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Dermatoses Eczematosas INTRODUÇÃO: • Eczema deriva do grego ‘’ekzin’’ (ek=fora; zein = ferver). • Eczema pode ser definido como diagnóstico sindrômico caracterizado a um quadro de vermelhidão, descamação, prurido e exsudação. • Padrão polimorfo de reação inflamatória que compromete a derme superior e a epiderme. • Pode se agudo, subagudo ou crônico. • Os eczemas possuem diversas causas e apresentações, podendo ser resultado de causas endógenas ou exógenas. ESTÁGIOS: • Agudo: edema, eritema, vesiculação, bolhas, secreção e crostas. • Crônico: espessamento da pele, hiperqueratose, liquenificação, escamas e fissuras. • As formas subagudas se compõem de elementos das fases agudas e crônica, com aspectos intermediários e transacionais. HISTOPATOLOGIA: • Predomínio de infiltrado linfo-histiocitário em torno de vasos da derme superior. • Graus variados de espongiose e acantose. • Achados inespecíficos. ECZEMA DE CONTATO/DERMATITE DE CONTATO • A Dermatite de Contato (DC) é uma reação inflamatória da pele, caracterizada por eczema oriundo da exposição direta a substância do meio ambiente que atravessa a barreira cutânea. • Existem dois tipos de dermatite de contato a irritativa e a alérgica: o Tipo irritativo, causada por dano tissular direto após contato com o agente agressor que inicia a reação inflamatória. Representa 80% das dermatites de contato. Caracterizada por reações intensas com bolhas e ulcerações com aspecto de uma “queimadura”, os ácidos e aos álcalis são os principais exemplos. A DCI pode ser provocada por um irritante primário relativo que danifica a pele após contatos repetidos ou prolongados, os sabões, os detergentes, as fezes e a urina são os principais exemplos. As lesões da pele geralmente são restritas ao local do contato. o Tipo alérgico, mediada por mecanismos imunológicos, podendo ser causada por substâncias inorgânicas, orgânicas, vegetais ou sintéticas. surge após repetidas exposições a um produto ou substância. Depende de ações do sistema de defesa do organismo, e por esse motivo pode demorar de meses a anos para ocorrer, após o contato inicial. Essa forma de dermatite de contato aparece, em geral, pelo contato com produtos de uso diário e frequente, como perfumes, cremes hidratantes, esmaltes de unha e medicamentos de uso tópico, entre outros. As lesões da pele acometem o local de contato com a pele, podendo se estender à distância. • Mais de 90% de todas as dermatoses ocupacionais são DC causadas pelo contato direto com produtos químicos no local de trabalho (IRRITATIVOS). • Descobrir o mais cedo possível o agente/substância a que o paciente possa estar sensibilizado para que a sua dermatite de contato não se cronifque. QUADRO CLÍNICO: erupções eczematosas divididas em 3 estágios. • No exame físico, há áreas de eczema agudo, subagudo ou crônico, pruriginoso, cuja localização pode sugerir o contato com um alérgeno particular, por exemplo: brinco – lóbulo da orelha; botão de metal – ombro (encontrado nos “body”) ou região periumbilical; calçados – dorso dos pés; solução oftálmica/esmaltes – pálpebras. Lembrar que uma sobreposição entre os locais de eczema atópico e de contato podem ocorrer particularmente em lábios, pálpebras e pescoço. Agudo: vesículas e bolhas pruriginosas sobrepondo uma placa eritematosa. Subagudo: prurido e eritema menos intensos, vesículas e bolhas dificilmente visualizadas. Crônico: vesículas rompidas, descamação, hiperpigmentação, liquenificação com prurido mínimo. DIAGNÓSTICO: • Baseado principalmente no aspecto clínico das lesões, localização e no histórico de exposição a um irritante alérgeno. Confirmado pelo teste de contato. Em alguns casos, o exame histopatológico pode ser solicitado. • A indicação para a realização do teste de contato é a presença de eczema pruriginoso, resistente aos tratamentos tópicos (com tendência a cronicidade), nos quais a topografia sugere DCA. TRATAMENTO: • Identificar e afastar o agente causal; • Corticoide sistêmico em casos graves e extensos; • Anti-histamínicos