ciências experimentais e aplicadas. 
 
• A democracia - O ideal de democracia dos atenienses (que excluía das decisões as 
mulheres, os escravos e os jovens), embora bastante diferente do praticado atualmen-
te, era entendido como o fiel da balança para uma forma de governo do povo e para o 
povo; e este fato, indubitavelmente, ficou para a posteridade, influenciando diversos 
regimes políticos democráticos na atualidade. 
 
• A influência artística - Essa civilização nos legou vários monumentos arquitetôni-
cos, que se destacam por sua simetria e beleza, tais como, o Partenon da Acrópole (A-
tenas) e outros templos menores. Além disso, destaca-se também as suas escultura s 
em mármore e os famosos vasos de cerâmica. 
 
• A influência literária - O que mais chama a atenção, em termos do legado grego no campo da lite-
ratura, é a criação de diversos estilos de escrever que atravessou séculos, perdurando 
até os nossos dias. É creditado aos gregos a invenção do teatro, da tragédia e da comé-
dia. Também não podemos deixar de destacar que a divulgação de textos narrativos e 
épicos contribuiu para a arte de se e s c r e v e r História, ou seja, além das famosas lis-
 
 
13 
JORGE BISPO 
 
tas de nomes e de um conglomerado de datas aproximadas, os escritores gregos, a 
partir de suas ricas narrativas, permitiram um melhor entendimento da sociedade 
helena. 
Além dos elementos supracitados, notabiliza-se também a inestimável herança grega 
para a Educação, inclusive porque está intimamente ligada à origem da pedagogia no 
Ocidente. Tanto no conceito quanto no significado de sua ação, a pedagogia nasce na 
Grécia Antiga com a palavra paidagogós, que deu origem a pedagogia. Primeiramen-
te, o termo significava literalmente “aquele que conduz a criança” (agogôs, “que con-
duz”) e se aplicava ao escravo que acompanhava a criança à escola. Com o tempo, o 
conceito passou a abranger toda teoria sobre a educação. 
Porém, antes de analisarmos a educação na Grécia, vejamos brevemente a sua histó 
ria, esta que, por razões didáticas, costuma ser dividida nos seguintes períodos: 
 
• Homérico (1150 a 800 a.C.): inicia-se com a 
chegada de vários povos, entre eles destacavam-se os 
aqueus, dórios, eólios e jônios; aqui ocorreu 
a formação dos génos; a Grécia ainda 
ressentia-se da ausência da escrita. Esta fase 
da história grega assim ficou conhecida 
devido aos famosos escritos de Homero 
(Ilíada e Odisseia). De acordo com os estu-
diosos sobre o período. O Mito do Herói 
que povoa o imaginário ocidental sustenta-
se em grande medida nas histórias de Homero. Nagy, “em sua obra The Best of the 
Achaeans, sustenta a tese de que Aquiles é o melhor dos aqueus na tradição épica cor-
porificada para nós pela Ilíada e Odisseia. O é pela tradição da Odisseia” (NAGY a-
pud fflch/usp, s/d p.1). Esta visão dos heróis gregos, sem dúvida alguma, nos foi lega-
da pela grandiosa obra do autor que dá nome a esta etapa da história grega. 
 
• Arcaico (800 a 500 a.C.): nesta fase tem-se a formação da pólis; e os gregos come-
çam seu processo de colonização, nesse ínterim ocorre o surgimento do alfabeto 
fonético, o aprofundamento da arte e da literatura; além de um franco progresso só-
cio-econômico. De acordo com Funari, na Grécia do período arcaico, a economia ba-
seava-se na agricultura e na criação; terras e rebanhos pertenciam a grandes proprie-
tários, os chefes dos clãs que diziam descender dos heróis lendários. (FUNARI, 2002, 
p. 26). Outro destaque ocorrido nesta fase da história grega recai no crescimento da 
divisão do trabalho, da indústria, do comércio e do processo de urbanização. 
 
• Clássico (500 a 338 a.C.): ainda que discutível do ponto de vista teórico, esta fase é 
considerada pela maioria dos estudiosos como o período de esplendor da civilização 
grega. “O século V a.C foi o período que se caracterizou pelo apogeu econômico, po-
lítico cultural da pólis ateniense. A democracia foi fundada pelas reformas de Clíste-
 
 
14 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
nes [...] atingindo o seu auge quando Péricles foi arconte.” (PECORARO, 2008, p.9). 
As duas cidades consideradas mais importantes desse período foram Esparta e Ate-
nas, além delas, algumas outras cidades vieram a se destacar naquele cenário, a e-
xemplo de Corinto, Tebas e Siracusa. 
 
• Helenístico (338- a 146 a.C.): de acordo com Funari, “os estudiosos modernos 
utilizaram o termo "helenístico" para referir-se à civilização que se utilizava 
do grego como língua oficial, a partir das conquistas de Alexandre, o Grande 
(336 a.C.), até o domínio romano da Grécia, em 146 a.C” (FUNARI, 2002, 
p.74). Pode-se ainda assinalar como destaques desde período: a crise da polis 
grega, a invasão macedônica e a expansão cultural e militar, que dentre outras coisas, 
permitiu à civilização grega se difundir pelo Mediterrâneo, substituindo ou fundin-
do-se com outras culturas. 
 
Feito esta breve caracterização dos períodos históricos, passaremos à análise dos aspec-
tos educacionais dos helenos. Vale salientar que na Grécia existiram diversas formas de edu-
cação que variaram em função da época, das condições sócio-econômicas e do momento polí-
tico vivido pela civilização grega. 
 
Vejamos a seguir os períodos da Educação Helena: 
 
EDUCAÇÃO HERÓICA 
A educação grega heróica tinha como principal meta formar futurosguerreiros e heróis, 
baseando-se nos conceito de honra, valor, sacrifício e bravura, tudo isso resumia a mentalida-
de grega, existia um o ideal máximo chamado de Areté (aqui entendido como dedicação para 
formar a alma o mais perfeitamente possível). Além disso, estimulava-se a competição entre 
os alunos, enfatizando ideais como superioridade. Caracterizavam assim o espírito de emula-
ção (desejo de se sobressair entre os demais, de ser sempre o melhor). As obras literárias fun-
damentais para compreender a educação desse período são Ilíada e Odisseia. 
Os jovens eram educados com bastante rigor, dedicavam-se aos exercícios com armas 
primando pela boa forma do corpo. (arco e flecha, educação física, jogos cavalheirescos), ao 
mesmo tempo, estudavam artes musicais (lira e canto), oratória e por fim estudavam boas 
maneiras. 
 
 
 
15 
JORGE BISPO 
 
A educação feminina limitava-se ao aprendizado das artes domésticas. Essa educação 
não ocorria ainda em escolas ou instituições formais de ensino, o espaço reservado para tais 
atividades eram as áreas livres dos palacetes pertencentes à elite econômica da época. 
 
Até aqui vimos que o ideal de formação na Grécia era voltado para a virtude, você 
acha que a educação da atualidade poderia adotar ainda parte desse ideal? 
 
EDUCAÇÃO ESPARTANA 
 
“Todo o sistema a legislação os lacedemônios visa uma 
parte das qualidades do homem - o valor militar, por este ser útil 
nas conquistas; consequentemente a força dos lacedemônios foi 
preservada enquanto eles tiveram em guerra, mas começou a 
declinar quando eles construíram um império, porque não 
sabiam como viver em paz, e não foram preparados para 
qualquer forma de atividade mais importante para eles do que a 
militar" Aristóteles. 
 
Esparta, localizada na península do Peloponeso, foi uma das cidades-estado que mais se 
destacaram na Grécia Antiga. Caracterizava-se por ser extremamente militarizada. A educa-
ção tinha caráter totalitário e não perdia de vista os interesses do Estado, o qual exigia do ci-
dadão sacrifício e obediência acima de tudo, isso se refletia, em termos pedagógicos, na seve-
ridade, cultivo do amor à Pátria e na dureza. A educação espartana também era esportiva e 
artística (eles praticavam dança e música), sendo que o maior destaque recaía sobre os exercí-
cios militares que não excluía as mulheres. O processo educativo ainda não se dava em escolas 
formais, mas sim em grandes acampamentos. Esta educação era de responsabilidade do Esta-
do se buscássemos uma palavra para definir claramente o espírito da educação Espartana 
seria: agogê (agoge), que significa “adestramento”, “treinamento”. 
Criados a partir dessa mentalidade, os garotos espartanos preparavam-se para defender o 
Estado, se necessário doando suas vidas no campo de batalha pela sua cidade. Seus valores 
mais importantes se constituíam na disciplina, obediência aos superiores, desprezo à covardia, 
e coragem extrema. Vejamos a seguir algumas etapas da educação espartana: 
 
 
16 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
• Até os sete anos, os meninos eram educados em casa, com a família, aprendendo os 
valores de sua classe e a história de seus antepassados; 
 
• A partir dos oito anos, começavam a ser treinados pelo Estado, sobretudo reforçando 
os ideais de civismo, bravura, patriotismo e sacrifício. Nesse ínterim, também apren-
diam cálculo e as primeiras letras. 
 
