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1 INTRODUÇÃO A trombose venosa profunda (TVP) e o tromboembolismo pulmonar (TEP) fazem parte do espectro da mesma doença, o tromboembolismo venoso (TEV). Em um terço dos pacientes, a apresentação inicial é na forma de TEP e em dois terços na forma de TVP. O prognóstico da TVP tratada é excelente, com probabilidade de TEP fatal de 0,4% e TEP não fatal de 3,8%. A TVP ocorre principalmente em membros inferiores, e nesse caso pode ser dividida em duas categorias: ▪ TVP distal: acomete vasos distais às veias poplíteas. ▪ TVP proximal: acomete veias poplíteas, femoral ou ilíacas. A TVP proximal apresenta maior importância devido ao risco aumentado de TEP quando comparada à TVP distal. A idade é o maior fator de risco para trombose, que é rara em pacientes jovens (1/100.000 pacientes/ano). Já a incidência de TVP em adultos com mais de 45 anos é de aproximadamente 1,92/1.000 pacientes/ano. Mais da metade dos episódios ocorre com algum fator secundário, que incluem: neoplasia (48%), internação hospitalar (52%), procedimento cirúrgico (42%) e trauma (6%). O estudo MEDENOX avaliou o risco para TVP em pacientes não cirúrgicos e encontrou os seguintes fatores de risco associados: doença infecciosa aguda, idade maior do que 75 anos, neoplasia maligna e episódio prévio de doença tromboembólica. Episódios de TVP podem ocorrer em até 50% dos procedimentos cirúrgicos na ausência de profilaxia. Os procedimentos cirúrgicos de maior risco são neurocirurgias e cirurgias ortopédicas, principalmente cirurgias de quadril e de joelho. Apesar da profilaxia, 1 a 3% dos pacientes com cirurgias de quadril e joelho vão apresentar trombose. Internação hospitalar, por sua vez, aumenta em 8 vezes o risco de TVP, e antecedente de TVP prévia é associado com aumento de seis vezes no risco de recorrência do evento. Outros fatores incluem imobilização, viagens aéreas prolongadas (duração do que 6 horas), neoplasia maligna, uso de anticoncepcionais orais ou terapia de reposição hormonal, gestação e puerpério, presença de trombofilias, insuficiência cardíaca ou respiratória e acidente vascular cerebral. As diretrizes brasileiras de TVP, por sua vez, consideram como fatores de risco: história prévia de trombose venosa profunda e/ou embolia pulmonar; câncer; paralisia, paresia, ou imobilização recente do membro inferior; confinamento recente no leito por mais de 3 dias ou grande cirurgia nas últimas 4 semanas. A tabela 1 apresenta os principais fatores de risco de TVP. 2 QUADRO CLÍNICO O diagnóstico deve ser suspeitado em qualquer paciente com dor ou edema em membros inferiores, principalmente se unilateral e assimétrico. O edema é geralmente depressível na TVP. Quando a diferença de diâmetro entre as duas panturrilhas é maior do que 3 cm, a probabilidade de TVP aumenta significativamente (a mensuração deve ser realizada 10 cm abaixo da protuberância distal). A presença de fatores precipitantes potenciais deve ser questionada; em mulheres, por exemplo, o uso de anticoncepcionais orais, terapia de reposição hormonal e antecedentes obstétricos (devido à possibilidade de síndrome de anticorpos antifosfolípides). A dor à palpação da musculatura da panturrilha é sugestiva, mas não patognomônica. Eventualmente a dor pode se estender para a região da coxa ou se localizar ao longo da distribuição do sistema venoso profundo. Achados como eritema, calor local e sinal de Homans (dor à dorsiflexão do pé) têm pouco valor diagnóstico. A dilatação de veias superficiais não varicosas também pode ocorrer em pacientes com TVP. O número de pacientes que têm apresentação clínica compatível com TVP nos serviços de emergência é elevado, mas apenas um em cada cinco pacientes tem confirmação do diagnóstico. Uma meta-análise demonstrou que o único achado de valor preditivo para diagnóstico de TVP foi a diferença de diâmetro entre os dois membros na região das panturrilhas. Como os achados clínicos isoladamente apresentam desempenho insatisfatório para o diagnóstico de TVP, o uso de critérios específicos são um grande auxílio. Dentre esses critérios, o de Wells para TVP (Tabela 2) é o de melhor validação. Em pacientes com TVP distal seu desempenho pode não ser apropriado, e em grupos