aliviam o prurido; • Corticóide tópico; • Cuidados locais mais importantes que tratamentos sistêmicos. • Hidratação da pele; ECZEMA ATÓPICO/DERMATITE ATÓPICA • É uma doença genética, crônica e que apresenta pele seca, erupções que coçam e crostas. • A atopia seria predisposição hereditária do sistema imune a privilegiar reações de hipersensibilidade mediada por IgE em resposta a antígenos comuns na alimentação, no ambiente, intra e extradomiciliar. • Caracterizada pela presença de episódios recorrentes de eczema associado a prurido. • Pode ocorrer em qualquer idade, porém é mais comum na infância e no sexo masculino. • Nota-se um aumento da prevalência com o aumento do desenvolvimento econômico dos países. QUADRO CLÍNICO: • Prurido Intenso: consequência da liberação de mediadores inflamatórios e ressecamento. • Xerose (pele seca) /ictiose: decorrente do aumento da permeabilidade cutânea a fatores irritativos e alérgicos e de defeitos na barreira. • Eczema: lesão clássica, definido como uma inflamação cutânea – hiperemia (eritema), descamação variável, pápula, seropápula, vesículas, escamas, crostas e liquenificação. • Dermatite eritemato-descamativa palmo-plantar (clima frio); • Acentuação das pregas das palmas; • Descamação e fissura na ponta dos dedos; • Ceratose Pilar; • Eczema em aréola mamária e mamilo; • Prega de Dennie-Morgan; • Sulco infra – auricular; • Catarata; • Ceratocone; EXAMES COMPLEMENTARES: • Eosinofilia; • IgE sérico elevado; • Teste RAST (Radio Allergo Sorvent Test); • Prick Test; TRATAMENTO: • Medidas Gerais; • Hidratar e lubrificar; o Principal medida para evitar perda transepidérmica de água. o Melhora prurido. o Devem ser isentos de fragrância, álcool e aplicados após o banho. o Os hidratantes devem ser aplicados com a pele ainda úmida, nos primeiros 3 minutos após o banho. Essas medidas evitam a desidratação da epiderme. Os emolientes representam a base da terapia de manutenção da DA. A pele ficará hidratada com no mínimo 2 aplicações ao dia de hidratantes com base hidrofílica. o O uso de hidratantes diminui a suscetibilidade da pele a irritantes e possibilita minimizar o uso de corticosteroides. Os hidratantes devem ser utilizados em quantidades suficientes em toda a pele, todos os dias; nos períodos de crise, devem ser associados aos corticosteroides tópicos, nas áreas com lesões. • Corticoterapia tópica → 7-14 DIAS; o controlar prurido e lesões eczematosas. o Para controle rápido dos sintomas: corticoide de potência moderada a alta. o Para uso prolongado: corticoide de potência baixa. o Os classificados com baixa potência, como a hidrocortisona, estão indicados para lesões na face, períneo e para dermatite leve. Os corticosteroides tópicos de média potência, como a mometasona, estão indicados para lesões no corpo e nos pacientes com dermatite moderada. • Corticoterapia sistêmica (reservada); • Ciclosporina (casos graves); • Inibidores da calcineurina de ação tópica (pimecrolimus e tacrolimus); • ATB sistêmicos (infecções secundárias – S. aureus); • Fototerapia; → UVB-NB; empregada em casos especiais com baixa resposta à terapêutica habitual. Se trata de terapêutica de segunda ou terceira linha, de caráter adjuvante, especialmente em pacientes pediátricos. Como efeitos colaterais apresentam ardor e queimação, e a preocupação com possíveis efeitos na carcinogênese futura limitam seu uso. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL • Psoríase; • Dermatite Seborreica; • Dermatite de Contato; • Eczema Numular; • Escabiose; • Acrodermatite enteropática (dermatite, diarreia e alopecia); ECZEMA NUMULAR (OU DISCÓIDE) • Doença de causa desconhecida, acomete principalmente adultos e idosos. • Lesões em geral variando entre1 a 3 cm de diâmetro, de forma circular, oval ou em moeda, com bordas bem definidas, geralmente com crostas e exsudação. Área de clareamento central. • Tronco, dorso das mãos e MII. Pode haver prurido. • Exame histopatológico pode ajudar. TRATAMENTO: • Hidratação da pele; • Corticoides tópicos; • Tacrolimus/Picrolimus; • ATB sistêmico; • Corticoide