Buscar

RESENHA CRÍTICA DOCUMENTÁRIO

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UNIDADE - JOINVILLE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EVERSON LUIZ TISO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOINVILLE-SC 
2019 
 
 
 
 
EVERSON LUIZ TISO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS 
 
 
 
 
 
 
 
Resenha apresentada para a disciplina 
Contexto: Arte, Arquitetura e Cidade da Pré-
História à Revolução Industrial, como requisito 
para obtenção do título de bacharel em 
Arquitetura e Urbanismo, da Católica de Santa 
Catarina – Unidade de Joinville,. 
 
Profª. Laura Bahia Ramos Moure 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOINVILLE-SC 
2019 
2 
 
 
CAVE of Forgotten Dreams. Direção: Werner Herzog. Produção: Erik Nelson, 
Adrienne Ciuffo, Ministère de la Culture de la Republique Française, Creative 
Differences. França, EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha: History Films, 2010. 1 
DVD (90 min) widescreen, color. 
 
 
EVERSON LUIZ TISO1 
 
 
RESENHA CRÍTICA DOCUMENTÁRIO A CAVERNA DOS SONHOS ESQUECIDOS 
 
 
 
O que é “arte”? Poderíamos tentar responder essa questão parafraseando 
Santo Agostinho que está presente no Livro XI da obra Confissões – “Se ninguém 
me perguntar, eu sei; porém, se o quiser explicar a quem me fizer a pergunta, já não 
sei.” Apesar de Santo Agostinho em seu livro se referir ao conceito de “tempo”, o 
mesmo princípio parece se aplicar bem ao conceito de arte, já que está sofre 
constantes mudanças com o passar do tempo. 
Sobre o documentário produzido por Werner Herzog intitulado Cave of 
Forgotten Dreams (em português - A Caverna dos Sonhos Esquecidos) há que se 
fazer dois pontos de análise sobre essa obra. A primeira é sobre a parte 
técnica/produção e a segunda sobre o conteúdo de sua mensagem. 
Sobre a produção como relatado no documentário, esta teve alguns percalços 
e limitações para sua realização como a agenda de visitação, restrição do uso de 
equipamentos para filmagens e equipe técnica reduzida. Fatores estes, justificados 
em prol da preservação da Caverna Chauvet, que assim como, as pinturas do 
complexo de cavernas de Lascaux no sudoeste da França correm riscos de ter seus 
desenhos rupestres deteriorados em função da iluminação artificial, da temperatura 
e até mesmo pela respiração humana. Para tanto, Herzog utilizou câmeras especiais 
para a obtenção de projeções em três dimensões e com o uso da iluminação buscou 
recriar o ambiente de luz e sombras que os artistas do Paleolítico Superior teriam no 
momento da criação dos painéis da caverna. Assim, durante noventa minutos, o 
diretor nos faz voltar milênios na história e nos deixa em um estado permanente de 
contemplação e fascinação, não só pelas artes rupestres que há na caverna, mas 
 
