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Alterações gastrointestinais em idosos

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× O impacto do envelhecimento no sistema digestório pode 
variar tanto em intensidade quanto em natureza. Relaciona-
se com alterações estruturais, de motilidade e de função 
secretória 
× Tende a apresentar repercussões clínicas pouco 
perceptíveis, mas que são fundamentais para compreender 
e manusear os sintomas e prever as alterações na 
farmacocinética de diversas medicações (Ex: absorção de 
determinado medicamento) 
× Esôfago: composto por musculatura estriada em seu terço 
proximal e musculatura lisa em seus dois terços distais. 
Apresenta complexa inervação intrínseca e extrínseca, vias 
neurais e núcleos do SNC que controlam a motilidade. >> A 
motilidade é composta por contrações peristálticas que 
realizam o seu esvaziamento 
• Musculatura lisa: pouca alteração 
• Progressiva redução da inervação intrínseca 
• Alterações mais reconhecidas: diminuição da pressão 
de repouso, alterações da sincronia e magnitude do 
relaxamento do ESSE o que pode gerar disfagia alta. 
Também pode ocorrer aumento da incidência de 
contrações não peristálticas 
• A duração de episódios de refluxos tende a ser maior 
em idosos >> Isso demonstra que as alterações na 
motilidade esofágica relacionada ao envelhecimento 
podem reduzir a depuração de materiais deglutidos ou 
refluídos do estômago 
Isso apresenta implicações clínicas importantes, como 
a necessidade de administração de medicamentos por via 
oral, na posição ortostática e acompanhadas de uma 
quantidade razoável de líquido. Além disso, materiais 
ácidos refluídos do estomago podem permanecer por 
mais tempo em contato com a mucosa esofágico e por 
isso possui maior potencial de lesão 
× Estômago: apresenta alterações com baixa expressão 
clínica 
• Estudos apontam discreta a moderada elevação do 
tempo de esvaziamento gástrico, em especial para 
líquidos >> Isso pode alterar o tempo e grau de 
absorção de medicamentos com exposição prolongada 
ao meio ácido crítica 
• Sobre a secreção ácida do estômago: estudos 
demonstram redução da secreção de ácido clorídrico 
basal e estimulada, sendo a estimulada relacionada 
com a quantidade de células parietais. 
• Secreção basal e estimulada de pepsina: reduzida com 
o envelhecimento 
• Produção de fator intrínseco: apresenta-se 
relativamente reduzida >> Esse fator é fundamental 
para absorção da vitamina B12, porém a sua redução 
não é suficiente para alterar substancialmente a 
absorção dessa vitamina e induzir anemia 
• Colonização da mucosa gástrica por H. pylori: aumenta 
com o avança da idade 
• O envelhecimento também está relacionado com o 
aumento da prevalência das doenças pépticas 
× Pâncreas: sofre importantes alterações estruturais 
(redução do peso, por exemplo) e alterações histológicas 
com o envelhecimento 
• Alterações histológicas: dilatação do ducto principal, 
proliferação do epitélio ductal e formação de cistos 
• Ocorre fibrose e lipoatrofia focal 
• Alterações estruturais → Alterações funcionais, 
como a redução da capacidade de secreção da lipase 
e de bicarbonato 
• Não há evidências e descrições de alterações do 
processo digestório devido às alterações 
relacionadas com o envelhecimento da função 
pancreática 
× Fígado: apresenta alterações estruturais e das funções 
secretoras 
Alterações estruturais Alteração secretora 
Peso do fígado reduzido em 
cerca de 30 a 40%; 
arquitetura hepática pouco 
alterada; hepatócitos com 
aumento de tamanho; 
aumento de deposição da 
lipofuscina (aspecto 
acastanhado do fígado); fluxo 
sanguíneo diminuído 
Redução na síntese/secreção 
de albumina; redução na 
produção/secreção de 
colesterol; aumento na 
secreção de alfa-ácido 
glicoproteínas; redução na 
quantidade total de ácidos 
biliares 
• A grande maioria dos estudos relacionados ao fígado 
e suas alterações, concentram-se na metabolização 
de medicamentos 
Apresenta 2 fases: 
I. Ação de enzimas mono-oxigenase microssomais, o 
que inclui o sistema citocromo P-450 >> Promove a 
oxidação, redução ou hidrolise da medicação original, a 
qual é convertida em metabólitos mais polares. Os 
metabólitos podem ser mais ou menos ativos que a 
medicação original → Apresenta redução de 5 a 30% 
com o envelhecimento 
II. Reações sintética ou de conjugação, as quais 
acoplam a medicação ou seus metabólitos a 
metabólitos endógenos >> Facilita sua excreção para 
bile ou urina 
× Intestino delgado: entre as alterações estruturais, temos 
uma relativa redução da superfície da mucosa, redução das 
vilosidades intestinais e de fluxo esplâncnico 
• O tempo de trânsito intestinal não apresenta 
alterações significativas >> Porém, alterações na 
motilidade possuem importantes significados clínicos, 
pois podem permitir a hiperproliferação bacterina que 
é uma das causas de perda de peso em idoso 
• Função absortiva: aparentemente pouco alterada >> 
Há uma discreta redução na absorção de lipídeos, em 
especial, em sobrecarga. Alguns estudos também 
demonstram a absorção de nutrientes específicos 
reduzida com o envelhecimento, tais como vitamina D, 
ácido fólico, vitamina B12, cálcio, cobre e zinco 
× Cólon: em relação às suas alterações estruturais, os 
estudos apresentam evidências escassas e controversas. 