específicos de populações, como usuários de drogas injetáveis, o instrumento carece de validação. Cerca de 10% dos pacientes com TVP apresentam trombose de membros superiores. O aparecimento de TVP de membros superiores está particularmente associado com presença de cateteres ou marca-passo transvenoso. Comparativamente à TVP de membros inferiores, esses pacientes apresentam menor risco de desenvolvimento TEP e de recorrência de TVP. Os sintomas incluem desconforto, parestesia, dor e fraqueza no membro afetado. Edema local e aparecimento de colaterais venosas são achados diagnósticos. O edema de membros superiores apresenta número bem reduzido de diagnósticos diferenciais; portanto, esses têm maior probabilidade de TVP. Ainda existe indicação de anticoagular esses pacientes. Na gestação, os achados mais sugestivos de TVP de MMII são uma diferença > 2 cm entre o diâmetro das duas panturrilhas, edema de MI assimétrico e não depressível e primeiro trimestre da gestação. A mais temível complicação da TVP é a flegmasia cerulea dolens, que ocorre em tromboses ileofemorais extensas e apresenta grande morbimortalidade. Sinais e sintomas sugestivos de seu diagnóstico incluem dor intensa, edema significativo, cianose, gangrena venosa, e pode evoluir com síndrome compartimental e comprometimento arterial, frequentemente acompanhado de colapso hemodinâmico e choque. Essa condição deve ser prontamente reconhecida, devido ao alto risco de perda do membro e morte. Outras complicações incluem TEP fatal e não fatal, que são incomuns com o tratamento. Durante o tratamento é possível ocorrer sangramentos e plaquetopenia induzida pelo uso da heparina. https://jigsaw.minhabiblioteca.com.br/books/9786555762297/epub/OEBPS/Text/Ch44.xhtml?favre=brett#tab2 3 INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA A lógica da solicitação de exames complementares na suspeita de TVP é iniciar com exames menos invasivos antes da realização de exames complementares invasivos ou de maior custo. D-DÍMERO Os D-dímeros são produzidos quando a enzima plasmina inicia o processo de degradação de um coágulo de fibrina. Apresentam alta sensibilidade e baixa especificidade para o diagnóstico de TVP. Existem diferentes métodos para mensuração dos D-dímeros: ▪ Aglutinação pelo látex: realizado à beira do leito, com sensibilidade inadequada para uso nas emergências. ▪ SimpliRED: realizado à beiro do leito, é um teste de aglutinação qualitativo com hemácias. Resultado negativo em paciente com baixa probabilidade pré- teste tem alto valor preditivo negativo para excluir TVP. ▪ ELISA: teste recomendado para uso no departamento de emergência com alto valor preditivo negativo. Apresenta sensibilidade > 95% e especificidade de 35- 45%. Deve-se acrescentar que, devido à baixa especificidade dos D-dímeros, seu uso exclusivo não é capaz de diagnosticar TVP, e outros exames são necessários para a confirmação do diagnóstico. Situações em que a especificidade do D-dímero é muito baixa (até menor que 10%) raramente são úteis: pacientes internados, pós-operatório, idosos (> 75 anos), evento trombótico ou sangramento recentes. Deve-se lembrar que o D-dímero pode estar aumentado em outras situações que não TVP. Os valores de D-dímero aumentam com a idade. Assim, sugere-se o uso de pontos de corte adaptados para idade, em vez do usual corte de 500 microgramas/mL. O valor de corte do D-dímero individualizado para idade é: idade em anos × 10 μg/mL. Valores abaixo destes níveisdescartam TVP em pacientes com baixa probabilidade clínica. USG DOPPLER A ultrassonografia com Doppler é o exame não invasivo de escolha para o diagnóstico de TVP. Deve ser realizada em todos os pacientes com alta probabilidade clínica do diagnóstico e em pacientes com baixa ou moderada probabilidade associada ao D-dímero positivo. A sensibilidade é de 94% para TVP proximal, 63% para TVP distal e especificidade de 94%. O principal critério ultrassonográfico para diagnóstico de TVP é o teste de compressão. Nesse caso, com o transdutor vascular se localizam as veias femorais comum, superficial e poplítea e realiza-se leve compressão venosa. Se houver compressão completa se exclui TVP, caso não haja compressão o exame é considerado positivo para presença de