• A partir dos 12 anos iniciavam a educação militar propriamente dita. Para tanto se 
reuniam em grandes acampamentos, nos quais aprendiam a ser duros, resistentes, 
frios e corajosos. Começavam então a participar de operações militares, cultivando a 
força física e a coragem. 
 
• Após 17 anos, ainda nos acampamentos, os jovens passavam pelo ritual da kriptia, 
no qual teriam que provar sua coragem e habilidade caçando escravos pelas terras 
espartanas. 
 
• Aos 30 anos os espartanos adquiriam o direito á cidadania e podiam, assim, partici-
par da Assembleia. 
 
• Finalmente, aos 60 anos, os espartanos, depois de longa data de serviços prestados 
podiam entrar para a reserva. Decretava-se assim o fim do serviço militar e o início da 
participação na Gerúsia, a Assembleia dos Anciãos. Esparta admitia e fazia pleno uso 
dos castigos físicos quando seus meninos não cumpriam com o que se esperava de-
les, sendo tristemente célebres os espetáculos de autoflagelação pública. Ao contrá-
rio de Atenas, a educação em Esparta estava voltada para a conservação da tradição. 
Nesse sentido, podemos comparar Esparta com todos os regimes totalitários que 
lhe sucederam e que buscaram utilizar a educação para incutir ideias refratárias a 
mudanças e ao novo, algo bem distante do verdadeiro espírito da educação, não é? 
Não encontrávamos em Esparta o valor dado ao indivíduo em Atenas. Ao contrário: 
em Esparta o importante era o grupo e a extrema obediência ao seu líder que, por sua vez, 
cumpria cegamente as ordens dadas pelo governo de sua cidade. Para muitos, a inflexibilida-
de de Esparta era sua principal fraqueza, pois, ao educar homens apenas para obedecer e 
lutar, seus cidadãos não conseguiam viver em tempos de paz nem administrar cidades dife-
rentes, já que só conseguiam ver o mundo através de um único prisma: sua cidade e seu modo 
de pensar. 
E a educação das mulheres em Esparta? Bem, elas aprendiam a ler e escrever, ao con-
trário das mulheres em Atenas. As tarefas domésticas, como tecer, costurar e cozinhar fica-
vam a cargo dos hilotas, enquanto elas recebiam uma educação muitas vezes tão brutal quanto 
dos homens. Afinal, as mulheres em Esparta tinham que saber se defender sozinhas. Para isso 
 
 
17 
JORGE BISPO 
 
recebiam treinamento militar e educação física. Participavam de eventos esportivos nos quais 
corriam, atiravam peso e arco e praticavam luta livre. 
Na verdade, o que os legisladores espartanos queriam formar eram mulheres fisica-
mente fortes capazes de gerar os bravos guerreiros que a cidade tanto prezava e de zelar pelas 
suas propriedades quando seus maridos ficavam longe nas longas campanhas militares promo-
vidas pelos espartanos. A necessidade de contar com o apoio das mulheres em caso de insur-
gência numa sociedade altamente repressiva e conservadora fazia com que os homens espar-
tanos dessem a elas treinamento militar, participação em atividades políticas e maior liberdade 
para participar das atividades do cotidiano da pólis (inclusive dos esportes). 
A valorização da mulher em Esparta existia em linha direta com sua capacidade de ge-
rar a prole saudável e expulsar os invasores que porventura se aventurassem por suas terras, 
além de reprimir as revoltas dos escravos, os hilotas. 
 
A palavra lacônico significa “breve”, “conciso”, “algo que é dito em poucas pala-
vras”? Saiba também que a origem do termo é grega e vem da Lacônia, região onde fi-
cava a cidade de Esparta. Segundo autores da Antiguidade, os espartanos eram lacôni-
cos não apenas por terem nascido na Lacônia, mas também pelo caráter fechado e 
pouco afeito a debates intelectuais, resultado de uma educação que privilegiava a obe-
diência e o militarismo. 
EDUCAÇÃO ATENIENSE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Vimos que Esparta notabilizou-os pelo governo e educação autoritários (tinha como fi-
losofia educacional formar guerreiros dispostos a matar e morrer pela sua cidade). Para isso, 
 
 
18 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
educava tanto homens e mulheres nas artes da guerra e dentro do mais rigoroso patriotismo 
cunhado pelo espírito de sacrifício e obediência. 
Atenas, ao contrário, alcançou a vida política democrática (sobretudo no século VII 
a.C.). Vale lembrar novamente que tal democracia era restrita a uma pequena elite econômica, 
contemplando apenas os homens. 
O espírito da educação ateniense pode ser resumido na ideia de kalokaghatia (educação 
moral e estética reunidas) aliada aos valores cívicos e ao espírito democrático. A educação era 
mais social (ficavaa cargo de particulares) que estatal. 
Em Atenas, a própria organização social da cidade exigia de seus cidadãos algo mais que 
apenas obedecer e lutar. Como berço da democracia, Atenas exigia de seus cidadãos o mí-
nimo preparo necessário para dar conta das demandas que um regime democrático impõe 
aos seus cidadãos, que é o debate e a tomada de decisões. 
Para isso, os atenienses ofereciam aos seus filhos uma educação bem mais flexível que 
aquela desenvolvida em Esparta, na qual buscavam desenvolver as mais diversas habilidades, 
formando assim um conjunto afinado de conhecimentos artísticos, intelectuais, bem como 
sensoriais. 
Vejamos abaixo as principais etapas da educação em Atenas: 
• Até os sete anos, os meninos eram educados em casa na convivência dos seus. A 
partir daí, começavam a receber educação elementar composta de música e alfabeti-
zação. Essa educação era dada pelos tutores, mestres que transmitiam conhecimento 
aos filhos das famílias mais ricas. 
 
• A partir dos trezes anos, os mais ricos começavam a ser educados em grandes 
ginásios, locais nos quais os meninos eram reunidos para estudar, entre outras áreas, 
a matemática e a filosofia. Aí também recebiam educação cívica e educação física. Pa-
ra os menos abastados, a idade de treze anos marca o início do aprendizado de uma 
profissão. 
 
• Dos dezesseis aos dezoito anos, os jovens atenienses recebiam treinamento militar. 
 
• Após o final do treinamento, a elite continuava seus estudos nas academias, co-
mo a de Platão, e refinavam ainda mais seus conhecimentos em filosofia, oratória e 
política. 
 
Educação feminina 
As mulheres de Atenas, quando comparadas com as espartanas, dispunham de pouquís-
simo prestígio, estando a apenas um patamar de diferença dos escravos na escala social. 
 
 
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JORGE BISPO 
 
Devido a esse fato, ninguém esperava que uma menina ateniense aprendesse a ler ou escrever, 
muito menos receber educação como os meninos. Chegava-se a dizer em Atenas que ensi-
nar uma mulher a ler e escrever era como dar mais veneno a uma víbora. 
Elas deveriam se doar ao máximo a seus maridos e filhos e, dessa forma, abdicar quase que 
totalmente de seus interesses e vontades. Cuidar do lar, monitorar o crescimento de seus 
filhos e devotar integral fidelidade ao marido passava a ser a vida de qualquer mulher grega. 
Divididas em três classes, a elas restavam as tarefas de escravas, esposas dos cidadãos e 
cortesãs. 
As escravas eram as responsáveis pelas tarefas da casa de sua dona e ajudavam a cuidar 
das crianças da casa. As esposas dos cidadãos repetiam após o casamento a mesma submissão 
ao marido que dedicaram aos pais e irmãos. Deviam ser dóceis e humildes, sempre a disposi-
ção dos seus. Eram responsabilidades dessas esposas, além da criação de seus filhos, que cui-
dassem da casa com o auxílio dos criados (para isso tinham que averiguar o serviço doméstico 
e orientar os empregados quanto a forma como esse trabalho deveria ser feito), a confecção 
de tecidos para a criação de peças de vestuário que seriam utilizadas pelos seus próprios fa-
miliares, a produção de tapetes e cobertas e a manutenção e embelezamento da casa. 
No caso das famílias humildes, a diferença consistia na inexistência de criados para a 
execução dos serviços domésticos, o que acarretava a necessidade de que esses trabalhos fos-
sem realizados pela própria esposa, inclusive cozinhar, lavar e limpar a casa. 
Já as cortesãs aprendiam a ler e escrever e também podiam frequentar espaços públicos, 
algo impensável para as esposas dos cidadãos, que viviam recolhidas em casa, no gineceu 
(parte da casa destinada às mulheres), mas apenas porque tinham a função de entreter os po-
derosos. Inclusive a própria produção artística nos dá relatos de como as mulheres podiam ser 
tratadas em Atenas. Vejam abaixo a descrição feita na letra Mulheres de Atenas, autoria de 
Chico Buarque de Hollanda e Augusto Boal: 
 
“Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas 
Vivem pros seus maridos, orgulho e raça de Atenas 
Quando amadas se perfumam, 
Se banham com leite, se arrumam 
Sua melenas 
Quando fustigadas não choram 
Se ajoelham, pedem, imploram 
Mais duras penas, 
Cadenas 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
Mirem-se no exemplo daquelas mulheres de Atenas 
Sofrem pros seus maridos, poder e força de Atenas” 
HOLLANDA, Chico Buarque; BOAL, Augusto. Mulheres de Atenas. CD Meus Caros 
Amigos, 1976. 
 
