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Sintomas, classificação e diagnóstico da depressão

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Sintomas, classificação e diagnóstico da depressão
Sintomas
São 3 sintomas fundamentais:
1. Humor deprimido ou apatia
2. Anedonia
3. Lentificação psicomotora
Redução da energia e prejuízo no sono são queixas muito comuns.
· Quase todos os deprimidos (97%) se queixam de ↓ da energia, têm dificuldade de terminar tarefas, têm mau desempenho na escola e no trabalho e menos motivação para desenvolver novos projetos.
· Cerca de 80% se queixam de dificuldades para dormir, especialmente de despertar matinal precoce (i.e., insônia terminal), e de despertares múltiplos ao longo da noite, durante os quais ruminam sobre seus problemas.
Lentificação psicomotora: o pensamento costuma se lentificar, dificultando o raciocínio, a capacidade de concentração (diminui a atenção) e consequentemente a memória (fixação e evocação de acontecimentos). São comuns a latência de respostas e a sensação de "brancos" no raciocínio. As ideias são enviesadas para o polo negativo, congruentes com o humor depressivo, por exemplo, de pessimismo, culpa, falta de sentido, ruína, fracasso, desesperança, menosvalia, doença, morte e suicídio.
Sintomas Afetivos: tristeza, sentimento de melancolia; choro fácil e/ou frequente; apatia; sentimento de falta de sentimento; sentimento de tédio, de aborrecimento crônico; irritabilidade aumentada (a ruídos, pessoas, vozes, etc.); angústia ou ansiedade; desespero; desesperança.]
Alterações da Esfera Instintiva e Neurovegetativa: Anedonia (incapacidade de sentir prazer em várias esferas da vida); fadiga, cansaço fácil e constante (sente o corpo pesado); insônia ou hipersonia; perda ou aumento do apetite; diminuição da libido.
Alterações Ideativas: ideação negativa, pessimismo em relação a tudo; ideias de arrependimento e de culpa; ruminações com mágoas antigas; visão de mundo marcada pelo tédio; ideias de morte, desejo de desaparecer, dormir para sempre.
Alterações da Autovaloração: sentimento de autoestima diminuída; sentimento de insuficiência, de incapacidade; sentimento de vergonha e autodepreciação.
A depressão pode ocorrer como um episódio único ou ser recorrente, apresentando dois ou mais episódios de transtorno depressivo maior com intervalo mínimo de 2 meses
Classificações
Os subtipos depressivos são classificados de acordo com a sintomatologia (melancólica ou somática, psicótica, atípica), a polaridade (bipolar ou unipolar), o curso (recorrente, crônico), fatores desencadeantes (sazonal, puerperal) e gravidade (leve, moderada ou grave).
Depressão em crianças e adolescentes: Fobia escolar e apego excessivo aos pais podem ser sintomas de depressão em crianças. Mau desempenho escolar, abuso de drogas, comportamento antissocial, promiscuidade sexual, ociosidade e fuga de casa podem ser sintomas de depressão em adolescentes.
Depressão em idosos: a depressão é mais comum em pessoas mais velhas do que na população em geral. Vários estudos indicam que a depressão em pessoas mais velhas pode estar correlacionada a condição socioeconômica ↓, perda de um cônjuge, doença física concomitante e isolamento social.
· O baixo reconhecimento dessa depressão pode ocorrer porque o transtorno aparece com mais frequência por meio de queixas somáticas nos idosos do que nos grupos mais jovens. Além disso, o ageismo pode influenciar e levar os médicos a aceitar sintomas depressivos como normais em pctes mais velhos.
Depressão melancólica: 1) Perda de interesse ou prazer em atividades habitualmente agradáveis. 2) Humor depressivo não reativo a estímulos prazerosos. 3) Tristeza de qualidade distinta da normal (diferente do luto). 4) Sentimento de culpa. 5) Insônia terminal (2 horas ou mais antes do habitual). 6) Piora matutina. 7) Acentuada diminuição de apetite, perda de peso. 8) Retardo ou agitação psicomotores. 
· Convencionou-se realizar o diagnóstico na presença de pelo menos 1 dos 2 primeiros e 3 dos sintomas seguintes no período mais grave do episódio atual de humor. 
· A depressão melancólica afeta indivíduos mais velhos, sem evidentes fatores desencadeantes e sem distúrbios pré-mórbidos de personalidade; pode apresentar sintomas psicóticos, mais frequentes em deprimidos internados. 
· Classicamente, as depressões melancólicas respondiam melhor a antidepressivos tricíclicos (ADTs) e eletroconvulsoterapia (ECT) e não às psicoterapias
Depressão atípica: verificam-se inversão dos sintomas vegetativos típicos, com 1) aumento de apetite e/ou ganho de peso e 2) hipersônia (pelo menos 10 horas ao dia ou 2 horas a mais que o habitual), além de 3) falta de energia acentuada (sensação de exaustão, enorme cansaço, pernas pesadas), 4) reatividade do humor (capacidade de se alegrar frente a eventos positivos) e 5) padrão persistente de sensibilidade à rejeição interpessoal. 
· Sintomas atípicos, principalmente aumento de apetite e hipersônia, predominam no sexo feminino e são mais comuns em deprimidos bipolares.