trombo. Estudos prospectivos demonstram que a sensibilidade e a especificidade para ausência de compressibilidade ao Doppler são superiores a 95% em pacientes com TVP proximal. Deve-se acrescentar que 1 a 2% dos pacientes com Doppler negativo têm trombose distal que em 5 a 8 dias podem se estender para a região proximal. Assim, em pacientes em que a suspeita persiste, é recomendado repetir o Doppler em 1 semana, indicar flebografia (raramente necessária) ou angiorressonância venosa. PLETISMOGRAFIA A pletismografia é um exame não invasivo, em que o paciente deve permanecer deitado enquanto 1 cuff é insulflado e após desinsulflado rapidamente. A alteração da impedância nos próximos 3 segundos pode mensurar se existe 4 obstrução ao fluxo venoso. A sensibilidade e a especificidade para TVP proximal é acima de 90% e pode substituir o Doppler. ANGIORESSONÂNCIA VENOSA A acurácia é comparável com a venografia; e em certas situações, como fratura de acetábulo, pode ser superior, com sensibilidade de 100% e especificidade de 96%. O exame implica maiores custos, mas pode ser substituto da ultrassonografia com Doppler venoso. ANGIOTOMOGRAFIA VENOSA O uso ainda é considerado experimental, mas alguns estudos sugerem performance similar ao Doppler. VENOGRAFIA Trata-se de uma técnica invasiva e limitada a casos selecionados. É considerada o exame padrão ouro para o diagnóstico de TVP. Em um estudo com 160 pacientes com venografia negativa, apenas 1,3% desenvolveram TVP em um período de 6 meses. Apesar desses resultados, não deve ser realizada como exame inicial para o diagnóstico devido ao desconforto e à dificuldade técnica. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS RASTREAMENTO DE TROMBOFILIAS É recomendado o rastreamento de trombofilias e o referenciamento de pacientes para o especialista nas seguintes situações: ▪ TVP idiopática em pacientes com menos de 50 anos de idade. ▪ História familiar de TVP (parentes de primeiro grau). ▪ Mulheres com história familiar de TVP nas seguintes situações: gestantes ou que pretendem engravidar, antes do início do uso de anticoncepcional oral ou antes do início de terapia de reposição hormonal. ▪ TVP recorrente. ▪ TVP em locais inusitados como veias portais, mesentéricas e hepáticas. ▪ Complicações com varfarina, como necrose cutânea sugestiva de deficiência de proteína C ou de proteína S. A maioria das trombofilias só pode ser investigada meses após o episódio agudo. ABORDAGEM DO PACIENTE 5 TRATAMENTO Os objetivos do tratamento são prevenir a extensão do trombo, prevenir a ocorrência de TEP e impedir a recorrência da TVP. A maioria dos casos pode ser tratada seguramente em ambiente ambulatorial, desde que respeitadas todas as seguintes condições: -Paciente estável com sinais vitais normais. -Ausência de alto risco de sangramento. -Ausência de insuficiência renal grave. -Capacidade de administrar a medicação e possibilidade de monitorização posterior. O American College of Chest Physicians recomenda que, em caso de forte suspeita clínica de TVP, a anticoagulação deve ser iniciada enquanto se aguarda a confirmação diagnóstica, mas a evidência para essa conduta é pobre. A anticoagulação pode ser dividida em duas fases. FASE INICIAL (PRIMEIROS 10 DIAS) As opções para o tratamento anticoagulante inicial incluem heparina de baixo peso molecular, heparina não fracionada, fondaparinaux subcutâneo e inibidores do fator Xa por via oral, como a rivaroxabana e a apixabana. A dabigatrana não é recomendada como terapia inicial isolada por falta de evidência na literatura. A varfarina também não pode ser utilizada como anticoagulação inicial isoladamente devido ao atraso de seu efeito anticoagulante. Recomenda-se o uso da heparina de baixo peso molecular (subcutânea) devido à facilidade de aplicação e de monitorização, além de melhores resultados quando comparada à heparina convencional. • Heparina de baixo peso molecular (HBPM) associada a varfarina: uso por pelo menos 5 dias de HBPM, com início da varfarina oral conjuntamente no primeiro dia. Descontinua-se a HBPM após INR entre 2 e 3 por 2 dias consecutivos. • HBPM associada a dabigatrana: uso por 5 a 10 dias de HBPM. • Monoterapia com rivaroxabana ou apixabana: opção validada pela literatura. Vantagem