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Infecções sexualmente transmissíveis Tatiane Lira – MED UFPE · · Infecções adquiridas predominantemente por contato sexual c/ outra pessoa infectada. · Houve aumento do n° de casos de sífilis, herpes e corrimentos. · Deveriam ser doenças de notificação compulsória por serem agravos de grande importância p/ saúde pública. · Classificação: · Cursam c/ ulcerações genitais: ○ Sífilis. ○ Cancro mole. ○ Linfogranuloma venéreo. ○ Donovanose. · Cursam c/ secreções genitais: ○ Gonorreia. ○ Uretrites não-gonocócicas. · Outras: ○ HIV. ○ Herpes genital. ○ HPV. ○ Hepatites. · Problemas/desafios: · Escassez de dados epidemiológicos no Brasil. · Acolhimento e atendimento inadequados. · Pouca acessibilidade pelas populações prioritárias. · Baixa resolubilidade dos serviços: falta de capacitação, medicamentos, exames. · Problemas (biológicos e sócio-comportamentais) relacionados ao indivíduo. · Princípios estratégias p/ adequada atenção: · Interromper a cadeia de transmissão: detecção precoce e tto imediato dos casos. · Prevenir novas ocorrências: aconselhamento. SÍFILIS · Doença infecto-contagiosa sistêmica e de evolução crônica. · Tem como agente etiológico uma bactéria: o Treponema pallidum. · Transmissão essencialmente sexual (adquirido) ou materno fetal (congênita). · Incubação: 3-4s (nesse período inicial o indivíduo permanece assintomático). · Sífilis primária / cancro duro: · Surge no local da inoculação 3-4s, em média, após a infecção. · Lesão única na forma de úlcera redonda: ○ Indolor. ○ C/ bordas enduradas. ○ Fundo liso e limpo, brilhante, firme à palpação. ○ Recoberto por secreção serosa escassa rica em treponemas. · Em geral é assintomática (o que faz o indivíduo procurar assistência em fase + avançada). · Permanece por 4-6s, desaparecendo espontaneamente s/ deixar cicatriz. · Pode ocasionar adenopatia inguinal: ○ Após 1-2s do cancro. ○ "Linfonodos infartados". ○ Pode ser múltipla, bilateral. ○ Não supurativa. ○ Duros e indolores. · Pode ter localização extra-genital (+ raros): ○ Região anal, boca, lígua, região mamária, quirodáctilos. · Sífilis secundária: · Ocorre 6-8s após o aparecimento do cancro duro. · Comprometimento de: ○ Pele: sifílides papulosas. ○ Mucosas: condilomas planos. ○ Linfonodos: micropoliadenopatia generalizada indolor. · Manifestações sistêmicas: ○ Mal estar. ○ Anorexia. ○ Febre. ○ Faringite. ○ Astrologias. ○ Cefaleia. ○ Astenia. ○ Mialgias. ○ Comprometimento de órgãos específicos (hepatite, nefrite, gastrite, meningite). · Após esta fase, o pcte se torna assintomático e não infeccioso (exceto por meio de transfusão sanguínea e disseminação transplacentária): sífilis latente. · Roséola sifilítica ou rash macular roseoliforme: ○ Lesões máculo-papulosas ou placas finas e eritematosas simétricas. ○ Ovaladas. ○ Descamativas. ○ Colarette de Bier (descamação fora da lesão, ao redor). ○ C/ duração efêmera. ○ Geralmente em tronco, face e membros (em palmas e plantas, caracteristicamente). · Infrequentemente pode: ○ Imitar as lesões do HPV. ○ Ter alopecia (difusa, em caminho de rato). ○ Rarefação do ⅓ médio da sobrancelha. ○ Placas agressivas (foge das lesões características). · Pode ocasionar polimicroadenopatia generalizada (gânglios, principalmente epitrocleanos, palpáveis). · Sífilis terciária: 3-12ª · Lesões cutâneo-mucosas: tubérculos e gomas. · Lesões neurológicas: demência. · Lesões cardiovasculares: aneurisma aórtico. · Lesões articulares: artropatia de Charcot. · Diagnóstico: · Pesquisa direta (campo escuro): ○ Técnica específica. ○ Material de lesão ulcerada. · Teste sorológicos não-treponêmicas - VDRL: ○ Detecta antígenos cardiolipídicos. ○ Alta sensibilidade. ○ Baixa especificidade. ○ Serve p/ diagnóstico e controle de cura. ○ Reativo a partir da 2a s após surgimento do cancro. ○ Títulos: ▪ + elevados: fase secundária da doença. ▪ Baixos: doença muito recente ou doença antiga (pois tendem a reduzir a partir do 1°a, c/ ou s/ tto). ○ Após o tto, pode haver cicatriz imunológica, o que fazer? ▪ Repetição periódica dos testes. ▪ 2 títulos baixos c/ intervalo de 30d: excluem doença recente. ▪ 3 títulos ≤ ⅛: "cicatriz imunológica". ○ Falsos-positivos ocorrem em: ▪ Outras treponematoses (bouba, pinta). ▪ Malária. ▪ Mononucleose infecciosa. ▪ Tuberculose. ▪ Hanseníase virchowiana. ▪ Doenças autoimunes. · Testes sorológicos treponêmicos - FTA-Abs: ○ Cepas de treponemas. ○ Qualitativa (diz se é + ou -). ○ Confirmação da reatividade de testes não-treponêmicos (confirmação da infecção). ○ Positivam-se um pouco antes dos não-treponêmicos. ○ Reativa após 15°d de infecção. ○ Pode nunca negativar. ○ Identificam sífilis tardia. ○ Não servem p/ acompanhamento. · História natural da doença: · Curso da sífilis não tratada: · Tto: · Penicilina G benzatina: ○ 1: 2,4 milhões de UI (1,2 em cada nádega), dose única. ○ 2: 4,8 milhões de UI. ○ 3: 7,2 milhões de UI. · Doxicilina: ○ 100mg, VO, 2x/d por 2s. · Eritromicina (estearato): ○ Gestantes e alérgicos a penicilina. ○ 500mg, VO, 6/6h por 15. · Seguimento: controle da cura · Resolução das manifestações clínicas e declínio (em 4x) dos títulos sorológicos (ex.: VDRL 1/32 → 1/8). · Sorologia seriado: 3, 6, 9, 12 e 24m. · Ao chegar em ⅛, considera indivíduo curado, salvo se ele tiver alguma manifestação. · Declínio "lento" ou persistência de altos títulos (faz VDRL no LCR na neurossífilis). CANCRO MOLE · Tem como agente etiológico uma bactéria gram -, Haemophilus ducrey. · Incubação: 3-8d. · Quadro clínico: · Pápula → pústula → ulceração. · Essa úlcera é: ○ Oval. ○ Amolecida. ○ Dolorosa. ○ Base necrótica. ○ 2-5 lesões satélites. · "Eritema perilesional". · Diagnóstico: · Eminentemente clínico. · Maioria dos EC têm sensibilidade baixa e variável: bacterioscopia, cultura, histopatológico, imunológico (M-PCR, IF). · DD: · Cancro duro: fundo limpo e liso, indolor, bordas elevadas. · Herpes simples: vesículas agrupadas precedidas por ardor ou prurido + história de recorrência. · Tto: · Azitromicina: 1g, dose única. LINFOGRANULOMA VENÉREO · Tem como agente etiológico a Chlamydia trachomatis (L1, L2, L3). · Incubação: 5-21d. · Quadro clínico: 3 fases · 1a fase: inoculação ○ Pequenas pápulo-vesiculas ou erosão. ○ Geralmente passa despercebida. · 2a fase: disseminação linfática ○ Aumento dos linfonodos regionais. ○ Após 1-4s. ○ Homens: ▪ Unilateral (60%). ▪ Ranhura central, por causa do ligamento de Poupard (cria depressão no meio). ▪ Bubão. ▪ Múltiplas fístulas. ○ Mulheres: ▪ Rara (drenagem p/ gânglios ileais profundos e perirretais). ▪ Dores na região ano-retal. ▪ Secreção piossanguinolenta. · 3a fase: sequelas ○ + frequente em mulheres. ○ Síndrome ano-genito-retal: ▪ Elefantíase da genitália. ▪ Ulcerações. ▪ Fístulas (uterovaginais, retrovaginais). · Diagnóstico: · Clínico + dados epidemiológicos + exclusão de outras doenças. · Bacterioscopia, cultura, histopatológico, imunológico (ELISA, reação de fixação de complemento, microIF, PCR e LCR, intradermorreação de Frei). · DD: · 1: cancro duro, CM, herpes genital e lesão traumática. · 2: CM, tuberculose ganglionar, linfomas, doença de arranhadura do gato e paracoccidioidomicose. · 3: filariose, DII, neoplasia, donovanose, fístulas retais e hidradenite supurativa. · Tto: · Doxiciclina: 100mg, 12/12h por 21d (geralmente na 2a fase pois a 1a não é percebida e a 3a é cirúrgica). DONOVANOSE · Doença granulomatosa de curso indolente, progressivo e ulcerativo. · Tem como agente etiológico o Calymatobacterium granulomatis. · Incubação: variável, 1-360d. · Manifestações clínicas: · Lesões úlcero-vegetantes: ○ Forma clínica + frequente. ○ Crescem por expansão através de auto-inoculação. ○ Bordas planas ou hipertróficas. ○ Ulceração em espelho. · Diagnóstico: · Identificação do agente nas lesões: esfregaço citológico corado pelo Giemsa, histopatológico, mas também bacterioscopia, cultura, imunológico (PCR). · DD: sífilis genital do pcte c/ HIV. · Tto: · Doxiciclina: 100mg, 12/12h por 21d ou até sumir a lesão (é extremamente resistente ao tto, responde lentamente).GONORREIA · Tem como agente etiológico um diplococo gram -, a Neisseria gonorrhoeae. · Incubação: 2-8d. · Quadro clínico: · Homens: ○ 10% são assintomáticos. ○ Os sintomáticos apresentam: ▪ Uretrite. ▪ Disúria. ▪ Eritema e edema do meato. ▪ Secreção amarelada, cremosa, profusa. ▪ Sangramento (dependendo da extensão). ○ Evolução: ▪ Regride e torna-se crônica. ▪ Progride p/ próstata, epidídimo, gls. periuretrais. ▪ Pode levar a estenose uretral. · Mulheres: ○ 80% são assintomáticas. ○ As sintomáticas apresentam: ▪ Ureterite. ▪ Sintomas durante a menstruação. ▪ Disúria. ▪ Aumento da frequência urinária. ▪ Secreção uretral purulenta. ▪ Vaginite e cervicite. ▪ Inflamação das gls de Bartholin. ▪ Salpingite crônica. ▪ Esterilidade. ▪ DIP: pode se associar a anaeróbios e clamídia. · Pode ter manifestações extragenutais: anorretal, oftálmica, faringe, pele, infecção gonocócica disseminada. · Diagnóstico: · Exame direto: ○ Secreção cervical e uretral. ○ Coloração pelo método de gram (identifica-se diplococos gram - intracelulares). · Cultura: ○ Meio de Thayer-Martin. ○ Cresce em 24-48h. · Tto: + p/ frente URETRITE NÃO GONOCÓCICA · Quadro + frequente das DSTs. · Incubação: 7-15d. · Etiologia: · Chlamydia trachomatis (50%). · Ureaplasma urealyticum (25%). · HSV, Trichomonas, Candida, Mycoplasma, S. epidermidis, Gardnerella, S. beta-hemolítico (25%). · Quadro clínico: · Homem: ○ Secreção mucoide. ○ Prostatite. ○ Proctite. ○ Epididimite. · Mulheres: ○ Maioria assintomática. ○ As sintomáticas apresentam: ▪ Cervicite. ▪ Salpingite. ▪ DIP. · Diagnóstico: · Clínico, dependendo do agente etiológico. · Geralmente direcionado p/ clamídia. · Tto: · Depende do agente etiológico. · Geralmente trata-se clamídia. OBS.: clamídia se associa muito c/ gonococo, então se tiver incerteza, é melhor tratar como se tivesse ambos. PREVENÇÃO COMBINADA: p/ interrupção da cadeia de transmissão · Acolhimento do caso. · Tto precoce: medicamento oral, dose + cômoda possível. · Comunicação e tto dos parceiros sexuais. · Profilaxia pré e pós-exposição. · Vacinas: hepatite B e HPV. · Profilaxia da transmissão vertical. · Detecção dos casos assintomáticos: triagem. · Diagnóstico IST, HIV, hepatite ou TB, pré-natal, idade < 30a, usuário de drogas e álcool, grupo de risco, encarcerados, violência sexual, uso de profilaxia. · Planejamento familiar, prevenção ginecológica, campanhas. · Atividades educativas: · Disponibilização de preservativos e orientação. · Aconselhamento do pcte e seus parceiros. · Campanhas na mídia. · Vigilância epidemiológica: · Notificação obrigatória: sífilis, hepatite virais B e C, infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestantes, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV. · Outras a critério do município.
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