EDUCAÇÃO HELENÍSTICA 
Imaginem se no mundo atual, o Brasil fosse conquistado por uma grande potência 
mundial (Estados Unidos da América ou França, por exemplo). Com certeza a nossa cultura 
sofreria mudanças. Isso foi o que aconteceu com a Grécia no período helenístico. 
Alexandre Magno (Rei da Macedônia) dominou a Grécia no século IV a.C e colocou 
sob seu governo a Grécia e a Pérsia, a partir daí a cultura grega universalizou-se, ampliando-
se e se tornando multicultural, sobretudo pela larga influência dos orientais. De acordo com 
Blainey, a poderosa civilização helenística, agora concentrada em Alexandria e nas antigas 
terras gregas, na Europa e na Ásia Menor, não tinha carência de autoestima; era frequente-
mente imitada (BLAINEY, 2008, p. 46). É dessa fase o chamado despotismo que séculos mais 
tarde foi aplicado na Europa de maneira generalizada. 
Nessa época a Paideia (a totalidade das formas e criações espirituais, o tesouro comple-
to da sua tradição grega), transformou-se em enciclopédia. 
A educação passou a valorizar o aspecto intelectual, ao invés dos aspectos físicos e esté-
ticos. A leitura, o cálculo e a escrita experimentaram grande desenvolvimento, mas o método 
era de memorização. 
Se a memorização ainda era valorizada, a disciplina era bastante rigorosa e os castigos 
corporais eram considerados como algo natural. A escola dos grammátikos foi a que mais 
cresceu, nela estudava-se: literatura clássica, poesia e história. No ensino superior (Universi-
dade de Atenas e no Museu de Alexandria), as matérias de ensino dividiam-se em: 
Humanistas (gramática, retórica e filosofia ou dialética). 
Realistas (aritmética, música, geometria e astronomia). 
O ensino privado ainda existia, mas possuía uma dimensão bastante restrita, os pedago-
gos passam a ser mais bem remunerados e ganham certo prestígio social. 
 
No período helenístico a Grécia teve a sua cultura tradicional modificada. No 
mundo atual, você considera isso um aspecto positivo ou negativo? 
 
 
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JORGE BISPO 
 
Principais Educadores Gregos 
 
SÓCRATES (469-399 a.C.) 
Filósofo nascido em Atenas, considerado o maior re-
presentante da pedagogia do Ocidente. Como educador pre-
tendeu despertar e estimular a busca pessoal da verdade, ou 
seja, despertar o conhecimento de si próprio. Sócrates 
acreditava que o autoconhecimento era o início do caminho 
para se atingir o verdadeiro saber, convidava seus discípulos 
para um mergulho em si mesmo, em suas aulas, os alunos 
não recebiam os conteúdos prontos de maneira passiva, pelo 
contrário, buscava que o aluno construísse os mesmos. 
 
Esse grande pensador grego foi acusado de 
desrespeitar os deuses e de corromper a juventude. Foi condenado à morte e, apesar da possi-
bilidade de fugir da prisão, preferiu seguir fiel à sua missão e escolheu morrer tomando cicuta 
(veneno extraído de uma planta). Não deixou nenhuma obra escrita. O que a cultura ocidental 
herdou deste autor vem dos testemunhos de alguns contemporâneos seus, sobretudo, de um 
de seus mais aplicados alunos: Platão. 
Sócrates é considerado o grande nome da filosofia grega na Antiguidade. Foi educado 
desde sua infância e teve como base de seus estudos a obra de Homero. Viveu em Atenas 
quando a cidade era ainda um centro cultural dos mais importantes da Grécia, exercendo a 
tarefa de educador público. Defendia suas ideias de maneira entusiasmada e colocou os ho-
mens em face da seguinte evidência oculta: as opiniões não são verdades, pois não resistem ao 
diálogo crítico.Acreditava na seguinte tese: Acreditamos saber, mas precisamos descobrir que não sabe-
mos. Ficou conhecido e ganhou notoriedade a partir de seu famoso método de ensino, sua arte 
de interrogar, ou seja, a maiêutica (Platão criou a palavra maieutiké para referir-se ao "parto 
das ideias" ou "parto das almas"), que consiste em forçar o interlocutor a desenvolver seu pen-
samento sobre a questão que ele pensa conhecer, para conduzi-lo, de consequência em conse-
quência, a contradizer-se, e, portanto, a confessar que nada sabe. 
As etapas do saber são: 
a) ignorar sua ignorância; 
b) conhecer sua ignorância; 
c) ignorar seu saber; 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
d) conhecer seu saber. 
A verdade, escondida em cada um de nós, só é visível aos olhos da razão. Deriva daí, a 
célebre frase: "Só sei que nada sei". Acusado de introduzir novos deuses em Atenas e de cor-
romper a juventude, foi condenado pela cidade. Irritou seus juízes com sua mordaz ironia. De 
acordo com relatos do período, teria morrido tomando cicuta. 
 
O método socrático 
Sócrates comparava sua função com a profissão de sua mãe, parteira – que não dá à luz a 
criança, apenas auxilia a parturiente. “O diálogo socrático tinha dois momentos”, diz Carlos 
Roberto Jamil Cury, professor aposentado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. 
O primeiro corresponderia às “dores do parto”, momento em que o filósofo, partindo 
da premissa de que nada sabia, levava o interlocutor a apresentar suas opiniões. Em seguida, 
fazia-o perceber as próprias contradições ou ignorância para que procedesse a uma depura-
ção intelectual. Mas só a depuração não levava à verdade chegar a ela constituía a segunda 
parte do processo. Aí, ocorria o “parto das ideias”, momento de reconstrução do conceito, em 
que o próprio interlocutor ia “polindo” as noções até chegar ao conceito verdadeiro por apro-
ximações sucessivas. 
O processo de formar o indivíduo para ser cidadão e sábio devia começar pela educação 
do corpo, que permite controlar o físico. Já para a educação do espírito, Sócrates colocava em 
segundo plano os estudos científicos, por considerar que se baseavam em princípios mutá-
veis. Inspirado no aforismo “conhece-te a ti mesmo”, do templo de Delfos, julgava mais im-
portante os princípios universais, porque seriam eles que conduziriam à investigação das coi-
sas humanas 
 
O que você acha do ideal socrático de estimular o aluno a produzir o seu próprio 
conhecimento? 
PLATÃO (427-347 a.C.) 
Platão aparece como um dos três grandes filósofos clás-
sicos (a saber: Sócrates, Platão e Aristóteles), foi discípulo do 
primeiro e, assim como seu mestre, não concordava com a 
educação praticada na Grécia de seu tempo, esta que estava a 
cargo dos sofistas, sobretudo por que estes transmitiam co-
nhecimentos técnicos, além da à oratória, aos jovens da elite 
 
 
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JORGE BISPO 
 
econômica grega. Este tipo de ensino capacitava os pupilos para ocupar funções públicas. O 
ensino sofístico defendia a ideia de que os cidadãos que cultivassem o espírito deviam fortale-
cer o Estado e ainda que os mais capacitados, ou seja, os melhores alunos tornar-se-iam go-
vernantes. Platão defendia a tese de que toda educação devia ser responsabilidade do Estado. 
Homem de visão avançada, dizia que se atingiria uma sociedade mais justa com a instrução 
dos meninos e meninas, além de preconizar o acesso universal ao processo educativo. 
Este filósofo de Atenas, nascido em uma família rica, esteve em contato com as persona-
lidades mais importantes de sua época. Entre as várias obras que deixou, destacam-se: Repú-
blica, Alegoria da caverna, Sofista e Leis. 
A partir de suas obras, desenvolveu suas conclusões sobre a tarefa central de toda educa-
ção; "elevar o espírito" e fazer com que as pessoas saiam do mundo "aparente", as fazendo o-
lhar para a luz do "verdadeiro ser". Segundo Platão, somente com o cumprimento desta tarefa 
existiria educação, única coisa que o homem pode levar para a eternidade. Para se alcançar 
este objetivo ele dizia ser necessário "converter" a alma. Assim a educação seria a "arte da con-
versão". 
 
Atualmente, você consideraria um "mundo de ilusões" aquilo que a televisão divul-
ga, através de alguns comerciais, novelas e outros programas? 
 