Porém, existem 3 alterações que são evidentemente 
relacionados com o fator idade: 
I. Aumento da prevalência da constipação intestinal 
>> Pode ser explicada por fatores extrínsecos, 
como o sedentarismo, redução da ingestão de 
fibras e água, e alterações hormonais. Além disso, 
uma possível causa para os distúrbios de trânsito 
seria a redução dos neurônios do plexo 
mioentérico 
II. Aumento da incidência de neoplasias 
III. Aumento da prevalência de doença diverticular >> 
Pode relacionar-se com a hiperporliferação das 
células crípticas 
× Reto e ânus: existe um aumento claro da prevalência de 
incontinência fecal com o envelhecimento >> Isso está 
relacionado com diversos fatores, tais como o déficit 
cognitivo, impactação fecal, AVE, neuropatia diabéticas e 
alterações da musculatura do esfíncter exterior, o qual 
apresenta espessamento e alterações do tecido colágeno e 
redução da força muscular. Somado a isso temos as 
alterações na automaticidade muscular esquelética, as 
quais podem ser explicadas pela lesão crônica dos nervos 
pudendos 
Neoplasias esofágicas 
× Suspeitamos de neoplasia em pacientes idosos quando o 
mesmo apresenta uma disfagia de início recente associado 
a perda de peso 
× Carcinoma espinocelular: associado ao tabagismo, 
bebidas alcóolicas e consumo de nitrosaminas 
× Adenocarcinoma: associado à presença do esôfago de 
Barret 
× Podem manifestar-se na forma de disfagia, odinofagia, 
regurgitação ou hematêmese >> Por vezes pode 
apresentar fistulas esofagotraqueais, compressão de veia 
cava superior, adenomegalia supraclavicular ou rouquidão 
por comprometimento do nervo laríngeo recorrente 
× Diagnóstico: sugerido por exame contrastado e confirmado 
por endoscopia com biopsia 
Estenose péptica 
× Pacientes tendem a apresentar uma história de disfagia 
progressiva para sólidos em um período longo de pirose e 
outros sintomas de refluxo 
× Possui acometimento frequentemente distal e por isso pode 
estar associado ao esôfago de Barret 
× É mandatória a exclusão de neoplasia 
× Abordagem: dilatadores de Maloney e Savary 
Divertículo de Zenker 
× Protusão da mucosa na hipofaringe >> Ocorre entre as 
fibras oblíquas do musculo constritor da faringe e do 
cricofaríngeo 
× Pode ter uma apresentação que vai de assintomática a 
disfagia alta, regurgitação, halitose e mudança na tonalidade 
da voz 
× Complicações: carcinoma espinocelular, fistulas e aspiração 
Lesões esofágicas causadas por medicações 
× Lesões comuns em idosos devido ao maior consumo de 
medicações, em especial, os anti-inflamatórios não 
esteroidais 
× Além do uso de medicamentos, também temos fatores 
adjuvantescomo a redução da produção salivar, distúrbios 
motores e uso de medicações com pouca água antes de 
dormir 
× Lesões: podem variar de uma mucosa eritematosa a úlceras 
e estenosas 
Infecções do esôfago 
× Os sintomas principais são disfagia e odinofagia >> Porém, 
podem ser inespecíficos nessa faixa etária 
× Candidíase esofágica: infecção mais comum >> Facilitada 
pela presença de pequenos traumas gerados pela passagem 
de sonsa, radioterapia e imunodepressões, como a 
desnutrição 
Doença do refluxo gastroesofágico 
× A sua apresentação clínica varia de queixas e pirose, dor 
retroesternal e epigástrica, disfagia, tosse crônica e 
sangramento intestinal alto 
× Tende a ser mais grave em idoso 
× As principais queixas são pirose e regurgitação que se 
iniciam 30 a 60 minutos após a alimentação com uma 
frequência mínima de 2 vezes por semana por 4 a 8 semanas 
× A ocorrência de sintomas clássicos em idosos é menos 
frequente >> Apresenta sintomas como vômito, anorexia, 
disfagia, alterações respiratórias, rouquidão, dispepsia 
× A ocorrência de alterações fisiológicas do trato 
gastrintestinal com o envelhecimento, seja de mobilidade ou 
de sensibilidade, associadas à maior ocorrência de 
comorbidades, aumento do limiar à dor, maior prevalência 
de hérnias e uso de medicações são os possíveis fatores 
implicados na maior sensibilidade da mucosa e ocorrência 
de complicações da DRGE

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