1 TISO, E. Aluno Curso de Arquitetura e Urbanismo da Católica de Santa Catarina, Joinville. ago. 2019. 
 
3 
 
 
pelas transformações geológicas que ocorreram no lugar, a citar como exemplo as 
colunas de calcita formando “cortinas” ou envolvendo ossadas, as estalactites e 
estalagmites resultantes da precipitação de bicarbonato de cálcio trazido em 
dissolução na água pelas infiltrações das paredes, dando ao lugar a aparência 
exótica e misteriosa, fazendo com que nós – os espectadores e ele próprio – 
estivéssemos vivenciando in loco toda aquela experiência. O diretor ao analisar em 
dado momento uma das figuras da caverna – um rinoceronte com 8 pernas, 
indicando movimento – consegue nela ver e estabelecer relação com os princípios 
de sua própria arte, que denominou de “proto-cinema”. Pois assim com ele, estariam 
contando uma estória e usando a topografia da caverna, traçados e as formas 
empregadas para trazer “vida” às obras ali representadas, subentendendo assim um 
tipo “cinema paleolítico” feito de luz, sombras e figuras. A cada câmara que explora 
com suas lentes, Herzog nos apresenta um mundo passado dentro da nossa história 
com seus os desenhos que indicam movimento e emoções em sua plenitude e 
beleza, e mostra ainda que, o homem traz consigo desde esta era em que se tornou 
sapiens, o gérmen da cultura, da criação e da arte. A cada minuto desse 
documentário, vivemos a impressão que o tempo dentro da caverna está interligado. 
E que nós estamos visitando o lugar como “espíritos” movendo-se por entre as 
galerias e pinturas, e desta forma nem percebemos o passar do tempo. 
Sobre a mensagem, Herzog nos faz pensar sobre a importância da arte e 
suas influencias não somente para a sociedade “das cavernas” como para a nossa 
atual. Através da arte das paredes da caverna, o diretor durante o filme nos convida 
a fazer uma passagem pelo tempo, do que havia e do que há atualmente. 
Estabelece relações entre a arte primitiva com a arte pastoral do romantismo alemão 
e das óperas de Wagner. Apresenta através de entrevistas, reflexões sobre a 
mitologia e a religiosidade ligadas à significação do local. E mostra que, o tempo 
histórico, artístico ou cultural da humanidade parece não ter passado tanto assim. 
Podemos ver a veracidade dessa afirmação, ao ver a chama em movimento no 
interior da caverna, e assim como sugerido no documentário, podemos imaginar as 
pessoas dançando com suas sombras. O que não é muito diferente do que fazemos 
em nossos atuais “luais” em praias e bosques. 
Apesar de muitas vezes usarmos erroneamente e até pejorativamente o 
termo “primitivo” para nossos antepassados do período Paleolítico, esse 
documentário deixa explícito que eles estariam longe dessa definição pejorativa. 
4 
 
 
Suas técnicas de representação mostram um conhecimento apurado sobre o uso de 
materiais e do mundo animal que os cercavam. A representação das “Vênus” com 
seus atributos sexuais, claramente denotam a representação e ideias de 
reprodução, fecundidade e sexualidade. Ideias estas que são absolutamente 
essenciais para toda a humanidade até hoje. A representação de seres 
antropomórficos também deixa claro que possuíam mesmo que intuitivamente, 
conhecimento semiótico ao atribuir valores a locais e a determinados animais. 
Citando uma frase dita no documentário “é como se a alma moderna humana 
tivesse despertado naquele local”, nossa sombra ancestral. 
Além das técnicas usadas para fazer o documentário e a mensagem que este 
nos traz, podemos ver paralelamente os avanços da arqueologia, o trabalho dos 
pesquisadores e especialistas, que nos ajudam a entender a datação e a ordem das 
pinturas na caverna. Nos Postscrip, Herzog reserva para a conclusão uma denúncia 
dos males que atingem a natureza através de indústrias ecologicamente incorretas. 
Por fim, o documentário nos faz voltar mais uma vez a pergunta inicial desse 
texto: “– O que é arte?” Ou a sua variação, “– O que constitui a humanidade?” Como 
resposta a estas questões, podemos ficar com a reflexão de Jean-Michel Geneste – 
Diretor do Projeto de Pesquisa Caverna Chauvet: 
“A humanidade é uma adaptação muito boa com o mundo. A sociedade humana precisa 
adaptar-se à paisagem, aos outros seres, aos animais e a outros grupos humanos e a 
comunicar algo, a comunicar e a registrar memória em coisas muito específicas, como paredes, 
pedaços de madeira, ossos. [...] Mas com a invenção da representação figurativa de animais, 
de homens, de objetos. É uma forma de comunicação entres os seres humanos além de 
evocar o passado para transmitir informação, que é melhor do que a linguagem, do que a 
comunicação verbal. E esta invenção continua idêntica em nosso mundo atual.” 
Ou simplesmente podemos aqui parafrasear Ferreira Gullar, “- A arte existe 
porque a vida não basta”. 
 
 
REFERÊNCIAS 
CAVE of Forgotten Dreams. Direção: Werner Herzog. Produção: Erik Nelson, 
Adrienne Ciuffo, Ministère de la Culture de la Republique Française, Creative 
Differences. França, EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha: History Films, 2010. 1 
DVD (90 min) widescreen, color.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando