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ABDOME AGUDO

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Ana Júlia Cardoso Santos – T69 
 
Definição: 
Abdome agudo é definido como dor abdominal de início súbito, não traumática, havendo a 
necessidade de diagnóstico e tratamento imediatos. 
Tipos de Abdome Agudo: 
Cada síndrome relaciona-se a um grupo de sinais e sintomas de causas diferentes, porém 
desencadeando o mesmo mecanismo fisiopatológico. 
1. Inflamatório/Infeccioso: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda, diverticulite, 
doença inflamatória pélvica. 
2. Perfurativo: perfurações gastroduodenais (úlceras pépticas, tumores) e intestinais 
(diverticulite, tumores, sofrimento vascular). 
3. Obstrutivo: aderências e bridas, hérnias, neoplasias, volvo, intussuscepções, estenoses 
inflamatórias, íleo biliar e infestações por vermes. 
4. Vascular isquêmico: oclusões arteriais (trombose, embolia, vasculites), venosas (trombose) 
nos vasos do mesentéricos, ruptura de aneurismas, isquemia não oclusiva. 
5. Hemorrágico: ruptura de aneurismas, gravidez ectópica rota, ruptura de folículo ovariano 
com sangramento, ruptura hepática espontânea. 
Diagnóstico: 
1. Anamnese: 
a. Tempo de evolução do quadro 
b. Características da dor (em aperto, fisgada, queimação, respiratório dependente, 
intensidade, etc.) 
c. Localização da dor 
d. Fatores de melhora ou piora dos sintomas 
e. Sintomas associados (ênfase em sintomas gastrointestinais, urinários e respiratórios). 
f. Idade 
g. Doenças associadas 
h. Uso de medicações 
i. Cirurgias prévias 
j. Data da última menstruação 
k. Histórico gineco-obstétrico 
2. Exame físico 
a. Sinais vitais – indicam a gravidade do quadro. 
b. Exame abdominal 
i. Inspeção: forma do abdome, alterações cutâneas, alterações vasculares e 
cicatrizes (se o paciente ainda apresentar pontos de cirurgia, é chamado de 
ferida). 
Ana Júlia Cardoso Santos – T69 
 
ii. Ausculta: ruídos hidroaéreos (peristaltismo abdominal) – distribuição da 
frequência e timbre. 
iii. Percussão: densidade do conteúdo abdominal -> timpânico (gasoso) ou maciço 
(denso). 
iv. Palpação: realizar com a bexiga vazia, iniciar pelas áreas indolores até as áreas 
álgicas. A palpação superficial fornece dados sobre regiões de dor, massas 
superficiais e possíveis defeitos de parede abdominal. A palpação profunda 
fornece dados sobre irritação peritoneal, distribuição e tamanho dos órgãos e 
estimativa do conteúdo das alças intestinais. 
Sinais importantes do exame físico: 
• Sinal de Blumberg: dor a compressão com piora a descompressão do quadrante inferior 
direito do abdome, relacionado com apendicite aguda. 
• Sinal de descompressão brusca: dor a descompressão brusca do abdome, relacionado com 
peritonite no local da dor. 
• Sinal de Giordano: dor a punho percussão lombar à direita ou esquerda, indicativo de 
processo inflamatório renal. 
• Sinal de Jobert: timpanismo a percussão em toda região hepática, indicativo de 
pneumoperitônio. 
• Sinal de Murphy: consiste na dor à palpação do bordo inferior do fígado durante uma 
inspiração forçada, indicativo de colecistite aguda. 
• Sinal do Psoas: dor em quadrante inferior do abdome direito a elevação contra resistência da 
coxa ipsilateral, relacionado com apendicite, pielonefrite e abcesso em quadrante inferior do 
abdome. 
• Sinal de Rovsing: compressão do quadrante inferior esquerdo do abdome com dor no 
quadrante inferior direito, indicativo de apendicite aguda – deslocamento de ar. 
Exames laboratoriais: 
• Hemograma completo: fundamental para avaliação de processo infecioso, em geral 
apresenta leucocitose. 
• AST, ALT, GGT, bilirrubinas: avaliação de causas de abdome de origem biliar, como colecistite 
e colangite. 
• Amilase e lipase: quando elevadas podem sugerir pancreatite, isquemia intestinal ou úlcera 
duodenal. 
• Eletrólitos, ureia e creatinina: avaliação das complicações de vômitos ou perdas de fluido para 
o terceiro espaço. 
• Beta HCG: fundamental sua solicitação para todas as pacientes em idade fértil, para 
diagnóstico diferencial de gravidez ectópica 
• Outros: VHS, TP, RNI, glicemia e sumário de urina. 
Exames de imagem 
• Raio-X de abdome e tórax: o raio-X pode detectar efetivamente um pneumoperitôneo, 
sugerindo perfurações gastroduodenais, por exemplo. Também podem ser observadas 
calcificações no pâncreas e vesícula biliar, ou distensão das alças intestinais, sugerindo um 
abdome agudo obstrutivo. 
• USG abdominal: muito eficiente na detecção de cálculos biliares e avaliação da vesícula biliar. 
Ana Júlia Cardoso Santos – T69 
 
• TC de abdome: muito útil para avaliar complicações, principalmente em casos de abdome 
agudo inflamatório.

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