de não utilizar medicações parenterais. Medicações orais: Varfarina sódica (antagonista da vitamina K): dose inicial de 5 mg via oral em jejum uma vez ao dia. A dose deve ser ajustada para manter o INR entre 2,0 e 3,0. Dabigatrana (inibidor direto da trombina): dose de 150 mg via oral de 12/12 horas. Apresenta perfil de segurança e eficácia similar a varfarina com a vantagem de não necessitar de coleta de sangue para monitorização de INR. Rivaroxabana (inibidor do fator Xa): dose inicial de 15 mg 2 vezes ao dia por 3 semanas e depois dose de 20 mg 1 vez ao dia. Medicações parenterais: Heparina não fracionada (HNF): a resposta anticoagulante da heparina não fracionada apresenta grandes variações entre pacientes; por esse motivo, a resposta deve ser monitorizada pelo TTPA. As recomendações para tratamento hospitalar das diretrizes brasileiras sugerem: dose de ataque de 80 UI/kg endovenosa (alternativa: dose única de 5.000 U), seguida por infusão contínua com dose inicial de 18 UI/kg/h e ajuste da dose pelo TTPA com objetivo de atingir valores de relação de 1,5-2,5. Deve-se verificar o número de plaquetas no terceiro e no quinto dia devido ao risco de plaquetopenia autoimune pela heparina. O TTPA deve ser verificado inicialmente a cada 6 horas e depois diariamente. A heparina não fracionada é a primeira escolha para o paciente em diálise ou com doença renal crônica avançada (ClCr < 15 mL/min). Heparina não fracionada “concentrada”: um estudo canadense com 708 pacientes demonstrou não inferioridade de HNF subcutânea em relação à HBPM. O protocolo para o tratamento é: HNF 25.000 U/mL, dose inicial: 333 U/kg peso SC seguida por manutenção de 250 U/kg peso SC 12/12 h. Não há necessidade de controle de coagulograma. A incidência de plaquetopenia, sangramento ou recorrência de TVP e TEP foi semelhante. Vale ressaltar que o estudo excluiu pacientes com creatinina > 2,3 mg/dL. Heparina de baixo peso molecular: atua como inibidor do fator Xa. As doses são: – Enoxaparina SC 1 mg/kg 2 vezes ao dia ou 1,5 mg/kg de peso uma vez ao dia. 6 – Dalteparina 200 UI/kg de peso uma vez ao dia (medicação mais validada em pacientes com neoplasia). – Nadroparina 171 UI/kg de peso uma vez ao dia (evitar em pacientes com > 100 kg). – Tinzaparina 175 UI/kg de peso uma vez ao dia (evitar em pacientes com > 70 anos de idade). A prescrição de 12/12 horas de enoxaparina aumenta uma injeção ao dia e não apresentou maior eficácia em estudos comparativos. Por outro lado, a validação da HBPM 2 vezes ao dia é maior que o uso 1,5 mg/kg 1 vez ao dia. Deve-se lembrar que a segurança da HBPM se aplica a indivíduoscom função renal normal e peso entre 40 e 120 kg (considerar alternativas em pacientes fora dessa faixa de peso). A medicação pode ser prescrita em disfunção renal, mas, nesse caso, a monitorização com dosagem sérica de heparina ou com inibição antifator-Xa é obrigatória. Deve- se acrescentar ainda que em TVP secundária a neoplasia a HBPM é uma melhor opção a longo prazo do que os anticoagulantes orais. Fondaparinaux: é um pentassacarídeo sintético com ação inibidora direta do fator Xa, também usado por via subcutânea, uma vez ao dia e sem necessidade de monitorização, embora não deva ser utilizado em pacientes com clearance de creatinina menor do que 30 mL/min. É uma medicação relativamente nova, segura, prática, mas de alto custo e pouco disponível no Brasil. Trata-se de uma boa opção para pacientes alérgicos à ou com plaquetopenia induzida por heparina, embora a melhor opção nessa última situação seja os inibidores diretos da trombina. As doses são: peso menor que 50 kg: 5 mg SC 1x/dia; peso 50-100 kg: 7,5 mg SC 1x/dia; peso maior que 100 kg: 10 mg SC 1x/dia. Inibidores da trombina: a lepirudina e a bivalirudina são inibidores diretos da trombina. São opções para pacientes que desenvolveram plaquetopenia induzida pela heparina. Apenas a bivalirudina está sendo produzida comerci- almente e a sua dose é de 0,15 mg/kg/hora monitorizada com TTPA entre 1,5 a 2,5 vezes o controle. Doses de 0,14 mg/kg/hora são indicadas em disfunção hepática e de 0,03-0,05 mg/kg/hora se disfunção hepática e renal combinadas. Em pacientes com neoplasia maligna, a anticoagulação inicial pode ser realizada com HBPM, heparina