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rios em geral. Daí o retrocesso nos rendimentos entre 60 e 100 libras esterlinas na Tabela E. Uma exposição clara da situação dos diaristas rurais na Irlanda se encontra nos relatórios dos inspetores da administração irlandesa de as- sistência aos pobres (1870).660 Funcionários de um governo que se mantém apenas pela baioneta e pelo estado de sítio ora aberto ora dissimulado precisam todos observar as precauções de linguagem que seus colegas da Inglaterra desprezam; apesar disso, não permitem a seu governo acalentar ilusões. Segundo eles, o nível salarial, sempre ainda muito baixo, elevou-se no campo, durante os últimos 20 anos, mesmo assim em 50 a 60% e agora o salário é, em média, de 6 a 9 xelins por semana. Por trás dessa elevação aparente esconde-se, porém, uma queda real do salário, pois ela nem sequer equivale ao aumento dos preços, entrementes ocorrido, dos meios necessários à subsistência. Prova-o o seguinte extrato das contas oficiais de uma Workhouse irlandesa: Custo Semanal Médio de Manutenção por Pessoa O preço dos meios necessários à subsistência aumentou, por- tanto, quase duas vezes e o do vestuário é exatamente o dobro do de 20 anos atrás. Mesmo abstraindo essa desproporção, a mera comparação da taxa salarial paga em dinheiro ainda não daria, de longe, um resultado correto. Antes da epidemia da fome, a grande massa dos salários rurais era saldada in natura, sendo em dinheiro só a menor parte; hoje, o pagamento em dinheiro é a regra. Já daí segue que qualquer que seja a movimentação do salário real, sua taxa monetária teria de subir. “Antes da epidemia da fome, o diarista agrícola possuía um pedacinho de terra onde plantava batatas e criava porcos e aves. Hoje ele não só tem de comprar todos os meios de subsistência, mas também deixa de usufruir as receitas da venda de porcos, aves e ovos.”661 MARX 331 660 Reports from the Poor Law Inspectors on the Wages of Agricultural Labourers in Ireland. Dublin, 1870. Confronte-se também Agricultural Labouriers (Ireland) Return etc., 8 de março de 1861. 661 Loc. cit., p. 29, 1.
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