Histologia Bucal Cemento

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Histologia Bucal
Eduardo Silva Rodrigues
Especialista em Implantodontia, Periodontia e Prótese
Cemento
Cemento
Localização:
Cemento é a camada de tecido mineralizado que recobre a superfície da raiz de um dente.
Reveste e está aderido à dentina radicular.
Em torno da porção cervical da raiz o cemento possui uma espessura aproximada de 0,05 mm
Na área da junção cemento-esmalte pode apresentar 3 posições :
Em contato com o esmalte.
Afastado do esmalte, deixando uma faixa de dentina exposta.
Sobreposto discretamente ao esmalte.
Cementogênese é o termo utilizado para origem e formação do cemento.
Conforme a dentina está se formando apicalmente à linha cervical do esmalte, o formato circular de fibras do saco dentário torna-se o ligamento periodontal, em torno da raiz dentária.
As células do ligamento periodontal produzem o cemento que recobre a raiz dentária e, no outro extremo, a lâmina dura do alvéolo do dente.
A inserção das fibras do ligamento periodontal na lâmina dura e no cemento fixa o órgão dentário firmemente no alvéolo.
Quando o dente erupciona, oclusalmente, leva consigo o epitélio reduzido do esmalte.
Na margem cervical do epitélio reduzido do esmalte, algumas de suas células parecem arrastar feixes que permanecem esticados como uma rede no ligamento periodontal, em torno da raiz em formação.
Essa rede é denominada bainha epitelial de Hertwig.
Essa bainha limita o perfil da dentina radicular antes do início da deposição do cemento, determinando, dessa forma, o número de raízes que o dente possuirá.
Quando o dente estiver totalmente constituído e em função, poucos fragmentos da bainha epitelial de Hertwig ainda poderão ser identificados ao microscópio, no espaço do ligamento periodontal.
Esses pequenos grupos de células são denominados restos epiteliais de Malassez.
Funções do cemento:
Reconhecido como tecido do dente e tecido do periodonto (osso alveolar, ligamento periodontal, gengiva e cemento).
Cemento oferece a função primária de permitir um meio para as principais estruturas do periodonto se firmarem ao dente.
Protege a dentina subjacente que estaria sujeita a reabsorção sem a presença do cemento.
Possui também a função de tecido reparador no local de uma fratura radicular.
Cementoblastos do ligamento periodontal deslocam-se para o local da fratura e formam cemento, dessa maneira unindo as partes fraturadas.
Fisiologicamenete os dentes estão sujeitos ao atrito em suas superfícies oclusais.
Para compensar essa perda do tecido oclusal , o cemento forma-se nas áreas apicais e da furca , nas raízes. 
Consequentemente o cemento é mais espesso nessas regiões.
“ Em resumo, o cemento serve como meio de inserção do dente, protege a dentina radicular, oferece possibilidade de reparo aos locais fraturados e compensa a perda dos tecidos dentários pela abrasão, na superfície oclusal.” Melfi e Alley 2010.
Composição:
- Assim como o esmalte , dentina e osso, o cemento possui uma matriz orgânica contendo substâncias minerais cristalizadas.
Não é tão duro quanto a dentina.
Possui aproximadamente 50% de material inorgânico (mineral) e cerca de 50% de substância orgânica e água.
Possui a mesma dureza do osso.
Contém células chamadas cementócitos, irrergularmente distribuídas pelo tecido.
Não contém vasos sanguíneos ou nervos.
Esmalte: 96% substâncias inorgânicas e 4% de substâncias orgânicas e água.
Dentina: 70% substância inorgânicas e 30% de substâncias orgânicas e água.
Cemento: 50% substâncias inorgânicas e 50% de substâncias orgânicas e água.
Melfi e Alley, 2010
Estrutura:
Como na dentina, a matriz orgânica está composta por uma delicada estrutura de fibrilas colágenas, conservadas e unidas pela substância basal que se mineraliza.
Cemento poderá conter células inteiras, enquanto a dentina possui apenas os processos das células pulpares.
Formado por camadas como nos outros tecidos mineralizados do dente, resultando em linhas de crescimento.
Linhas paralelas ao longo eixo da dentina e camadas mais recentes estão próximas ao ligamento periodontal.
Cemento acelular.
Cemento celular.
Matriz orgânica de ambos é produzida por cementoblastos localizados no ligamento periodontal.
Cementoblastos podem ficar envolvidos pela matir inorgânica e serem convertidos em cementócitos (células do cemento).
Cementócitos estão interligados por numerosas projeções de seu citoplasma.
Espaço ocupado pelo cementócito chama-se lacuna e o espaços ocupados pelas projeções citoplasmáticas do cementócito canalículos.
Normalmente os cementócitos não são encontrados através de todo o cemento é mais comum que o cemento fino próximo a região cervical da raiz não possua cementócitos.
Região apical da raiz o cemento é mais espesso.
Nas camadas mais próximas da dentina o cemento possui poucos cementócitos, na região externa contém muitos irregularmente distribuídos.
Fibras de Sharpey
Vistas somente ao exame microscópico.
As extremidades dos feixes de fibras do ligamento periodontal penetram no cemento durante sua formação e inserem fortemente o ligamento periodontal ao dente.
Importância clínica do cemento
Parte do mecanismo pelo qual o dente se une ao alvéolo dentário.
Liga-se ao osso alveolar pelas fibras de Sharpey do ligamento periodontal.
Continua sendo produzido pelos cementoblastos do ligamento periodontal por toda a vida do dente.
Ocorre acréscimo no ápice radicular para compensar a perda de altura dentária resultante do atrito e abrasão durante anos.
Está apto a reparar danos a raiz, substituindo áreas radiculares reabsorvidas após injúrias.
Quando a causa para a reabsorção é removida antes que o dano se torne muito extenso, novo cemento poderá ser acrescido sobre a área danificada, substituindo a dentina e o cemento perdidos.
A presença do cemento na superfície externa das raízes é um fator importante no sucesso clínico da ortodontia.
Quando a movimentação ortodôntica estabelece uma pressão lateral contínua sobre o dente, essa pressão é transmitida ao ligamento periodontal e osso alveolar, reabsorvendo o osso e não a raiz devido a presença do cemento.
Pressão ortodôntica deve ser leve e contínua para não causar dano a raiz.
Cemento pode formar-se em quantidades excessivas, chamado de hiper-cementose, excementose ou hiperplasia do cemento.
Pode ocorrer em todos os dentes ou em apenas alguns, como pode ocorrer em toda a raiz ou em áreas localizadas.
As causas para a formação excessiva de cemento não são completamente compreendidas.
Como as superfícies do esmalte e da dentina, a superfície externa do cemento é suscetível a cáries.
Se a gengiva migrar apicalmente até que o cemento esteja exposto ao meio bucal, a superfície do cemento ficará sujeita às mesmas atividades de cáries que ocorrem no esmalte.
Reabsorções e cáries de raiz
Recessão gengival e exposição radicular
Referências Bibliográficas
Melfi, R.C., Alley, K.E., EMBRIOLOGIA E HISTOLOGIA ORAL, 10 ed. Editora Santos.
Bhaskar, S.N., HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA DE ORBAN, 10ed. Editora Artes Médicas.
Katchburian, E., Arana, V., HISTOLOGIA E EMBRIOLOGIA ORAL, 3ed. Editora Guanabara Koogan.