não fracionada, fondaparinaux e rivaroxaban. A HBPM é preferencial em relação à heparina não fracionada nesses pacientes. SEGUNDA FASE (10 DIAS A 3 OU MAIS MESES) As opções incluem medicações por via oral, como os antagonistas da vitamina K (varfarina), os inibidores diretos do fator Xa (rivaroxabana, apixabana ou endoxabana) e os inibidores da trombina (dabigatrana). Opções por via subcutânea incluem a HBPM e o fondaparinaux. Idealmente devem ser utilizados os inibidores diretos do fator Xa e os inibidores da trombina, mas infelizmente a varfarina ainda é a medicação mais utilizada. Em pacientes com neoplasias malignas, a HBPM, endoxaban e rivaroxaban são medicações de escolha. A Tabela 5 apresenta as medicações utilizadas por via oral para tratamento da TVP. TEMPO DE TRATAMENTO Pacientes com TVP causada por cirurgia ou fator de risco transitório: o tempo recomendado de tratamento é de 3 meses. Pacientes sem fator precipitante de TVP: o tempo mínimo de tratamento é de 3 meses. As diretrizes recomendam 3 meses para pacientes com alto risco de sangramento e períodos maiores para pacientes com risco pequeno ou moderado de sangramento (Tabela abaixo). Recomenda-se uso de aspirina após a interrupção da anticoagulação. 7 Pacientes com episódio recorrente de TEV: é recomendada anticoagulação por período estendido em casos de risco baixo e moderado de sangramento e 3 meses em caso de alto risco. Pacientes com neoplasia maligna ativa: o período recomendado de tratamento é de pelo menos 6 meses, podendo ser estendida em pacientes com neoplasia maligna ativa, independentemente do risco de sangramento. Pacientes com TVP distal e poucos sintomas: pode-se seriar imagens por 2 semanas e, caso não ocorra extensão da TVP, não iniciar anticoagulação. Em caso de sintomas graves ou fatores de risco para extensão, deve-se iniciar a anticoagulação. MEDIDAS ADJUVANTES Meias elásticas: são recomendadas após 1 mês do episódio agudo ou precocemente quando o paciente reinicia a deambulação. Devem ser mantidas por 6 meses após o episódio inicial. O benefício é redução de síndrome pós-trombótica. A meia, para ser útil, deve ter compressão graduada (30 a 40 mmHg) e deve ser ajustada ao tamanho do membro do inferior do doente. Filtros de veia cava – indicado em situações específicas: 1.Paciente com episódio recorrente de tromboembolismo venoso apesar da anticoagulação adequada. 2.Pacientes com trombose venosa profunda proximal nos quais é contraindicado o uso de anticoagulantes. 3.Como adjuvante à anticoagulação em pacientes com neoplasia maligna. Trombolíticos sistêmicos: o uso de trombolíticos sistêmicos não é recomendado para o tratamento da trombose venosa profunda, pois a maioria dos pacientes tem uma evolução favorável sem complicações. A diretriz brasileira de TVP sugere que a trombólise pode ser uma opção para flegmasia alba e cerúlea dolens, porém com indicação individualizada. Outra possível indicação seria TVP proximal ileofemural extensa muito sintomática, com objetivo de diminuir a síndrome pós-trombótica, mas esse benefício deve ser pesado em comparação com o maior risco de sangramento. A trombectomia é outra opção para esses casos, mas é pouco utilizada. Não se recomenda terapia trombolítica para pacientes com TVP de membros superiores. Pacientes com recorrência de TVP apesar de terapia anticoagulante: Caso em uso de dabigatrana, endoxabana, apixabana ou antagonistas da vitamina K, sugere-se temporariamente trocar a medicação para HBPM. Caso em uso de HBPM, sugere-se aumentar a dose de um quarto a um terço. INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR, TERAPIA INTENSIVA E SEGUIMENTO A maioria dos pacientes com TVP pode ser tratada ambulatorialmente. Pacientes com condições graves, como flegmasia cerúlea dolens, isquemia significativa de membro e complicações como rabdomiólise têm indicação de UTI. Os pacientes com TVP necessitam de anticoagulação prolongada e necessariamente seguimento ambulatorial. Referências: VELASCO, Irineu. T. Medicina de emergência: abordagem prática 14a ed. Editora Manole, 2020. 9786555762297. VELASCO, Irineu. T. Manual de medicina de emergência 2a ed. Editora Manole, 2020. 9788520458068. 8
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