ARISTÓTELES (384-322 a.C) 
Um dos maiores filósofos da história de toda 
a Antiguidade. Nascido na Macedônia, estudou na 
Academia de Atenas, onde permaneceu estudando 
e ensinando por mais de vinte anos. Aristóteles, ao 
contrário do seu mestre (Platão), não era idealista, 
pregava de maneira mais racional e dizia que as 
ideias estão nas coisas, como sua própria essência. 
Era também realista em sua concepção 
educacional, afirmando que três fatores principais 
determinariam o desenvolvimento espiritual do 
homem: disposição inata, hábito e ensino. Com 
isso, mostrava-se favorável à medidas educacionais 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
"condicionantes." Acreditava que o homem podia tornar-se a criatura mais nobre, assim como 
podia tornar-se também o pior de todos os seres. Outra tese sua é de que aprendemos fazendo 
e de que nos tornamos mais justos agindo justamente. 
Entre os representantes da tríade de filósofos da Grécia antiga, Aristóteles foi o que mais 
influenciou a civilização ocidental. Sua vigorosa contribuição, até hoje pode ser sentida no 
modo de organizar e produzir conhecimento da atualidade. Foi ele o fundador da Lógica da 
ciência e suas conclusões nessa área não tiveram contestação alguma até o século XVII. 
As principais obras de onde se pode tirar informações pedagógicas são as que tratam de 
política e ética. "Em ambos os casos o objetivo final era obter a virtude", diz Carlota Boto, pro-
fessora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. “Em suas reflexões sobre 
ética, Aristóteles afirma que o propósito da vida humana é a obtenção do que ele chama de 
vida boa. Isso significava ao mesmo tempo vida 'do bem' e vida harmoniosa." 
"A educação, para Aristóteles, é um caminho para a vida pública", prossegue Carlota. 
Cabe à educação a formação do caráter do aluno. Perseguir a virtude significaria, em todas 
as atitudes, buscar o "justo meio". A prudência e a sensatez se encontrariam no meio-termo, 
ou medida justa - "o que não é demais nem muito pouco", nas palavras do filósofo. 
 
Imitação era o princípio do aprendizado 
Aristóteles, diferentemente de Platão era um crítico da sociedade como um todo e da 
democracia ateniense. Por outro lado, considerava a família como o núcleo inicial da organi-
zação das cidades e a primeira instância da educação das crianças. Atribuía, no entanto, aos 
governantes e aos legisladores o dever de regular e vigiar o funcionamento das famílias para 
garantir que as crianças crescessem com saúde e obrigações cívicas. Por isso, o Estado deve-
ria também ser o único responsável pelo ensino. Na escola, o princípio do aprendizado seria a 
imitação. Segundo ele, os bons hábitos se formavam nas crianças pelo exemplo dos adultos. 
Quanto ao conteúdo dos estudos, Aristóteles via com desconfiança o saber "útil", uma vez 
que cabia aos escravos exercer a maioria dos ofícios, considerados indignos dos homens livres. 
 
 
Elabore um comentário crítico que discuta o por que de Aristóteles ser considerado 
realista no que diz respeito à sua concepção educacional 
 
 
 
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JORGE BISPO 
 
 
 
 
 
 
 
Abaixo acompanhe um quadro resumo sobre os principais educadores gregos: 
EDUCADOR PRESSUPOSTO MÉTODO 
 
SÓCRATES 
 
Autoconhecimento do edu-
cando. 
Diálogo crítico, dividido em duas etapas:
ironia e maiêutica. 
 
PLATÃO Elevação do “espírito” do edu-
cando. 
Dialético a partir de etapas precisas para o
processo educacional. 
ARISTÓTELES Hábitos virtuosos e orientação
racional para os alunos. 
Lógico, partindo da percepção do objeto
memorização do percebido e inter-relação
entre os mesmos. 
 
 
Em sua opinião, quais princípioseducacionais da Grécia Antiga podem e devem ser 
usados nos nossos dias? 
 
1. Faça um comentário sobre o lema socrático conhece-te a ti mesmo, procurando 
relacioná-lo com a educação atual: 
2. Descreva, em linhas gerais, o método de ensino de Sócrates. Você acha que nos 
dias atuais ele ainda seria válido? Justifique a sua resposta. 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
3. A Alegoria da Caverna traz representações importantes para um educador. Pen-
sando como tal, responda as proposições que se encontram logo após o texto abaixo. 
 
 
 
MITO DA CAVERNA 
Imagine um grupo de pessoas que habitam o interior de uma caverna subterrânea. 
Elas estão de costas para a entrada da caverna e acorrentadas no pescoço e nos pés, de 
sorte que tudo o que veem é a parede da caverna. Atrás delas ergue-se um muro alto e por trás 
desse muro passam figuras de formas humanas sustentando outras figuras que se elevam para 
além da borda do muro. Como há uma fogueira queimando atrás dessas figuras, elas projetam 
sombras bruxuleantes na parede da caverna. Assim, a única coisa que as pessoas da caverna 
podem ver é este "teatro de sombras". E como essas pessoas estão ali desde que nasceram, elas 
acham que as sombras que veem são a única coisa que existe. 
Imagine agora que um desses habitantes da caverna consiga se libertar daquela prisão. 
Primeiramente ele se pergunta de onde vêm aquelas sombras projetadas na parede da caverna. 
Depois consegue se libertar dos grilhões que o prendem. O que você acha que acontece quan-
do ele se vira para as figuras que se elevam para além da borda do muro? Primeiro, a luz é tão 
intensa que ele não consegue enxergar nada. 
Depois, a precisão dos contornos das figuras, de que ele até então só vira as sombras, o-
fusca sua visão. Se ele conseguir escalar o muro e passar pelo fogo para poder sai da caverna, 
terá mais dificuldade ainda para enxergar devido a abundancia de luz. Mas depois de esfregar 
os olhos, ele verá como tudo é bonito. Pela primeira vez verá cores e contornos precisos: verá 
animais e flores de verdade, de que as figuras na parede da caverna não passavam de imitações 
baratas. Suponhamos, então, que ele comece a se perguntar de onde vêm os animais e as flo-
res. Ele vê o Sol brilhando no céu e entende que o Sol dá vida às flores e aos animais da natu-
reza, assim como também era graças ao fogo da caverna que ele podia ver as sombras refleti-
das na parede. 
Agora, o feliz habitante das cavernas pode andar livremente pela natureza, desfrutando 
da liberdade que acabara de conquistar. Mas as outras pessoas que ainda continuam lá dentro 
da caverna não lhe saem da cabeça. E por isso ele decide voltar. 
Assim que chega lá, ele tenta explicar aos outros que as sombras na parede não passam 
de tremulas imitações da realidade. Mas ninguém acredita nele. As pessoas apontam para a 
 
 
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parede da caverna e dizem que aquilo que veem é tudo o que existe. Por fim, acabam matan-
do-o. 
Extraído do livro Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. Cia da Letras, 2000, p.104/105. 
a. De acordo com Platão, qual seria tarefa central da educação? 
b. O que seria a luz exterior do sol? 
c. Explique o que Platão pensava sobre a democracia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1.2  
CONTEÚDO 2.  
A TRADIÇÃO ROMANA 
Nasce uma nova forma de educar: a educação prática dos romanos. 
Você já ouviu falar da Itália? Pois é, Roma ocupava a área que atualmente é conhecida 
como Itália e com o passar dos anos muitas outras regiões da Europa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
MAPA DO IMPÉRIO ROMANO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Civilização Romana teve início mais ou menos em dois mil a.C, nesse ínterim a parte 
central da península itálica passou a ser povoada por diversos povos: entre os quais destaca-
mos os italiotas, os gregos, os latinos e ainda os etruscos. 
E os romanos faziam o que para se sustentar? Diversas coisas, falaremos aqui sobre as 
principais. Na economia destacava-se o pastoreio e as atividades comerciais. A principal fonte 
de riqueza eram os impostos cobrados das colônias (países dominados pelos romanos). E co-
mo as pessoas viviam em Roma? A sociedade era patriarcal (os pais tinham poderes absolutos) 
e, era dividida em classes: de um lado a nobreza por nascimento, chamados de patrícios que 
eram geralmente proprietários das terras e do outro, os plebeus, maioria absoluta da popula-
ção, estes se subdividiam em dois grandes seguimentos: os homens livres (camponeses, arte-
sãos e comerciantes) e os escravos. Sendo que dentre os plebeus sobressaía-se um grupo espe-
cífico, os clientes, protegidos das famílias patrícias que prestavam serviços às mesmas. Agora 
que a gente já conhece a economia e a sociedade romanas, vamos ver, em linhas gerais, as 
principais características culturais desta civilização que assim podem ser resumidas: valoriza-
ção da vontade e da ação humanas; cultivo dos ideais de domínio e de espírito prático; afirma-
ção da importância da família; defesa de uma educação realista e estatal, amor pelas normas 
jurídicas. 
O mundo ocidental conserva atualmente muitos traços da Roma Antiga: 
• No direito (o direito romano é estudado até hoje nas faculdades de direito); 
• Nas línguas latinas (o francês, o espanhol e o português são de origem latina e até o 
inglês tem forte influencia do latim romano); 
 
 
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• Na organização da Igreja Católica (foi com a administração imperial que a nascente I-
greja cristã a prendeu a se organizar institucionalmente); 
• Na política (o modo republicano de governar e suas instituições nasceram em Ro-
ma); 
• Na economia (o sistema de cobrança de impostos romano serviu de base para a or-
ganização de sistemas tributários ao longo da História). 
 
Sobre o surgimento de Roma, temos duas versões: aquela do mito e aquela da História. De 
acordo com a lenda, Roma teria sido fundada por Rômulo e Remo, gêmeos descendentes de 
Eneias, herói da guerra de Tróia que, abandonados numa cesta no rio Tibre, foram encontra-
dos e criados por uma loba até serem resgatados por um casal de pastores. Já adultos, fundaram 
a cidade por volta de 753 a.C. De acordo com as pesquisas históricas e arqueológicas, Ro-
ma foi fundada na região do Lácio pelos latinos, povo que se estabeleceu às margens do rio 
Tibre numa região já ocupada por diversos povos e governada pelos etruscos. Foram eles que 
governaram os romanos no período monárquico, monarquia que corresponde ao primeiro pe-
ríodo da história romana e que termina justamente com a queda do último rei etrusco, Tar-
quínio, o Soberbo. 
Em 509 a.C., os patrícios, apoiados pela plebe, acabaram destronando Tarquínio e im-
plantaram assim a República Romana. Esta forma de governo (republicano) serviu como uma 
espécie de “resposta” dos patrícios ao poder centralizado dos monarcas, pois ao contrário de 
se apoiar em um poder absoluto exercido por um governante apenas, os romanos optaram 
pelo poder descentralizado e afinado com os interesses coletivos, daí a origem do nome, ou 
seja, rés pública, ou melhor, expressando coisa pública. 
Para que o povo se sentisse melhor representado, o governo romano passou a 
ter dois cônsules que eram eleitos por uma Assembleia Centuriata (formada pelas centúrias) 
que possuíam plenos poderes que abrangiam as esferas militar, civil, e religiosa. Os dois Côn-
sules atuavam apenas nos tempos de paz, quando surgiam guerras, r e b e l i õ e s ou calamida-
des públicas, eles eram substituídos temporariamente por um ditador, que durante seis meses, 
no máximo, tinha a missão de pacificar o cenário adverso. 
A República promoveu várias transformações na vida romana, mas a que possivelmente 
teve maior repercussão foi a intensa expansão territorial de Roma, transformando-a em uma 
potência territorial, constituída por províncias que iam do norte da África ao Oriente Médio. 
Entretanto, as tensões resultantesdessa expansão acabaram por soterrar de vez o regime con-
sular e abrir caminho para a centralização de poder nas mãos dos imperadores. 
Após o ano de 180 d. C, Roma entrou em um ciclo de violência, esse fato resultou no 
controle militar da cidade, estes militares deixaram de ser leais ao Estado, perdendo-se assim o 
respeito pela população civil. Os novos comandantes passaram a promover a política do ter-
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
ror, ladeada por saques, confiscos de propriedades e algumas execuções sumárias de adversá-
rios seus. É desta época também a intensificação das “invasões bárbaras”. 
Esses povos (oriundos de diversos locais) tiveram motivos variados para invadir o anti-
go território romano, ora eram motivados pelos constantes ataques de outros povos asiáti-
cos, ora eram impulsionados pelas circunstâncias favoráveis para adquirir terras do antigo 
império romano, na verdade uma maneira bastante sagaz de tirar partido do verdadeiro caos 
que comprimia de maneira vigorosa o que restara de tão vasto domínio naquele cenário. De 
acordo com Funari, as razões dessa crise ainda consomem muito tempo de pesquisa e reflexão 
dos historiadores, provocando até hoje debates entre as diversas interpretações do fenômeno 
(FUNARI, 2002 p. 130). 
Aproximando-se o fim evidente e inapelável, os romanos foram obrigados a reagir, bus-
cando conservar instituições e tradições latinas, tentando evitar a perda total de sua identi-
dade. Na verdade esta intenção já havia sido esboçada desde o século IV, quando o Imperador 
Constantino promoveu a divisão do Império Romano em dois seguimentos: Oriental e Oci-
dental, transferindo a capital para Bizâncio (cidade localizada na porção oriental dos domínios 
romanos), que naquela oportunidade passou a se chamar Constantinopla. 
Outra medida que ajudou a configurar a atual Europa, após a queda de Roma, foi o 
Edito de Milão de 313 que garantiu liberdade religiosa aos romanos, nesse sentido a religião 
oficial já não lhes propiciava paz de espírito e foram, portanto, procurar certezas e tranquili-
dades em outras religiões, rompendo com as tradições romanas (FUNARI, 2002 p. 130). Aca-
bavam-se assim as perseguições aos adeptos de outras religiões (sobretudo cristãos) que não 
compactuavam com a religião oficial romana. 
Desta forma, em 380 o cristianismo de culto perseguido, tornou-se a religião oficial do 
Império Romano e com Teodósio I sacramentou a oficialização desta religião. Com a morte 
de Teodósio I em 395, a divisão do império se consolidou mais ainda até que em 476 o úl-
timo imperador do ocidente foi deposto e chegou ao fim o maior império da História. 
Vejamos a seguir os principais aspectos da Educação Romana: 
O espírito prático romano manifestava-se também na educação, que se inspirou, entre 
os romanos, nos ideais práticos e sociais. Na história da educação romana podem-se distin-
guir três fases principais: Heróico Patrícia, a partir da Influência Grega ou helenista-republicana 
e Imperial. O fim da educação é prático-social: a formação do agricultor, do cidadão, do guer-
reiro. 
 
 
 
 
 
 
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JORGE BISPO 
 
EDUCAÇÃO HERÓICO-PATRÍCIA 
 
“os pais são os artífices de seus filhos, aqueles que lhes dão as bases” 
(MOST apud MANACORDA, 1999, p. 73). 
A educação heróico-patrícia ocorreu nos primeiros anos da República e era voltada para 
as pessoas mais ricas, ou seja, aos patrícios. Este tipo de educação tinha como objetivo princi-
pal divulgar os valores da nobreza de sangue. A família era a instituição mais respeitada e 
concedia legalmente plenos poderes ao pai. 
O processo educativo deste período estava mais preocupado com a formação jurídico-
moral e física. Tratava-se de uma pedagogia da ação, para a vida cotidiana, tomando como 
base o amor a pátria e a conscientização histórica. 
 
EDUCAÇÃO DE INFLUÊNCIA GREGA 
A República iniciou-se no século VI a.C., representando os interesses dos patrícios (úni-
cos a terem acesso aos cargos políticos). Mais ou menos no século V a.C. uma parcela dos 
plebeus enriqueceu e passou a lutar por direitos políticos através da criação do Tribunato da 
Plebe e da Lei das Doze Tábuas. 
A partir do contato com a civilização grega, a educação romana passou por um proces-
so de profundas modificações. Nesse sentido buscou-se a tradução das principais produções 
literárias e poéticas da Grécia para o latim; mais tarde o idioma helênico começou a ser ensi-
nado nas escolas, na verdade, o grego apenas era ministrado para os membros da elite econô-
mica romana, Com isso, os autores clássicos passaram a ser lidos no idioma original, influen-
ciando de maneira bastante significativa a literatura nacional romana. Professores gregos 
passaram a hospedar- se nas casas das famílias da elite romana, dando início as escolas cha-
madas Ludi (instituições privadas que não sofriam interferência do Estado.) 
A educação ficou mais complexa, as escolas cresceram em número e em qualidade. 
Apesar da influência grega, o ensino tanto podia também ser ministrado em latim e divi-
dia-se em três graus de ensino, vejamos na tabela abaixo uma síntese da educação desse perí-
odo: 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
GRAU DE 
ENSINO 
 
CARACTERÍSTICAS 
 
DISCIPLINAS 
Elementar 
ou Ludi 
magister 
Recebia alunos a partir
dos 07 anos; disciplina muito ri-
gorosa, castigos físicos constan-
tes. 
 
Leitura, escrita, cálcu-
lo, canções. 
 
Médio ou 
grammati-
cus 
 
Começava-se aos 12 a-
nos, disciplina um pouco menos
rígida. 
Gramática latina, lite-
ratura, geografia, aritmética,
geometria e astronomia. 
 
Superior Estudantes membros da
elite econômica, ensino 
voltado para a erudição.
 
Política, direito e filo-
sofia. 
 
Apesar do destaque para o cultivo da intelectualidade, toda a educação desse período 
valorizava também o condicionamento físico, sobretudo as artes marciais, com o intuito de 
preparar bem os soldados. 
 
A Educação das Mulheres 
Não poderíamos deixar de pensar na condição feminina no que diz respeito ao processo 
educativo romano, é claro que sem a pretensão de esgotar a riqueza deste tema e suas diversas 
nuances e complexidade, mas com a clara intenção de não omitirmos um assunto tão relevan-
te como este. 
As mulheres ocupavam na sociedade romana uma posição de maior dignidade que na 
Grécia antiga. Elas, quando casadas ocupavam o posto de “rainhas do lar”, ao contrário do 
que se pode pensar, ao invés ficarem reclusas em seus aposentos, as mulheres tomavam conta 
dos escravos, podiam sair de casa e até mesmo fazer as refeições junto aos maridos. Em re-
sumo, eram tratadas com devoção e respeito, na esfera pública podiam frequentar teatros e 
tribunais. 
Quanto ao matrimônio que era tanto sancionado pela lei como pela religião, era marcado pela 
relevância da esfera contratual, com ele, as mulheres saiam da condição de controle exercida 
 
 
33 
JORGE BISPO 
 
pelo pai para o de seu marido. Na prática, o casamento constituía-se em uma espécie de com-
pra simbólica, a partir de um consentimento da noiva. 
A autonomia que foi anunciada anteriormente, não se aplicava ao processo educacio-
nal, tendo em vista que a educação não era democratizada para homens e mulheres. As me-
ninas eram minimamente educadas para que pudessem educar seus filhos e filhas com a fina-
lidade de prepará-los para a vida. A educação das meninas era pouco considerada, pois as 
mulheres não podiam ter participação na vida pública nem no exército. No entanto, sabemos 
que muitas meninas humildes também eram alfabetizadas (FUNARI, 2002, p.102). Assim 
sendo, pode-se dizer que o acesso à educação nas instituições de ensino, mais uma vez não era 
algo facilmente acessível às mulheres. Em Roma, a figura feminina permanecia ladeada 
por escravos e plebeus, alheia ao processo educativo formal. 
 
EDUCAÇÃO NO IMPÉRIO 
Durante o Período Imperial (27 a.C. a 476 d.C.) ocorreu uma enorme concentração de 
poder nas mãosdo imperador, as antigas instituições republicanas (Senado, Assembleia etc.) 
tiveram seus poderes muito limitados. Foi nessa época que ocorreu o expansionismo territori-
al romano que acabou proporcionando à Roma o controle de diversas regiões na Ásia, Europa 
e África. 
No Império, o processo educativo passou a se distinguir do anterior apenas pela maior 
organização, convertendo-se inclusive em uma educação pública, a partir da criação das esco-
las municipais no século I a.C. Vespasiano (Imperador Romano entre 69-74) libera os profes-
sores do ensino médio e superior do pagamento de impostos. 
O Estado passou a criar e manter as chamadas escolas municipais de gramática e de re-
tórica. Estas eram construídas nas províncias, além delas passaram a existir as cátedras impe-
riais, com destaque para de ensino do direito, nos grandes institutos universitários. Um dos 
principais motivos de interesse imperial pela cultura e a sua difusão foi o fato de se ver nela 
um eficaz instrumento de romanização dos povos, um instrumento de penetração e de ex-
pansão da língua e do jus romano, um meio, em suma, para o engrandecimento do império. 
 
 
Nesse tópico, vimos que os romanos valorizavam muito à família, você acha que na 
educação atual, uma valorização semelhante traria alguma melhoria para o processo 
educacional? 
 
 
 
34 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
OS PRINCIPAIS EDUCADORES ROMANOS 
 
Ser erudito para falar bem em público: o espírito dos educadores romanos 
 
CÍCERO (106- 46 a.C.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Marco Túlio Cícero, orador e político romano, nascido em uma região próxima a Roma, 
estudou literatura grega, literatura latina e retórica com os melhores mestres da época, apro-
fundou-se no estudo das leis e nas doutrinas filosóficas. Valorizava a fundamentação teórica e 
filosófica do discurso, apaixonado defensor da educação integral, afirmava que o orador deve-
ria ter erudição, conhecer a cultura geral, aprofundar-se na formação jurídica, na argumenta-
ção filosófica e, conhecer e desenvolver habilidades literárias e teatrais 
Defensor da ideia de que o direito individual está acima do direito Estatal, Cícero teve 
boa formação em literatura greco-latina e retórica, estudando com os melhores mestres da 
época. Aprofundou-se no estudo das leis e das doutrinas filosóficas e tornou-se um dos maio-
res legisladores em toda a Antiguidade. 
Valorizava a fundamentação teórica e filosófica do discurso, apaixonado defensor da 
educação integral, afirmava que o orador deveria ter erudição, conhecer a cultura geral, apro-
fundar-se na formação jurídica, na argumentação filosófica e, conhecer e desenvolver habili-
dades literárias e teatrais. Seus textos não se ocupam apenas da filosofia, mas também de te-
mas sociais. 
Não só pela extensão, mas pela originalidade e variedade de sua obra, Cícero é con-
siderado o maior dos escritores romanos e o que mais influenciou os oradores modernos. 
Além de ser o maior orador do seu tempo, foi também, o mestre das letras mais completo de 
toda a Antiguidade ocidental. 
 
 
35 
JORGE BISPO 
 
 
QUINTILIANO (35-96) 
Defensor da filosofia como um instrumento para 
se conhecer a individualidade do aluno, dizia que o ideal 
educacional da eloquência associada à sabedoria, seria a 
fórmula perfeita para educar uma pessoa. Valorizava 
também a psicologia como instrumento para se conhecer 
a individualidade do aluno. Pelo que pudemos ver até 
então, Quintiliano, não se prendia apenas às discussões 
teóricas, pelo contrário, defendia o uso de técnicas de 
diversas ciências para a melhoria da educação. 
 
Quintiliano nasceu na Espanha. Estudou retórica com os maiores mestres de seu tempo 
e lecionou em Roma durante vinte anos. É considerado um dos pedagogos mais brilhantes do 
mundo antigo. Sua mais significativa obra foi De Institutione Oratória (escrita no ano de 95), 
publica da em 12 volumes, nessa obra, o autor apresentou diretrizes para a formação cultural 
dos romanos, desde a infância até a maturidade. 
Defendia muito a necessidade de dominar os aspectos técnicos da educação, sobretudo a 
formação do orador. Dizia ele que o ideal educacional da eloquência (falar com o público de 
maneira convincente) associada à sabedoria, seria a fórmula perfeita para educar uma pessoa. 
Valorizava também a psicologia como instrumento para se conhecer a individualidade do 
aluno. Pelo que pudemos ver até então, Quintiliano, não se prendia apenas às discussões teóri-
cas, pelo contrário, preconizava o uso de técnicas de diversas ciências para a melhoria da edu-
cação. 
Por falar em melhoria educacional, um aspecto que se pode esquecer é que ele também 
defendia o lúdico não no processo ensino-aprendizagem, dizendo que intercalando recreação 
com as atividades didáticas, o ensino seria mais prazeroso. 
Achava o estudo em grupo fundamental para o favorecimento da emulação (busca pelos 
melhores postos na escola e na sociedade) e no estímulo intelectual dos alunos. Incluiu na sua 
pedagogia exercícios físicos moderados. Por outro lado não esqueceu da formação intelectual 
vigorosa, pois para ele, o estudo da gramática devia estimular nos alunos uma escrita clara e 
elegante. 
O trabalho de Quintiliano atravessou as barreiras do tempo e das fronteiras, fazendo 
com que sua obra retornasse com vigor na época do Renascimento em diversos países de lín-
gua latina. 
 
 
36 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
Seus textos não se ocupam apenas da filosofia, mas também de temas sociais. Não só pe-
la extensão, mas pela originalidade e variedade de sua obra, Cícero é considerado o maior dos 
escritores romanos e o que mais influenciou os oradores modernos. Além de ser o maior ora-
dor do seu tempo, foi também, o mestre das letras mais completo de toda a Antiguidade Oci-
dental. 
 
Compare a educação romana com a grega a partir do que foi visto nos textos acima 
e responda: quais suas principais diferenças e qual deles, em sua opinião, era a mais 
completa? Por quê? 
 