· Padrão de resposta a antidepressivos: positiva com inibidores da monoamino-oxidase (IMAOs) e inibidores seletivos de recaptação de serotonina e negativa com antidepressivos tricíclicos.
Depressão sazonal: caracterizada pela ocorrência de episódios depressivos em determinadas estações do ano, mais comumente no início do outono e do inverno, com remissão na primavera e no verão.
· Ocorre predominantemente em mulheres e os sintomas atípicos (hipersônia, hiperfagia, letargia, ganho de peso e avidez por carboidratos) são frequentes, sugerindo tratar-se de um subtipo depressivo bipolar. 
· Respondem ao tratamento com fototerapia e antidepressivos.
Depressão puerperal (pós-parto): desenvolve-se nas primeiras quatro semanas após o parto, via de regra em primíparas, mas frequentemente a depressão teve início durante a gestação.
· Os sintomas requerem tratamento medicamentoso, caso comprometam os cuidados maternos.
Depressão psicótica: os sintomas depressivos são mais graves, especialmente as alterações psicomotoras (lentificação e agitação), ideias de cunho negativo (p. ex., culpa) e variação circadiana do humor.
· À diferença do que ocorre na esquizofrenia, os sintomas psicóticos são mais leves, mas assumem importante significado clínico no deprimido, que frequentemente requer internação, dada a confusão mental e a incapacitação. Por exemplo, alucinações, desconfiança, paranoia, desorganização conceitual, mas também o humor depressivo, a ansiedade, e hipocondria são mais frequentes que na depressão não psicótica.
· As alucinações geralmente são auditivas (vozes acusatórias), mas podem ser visuais, de conteúdo desagradável.
· O tratamento deve ser incisivo com antidepressivos de amplo espectro de ação (p. ex., ADT, venlafaxina), em doses altas associados a antipsicóticos; nestes casos também está indicada ECT.
Distimia: é um estado depressivo de intensidade leve e crônico (duração> 2 anos), marcado por sentimentos frequentes de insatisfação e pessimismo.
· Sua cronicidade implica maior morbidade e prognóstico ruim, inclusive devido à pior resposta a antidepressivos. Ela também faz com que o distímico não se considere doente, e atribua os sintomas à sua personalidade.
· Sintomas físicos e alterações psicomotoras dificilmente ocorrem. 
· Os pacientes queixam-se de mau humor, desânimo e infelicidade. Geralmente eles têm sensibilidade aumentada às situações potencialmente problemáticas ou desagradáveis, que pioram a sintomatologia. Por conta da cronicidade, o tratamento deve durar anos.
Depressão unipolar x bipolar: ao se diagnosticar um quadro depressivo que ocorre pela primeira vez na vida, os profissionais, os pacientes, seus familiares e amigos podem se perguntar se esse episódio está abrindo um possível transtorno depressivo recorrente (o que é frequente, e a depressão, então, é denominada “unipolar”) ou se é o início de um TB, com episódios futuros de mania ou hipomania (então a depressão é denominada “bipolar”).
Depressão bipolar: depressões costumam ser a apresentação inicial do transtorno bipolar (TB), principalmente na adolescência, mas também se desenvolvem após episódios maníacos ou hipomaníacos. Geralmente,é o que os levam a consultar.
· O tratamento com antidepressivos e sem estabilizadores do humor pode agravar a sintomatologia e o prognóstico.
Depressão mista: episódio depressivo ocorrendo concomitante a um episódio maníaco.
Depressão secundária ou orgânica: aqui estão presentes as síndromes depressivas causadas ou fortemente associadas a uma doença física, a um quadro clínico primariamente somático, seja ele localizado no cérebro (p. ex., doença de Parkinson, doença de Huntington, acidente vascular cerebral [AVC], trauma ou tumor cerebral), seja ele sistêmico, isto é, em outra parte do organismo, mas com consequências para todos os órgãos, inclusive o cérebro.
Diagnóstico
A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 
Nota: Não incluir sintomas nitidamente devidos a outra condição médica.
 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.)
 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 
3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. 
(Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.)
 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias.
 	5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 
6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 
7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente).
 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 
9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.
 B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo.
 C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica.
Nota: Os Critérios A-C representam um episódio depressivo maior. 
Nota: Respostas a uma perda significativa (p. ex., luto, ruína financeira, perdas por um desastre natural, uma doença médica grave ou incapacidade) podem incluir os sentimentos de tristeza intensos, ruminação acerca da perda, insônia, falta de apetite e perda de peso observados no Critério A, que podem se assemelhar a um episódio depressivo. Embora tais sintomas possam ser entendidos ou considerados apropriados à perda, a presença de um episódio depressivo maior, além da resposta normal a uma perda significativa, também deve ser cuidadosamente considerada. Essa decisão requer inevitavelmente o exercício do julgamento clínico baseado na história do indivíduo e nas normas culturais para a expressão de sofrimento no contexto de uma perda.
Nota: Essa exclusão não se aplica se todos os episódios do tipo maníaco ou do tipo hipomaníaco são induzidos por substância ou são atribuíveis aos efeitos psicológicos de outra condição médica. 
D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. 
E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco

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