sistêmico; • Fototerapia UVB; ECZEMA SEBORRÉICO/DERMATITE SEBORRÉICA • Inflamação da pele em regiões com alta densidade de glândulas sebáceas (face, couro cabeludo, tronco superior). • A causa é desconhecida, mas a Malassezia (anteriormente Pityrosporum ovale), um organismo normal da pele, tem alguma atuação. • A incidência e gravidade da doença parecem ser afetadas por fatores genéticos ou emocionais, estresse físico ou clima (em geral piora no frio); • A DS pode preceder ou se associar à psoríase (seborreia); • A DS é mais comum e mais grave em pacientes com doença neurológica (especialmente Parkinson), ou HIV/AIDS. QUADRO CLÍNICO: • Descamação difusa, seca ou graxenta no couro cabeludo (caspa), com prurido variável. • Podem surgir pápulas amarelo avermelhadas descamativas ao longo da implantação dos cabelos, atrás das orelhas, no canal auditivo externo, sobrancelhas, axilas, na região da base nasal, sulcos nasolabiais e região esternal. • Podem se desenvolver blefarite marginal com crostas amareladas secas e irritação conjuntival. • Neonatos podem desenvolver DS com lesão crostosa espessa e amarelada no couro cabeludo (crosta láctea). TRATAMENTO: • Piritionato de zinco, ácidos salicílicos e sulfúrico, sulfeto de selênio ou xampu de alcatrão devem ser usados diariamente ou em dias alternados até a caspa ser controlada e, então, 2 vezes/semana. • Corticóide tópico. • Cetoconazol tópico a 2% em creme e/ou shampoo. • Isotretinoína; • Fototerapia; ECZEMA DISIDRÓTICO/DISIDROSE/PONFOLIX • Erupção sudoral súbita localizada nas mãos, mais frequentemente, e nos pés. Caracteriza-se por numerosas vesículas (pequenas coleções líquidas na pele) que lembram os grãos de sagu, o que se deve a infiltração sudoral entre as células da pele. • Quase sempre a disidrose involui em uma a três semanas, mas pode se tornar crônica. • A disidrose predomina na faixa entre os 20 e 40 anos de idade e acomete ambos os sexos. É mais comum nos meses quentes e se associa com frequência à hiperidrose. Fatores emocionais podem agravá-la ou até mesmo desencadeá-la. • O quaro clínico, geralmente, é caracterizado pelo acometimento simétrico e bilateral, mais frequentemente das mãos do que dos pés. QUADRO CLÍNICO: TRATAMENTO: • Solução de Burow (acetato de alumínio 10%); • Permanganato de Potássio 1:30.000 ou água boricada a 2%; • Pode-se romper as bolhas maiores, mas não debridar. • Inibidores da calcineurina; • Corticoides tópicos de alta potência; • Corticoides sistêmicos (casos graves); • Fototerapia; ECZEMA DE ESTASE/ECZEMA VARICOSO • Reflete a insuficiência circulatória: varizes primárias, trombose venosa e anomalias venosas constitucionais. • Edema de MMII que piora no período vespertino, eritema vésico-secretante na fase aguda e liquenificação na fase crônica, principalmente nos tornozelos. • Eczema – úlcera de estase – erisipela – dermatoesclerose; TRATAMENTO: • Tratar a causa básica; • Medidas gerais; • Hidratação; • Corticoides tópicos; • Anti-histamínicos; • ATB sistêmica; ECZEMA ASTEATÓSICO (XEROSE) • Corresponde a pele seca, ressecada ou desidratada; • A aparência ‘’rachada’’ da pele pode lembrar porcelana rachada. Geralmente visto nas extremidades, ocasionalmente no tronco, esta desordem é pior durante o inverno e em indivíduos idosos e adolescentes que se banham frequentemente. • Pode ser generalizado ou localizado. • A descamação pode ser discreta e algumas vezes se assemelhar a um quadro de ictiose vulgar. Pode haver eritema discreto. • TTO consistente em medidas gerais e hidratação. DERMATOSES OCUPACIONAIS • Grupo de doenças de pele e mucosas relacionadas de forma direta ou indireta (causadas, mantidas, agravadas...) pela atividade de trabalho. • Representam cerca de 50% das intercorrências associadas a atividade laboral. • Predominam as dermatites de contato alérgicas ou por irritantes primários (+). • O diagnóstico é fundamentado na história da doença e exame dermatológico. • O tratamento basicamente consiste em afastar o trabalhador de agente causal.
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