AGORA É HORA DE TRABALHAR 
1. Sócrates era defensor do diálogo, do contato direto com o outro como método e-
ducacional. Além disso, considerava imprescindível que o homem conhece a si mesmo para 
poder alcançar a plenitude do corpo e do espírito. De que forma a educação contemporânea 
está em sintonia com as ideias de Sócrates? 
2. Compare a pedagogia de Cícero, em seguida escreva sobre o tipo de homem que esse 
educador tinha em mente. 
3. Compare a pedagogia de Quintiliano, em seguida escreva sobre o tipo de homem que 
esse educador tinha em mente. 
4. Discuta sobre o ideal de cidadão romano que mais se destacou durante a antiguidade 
desta civilização. 
 5. Faça um comentário sobre os valores educacionais cultivados durante a Idade Média 
e sua validade ou não para o mundo atual: 
6. Qual era a importância do conhecimento e como se deu a gestão do mesmo por parte 
da Igreja Católica no período Medieval? 
7. Após estudar este primeiro tema do nosso livro, elabore um quadro comparativo en-
tre o modelo educacional da Patrística e o modelo educacional da Escolástica, estabelecendo 
semelhanças e diferenças entre os mesmos. 
8. Analise historicamente o Renascimento Carolíngio e destaque aquele que você con-
sidera o mais importante avanço na área da educação. 
 
 
37 
JORGE BISPO 
 
9. Após os nossos estudos sobre a educação da classe trabalhadora na antiguidade e Ida-
de Média, analise as possíveis mudanças e permanências em relação à educação oferecida às 
classes econômicas menos favorecidas em comparação com a educação destinada a estas clas-
ses no mundo atual: 
10. Analise historicamente o Renascimento Carolíngio e destaque aquele que você con-
sidera o mais importante avanço na área da educação: 
 
 
 
 
1.1.3  
CONTEÚDO 3. 
A TRADIÇÃO MEDIEVAL 
 
QUEDA DO IMPÉRIO ROMANO E AS BASES DO CRISTIANISMO 
No século V, o Império Romano do Ocidente caiu diante dos povos bárbaros. Estava 
fundada assim uma"nova ordem" na vida social europeia: a Idade Média. Esse fato vai modifi-
car completamente a base educacional até então existente. Em meio à destruição do Império 
Romano, a Igreja Católica conseguiu manter-se como instituição social. Solidificou sua orga-
nização e espalhou o cristianismo, preservando ainda, muitos elementos da cultura greco-
romana. Veja no mapa abaixo mostrando a divisão política da Europa no século IX: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
FONTE: HTTP://WWW.COCEMSUACASA.COM.BR/EBOOK/PAGES/1175.HTM 
 
Foi dessa maneira que a Igreja passou a desempenhar um papel muito importante. Os 
únicos letrados da época eram os monges. Vale ressaltar que nem os nobres nem os servos 
sabiam ler. 
E o que é que isso tem a ver com a educação? É justamente disso que falaremos adiante. 
Ora, se a Igreja ficou sendo a única instituição organizada depois da queda do Império 
Romano, ela passou a dar as cartas no jogo do Poder e, acreditando que Saber é Poder, a 
mesma controlou a Educação, os princípios morais e jurídicos da sociedade medieval. 
O conhecimento passou a ser extremamente valorizado, assim nas bibliotecas dos mos-
teiros era executado um trabalho cauteloso e paciente dos monges copistas. Quem eram esses 
monges copistas? Tradutores experientes que passavam para o latim (idioma dos romanos, 
adotado pela Igreja) textos selecionados da literatura e da filosofia grega. Você deve estar a se 
perguntar: que mal há nisso? Em se traduzir textos a partir de um trabalho meticuloso? Ora o 
que acontecia era que esses conhecimentos não eram partilhados com o grande público. Deste 
modo, havia um controle rigoroso, com relação às leituras permitidas ou proibidas, com a 
finalidade de preservar o poderio da Igreja. 
 
Monge Copista 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FONTE: HTTP://MANIADEHISTORIA.WORDPRESS.COM/COPISTA‐MEDIEVAL/ 
A Idade Média é resultante do encontro entre a cultura romana e a cultura dos chama-
dos “bárbaros”, tudo isso embasado pela força da religião cristã. Esse longo período, que vai 
da queda de Roma em 476 até a tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, é 
convencionalmente dividido em Alta Idade Média, do século V até o século XI e a Baixa 
Idade Média, do século XII ao XV, também foi chamado de “noite de mil anos”. Entretanto, 
 
 
39 
JORGE BISPO 
 
estudiosos de diversas áreas contribuíram para a elaboração de novas perspectivas sobre o 
período historiadores. Nada mais justo, visto que a Idade Média foi um momento intenso de 
germinação da identidade europeia. Afinal, é no período medieval que se desenvolve a Esco-
lástica e a Patrística, quando surgem as universidades, a burguesia e a Reforma Protestante. 
Muito para um período de “trevas” não é mesmo? Vejamos a seguir a divisão periódica mais 
usada pelos historiadores a fim de entender melhor este período fascinante da história do O-
cidente 
 
A ALTA IDADE MÉDIA 
Na Alta Idade Média temos o apogeu do feudalismo, o sistema econômico e social 
que geriu a vida dos medievos consistia em algo bastante específico, não podemos afirmar que 
a Idade Média possuiu características iguais em toda a Europa, contudo algumas destas foram 
bem marcantes: 
 
• Agricultura de subsistência; 
• Autosuficiência dos feudos; 
• Sociedade hierarquizada; 
• Quase inexistência de atividade comercial; 
• Trabalho servil. 
 
Ao final do Império Romano, a insegurança das cidades levou à fuga de famílias de 
patrícios para os campos onde se refugiaram e suas vilas com seus escravos e seus protegi-
dos. À medida que o escravismo foi se tornando inviável, o regime do colonato foi a alter-
nativa para manter a atividade agrária. Os escravos e também os plebeus, agora transforma-
dos em colonos e logo depois em servos, passaram a se constituir na mão de obra básica da 
nova economia. 
Progressivamente, a relação entre o dono da terra e aquela que nela trabalha foi se tor-
nando cada vez mais regulada por leis que garantiam o direito do senhor e a exploração do 
servo. A vilae transformou-se em feudo, propriedade fortificada dentro de cujas muralhas 
viviam, produziam e morriam os medievos. 
A Idade Média d e n o t o u o a p ogeu da Igreja, considerada por diversos especialistas 
a mais importante instituição medieval. O clero detinha o poder espiritual, psicológico e 
também material, desde o final do Império Romano, quando o cristianismo foi alçado à 
esfera de religião oficial de Roma e os cristãos começaram desvendar os preâmbulos da or-
ganização administrativa romana, a Igreja cresceu em poder material, ao mesmo tempo, bus-
cou fortalecer sua doutrina para conquistar novos adeptos, além de resistir às criticas. 
 
 
40 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
A estratégia deu certo: com a Patrística (doutrina dos primeiros padres da Igreja), bus-
cou-se uma fundamentação mais densa e unitária para o cristianismo institucional, recorren-
do à filosofia grega e romana. Com um discurso coeso, a Igreja conquistou não apenas as 
classes mais nobres quanto firmou alianças com os chefes germânicos e nórdicos que aden-
travam o território antes dominado por Roma. 
O Concílio de Niceia teve importância capital para a institucionalização do cristianis-
mo. É nesse momento que nasce a Igreja Católica, definindo seus dogmas, princípios litúrgi-
cos e organização interna. Pode ser considerado como um ato de transformação do Cristia-
nismo primitivo, espontâneo e místico, numa religião estruturada, com uma casta sacerdotal 
hierarquicamente definida. 
Até o século V, a hierarquia da Igreja Católica se define: na base de tudo os padres e suas 
paróquias. Diretamente acima, os bispos das províncias; os arcebispos das capitais provin-
ciais; os patriarcas, bispos das principais cidades do Império Romano (Roma, Alexandria, 
Constantinopla e Jerusalém) até que em 455, frente a decadência do Império, o bispo de 
Roma, assume a chefia da cristandade e se proclama papa com o nome de Leão I. 
 
A BAIXA IDADE MÉDIA 
Baixa Idade Média corresponde ao período entre os séculos XII e meados do século 
XV nos quais ocorreram inúmeras transformações no feudalismo: 
 
• Renascimento do mundo urbano e o reaquecimento das atividades comerciais; 
• O fim do trabalho servil com a crise do feudalismo causada por revoltas dos 
servos; 
• O surgimento da burguesia nas cidades; 
• A centralização política nas mãos dos monarcas em contraste com os senhores feu-
dais; 
• As crises da Igreja Católica, culminando com a Reforma Protestante no século XVI. 
• As estradas mais seguras pela diminuição e/ou extinção das invasões levam à urba-
nização e crescimento do comércio. 
• Aumento demográfico pelo aumento da produção de alimentos. 
A passagem do século X ao XI foi um momento de mudanças na Europa feudal. Com 
o fim das invasões bárbaras, o mundo medieval conheceu um período de paz, segurança e 
desenvolvimento e a primeira consequência foi o aumento da população ocasionado pelo fim 
das guerras contra os bárbaros e pelo recuo das epidemias, gerando uma queda da mortali-
dade. Além disso, ocorreu uma suavização do clima, proporcionando mais terras férteis e 
colheitas abundantes. 
 
 
41 
JORGE BISPO 
 
Esse crescimento implicou maior demanda de alimentos, estimulando o aperfeiçoamen-
to das técnicas agrícolas para aumentar a produção, assim como novas terras foram ocupadas 
e desbravadas. Além disso, ocorreu um fenômeno histórico novo para a Idade Média, o êxodo 
rural, ou seja, parcelas consideráveis das populações rurais dirigiram-se para as cidades. 
As cidades, portanto, começaram a crescer durante a Idade Média a partir do desen-
volvimento agrícola, que garantia o abastecimento, e das atividades de troca do excedente, ou 
seja, do comércio. 
O revigoramento do comércio transformou as villas, as cidades portuárias e as anti-
gas regiões das feiras comerciais, que se tornaram permanentes. Várias cidades desenvolve-
ram-se juntodos castelos e mosteiros fortificados, em razão da proteção proporcionada por 
seus muros. Provavelmente surge daí a denominação burgo para as cidades, pois essa palavra 
significa fortaleza e castelo (do latim burgo) Os que habitavam os burgos, exercendo ativida-
des comerciais e manufatureiras, constituíram um novo segmento social no sistema feudal, 
conhecido como burguesia. 
Como inicialmente as cidades eram patrocinadas pelos senhores feudais, os burgueses se 
submetiam à sua autoridade. Todavia, com o crescimento do comércio e o fortalecimento da 
burguesia, as cidades iniciaram movimentos de independência (movimentos comunais). 
Obtida a liberdade, as cidades passavam a ser governadas pelos setores mais enriqueci-
dos do comércio e da manufatura, que organizavam seus setores e propiciavam o desenvolvi-
mento econômico dos centros urbanos. 
Apesar de todas essas transformações, a sociedade na Baixa Idade Média continuava di-
vidida em nobres, clero e servo. Os burgueses só começavam a se constituir uma nova força 
na sociedade medieval e a transformação que suas atividades causariam nesse mundo pouco a 
pouco prenunciava as diversas mudanças que aconteceriam e mudariam para sempre a socie-
dade europeia. 
 
IDEAL FORMATIVO E ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO MEDIEVAL 
A partir do século VIII, os Feudos se espalharam pela Europa, houve um enfraqueci-
mento acentuado do comércio, provocando atraso econômico. Esse cenário dificultou o a-
prendizado das pessoas, e mesmo na Igreja muitos padres se descuidaram da formação inte-
lectual. Por outro lado, o Estado (enfraquecido) ainda iria precisar do Clero culto para a 
execução e organização dos trabalhos administrativos. 
As escolas medievais não possuíam o formato das instituições escolares que conhecemos 
hoje, as aulas podiam ser ministradas ao ar livre e a maioria esmagadora delas era ligada á I-
greja Católica (como veremos mais tarde divididas em escolas monacais e catedralícias). E o 
que se ensinava nessas escolas? O conteúdo do ensino era o estudo clássico, isto é, as "artes do 
 
 
42 
FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
homem livre", bem diferente das "artes mecânicas do homem servil". Essas artes eram basea-
das em algumas disciplinas, que vinham desde os tempos dos sofistas gregos. Na Idade Média 
elas constituíram o trivium e o quadrivium. 
O trivium (gramática, retórica e dialética), corresponderia atualmente ao ensino médio 
era mais comum e de caráter mais popular, encontrava-se abaixo do quadrivium (geometria, 
aritmética, astronomia e música) que seria uma categoria superior de ensino. Assim o conteú-
do de ensino passou a ser chamado de "as sete artes liberais e dividiam- se em o trivium e o 
quadrivium, que estão brevemente resumidos na tabela abaixo: 
 
 
 
Trivium Quadrivium 
Estudo de gramática, retórica e
dialética corresponderia atualmente ao
ensino médio era mais comum e de ca-
ráter mais popular, menos complexo que
o quadrivium. 
Estudo de geometria, aritmética, as-
tronomia e música. Era considerada como 
uma categoria superior de ensino. Geral-
mente só a elite econômica tinha acesso 
ao mesmo. 
 
Os mestres da Idade Média 
Já que somos educadores ou futuros educadores, é bom nos perguntar quem eram esses 
mestres medievais? Os pedagogos ­ no sentido exato da palavra ­ não aparecem na época me-
dieval. As questões pedagógicas eram objeto de reflexão de qualquer pessoa que se dedicasse à 
interpretação dos textos sagrados, na preservação dos princípios religiosos, no combate à he-
resia e na conversão dos infiéis. 
A principal função da educação era a salvação da alma e a vida eterna. Por conseguinte, 
no final do período medieval, com a ampliação do comércio e por influência da burguesia, 
começam a haver transformações que irão determinar os novos rumos da ciência, da literatu-
ra, da educação. 
A educação na Idade Média é profundamente marcada pela presença da Igreja Católica. 
Depositária do conhecimento e guardiã da herança greco-romana, a Igreja era grande contro-
ladora da vida mental dos medievos e assim se deu com a educação. 
Vejamos abaixo como se dava efetivamente essa influência analisando os tipos de escola 
na Idade Média e também o surgimento das universidades: 
 
 
 
 
43 
JORGE BISPO 
 
 
Santo Agostinho e a doutrina Patrística 
Nascido no ano de 354 em uma região da 
África do Norte que na época tinha sido colo-
nizada por Roma, e que hoje corresponderia a 
uma localidade situada na atual Argélia, Santo 
Agostinho veio ao mundo em uma família sem 
muitos recursos financeiros. Filho de um pro-
prietário rural de pequeno porte chamado 
Patrício, que desempenhava também a função 
de conselheiro municipal e de Mônica, que 
segundo relatos da época era uma mulher 
piedosa e humilde. Quando contava com cerca 
de onze anos, Agostinho foi enviado à cidade de 
Madaura, a fim de estudar gramática e literatura. Já contando com dezesseis anos de idade, 
mais uma vez muda de cidade desta feita para Cartago, onde iniciou os seus estudos superio-
res. Mais tarde veio a se transferir para Roma e em seguida para Milão, sempre atuando como 
professor, abandonando esta carreira anos depois. Dos dezesseis aos trinta anos manteve um 
relacionamento amoroso com uma mulher com a qual teve um filho conhecido apenas como 
Deodato (PECORARO, 2008, pp. 106-107). 
 
Agostinho é detentor de uma vasta obra intelectual e literária, escrevendo diversos li-
vros, dentre os quais se destacam as seguintes: 
 
- Confissões: escrita entre os anos de 397-398, se constitui em uma espécie de autobio-
grafia intercalada com várias passagens reflexivas sobre inquietações mundanas e teológicas, 
um louvor à graça e sabedoria de Deus (PECORARO, 2008, p.108). De acordo com alguns 
autores trata-se do mais importante escrito de Santo Agostinho. Obra-mestra nos aspectos 
literário, teológico e filosófico. Foi a obra de Agostinho mais estudada no século XX e segue 
atraindo a atenção de historiadores, teólogos, filósofos, filólogos e psicólogos (STREFLING, 
2007, p.260). Sem dúvida se constitui como uma obra-prima trazendo importantes reflexões 
acerca das angústias que atingem o Ser Humano e a própria Humanidade. 
- A cidade de Deus: possui conteúdo mais político que o livro analisado anteriormente, 
A cidade de Deus, traz em suas páginas, ao mesmo tempo, aspectos políticos, filosóficos, his-
tóricos e de teoria do estado. Esta magnífica obra foi escrita entre os anos de 413 e 426, consti-
tui-se em uma de suas obras mais importantes, sendo bastante lida durante a Idade Média e 
 
 
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FUNDAMENTOS HISTÓRICO – FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO 
 
 
 
ainda despertando na atualidade o interesse de vário estudiosos dos mais variados ramos do 
saber. 
- A Trindade: obra escrita aproximadamente entre os anos de 399 a 420, divide-se em 
quinze livros que dão conta de conteúdos sempre ligados a aspectos religiosos, tais como, Teo-
logia Bíblica da Trindade, conhecimento místico de Deus, defesa de dogmas e a busca pela 
Trindade na Alma do ser Humano (PECORARO, 2008, p.109). 
 
Com menor importância que as obras destacadas anteriormente aparecem seus escritos 
sobre educação e o processo educativo. Ele aborda este último em três obras: Sobre o Educa-
dor (389), Sobre Aqueles que Ensinam ao Povo Simples (399) e Sobre a Doutrina Cristã (397-
426). 
 
O contexto sócio-educacional à época da Patrística 
Desde o seu surgimento o cristianismo buscou explicar de maneira didática os seus en-
sinamentos básicos tanto às autoridades quanto ao povo romano. Mesmo com o estabeleci-
mento e a consolidação da doutrina cristã, a Igreja católica sabia que esses preceitos não podi-
am simplesmente ser impostos pela força. Eles tinham de ser apresentados de maneira 
convincente, mediante um trabalho de conquista espiritual. 
Foi assim que os primeiros Padres da Igreja se empenharam na elaboração de inúme-
ros textos sobre a fé e a revelação cristãs. O conjunto desses textos ficou conhecido como 
patrística

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